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http://jn.sapo.pt/2008/04/05/preto_no_branco/as_armas.html
Às armas

Causa e feito , Paulo , Ferreira, Subdirector

O procurador-geral da República voltou a meter-se,


aberta e deliberadamente, com o Governo por causa
da violência escolar. O Governo respondeu-lhe com
falinhas mansas. Ou muito me engano, ou isto vai
acabar mal. Tem tudo para acabar mal.

Resumo do último episódio. Pinto Monteiro foi a


Belém. À saída do encontro com Cavaco Silva
mostrou de novo como o vírus mediático lhe tira a
serenidade que se aconselha ao "patrão" do Ministério
Público. Disse que há miúdos a levar armas de guerra
para a escola. Que as armas lhes são fornecidas
pelos pais. Que este é um fenómeno novo. Que ele,
vigilante supremo das nossas vidas, já tinha avisado
para a catástrofe em curso. E, finalmente, que o
Ministério da Educação não tinha, coisa extraordinária,
"todos os elementos" para avaliar a gravidade da
situação.

Que Pinto Monteiro diga isto à saída de uma reunião


com o presidente da República é da maior relevância.
Por duas razões. Primeiro, porque o procurador se
sente politicamente aconchegado pelo chefe de
Estado. E segundo porque já assim tinha acontecido
quando Pinto Monteiro decidiu atirar borda fora o
então escolhido líder da Polícia Judiciária do Porto,
Almeida Pereira.

O Governo tem alguma coisa a dizer sobre o facto de


o procurador só agora nos ter posto a par do caos que
por aí impera? Tem, mas di-lo, pela voz do secretário
de Estado da Administração Interna, em tom muito
baixo.

Parece que o Programa Escola Segura é um "sucesso


devido à grande coordenação com os elementos da
escola". E parece que o mesmo Programa "está no
terreno e tem detectado alguns miúdos com armas".
Ou seja podemos, afinal, dormir descansados porque
o Governo tem a situação sob controlo.

Os ingénuos poderão perguntar-se como é possível


que, numa matéria desta importância, o procurador
ache exactamente o contrário do que acha o
Governo? Como é possível que um (o procurador)
incendeie o país com declarações bombásticas e o
outro (o Governo) nos venha dizer que nada de
substancialmente grave ou novo se passa nas escolas
em que estudam os nossos filhos ? Definitivamente,
isto vai acabar mal.

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