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1 TENTACAO E TENTATIVA DE COMPREENDER PORTUGAL ‘Temos por certo que se houve problema que, no caminho dos dias ¢ dos anos, efet te preocupou Fernando Pessoa, ele poderé ser designado sintcticamente por Tentardo e tentativa de compreender Portugal. razbes, 0 propésito nfo eta de fécil ou de possi- » pela Via «sociolégican que pretendia segui ‘qual impliceria um distanciamento de natureza metodol6gica, ps que € duvidoso que estivesse talhado e, até, preparado, néo obstante i vel génio literétio. Por isso, e de acordo com esses jonalismos pessouis, s6 mediante ‘os enviezados caminhos da criagio poética & que ole se aproximou dessa sua intengdo ¢ preocupagio fundamentais. Mensagem, seu primeizo © tnico livzo de poesi em portugués sta-se —, esteve para chamat-se Por- tugal (). Ora, por mais que Mensagem ée ligue, afinal, as preocupa- es «sociolégicas» — ¢ de outra natureza — do seu autor —e a isso ‘esperamos poder voltar——, cumprenos, neste ensejo, «ignorary as fulminantes conquistas literdtias de Pessoa ¢ stermo-ios apenas 20s seus porfiados e secretos esforgos ensafsticos © «cientificos ‘curemos surpreender 08 esforgos de Pessoa nessa sua caminhada, ‘menos lateral do que possa supor-se, aos seus propésitos poéticos. «Uma nagdo, em qualquer periodon, escreveu Pessoa, «é tr8s 1) uma relagéo com o passado; 2) uma relaglio com o pre- nacional e estrangeito; 5) uma direcefio com 0 futuro, Assim, em todos os periodos, hé forgas que tendem a manter o que est porque tendem a adaptar o que existe as condigtes presentes, e for: ‘gas que tendem a ditigir o presente para um norte previsto, visio- nado no futuro, Nao se iraia aqui, lembra com pertingncia, «de i as forgas nacionais.> © Partiremos dagui, desta to pessoana ordenacio trinitéeia do discurso, para a sondagem aprofundante a um pensamento que, bem Ey PERNANDO TEEEOK {FSC — no fluxo temporal futuro vidvel, de acordo fades de uma tradi¢ao reinventada, e, acaso, adapté- nalismos do. presente. ‘Ora, a relagio que Pessoa apreende com o passado nacional 6 de tessitura inequivocamente decadentiste. Implicita e explicita- mente, ele gensava que, a partir de dado momento histérico, Por- tugal, apés ter sido capaz de «criar-sen\@), confinow-se a sobreviver, 4p dectrso dos visis séeulos que medesiam o terme do sco! decadéncia portuguesa», ens vai do tempo de D, Manu anexagio « Espanha; 1 eatravessou tr8s fas |, em que comega, 20 Pessoa hesitar, por vezes, na demarcagio do do processo histérico, decadentista — num texto, da dinastia de Avis» ©) e, noutro, «antes, por, ou depois de ()-—, contude, nfio ‘se Ihe’ oferecem diividas, & importincia ¢ & fundure de tal experiéncia Alvécer-Qi fa portuguesa, «Por decairmo: , «decairam paralelemente 0 duo portugues € 0 Es duos, deixou de haver a precisa propaganda de Portugel no estrangeizo, 3 superiores intemnacionalmente proeminen- hamos a propaganda natural da superioridade ou nas trado o Estado, nfo 0 havia de jor da diplomacia, nem, fatho ‘quem, individualmente, ge octipasse em 0 a») i medicaments, ‘renzagho Ba vA bs COMPREENDER PORTUGAL B relatiyamente aos problemas do seu Pafs. B uma das suas -matrizes que, nfo sendo embora original —quase toda portuguesa contemporinea é de raiz decadentisia—, foi vivida, no ‘com acuidade singular, a ponto de, segundo pensamos, ir nela uma das chaves pata a comprecnsfo quer do pense monto quer de bon parte da poesia de Pessoa, 0 pessoal no tempo i 2, oconia, rluguesa sofre hoje dos resultados de uma io. A primeira ruptura de conde quer que el que quebrou a tradigo politica nacional, sem construir nada de nacional que subs- tituisse 0 regimen nacional deposto.» ‘Ora, ainda que o autor nfo exp! a terceira ruptura, esté-se mesmo a v ria... Aonde, senfo ao seu «presente infeliz»? E que «os tempos ndo mudaram, porque em cinco anos (?) de, © meio social é 0 mesmo, com neste texto, qual fora ‘tuguesa em m Porta me foi a experiéncia do sew hoje que Ihe suscitou rfeita do seu pensamento, relativamente a tudo quanto temos vindo a sugerir: «Somos Aoje um pingo de tinta seca da mio que escreveu Império da esquerda & direita da Geografia. E dificil distinguir se 0 nosso passado € que € 0 nosso futur se 0 nosso futuro ¢ que € 0 nosso pas a chave que nos permis complexa tessituca mental e cultural de Pessoa no tocante & reali- dade portuguesa? ‘Com efeita, nessa de Portugal, tal como a i dado sistema de ideias politicas € soci inrupgdo de mitos — vel sew(#), quer a jentados pele viven- 26 PORNANDO PESSOA cia decadentista— que assumiu, ou reassumiu, como a énica vie que das bandas do futuro se Ihe’ aprescntava como transitével. Mas do seria 0 transito para a morte que assim se the apresentava sob ‘2 forma do Quinto Império e do regresso de «EFRei D, Sebastio»? Ou por outras palavras: 0 caminhar para a morte néo é um trénsite também Seria nisso que Pessoa pensava com , apontesee para ut ragior. Nio 36 0 coneeito eregenerador» mas tambs ‘ra encontram-se bem presentes no pensamento pol Mensagem. Assim, quando afirma «O partido repul “] representar uma regencragt, porque era impossrel do do pais, representava, porem —o que ¢ diferente uma tendéncia para a regeneragiion icos nossos), quando, verdade, assim se pronuncia, ele reve » & ponta do fio que procurdvamos. Com efeito, tendo em vista a experi ia coeva da Reptiblica Nova, de Sidénio Pais, Pessoa explica a que nela entrevé de «regenerador», A Repéblica Velha «Destruiu mal, porque destruiu vimento capi Monarquia nfo é s6 tirar o Rel: € também, & formula politice mais estével. Um Rei, 0 retorno a uma Monarquia, ibstituir os tipos de mentalidade governantes por outros depurada pela intervalar experiéncia tepublicana? Scria prematuro, tipos de mentalidades. E assim, sendo os governantes mondrquicos pelo menos, aventer que fora esse 0 designio secreto do grande 0s profissionals, bacharéis © caciques, Nove passer a governar por meio de classes até ali nfo tadas como governantes, porque uma revolugdo € isso— fo de dlites, © porgue, se a salvagio nfo esté nessas em parte nenhuma, Assim, em vez de poli- tos de profisafo, pessard a governar pelo exército, que & de espitito, © contrdrio deles; em vez de bacharéis, empregardé comer- om vez de caciques, como estes no podem ser idos, pois que uma opinido livre de caciques, ibsolutamente, é impossivel mesmo relativamente poeta esotérico de” esotérica Mensagem, © terceizo aspecto do seu «regeneradorismo» aponta para Je chama as «classes fere de outro passo sy, Bem sabemos que trapolitico» Pessoa pretendia denoter as carecteris- jsmo mas de excentricidade rele- separago do executive esta forma de Repéblica Fernando Pessoa atri industrializacio sistem dora» de Portugal, quanto e isso nfo hé qualquer divide possivel ‘Num dos textos politicos que deu a lume, «Como Organizer Port: gal» @), 0 seu pensamento é, a esse respelto, de clareza me hé 36 um género de transformacao, aplicdvel a uma nagéo inteira, pela qual se the avive o espirito e se The despertem interesse © von- tide: a trensjormarto profissional, B, como se 1 papel essenc! do pais» na transformagio «regenera- pode ser que apenas transito- uiggo a do Presidente Sidénio a0 pais. Maravilhosa , sem ter feito es das conelusses a que 0, procurandoo nas al ~ a Republica Presidencialista!» (*) Neo obsiante a sua clareza, permitimo-nos chamar a atengio srs dos componentos do projecto «regenerador», tal 0 ig Pessoa. tespeita 20 papel atributvel ao exército. Na ver- esse aspecig, Pessoa retoma uma iradiggo que iporaneidade: toda ¢ qualquer «regeneragion, de geral © do atrai smo sistemético, sistematicamente aplicado, embebe a nossa « ca vennanpo vess0% dio para as decadéncias de attaso, é, portanto, o remédio para 0 mal de Portugal.» () Ora, é por de mais evidente que Pessoa pos 0 dedo com per tingncia e'decisio je Portugal», mal esse que no econ: tecera por aceso, pois ele se lige, afinal, a todo o contexto de depen- dénciae internacionais que a «decadéncia> explica ou do 4 deriva. Mas, do mesmo a ce que tal «regeneracdo» reforgo da burguesia capitaliste portuguesa, apoinda voluntarist mente por um Presidente-Rei que chegasse 2 sélo? E muito possivel que sim, ¢ 20 tema se volterd, no momento azado, € na linha de rumo que nos tragémos, importa mga— que a eventual pecha ‘de «eco- eplicével ao pensemento politico de Pessoa, Com ss coisas €, sobretudo, E isso pot ‘com maior ow menor c da situagzo, insere, de facto, numa tradigao cultural por: da dieléctica «decadéncia- ‘a ume aregeneragio> de ao reafeigoamento da Patria ‘6 sonho fora possivel sem o recurso 80 irseda, tor sido obtigado e considerar, @ jado momento, como «tudo» com que sonhava, enqual mito, «esse nada» que, partir, pelo menos, de «Com efeito» problema hoje de mais impor ja do que A antiga alma nacional, mesmo que ainda ex aver uma Nova aquele fo yelmente partirio.» ) alguma em seconhecet que a preocupagio fo voluntarista que o Teva a proclamar, com algum nitz- tute: «Precisemos criar portugueses.» ( B que a «regeneragion, va, teria de passar, pelo impulso genesfaco ou do «Presidente-Rei» ou I> reinventor de mitos, papel este para o qual Pessoa, pelo menos, em dados momentos, se julgara talhado. DBCAPENCIA = RRGENEEAGLO 38 inegével que o nosso «socidlogo p ares de Pimenta de Castro, go de positive e anunciador ressonhava. Tal expectativa ansiosa advinha da ‘o-social da con mais agudas que . de Gomes da Costa, do futuro que funda comprecnséo que possufa do processo pol temporaneidade portuguesa, Numa das pagi escreveu sobre o assunto, declara o seg passou a ter forca durante o constituc indies, mas no as classes médias como classes, porém como indi- as € que passaram a governar, Nem fssimo) porque houvessem a adquirirem inter ita em favor da bur- europeia, (Foi, por- ita porque a instrugdo, Jares tapoleieas alguma nacional, A revolugéo cons guesin portuguese, mes em favor da burques tanto, um fendmeno extrana coisa heviem cacudido as p foi felto pelo espirito da época contra 2 monargy pelo espitito portugués da época contra essa monara ma fnura lance einda este apontamento: «A A primeira é uma dada leitura, da decadéncia naciot segunda linha é aquela que vai a0 jonais de entrever, com clareza, os rmos de uma eregeneragio> vidvel, que transitasse — que pudesse tronsitar— das aspiragoes contides em tal palavra ao afeicoamento real das coisas. ‘Ora, na consciéncia desta js to importante no pensamento de Pessoa. Daf, ainda, que 0 esbogo sittrial de Pinenta de Casio, 0 sidonimo, 0 28 de Maio de 1826, se ihe tenham apresentada como suces busca da postivel e necessaria continui srcos da ponte «regeneradora» que ligasse ent 2-9 Império a haver. (0 Império havido “ FERNANDO FEEEOA ‘Com que Império sonhava Pessoa? Com que Império poderia le sonhar? Por entre que brumas miticas (e misticas também?) acional se Ihe epresentava? Que enigma ou enigmas nele Notas Co, Ye Joe See, De bata ao Seklione om Forty. 1,3 eg, Llsbow, Tove eBata pala demndéucl.., in Femnay a °r , Lisboa, 1965; «Regenerag&or, in Diciondrio fe ative ao Porta ‘Pragmoato 1120/28, texto n* 104, in Da Repblion Bragmento 65 — 68/12, texto n° 109, in Da Repiblica, Fragmento 85 H— 1/2, Incluido em Ultimatum © Paginas Pragmento 92 C—S1, texto nt M1, in Da Repiblioa, Fragmento 92— 19, texto n° 98, im Da Repiblieg, In Acodo, Lisboa, 1919, texto n°" 10, in Sobre Portugal. ¥. Sobre’ Portugal, p. 132. Bragmento 92 €—$8, texto n° 85, in Da Ropiibitoa, Fragmento 55 2—Bi, texto no WW! de Sobre Portugal, Fragmeato 111 —28/26, texto n* 104, tn Da Repiblioa, ‘Mais do que a eMaria da Fontes, a ePatutelay, que se Ihe seguiu, ¢ essa, afm, fol dominada pela conjigacdo de forges interna clonal a etquadra ingles © 0 exército espankol, wv QUINTO IMPERIO E GEBASTIANISMO Néo temos divida alguma de que aleangémos 0 ponto mais ‘desta busca do fio ou dos fios que nos tornem inteligfvel 8 «viagem» de Pessoa das lonjuras do Império havido até & «queda» nna prostragao do.seu presente, ¢ a0 «salto» aventuroso no nevoeiro , aquilo que a Pétria era (e nao era), sabie-o ou julgava sabéo. Porém, que poderia ser, reassumindo-se na aposta do futuro, o Portugal, enfim, « rado» com que sonhave? Por que mares reais ou mfticos as naus de agora langarse? Cortando que ondas? A que pi fim do Mundo —ou de fim de mundo — aproando? Bem... Ante as dificuldades que se nos deparam, dois posst- is caminhos sio teoricamente possiveis: o primeiro consistirla em it limine essa descida aos infernos do inconsciente colectivo segundo, 20 invés, tradur em acompanhar — em {enter acompanhar— 0 poeta € © «politico» por esses paragens em que, tal Orfeu, se abismou, e das quais nunca se sabe regresso haverd ou poderd haver... Na prinneira hipdtese, seria {écil ebrithanter demonstrar com muita I6gica & mistura que, a partir ipa, sobretudo, com’o fut se The apresenta prot remamente nebuloso, ele perde o sentido das realidades, gue 0 sentido procurado ¢ o nfo sentido que acabou por eatrever sob uma dada reformulagzo do mito do Quinto Império. ‘Ore, na segunda hipétese, at i ou pode nao excluir de todo ou parcialmente a antes de mais, € i tudo, por a claro as stras de tim pensamento que ra dotedo de coeréncia interna, por mais que o «sis. isto seja bem excéntrico relativamente ao nosso pré- prio. E este o caminho que nos tenta, iam do 6 [FERNANDO YEO alguimistas alemées do ‘20 abcrdarmos a relagio de Pessoa com 0 futuro, ‘a de plus difficile —ei de plus nécessaire— lorsque "étude d'une pensée qui nest plus la nétre, c'est moins ippremdre ce que T’on ne sait pas, et ce que savait le penseur en question, que de oublier ce que nous savons ow crayons savoir.» (') sntemente, pesando bem os risvos da tentativa, «bus- squecer 0 que sebemos ou julgemos saber». Bem ne~ wna quando se trata do Quinto Império e do . Sebastidon... ‘Que Quinto Império? Que «BLRel D. Sebastido»? ‘Transponhamos © limiar desse, mundo fantasmitico, abrindo bem os olhos para essa sorte de paisagem lunar que nos eumpre explorer. (© primeiro ponto a esclarecer respelta &s espécles de impe- rialismo, teis quais © «sociélogo» as entrevia. veil», segundo pensava, «irés imperialismos: de dominio, de expansio | de culturan, cada um dos qu dividiria, por seu turno, em modalidades eregresso dELRei smo de dominio» . to 20 «imperialismo de culturan, entreve a irfade se guinte: 1) Tendo em vista «o grande exemplo» que seria a Franga, Caracieriza-o como «o que procia néo dominar materialmente, mas fnfluenciar, dominar pela absorcéo psfquica», ou seja, seria «um imperialismo de expanséo es ) Pensando nos exemplos da Grécla e do «Portugal das descobertase, define-os como 77, in Sobre Portugal, ento 55 T—88, texto n° 78, Hem, ldem, Rovista Portuguesa, Lisbos, 18 de Outubro de 1923, n° m Sobre Portugal, toxto n° '97. In Augusto da Costa, Portugal, Vasto Império, Lisboa, , em Sobre Portugal, texto 1° 100. Pretéclo 8 O Quinto Tmpério, de Augusto Ferreira Gomes, 84, p. XV, texto m.° 99, in Sobre Portugal. Idem, tiem, pp. XV © XVI 18 au 0 INPEMO & suBy ar (3) Bragmento 55 I—92, «Atlantismox, texto nv 7, in Sobre Bragmento 97 —29/80. ‘lam do mals, em 1854, mstitutdo 0 Hstado Novo, ha que Lisboa, 1984, p. 84, texto m* 100, Be 40. Fiagmento $5 L-~58, texto n 80, In Sobre Portugal. Fagmento 55 L— 58/40, texto n.* 80, in Sobre Portugal, (2), Ansim 20 exprimia, em i014, em carta a Sampaio Bruno. Y, Jost Pereira de Sampalo, Sampaio’ (Bruno)—Sua Vida © Sua Fragmento 125 B—88, texto Este fragmento 6, pols, datdvel de 1926. Fragmeato 125 A—88, texto n 56, in Bobre Portugal, (8) Ve dnteriormente, p. 38. v © TRAJECTO PORTUGUES DE PESSOA A despeito do banho lustral de cultura inglesa a que 0 juve smo de Pessoa foi submetido nas escolas da Africa do Sul, sem diivida alguma, em tantos aspectos 0 marcou, cremos ser possivel afirmar que foram sobietudo portuguesas as rafzes que 0 ligaram a dado hdmus cultural, lot rum espago e num tempo. jue a experiéncia poética acionado como dada sorte heteroniinica) relativamente & sua am- terGrios de escopo consciente ¢ intencio- tugués, Era como se Pessoa quisesse demonstrat a si mesmo, mediante poemas mais ou menos confidenciais, que quem era capaz de medirse com Shakespeare também poderia langar um desafio vitorioso a Camées... Assim, o «super-Camées» com que sonhava apresentarse-lhe-ia como o desafio supremo a fazer a si pro conhecendo: & claro ¢ insofismével a qualquer olhar atento o ti _buto que 0 poeta pagou aos eseritores porlugueses, mesmo que o ‘nfo tivesse confessado—e até 0 confessou. Assim, refiram-se algumas das confidéncias de Pessoa n0 to- ‘sénte & sua consciente incluso'na pequens mas bem caracterizada ‘tebulosa cultural portuguesa, Em documento confiado « Armando CértesRodrigues, reve- Jaye as suas principals ¢ ‘primetras leituras portuguesas: Garrett, Antero de Quental (Sonelos), Cesétio Verde, Guerra Junqu Gomes Lesl, Anténio Nobre, Ant6nio Correia de Oliveira, Em impulso sGbito, vindo de leitura das Fothas Caidas e das Fruto, comega a escrever versos portugueses, Pensou, 20 ea FERNANDO PEESOA © TRAZUCTO PORTUGUES DE MESEOA 8 comego, em escrever 36 poe ia ditadura franguiste que 0 colocou dentro do patric erétio © comegou entéo & desejar intensamente escrever em portugués, o que s6 aconteceu em Setembro de 1908.» €) ‘a Sampaio Bruno, de 1914, pedie 20 autor de 0 Encoberto informacao bibliogréfica para o estuda do «misterioso, ¢ portantissimo, fenémeno nacional chamado 0 Sebas- do templo de Jano, o deus bifronte revelouse ne literature nas dues ‘maneiras comespondentes & dupla direogo do seu ollar. Junquelro —0 de Patria ¢ Finis Patriae — foi a face que lhe para o futuro, € 5 exalta, Ant6nio Nobre foi a face que olha pare o pussado, ¢ se entristece.» E «De Anténio Nobre partem todas as sno que de entéo para c& tém sido pro le vem. no Outono e pelo erepisculo, Pobre de quem 0 compreende ¢ amal» E conclui: «Quando ele nascet, nas- | Semos todos és, A tristeza que cada um de nds traz consigo, 10 no sentido de sue alegria, é ele ainda, e a vide dele, nunca feftamente real nem com certeza vivide, é, afinel, a samula da ie vivemos — érffos de pai e de mie, perdidos de Deus, da floresta, e chorando int em outra consolagso le que choramos.» (*) texto fundamental para, de da assungdo pessoana do destino de ser portugués, favor, anote o leitor connosco 0: s9gi 7 G05 2 que os como inicio de um ciclo da vida portuguesa, durante aria a redefinigéo de Portugal em termos do império que a Inglaterra epermitiu»; 2) 0 Ultimatum, causa do 31 de Janeiro (1891), cause ainda (mas de outta forma) 46 proclamacéo da Repdblice (em 1910), causa também (mas pot gue mediagGes!) do 28 de Maio de 1926 ¢ do Estado Novo, 6 0 , claramente, no novelo do sew préptio tempo a superélo, procura fillar em Antero de Quen algo que

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