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Individuação, Percepção, Ambiente: Merleau-Ponty E Gilbert Simondon
Individuação, Percepção, Ambiente: Merleau-Ponty E Gilbert Simondon
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Introduo
Os estudos sobre percepo ambiental desenvolvidos no campo
da Educao Ambiental tm buscado superar discursos que reproduzem
posturas cientificistas e tecno-desenvolvimentistas prprias da modernidade clssica. As noes de ordem, estabilidade, previsibilidade, determinismo,
certeza vm dando lugar a noes como incerteza, indeterminao, dinamismo,
criao, variao, atentando para as dimenses fluidas das realidades
humanas e inumanas, alm e aqum da supremacia e dos formalismos
intelectualistas. Isso tem significado o abandono de abordagens segundo
a qual a percepo tratada como um processo puramente cognitivista ou
como fenmeno de formulao de respostas diretas aos estmulos do
meio, como aquelas desenvolvidas no campo da psicologia comportamentalista. Assim, os estudos de percepo tm trazido reflexes
desenvolvidas no campo da geografia humana, da filosofia e da sociologia,
desdobrando-se em vrias propostas investigativas centradas na teoria da
topofilia, nos resgates histricos das mudanas de paisagens, nas
histrias de vida como reveladoras das formas de relao do ser humano
com os lugares habitados e, at mesmo, nas construes imaginrias da
dimenso csmica inspiradas na ecologia profunda (MARIN, 2008, p.
209-210).
Essas buscas se abrem a um plano comum: o de superao de
uma viso de mundo centrada nos formalismos da cincia e da tcnica.
Sugerem a insistncia de uma fluidez vital que os discursos intelectualistas
no poderiam suportar. A realidade resiste reduo do presente a alguns
tipos muito limitados. A investigao do presente, particularmente das
relaes do ser humano com o mundo, pede a imerso do pensamento no
avesso das formulaes conceituais e explicativas dos fenmenos, de
maneira que a percepo surpreenda-se como gnese pr-formal, printelectual, pr-subjetiva, entre emergncias da imaginao, dos sonhos,
das variaes de variaes que os engendram. nessa dimenso anterior
s formas e aos sujeitos que a experincia esttica do mundo pelo mundo
pode nos afetar, antecedendo-nos e complicando-nos na inveno de suas
expresses, relaes, modos de viver, sentir, perceber.
por meio da constatao da complexidade da percepo que
chegamos necessidade do estudo aqui proposto. Nossa inteno
buscar reflexes que nos ajudem a experimentar esse lcus de significao
Educao em Revista | Belo Horizonte | v.25 | n.03 | p.265-281 | dez. 2009
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(MERLEAU-PONTY, 1999, p. 5). Chau (2002, p. 152) o apresenta como o esprito que
quer e pode alguma coisa, o sujeito que no diz eu penso, mas eu quero e age realizando uma experincia e sendo essa prpria experincia. O ser bruto, por sua vez,
o ser da indiviso, que no foi submetido separao (metafsica e cientfica) entre
sujeito e objeto, alma e corpo, conscincia e mundo, percepo e pensamento.
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