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TÉCNICO DE ENERGIAS RENOVÁVEIS

Modulo 10
Energia Solar

Devido à grande distância existente entre o Sol e a Terra, apenas uma mínima parte
(aproximadamente duas partes por milhão) da radiação solar emitida atinge a superfície da
Terra. Esta radiação corresponde a uma quantidade de energia de 1x1018 kWh/ano.

A quantidade de energia solar que atinge a superfície da Terra corresponde,


aproximadamente, a dez mil vezes à procura global de energia. Assim, teríamos de utilizar
apenas 0,01 % desta energia para satisfazer a procura energética total da humanidade.

A intensidade da radiação solar fora da atmosfera, depende da distância entre o Sol


e a Terra. Durante o decorrer do ano, pode variar entre 1,47 x 108 km e 1,52 x 108 km.
Devido a este facto, a irradiância E0 varia entre 1.325 W/m2 e 1.412 W/m2. O valor médio é
designado por constante solar, EO = 1.367 W/m².

No entanto, apenas uma parte da quantidade total da radiação solar atinge a


superfície terrestre. A atmosfera reduz a radiação solar através da reflexão, absorção
(ozono, vapor de água, oxigénio, dióxido de carbono) e dispersão (partículas de pó,
poluição). O nível de irradiância na Terra atinge um total aproximado de 1.000 W/m2 ao
meio-dia, em boas condições climatéricas, independentemente da localização. Ao adicionar
a quantidade total da radiação solar que incide na superfície terrestre durante o período de
um ano, obtém-se a irradiação global anual, medida em kWh/m2.

Componentes da radiação (fig. 1)

 Radiação directa: constituída por raios solares recebidos em linha recta do


sol;
 Radiação difusa: procedente de todo o céu visível, excluindo o disco solar, e
originada pelos raios não directos e dispersos pela atmosfera. Depende
fundamentalmente das nuvens, sendo muito variável no tempo;
 Radiação reflectida no albedo: procedente do solo e com origem na reflexão
da radiação incidente na superfície. Depende das características do solo;
 Radiação global: é a soma da radiação directa e difusa, componentes
anteriores;
 Radiação total: é a soma da radiação directa, difusa e de albedo.

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Figura 1

Posição do sol relativamente a um plano horizontal (fig. 2)

 O zénite é a direcção vertical sobre o plano horizontal;


 Distância zenital, θz - é o ângulo entre o zénite e a radiação directa no plano;
 Elevação solar, s=90- θz - é o ângulo entre o plano horizontal e a radiação
directa no plano;
 O Azimute solar, s - é o ângulo formado entre a direcção Sul e a projecção
da linha Sol-Terra sobre a horizontal. O azimute para oeste é positivo e para
Este é negativo;
  - é a inclinação do plano, que corresponde ao ângulo entre a “linha do
painel/colector” e a horizontal.

Figura 2

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Aproveitamentos da energia solar:

 Conversão Térmica e Conversão Eléctrica

 Conversão Térmica:

A conversão térmica da energia solar consiste na absorção de radiação numa


superfície absorsora e na transferência desta energia, sob a forma de calor para o
elemento que irá receber a energia útil. A temperatura atingida no elemento que
recebe a energia útil resulta do balanço entre a quantidade de radiação absorvida e
as perdas térmicas existentes. O elemento que recebe a energia útil pode circular
através do absorsor, removendo a energia (caso de um colector solar térmico com
circuito hidráulico) ou pode permanecer no absorsor (caso de forno solar),
aumentando gradualmente a temperatura do conjunto e, consequentemente, as
perdas térmicas.
A quantidade de radiação solar disponível na superfície absorsora pode ser
aumentada utilizando reflectores que permitam a concentração da radiação,
aumentando, consequentemente, a energia útil extraída do conjunto.

Perdas Térmicas podem ocorrer de três modos:

 Condução, quando o calor se propaga para o exterior através das superfícies;


 Convecção, quando o calor se propaga para o exterior através do
escoamento de ar sobre as superfícies;
 Radiação, quando o calor se propaga para o exterior através da emissão de
radiação a partir das superfícies;

Estas Perdas Térmicas podem ser minimizadas:

 As perdas térmicas por condução podem ser minimizadas através do


isolamento térmico (esferovite, lã de vidro, lã de rocha, poliestireno
expandido, etc.) do conjunto e da redução da área superficial por onde estas
perdas térmicas ocorrem.
 As perdas térmicas por convecção podem ser minimizadas através da
limitação do escoamento de ar sobre a superfície absorsora ou mesmo
através da colocação da superfície absorsora em vácuo, caso em que estas
perdas se eliminam.
 As perdas térmicas por radiação podem ser minimizadas através da
utilização de uma cobertura transparente, em plástico ou vidro, através da
minimização da área da superfície absorsora ou mesmo através da utilização
de uma superfície absorsora selectiva.

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 Aplicações:

 Colectores solares térmicos

Normalmente, um colector solar é constituído não só pela superfície


absorsora mas também por elementos de protecção térmica e mecânica da
mesma:

Existem diversos tipos de colectores solares térmicos que se distinguem pela


temperatura de utilização. Por ordem crescente de temperaturas temos:

 Colectores planos sem cobertura (aquecimento de piscinas)


 Colectores planos com cobertura (aquecimento de aguas)
 Colectores concentradores (CPC) com cobertura (aquecimento de
aguas e produção de vapor)
 Colectores de tubo de vácuo (aquecimento de aguas e produção de
vapor)

O calor resultante da conversão térmica da radiação solar é armazenado num


depósito de acumulação. A ligação e transferência de calor entre o colector
solar e o depósito, é efectuada por um circuito hidráulico de acordo com uma
das seguintes configurações:

 Circuito directo em que o fluido que circula nos colectores solares é a


agua de consumo (em desuso);
 Circuito primário em que o fluido que circula nos colectores não entra
em contacto com a agua. (mais usado).

A circulação do fluido pelo colector pode ser realizada através da utilização


de uma bomba circuladora (circulação forçada) ou por circulação natural com
base na diferença de densidades, ou termossifão.

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Termossifão: fluido térmico nos colectores aquece, tornando-se menos
denso e subindo do colector para o depósito, fluido térmico dentro do
depósito arrefece e desce para os colectores.
Nota: Pode acontecer a circulação inversa, mas para que isso não aconteça
introduz-se um desnível entre o topo do colector e o fundo do depósito.

Constituição de um sistema por Termossifão:

 Colector solar;
 Depósito de acumulação (termoacumulador);
 Apoio energético Modulante (ex: esquentador, caldeira);
 Módulo Solar (para misturar a agua);
 Módulo de medição de temperatura.

Nota: A diferença para os sistemas de circulação forcada é que possuímos


uma bomba circuladora.

Rendimento do sistema é dado essencialmente pelo quociente pela relação


da diferença de temperatura atingida pela área do absorsor (área que
absorve).

 Fornos Solares

Os fornos solares são utilizados na conversão térmica da radiação solar para


cozinhar alimentos ou para produzir água destilada.
Normalmente, num forno solar a superfície absorsora é um recipiente que
contém os alimentos, sendo o forno constituído pelos seguintes elementos:

Figura 3

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A temperatura atingida no interior do recipiente (absorsor) vai depender da
quantidade de radiação solar que entra no forno, bem como do nível de
protecção térmica de que dispõe.

Os materiais utilizados na construção de fornos solares devem ser


resistentes à humidade, dado que durante a cocção dos alimentos é libertado
vapor de água, bem como às temperaturas que se possam atingir no seu
interior. Num forno temos, essencialmente, quatro tipos de materiais:

 Estruturais – garantem a estabilidade dimensional do conjunto


(cartão, madeira, plástico, cimento, etc.);
 Isolamento – minimiza as perdas térmicas do conjunto (lã de vidro,
esferovite, papel de jornal, etc.);
 Transparentes – permitem a criação do efeito de estufa no interior da
caixa (vidro, plástico para alta temperatura, etc.);
 Reflectores – minimizam as perdas térmicas no interior do forno e
podem concentrar a radiação solar no interior (folha de alumínio,
etc.).

Figura 4

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O forno solar exposto ao Sol deve apresentar a maior largura ao sentido Este-
Oeste, de modo a poder captar radiação solar durante um maior período de
tempo.

Figura 5

É comum a utilização de reflectores simples ou múltiplos que permitem a


concentração de radiação solar no interior da caixa:

Figura 6

O armazenamento de calor no forno pode ser realizado através da utilização


de uma massa térmica no interior da caixa isolada. A existência desta massa
térmica implica um pré-aquecimento do forno antes da utilização.

Rendimento do sistema é dado da mesma forma que os colectores solares.

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 Conversão Eléctrica ou Fotovoltaica

Fotovoltaicos (FV) são sistemas que aproveitam a energia solar convertendo


directamente radiação solar em electricidade através do efeito fotovoltaico (FV).
A incidência de fotões sobre a superfície n cria pares lacuna electrão. Devido ao
campo eléctrico da junção p-n os electrões são impelidos a circular pela carga
(corrente eléctrica). Os electrões combinam-se com as lacunas na superfície p, que é
continuamente regenerada com as lacunas que passam a junção devido ao campo
da junção. A tensão da célula deve-se ao efeito de difusão dos portadores na junção
p-n. O efeito de difusão e o campo eléctrico da junção neutralizam-se, mantendo um
equilíbrio que depende da corrente na carga.

Figura 7

 Tipos de células e películas fotovoltaicas (20 anos de garantia)

 Primeira Geração - células de Silício cristalino (monocristalino,


policristalino, fita) ≈ 90 % do mercado actual (3 a 6€/Wp), Eficiência 12
a 16 %;
 Segunda Geração - Tecnologias de Películas finas sobre substratos
rígidos de vidro ou cerâmica (silício amorfo, CIS, CIGS, CdTe, GaAs). ≈
10% do mercado (2 a 4 €/Wp), Eficiencia 10 a 13%;
 Terceira Geração - Nanotecnologias para formação de películas finas
sobre substratos flexíveis (células orgânicas, termofotovoltaico,
rectenas, multi-junção) (<0.5€/Wp), em estudo ainda.

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 O Sistema Fotovoltaico

Figura 8

É constituído pelos painéis FV um regulador de carga, a devida cablagem,


inversores de corrente DC/AC (CC/CA), baterias, conversores DC/DC para
alimentar cargas com tensões diferentes da nominal, todas as protecções
necessárias e as cargas de consumo.

 Vantagens e desvantagens destes sistemas

Vantagens
 Benignos do ponto de vista ambiental;
 Modulares e sem partes móveis (sujeitas a desgaste);
 Inexistência de ruídos ou cheiros;
 Reduzida exigência de manutenção.
 Elevado ciclo de vida (20-30 anos no caso do Silício cristalino)

Desvantagens
 Elevado custo de instalação;
 módulos (3-4 €/Wp) e sistemas (6-12 €/Wp);
 Rendimento relativamente baixo (10-15%);
 Reduzida densidade de potência (100-150 W/m2).

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