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Ms PAM es SCCM Clee HU) CaAPiTULO 1 Compreendendo o Desenvolvimento Moto Visao Geral PALAVRAS-CHAVE Método longitudinal Motor Método transversal Aprendizado. Método longitudinal mista Aprendizado motor Movimento’ Padrao de movimento Padro de movimento fundamental Habilidade de movimento Habilidade esportiva Contexto ambiental dade biolégica Habilidade motora Crescimento ‘Comportamento motor Desenvolvimento Controle motor Maturacao Desenvolvimento motor Experiéncia Performance motora COMPETENCIAS ADQUIRIDAS NESTE CAPITULO Ao finalizar este capitulo, vocé sera capaz de: «# Reconhecera pesquisa de varios académicos do passado e do presente sobre desenvolvimento motor © Comparar « contrastar o desenvolvimento, motor com outros estudos sobre comportamento motor (aprendizado e controle motor) ‘* Demonstrar conhecimento sobre varias formas de anilise usadas no estudo do desenvolvimento motor + Discutir pontos fortes e fracos das prineipais metodologias associadas a0 estuco da mudanga « Identificar os métodos-chave da avaliagao dda maturidade biol6gica « Listaras clasificagGes etdrias eronol6gicas do desenvolvimento huumano ao longa da vida ‘* Definir e aplicar a terminologia usada no desenvolvimento motor + Discutir os pontos fortes e facos dos varios meétodos de classificagao das habilidades de movimentos Compreendendo o Desenvolvimento Motor 21 (0 desenvolvimento motor é a mudanca continua do comportamento motor ao longo do ciclo da vida, provocada pela interagae entre os exigéncias dat refa motora, a biologia do individuo e as condigoes do ambiente Mer: eas naa qantas no trabalho © no lazer envolve movi- mento. A nossa propria existéncia depende das batidas de nosso coracao, da inalacao e exalacao de nossos pulmaes ¢ de um eonjunto de outros processos de movimentos voluntitios, semiau- tomaticos e autométicos. Compreender como adquitimoe 0 controle motor ¢ a coordenagio dos movimentos é fundamental para compre- endermas coma vivemas. Quando compreen: demos 0 proceso de desenvolvimento de um individuo tipic cdamentais importantes para a eficacia do ensino da aprendizagem. Para individuos cam defi- ‘Singita deodnvolyimen ta ssimilamos orientagSes fun- a compreensio do desenvolvimento motor fornece uma base séida de intervengio, terapia e medicagao. O conheci- mento dos processos do desenvolvimento es na esséncia do ensino,seja ele em sala de aula, no gindsio ou no campo esportivo. Sem nogtes tos do desenvolvimento do comportamento humano, podemop apena: intuir técnicas educativas e procedimentos de intervengo apropriados. As instrugdes com base no desenvolvimento envolvem experiéncias de aprendizado que sio no apenas adequadas & dade, mas também apropriadas e divertidas em termos de desenvolvimento. O fornecimento de sélidas sobre 0s aspe: ensino-aprendizado, As instrugées, entretan- to, nao explicam o aprendizado; 0 desenvolvi- mento, sim, a 2s instrugoes nao explicam 0 aprendizaco; 0 desen volvimento, sim. um avpecto importante do pr Até uma época relativamente recente, as pesquisas a respeito de aspectos do desenvol: vimento do comportamento motor eram muito mais limitadas em abrangéncia e magnitude do que aquelas sobre o desenvolvimento cognitive © afetivo. Historicamente, os psicdlogos do de: senvolvimento tendem a interessar-se apenas de modo superficial pelo desenvolvimento motor ¢,portanto, em geral o consideram apenas indi- cador visivel do funcionamento cognitivo ou do estado socioemocional primeiro impulso para pesquisas sobre o desenvolvimento motor foi dado por ramos da psicologia; portanta, é natural que esse tema te nha sido observado com frequéncia do ponto de vista das potenciais influbncias de outras dreas do comportamento e na qualidade de recursos convenientes e imediatamente observaveis para co estudo do comportamento e nao como um fe- némeno digno de investigagoes por sis. a No passad, o estudo do desenvoWimento motor fol cofuscado pelo interesse pelo desenvohimento cog- ritivo e afetivo, © estudo do desenvolvimento motor per- passa os campos da fisiologia do exercicio, bio- mecinica, aprendizado e controle motor, assim cama os campos da psicologia do desenvolvi- mento e da psicologia social (Thomas e Thomas, 1989). A busca por conhecimentos progrediu a passos lentos, mas regulares, na década de 1980, € foi aumentando gradativamente, 3 medida que 0s cinesiélogos e os psicélogos da desen Volvimento mudavam o seu foco, passando da abordagem normativo-cescritiva a0 estudo dos processos de desenvolvimento subjacentes. Durante a década de 1980, o corpo crescente de académicos fez aumentar o interesse pelo estudo do desenvolvimento motor. Uma quan. tidade sem precedentes de pesquisas cam base tedrica foi conduzida desde os anos de 1980, e pesquisadores do desenvolvimento origindtios de diversas éreas associaram-se a académicos d desenvolvimento motor, O estude do desenvo vimento motor assumiu o seu higar como area de investigagio cientifica dentro dos limites da cinesiologia e da psicologia do desenvolvimento. ‘Agora, no século XI, os académicos esto estu 22 Gallahue, Ozmun & Goodway dando os processos de desenvolvimento subja- centes ¢ os seus muitos e vatiados produtos. Eles esto fazendo isso de modo coordenado para entender melhor 0 controle e a coordenacio do movimento a partir da perspectiva desenvolvi- mental. Os resultados de suas pesquisas tém sido aplicados em cenérios préticos de ensino -aprendizado por dedicados pais, professores, treinadores e fisioterapeutas, O termo cinesidlogo da desenoatoimento, usado inicialmente por Smoll (1982), popularizou-se e 6 utilizado hoje em dia para descrever aqueles que estudam 0 desenvolvimento motor. Esses profissionais do desenvolvimento reconhecem que as demandas fisicas e mecinicas especifcas da tarefa motora transacionam com a biologia do individuo e com as condigoes do ambiente de aprendizado. Nos modelos transacionais, como co descrito na Figura 1.1, est implicito que os fa~ tores (restrigies) proprios da tarefa, do individuo edo ambiente nio apenas iniluenciam uns aos outros (interagao), mas também podem ser mo- dificados (transagio) uns pelos outros. A informacao contida aqui nao é a tiltima palavra em desenvolvimento motor, mas sim uma tentativa honesta de apresentar 0 conhe- cimento mais recente. Lima vez que as pesqui- forma répida, é dificil abranger tudo 0 que est ao (00: heredtaredade, SUrexparence, biaegia | natureza e raga fatres fates intiocos xrsecos | TAREFA } (OU: fatores fiscos @ mecanicos Figura 1.1 Visio transacional da relacdo causal no desenveli ‘mento motor acontecendo nesse campo em evolugdo, A fim de ter valor prético para pais, professores, t6 nicos e fisioterapeutas, 0 estudo do desenvol- ‘vimento motor nao pade focar apenas o sujeito habilidoso,em ambientes laboratoriais control dos. Ble tem de analisar e documentar também © que individuos de todas as idades s80 capa- zes de fazer em condigdes normais ¢ intensifi- cadas. Dedique algum tempo a reflexes sobre 6s conceitos importantes contidos nos quadros de texto ao longo de cada capitulo. Esses con- ceitos sintetizam 0 que sabemos atualmente, @ partir de pesquisas sistematicas e investigagdes académicas. A melhor definigao de pesquisa cer- tamente 6a busca da verdade”. As pesquisas server para entendermos o desenvolvimento motor, como o proprio titulo deste livo ji diz, e expandirmos a nossa base de conhecimentos, le- vando-nos a compreender no futuro 0 que ainda ino sabemos hoje. Como autores deste livro, 0 rnnsso objetivo # ajudé-lo a aplicar na prética as informagbes aqui contidas, para que vocé seja mais efetivo como pai, professor, treinador ou fisioterapeuta ESTUDO DO PROCESSO DO DESENVOLVIMENTO AO LONGO DA VIDA © deserwolvimento 6 um processo continto que omega na concepsio ¢ cessa com a morte. Ele envolve todos os aspectos do comportamento hhumano e, em consequéncia, 6 pode ser sepa- rado em*dominios”,"estigios” ou fanas ets” de forma artificial. £ importante ter em mente a nosio do conccito de desenvolvimento” lon- 0 da vida". Assim como ¢ importante o estu- do do atletatalentoso durante a adolescéncia e a idade adulta, também ¢ importante o estudo déo movimento do bebé, da crianca e do idoso. Muito podemos ganharao estudarmos o de voivimento motor em todas as idades, consie rando-0 como um processo que ocorre 20 longo da vida (© desenvolvimento € um processo que comeca na concepgbe € cesse apenas com a mart, 13 Compreendendo 0 Desenvolvimento Motor 23 A perspectiva que vé o desenvolvimento ‘motor como um processo ao longo da vida no © considera dividido em dominios, estégios ou faixas eta. Ao contrério disso, essa perspec- tiva sugere que alguns aspectos do desenvolvi- mento de uma pessoa podem ser conceituados de acordo com dominios, estgios ou faixas ets- rias, enquanto outros no podem. Além disso, 0 conceito de desenvolvimento ao longo da vida abrange toda a mudanga do desenvolvimento —as mudancas positivas geralmente associadas a0 bebé, & crianga e a0 adolescente, assim como as mudangas que acontecem durante 0 processo regressivo de envelhecimento O desenvolvimento motor éaltamente espe- cifico. A nogéo antes aceita de uma capacidade motora gera! foi refutada, para a alegria da maio na dos acadermicos da area. ler eapacidade supe- rior em uma drea ndo garante capacidade si em outras. O conceito antiquado de que a pe: soa tem ou nao tem capacidade em situagdes de movimento foi substituido pelo conceito de que cada um tem potencialidades especifcas dentro de cada uma das muitas éreas do desempenho. Varios fatores que envoivem capacidades de mo- vvimento e performance fisica interagem de modo complexo com o desenvolvimento cognitivo & afetivo. Cada um desses fatores, por sua vez, & afetado por uma ampla variedade de demandas relacionadas a biologia, ao ambiente e & tarefa specifica, © prucessu ue desenvulvinenty, ¢, de mele mais especifico, o processo de desenvolvimento motor, deve nos fazer lembrar constantemente da individualidade do aprendiz. Cada individuo tem um cronograma singular para a aquisigio das eapacidades de movimento (i. agdes do bebs baseadas na maturagdo) e das habilidades de mo- vinento (ie., agiea da infincia em diante boca das na experiéncia). Embora o”rel6gio biol6gico’ do individuo seja bem especifico, quando se tra- ta da sequéncia de aquisigao das habilidades de ‘movimento (maturagao), a taxa e a extensao do desenvolvimento so determinadas individual- mente (experiéncia) e softem drdstica influéncia das domandas de performance das tarefas. Fainas etdrias de desenvolvimento tipicas sio apenas isso: tipieas,e nada mais. As faixas etirias repre sentam apenas perfodos de tempo aproximados, durante os quais so observados determinados comportamentos. O excesso de confianga nes- ses periodos nega os conceitos de continuidade, cespecificidade e individualidade do processo do desenvolvimento, a © desenvolvimento esta relacionado a idade, mas nao depende dela, © estudo do desenvolvimento motor re- monta apenas & parte inicial do século XX. As segdes a seguir revisam brevemente a histéria € os métodos de estudo do desenvolvimento motor. Historia do desenvolvimento motor As primeiras tentativas sérias de estudar 0 de- senvolvimento motor, a mais jovem das ciéncias do movimento, foram feitas a partir da ideia da ‘maturagio por Arnold Gesell (1928) e Myrtle McGraw (1935). Os maturacionistas defendiam que 0 desenvolvimento é funcao de processos bioldgicos inatos, que resultam em uma quéncia universal de aquisigio das habilidades de movimento pelo bebé. Os teéricos também afirmavam que, embora o ambiente pudesse in- fluenciar a taxa de desenvolvimento, os efeitos eram apenas temporsrios, devido 3 potente in- fluéncia da heranga genética de cada um, Des- do a época dessee esforos pioneiros, os nomes de Gesell e MeGraw tornaram-se uma lenda na pesquisa do desenvolvimento motor. Muito do que sabemos sobre a sequéncia da aquisigdo de habilidades de movimento pelo bebé baseia- -se no trabalho deseritivo de Gesell e McGraw, assim como também de Mary Shirley (1931) € Nancy Bayley (1935). A onda de porquivas que esses académicos desencadearam foi motivada, em grande parte, por seu interesse pela relagao entre os processos de maturagio e aprendizado © © desenvolvimento cognitivo. Em seus estu- dos independentes, mas notavelmente simila- res, esses primeitos pesquisadores registraram a# conhecidas kequénciae do desenvolvimento ‘motor do beb@. As observagées naturalistas das criangas feitas por eles forneceram grande quan- tidade de informagSes sobre a progressio se- quencial do desenvolvimento normal, a partir da 24 Gallahue, Ozmun & Goodway aquisicio de movimentos iniciais rudimentares até os padrdes maduros de comportamento. Os estudos de Gesell e Thompson (1928, 1934) @ de McGraw (1935, 1940) so clissicos do método de controle de gémeos para o estu- do do desenvolvimento. As suas hipéteses eram as seguintes: se para dois bebés com conjuntos de genes idénticos fossem dadas experiéncias diferentes, seria possivel demonstrar a influén- cia relativa tanto da hereditariedade como do ambiente sobre 0 aprendizado de habilidades espeeificas, incorporadas no design do estudo. 3s resultados de seus estudos mostraram que, embora a taxa de aquisigio das habilidades de movimento selecionadas pelo gémeo treinado temha sido mais répida do que a do nao treinado, a sequéncia no variou e a vantagem de um s0- bre o outro durou pouco. Essa pesquisa permitiu ‘uma melhor compreensdo das dlferencas entre a taxa e a sequéncia do desenvolvimento. Em es- séncia, a taxa do desenvolvimento motor pode ser influenciada por condigdes ambientais per- sistentes, mas a sequéncia de desenvolvimento em termos de aquisigio das capacidades do mo- vimento rudimentar pelo bebs ¢ altamente re- sistente a mudangas. O estudo de Monica Wild sobre 0 compor- tamento de arremessar (1938) foi a primeira investigagao do desenvolvimento dos padraes de movimentos em eriangas em idade escolar. Infelizmente, apés esse estudio, excelente em sua profundidade e completude, nouve pouco interesse na exploragio dos varios aspectos do desenvolvimento motor até o final da Segunda Guerra Mundial. Depois da Segunda Guerra, surgi uma nova geragio de pesquisadores do desenvolvimento ‘motor, iderados por Anna Espenschade, Ruth Glassow e G. Lamaente Rasick (com eitady eit Rarick, 1981), que focaram a descrigio das po- tencialidades da performance motora em crian- gas. Os trés eram formados em educagio fisica € assim, estavam interessados na compreensio dos resultados do desenvolvimento motor para a sua pripria atividade. Além disso, 0 seu trabalho focava mais a aquisigdo de habilidades motoras por jovens em idade escolar do que a performan- ‘ce motora em bebés. Embora a extensio das pesquisas durante esse periodo fosse limitada e seguisse a passos lentos, 0 trabalho desses trés pioneiros fez muito para manter o desenvol- vimento motor vivo como campo legitimo de investigagio académica. Clark e Whitall (1989) atribuiram a Espenschade, Glassow e Rarick 0 surgimento do desenvolvimento motor como um campo de estudo especifico na érea da edu- cacao fisica ‘A pattir de 1960, a base de conhecimen- tos do estudo do desenvolvimento motor tem crescido com regularidade. O trabalho de Lolas Halverson (1986) e de varios de seus estudantes de graduagio na University of Wisconsin (Hal- verson e Roberton, 1966; Halverson, Roberton € Harper, 1973; Halverson e Williams, 1985) sobre a aquisigao de padrdes de movimento funda- ‘mental maduros fez muito para reavivar o in- teresse pela investigagio de criangas, por causa dde sua énfase mais na identificacao dos meca- nismos subjacentes a aquisigao da habilidade do que na habilidade final. Os padraes motores {furdamentais (1983), de Ralph Wickstrom, e 2 pesquisa conduzida por Vern Seefeldt (1972) ¢ seus associados (Branta, Haubenstricker e See- feldt, 1984; Seefeldt e Haubenstricker, 1982) na Michigan State University, sobre a aquisigao de habilidades motoras fundamentais, langaram as bases para a empolgante pesquisa da década de 1980 em diante. Durante as décadas de 1980 e 1990, a én- fase do estudio do desenvolvimento motor de novo mudou de forma dréstica. Em vez. de fo- car 0 produto do desenvolvimento, como nas abordagens normativas/descritivas das trés décadas precedentes, os pesquisadores pas- saram a enfatizar outra vez a compreensio dos processos subjacentes envolvidos no de- senvolvimento motor. Embora a importancia fundamental da hereditariedade tivesse sido reconhecida, ago eta dada uina fenpostdncia complementar as condigdes do ambiente do aprendizado e as exigéncias especificas da ta- refa ou ago motora, Os pesquisadores, guiados pelo trabalho seminal de Kugler, Kelso e Turvey (1980), for- ‘mularam novas estruturas teéricas para con- trole © desenvolvimento do comportamen- to motor. A partir dai, os trabalhos de Esther Thelen e colaboradores (1986a, 1986b, 1987a, 1987b, 1991, 1994), Jane Clark e colaboradores (1988, 1989) outros levaram A formulagio da Compreendendo 0 Desenvolvimento Motor 25 teoria dos sistemas do desenvolvimento motor que orienta a maioria das pesquisas conduzi- das atualmente. ‘Trés principios fundamentais norteiam o que ficou conhecido como teoria dos sistemas dina :micos. Em primeiro lugar, o corpo é visto como composto de virios sistemas (muscular, esque 1etico, neural, perceptivo, biomecanico) auto- -organizados e capazes de formar padrdes de comportamento que surgem da interagdo entre as partes componentes, Em segundo lugar, esses sistemas ¢ os seus virios subsistemas se auto- -organizam de modo complexo e cooperative, com base nas exigéncias especificas da tarefa ‘motora e em resposta a varias affordances e res~ tuigdes. B, em terceiro, o desenvolvimento 6 visto como um processo descontinua, em que novos padroes de movimento substituem os anteriores (Thelen e Ulrich, 1991). _ Historicamente, 0 estudo do desenvohimento motor passou por periods que enfatizaram diferentes ex- plicagbes para o processo do desenvolvimento, Em resumo, 0 perfodo que vai desde a déea- da de 1930 até a Segunda Guerra Mundial pode ser caracterizada como"maturacional”, enquan- to os anos de 1946 até a década de 1970 seriam o *periodo normativotdescritivo” no estudo do desenvolvimento motor, A partir da década de 1980 até os dias de hoje, temos o“periodo orien- tado para o processo” (Clark e Whitall, 1989) O estudo do desenvolvimento motor comegou orientado para os processos (ie., 0 estudo dos processos biol6gicos subjacentes & maturacao), depois passou a ser orientado para os produ- tos (i, a deserigio dos mevaniisinus dos vasios estigios da aquisicao das habilidades de movi- mento ¢ o desenvolvimento de eritérios norma- tivos para uma série de medidas da performance motor) ¢, em seguida, voltou a ser orientado para os processes (ie.,a explicagdio dos pro s0s que causam mudangas no comportamento motor ao longo do tempo). Resquisas importan- tes tém sido realizadas agora em quase todo 0 mundo sobre 0 t6pico crticamente essencial do desenvolvimento motor desde a fase do bebé até aidade adulta Métodos de estudo do desenvolvimento © des formas, pelos métodos longitudinal, transversal ¢ longitudinal misto. Uma vez que a investiga~ io do desenvolvimento motor envolve o estudo das mudancas que ocorrem no comportamento motor ao longo do tempo, 0 método longitu- inal é ideal, consistindo no tinico verdadeiro meio de catudar 0 d © método longitudinal de coleta de dados tenta explicar as mudangas de comportamento a0 longo do tempo (ie., 0 tempo do desenvol- vimento) e envolve a demonstracao gréfica dos varios aspectos do comportamento motor de um individuo ao longo de varios anos. A abordagem longitudinal permite 0 observagio das mudan «as em variéveis especificas a0 longo dos anos; embora envolva 0 gasto de muito tempo, trata co estudo do desenvolvimento motor como uma fungao mais do tempo de desenvolvimento do que da idade (.e., do tempo real) do individuo. © método longitudinal envolve 0 estudo de um Sinieo grupo de individu dade, no decorrer de virios anos. O principal propésito desse estudo é mediras mudangas de comportamento relacionadas com a idade. Em resumo, 0 método longitudinal permite o estuco de mudangas em um Gnico individuo ao longo do tempo. © Medford Boys Growth Study, conduride por H. Harrison Clarke (1971) de 1956 a 1968, & um dos mais completos estudos longitudinais do crescimento jé realizado. O estudo do desen- volvimento motor, que teve inicio em 1966, com Vern Seefeldt na Michigan State University, e continuou ao longo de 30 anos, coletou dados antropométiicoa extenaivoa, aasim como milha res de rolos de filmes, em que criancas execu- tavam habiliciades motoras fundamentais sele- cionadas. A pesquisa de caminhada na esteira de Beverly e Dale Ulrich, na Indiana University (1995), reuniu dacs extensivos sabre o inicio da caminhada de qualidade em bebés com sindro- me de Down. Todo: involvimento motor é eatudado de tré avolvimento. todos da mesma o execlentes exemplos de estudos longitudinais sobre © erescimento € 0 desenvolvimento motor. O método longitudinal de coleta de dados consome bastante tempo. Além disso, a taxa 26 Gallahue, Ozmun & Goodway de desisténcia em geral & grande, pois os par- ticipantes mudam, adoecem ou ficam incapaci- tados. Portanto, é preciso testar um grande nui- ‘mero de participantes para manter uma amostra representativa no final das estudos com duragio de 5a 10 anos. Além disso, no estudo longitu- dinal, gradualmente podem surgir problemas na metodologia e no design. Variagdes no nivel de confiabilidade e objetividade dos testadores a0 longo do periodo do estudo podem causar pro~ blemas de interpretacdo dos dados. Potenciais efeitos advindos do aprendizado, em fungio das repetidas performances nos itens medidos, também tém se mostrado probleméticos. Essas dificuldades induziram muitos pesquisadores a oplar pela abordagem transversal O método transversal ce estudo permite a0 pesquisador coletar dados de diferentes gru- pos de pessoas ¢ faixas etérias, em um mesmo ‘momento no tempo. O principal propésito do estudo transversal & medir difere portamento relacionadas a idade, Esse método nao permite medigdes de mudarigas relaciona- das & idade, por isso tem gerado controvérsias. © método transversal gera apenas diferencas ‘médias em grupos em tempo real e nao mudan- «2s individuais ao longo do tempo de desenvol- vimento. hipétose basica subjacente a0 estudo transversal consiste em que a selecio aleatéria dos participantes da pesquisa fornece uma amostra representativa da populagio de cada grupo etario testado. No entanto, € questions vel se, na maioria dos casos, essa hipétese pode ser confirmada, Na realitade, os estudos trans- vversais, apesar de simples e diretos, sio capazes de descrever apenas comportamentos tipicos, nas idades especificas estudadas. Consequente- mente, eles nio sio considerados pela maioria das autoridades no assunto como verdadeiros estudos do desenvolvimento. O problema é que, historicamente, a maioria das pesquisas sobre desenvolvimento motor tem usado a aborda~ de com- ‘gem transversal. Para superar o possivel ponto fraco da té nica transversal, os psicdlogos do desenvolvi- mento ¢ os pesquisadores do desenvolvimento ‘motor com frequéncia combinam os designs de pesquisa transversal ¢ longitudinal em suas in- vestigacfes individuals. Fese métada sequencial para estudo do desenvolvimento, o método longitudinal misto, combina os melhores as~ pectos dos estudos transversal e longitudinal Ele engloba todos os possiveis pontos de dados nevessdrios & descrigdo e/ou explicagdo tanto das diferencas quanto da mudanga a0 longo do tempo, como as functes do desenvolvimento assim como as da idade. Os participantes da pesquisa sio selecionados ¢ estudados por cor- te transversal, mas também sa acampanhados longitudinalmente por virios anos. Isso permite comparar os resultados dos dados transversais com 08 longitudinais e funciona como meio de validacdo ou refutagéo das mudangas relaciona- das a idade em relagio as verdadeias mudangas do desenvolvimento, Também proporciona ao pesquisador a oportunidade de analisar e fazer relatos com base em dados preliminares, logo no inicio da pesquisa, em vez de esperar por cinco a Enguanto mudancas no comportamento motor rela- cionadas @ idade podem ser estudadas por meio de designs de pesquisa transversas, a verdadeira mudan- ‘2 do desenvolvimento s6 pode ser estudada por meio dos designs longitudinale longitudinal isto (Os métodos de estude longitudinal, trans versal ¢ longitudinal misto podem ser aplica- dos a uma variedade de formatos de pesquisa A investigacio pode tomar a forma de um e: tudo experimental, que € © metodo mais po- tente, devido aos rigidos controles necessirios, ou ser transversal, envolvendo a observacao naturalista, pesquisas, entrevistas, relatos de historia de casos ou, ainda, uma combinagio dessas técnicas. A Tabela 1.1 fornece uma breve visio geral desses formatos de estudo do de- senvolvimento. Como jf observado, houve mudanga no rumo do estudo do desenvolvimento motor, cujo foco passou do processo ab produto e agora vol- tou ao processo, Os primeiros cientistas enfati- zaram a importancia da pesquisa orientada para 0s processos, ou seja, para a forma e a fungao. H. M Halverson (1431, 1937), Shirley (1931) e Wild (1938) focaram a aquisigao sequencial dos pa- dries motores. As suas sugestées para o estudo dos processos do desenvolvimento das habilid des motoras néo receberam muita ateng&o até a década de 1980, quando o interesse por esse Compreendendo 0 Desenvolvimento Motor 2 av eee a TE Estudo longitudinal: os mesmos individuos sto estu= ddados ao longo de um periodo de 5 a 10 anos Estudo transversal individuos diferentes, represen- tando uma sie de faxas etanas, a0 estudados fem um mesmo momento temporal Estudo longitudinal misto: método sequencial de estudo do desenvolvimento que combina os elementos essentials dos métodos longitudinale transversal ‘Método experimental, selecio efou atribuicao aleatoria de partcipantes a conuicbes de tratamento Controle rgido das variaveis atuantes Cultural cruzado: pode ou nao usar um design experimental, Comparagio de varios fatores em cultu: ras aiferemces| Observagdo naturalista: observacao no intrusiva do comportamento no ambiente natural Pesquisa por entrevista survey): entrevistas individuais ou em grupo sobre uma série de topicos sele ‘lonados para revear atitudes, opinides Relate de caso: relato sobre participantes especificos, fornecendo uma série de informagbes detalha das sobre a sua historia tipo de estudo renasceus; desde enti, esse tem sido o foco da pesquisa no campo do desenvol: ‘vimento motor. O usa de técnicas da cinemato- gratia, eletrogoniometria e eletromiografia, junto com a andlise computadorizada, tem ampliado ‘9s nossos conhecimentos a respeito do proceso le movimento, seus mecaniom: motores eubja centes e a influéncia resultante sobre o produto do movimento, A pesquisa orientada para 0 produto, ou so- bre as potencialidades de performance dos indi- viduos, tem sido realizada ha varios anos, Esse tipo de pesquisa preocupa-se com o resultado ida perfirmance da individno. A distineia percor- rida pela bola, a velocidade possivel apés o chu. te ou a extensio de um salto sio exemplos de dados da performance motora. Forga, resistencia, poténcia, equilibrio e flexibilidade, medidos em batetias de testes especifi dados da aptidao fisica. a 0 desenvolvimento motor pode ser estudado com tientagao para o processo ou para o produto. as, sio exemplos de PEM) Velho fragil: brincadeit Em outa edigdo deste lvro, usamos o termo "ve. tho fragi” para pessoas com 8D anos ou mais. Meu Deus! Que comocéo isso causou até no escri- {ério onde o autor-sénior trabalhava, Pols até uma de nnscas secretérias, lice, uma mulher hem ati- va nos seus 82 anos, estava revisando uma copia do texto que acabara de ser publcado e exclamou, indignada: “Velho frag com 80 anos ou mais, que historia ¢ essa? S6 pode tor brincadira, N3o me cchame de velha fragi! Eu trabalho alto horas por dia e ainda tenho bastante energia para cuidar das. rminhas coisas em casa e aproveitar o meu tempo live, Alem disso, a maicria dos meus amigos © co hecidos da mesma idade ou mais velhos & mais ‘ou menos como eu, e com certeza NENHUM deles um velho fill” Embure outivs livius © artigos publicados sassem esse termo com frequeéncia naquela épo- ca para descrever pessoas com mais de 80 anos, para minha vergonha, eu nao fui capaz de defen- der 0 termo “fragi” na conversa com Lucile. Eu tinha violado aquele conceito-chave, segundo 0 qual o desenvohiimento ests relacionado com a idade, mas nao depende dela, e acabel por ofen- der Lucile Nés enfrentamentos um diiema, pois uso da dade cronol6gica é 0 meio de classificacao mais conveniente e universal. Entretanto, € também ‘© menos valido para indicar em que estagio do desenvolvimento a pessoa esta. Por causa disso, atualizamos a nossa terminologia referente a esse {grupo de pessoas. Agora usamios 0 termo "velho ‘mais velho” (oldest old). Um tanto insipido, tal- vez, mas certamente nao ¢ ofensivo. Obrigado, Lucille 28 Gallahue, Ozmun & Goodway CLASSIFICACGES ETARIAS DO DESENVOLVIMENTO Os niveis de desenvolvimento podem ser cassi- ficados de virios modos. O método mais popu- Jar, porém com frequéncia o menos preciso, €a classificagio pela idade cronolégica. A idade cro- nolégien ou aidade do individuo em meses efou anos 6 de uso universal e representa uma cons- tante. Quando sabemos a data de nascimento de alguem, podemos lacimente caleulara sua idade em anos, meses ¢ dias, A Tabela 1.2 fornece uma classificagio etéria cronolégica convencional 1 Vida pré-natal A. Period do zigoto B. Periodo embrionario C. Periodo fetal I Obebe. ‘A. Periodo neonatal B. Inicio do periodo de bebe C. Restante do periodo de bebé Infancia A, Periodo entre 2€ 3 anos B. Inicio da infancia © Meiovfinal a infncis IV Adoleseéncia A. Pré-puberdade B. Pos-puberdade Y-uventude A. Periode inicial 8, Periodo de consolidagao Vi Meia-idade A. Transigao da meia-idade B. Meia-idade VII Adulto mais velho ‘A. Velho joven B, Velho mediano Velho mais veino desde a concepeao até a idade adulta avangada, bora sejam altamente especificas durante os primeiros anos, as idades cronol6gicas tornam- e cada vez mais gerais no decorrer da vida. Ao revisar essa tabela, tenha em mente que, apesar de relacionado com a idade, 0 desenvolvimento nao depende dela. A idade cronologica & somen- te uma estimativa bruta do nivel de desenvolvi- mento do individuo, que pode ser determinado de modo mais preciso por outros meios. A idade biolégiea do individuo fornece um registro da sua taxa de progressio em direcao & niatatidade. 8 uma idade-variavel, queccorres= Classificagoes etarias cronolagicas convencionais Faixa otéria aproximada (Da concepgao a0 nascimento) Concepgao~ 1 semana 2 semanas 8 semanas 8 semanas — nascimento (0 nascimento aos 24 meses) Nascimento ~ 1 mes 1-12 meses 12-24 meses (os 2.205 10 anos) 24-36 meses 3-Sanos 5 10enae (00s 10 aos 20 anos) 10-12 anos F) 11-13 anos (M) 12-18 anos) 14~20 anos (M) (os 20 aos 49 anos) 20-30 anos 30 — 40 anos (os 40 aes 60 anos) 40 ~ 45 anos 45 — 60 anos (60 anos +) 60 ~ 70 anos 70 ~80 anos sy anos + Compreendendo 0 Desenvolvimento Motor 29 ponde apenas aproximadamente & idade cro- noligica e pode ser determinada pela medicio das idades: (1) morfol6gica, 2) esquelética, (3) dentériae (4) sexual ‘itdade morfolégica 6a comparacao do tama- iho da pessoa (altura e peso) com padres nor- mativos. O tamanho normativo foi determinado pela primeira vez por Wetzel (1948) e outros, por meio da elaboragio exaustiva de grificos de al- turas e pesos de milhares de individuos. A grade de Wetzel foi usada durante muitos anos pela maioria dos pediatras como principal recurso para determinagao da idadie morfol6gica de seus pacientes. Embora nao seja usada atualmente devido a mudangas seculares (i.e., mudangas entre as geracdes) de peso e altura, a grade de Wetzel foi, em determinado momento, 0 mé- todo mais popular para indicar a idade morfo- légica. Hoje em dia, os pediatras usam gréficos de erescimento fisico desenvolvidos pelo Natio- nal Center for Health Statistics (2000), Cépias esses grificos sao fornecidas no Capitulo 6 (do nascimento aos 24 meses) e no Capitulo 10 (dos 2.a0s 20 anos} e podem ser encontradas também online no ede govinhs! A idade esqueléticn fornece um registro da ‘dade bioldgica de desenvolvimento do es- queleto. Ela pode ser determinada com prec so por um raio X dos ossos carpais das mos e do punho. A idade esquelética é usada como ferramenta de pesquisa laboratorial e em casos de crescimento extremamente atrasado ou ace- Jerado. Poucas vezes é usada como medida da ‘dade biolégica fora dos ambientes laboratorial ¢ clinica, devido a custo, inconveniéncia «efeitos cumulativos da radiagdo. A idade dentaria € outro meio preciso, porém uusado com pouca frequéncia, de determinagio da idade biologica. A sequéncia do desenvolvi- mento dos dentes desde o surgimento da pri- meira ctispide até o fechamento da raiz fornece uma medigio da idade de calcificagio. A idade de erupgio também pode ser determinada pel: elaboragao de graficos da progressiva emersio dos dentes. A idade sexual ¢ 0 quarto metodo de deter- minagao da idade biol6gica. A maturacio se~ nual & determinada pela aquisicao varidvel das A-escala de maturidade de Tanner (Tanner, e secundarias. 1962) é um meio preciso de avaliagéo da ma- turidade sexual. Ela esté deserita no Capitulo 15, Esse método é usado com pouea frequén- cia, em fungio de constrangimentos sociais ¢ cultura. Existem virios outros métodos de classifi- cago da idade de um individuo. Bles incluem ‘medigdes das idades: (1) emocional, (2) mental, ) autoconceitual e (4) perceptiva. A idade emo cional & dada pela medi¢go da socializacio e da capacidade de funcionamento dentro de deter- minado ambiente social/cultural. A idade men~ tal & dada pela medicio complexa do potencial mental do individuo em fungao tanto do apren- dizado quanto da autopercepgao. Com frequén- cia, ela flutua ao longo da vida da pessoa. A idade utoconceitual & dada pela medigao da avaliagio pessoal que o individuo faz do préprio valor ou capacidade. A idade perception & uma avaliagio da taxa e da extensdo do desenvolvimento da percepgio pessoal. a Embora a idade cronolagica seja 0 meio de classifi- cacdo de idade mais utilzado, em geral 6 0 menos valid ‘Todas as medigdes da idade sio variaveis. Elas esto relacionadas com a idade eronolégica, mas no dependem dela, Portanto, todes os que trabalham com bebés, criancas, adolescentes ou adultos ndo devem confiar demais na classifica~ so cronol6gica da idade simplesmente por sua facilidade © conveniéncia TERMINOLOGIA USADA NO DESENVOLVIMENTO MOTOR ff sempre importante adquitir certo corheci- mento profissional dos termos usados na érea de estudo escohida. Sefa a sua érea a medicina ou odirito, a educasao especial ou a economi, 1 um jargo tipico de cada campo, eo desen- volvimento motor ndo é excegio. Uma série de termos que se fomaram usuais ¢ apresentada nesta seco. Assim como acontece com os jar ges na maioria das reas de estudo, 0 consen- crepes digester cate Feria na universal. Temos de nos esforgar em busca de 30 Gallahue, Ozmun & Goodway maior consisténcia. Com esse conceito em men- te, apresentamos as definigdes a seguir. a 0s termos transmitem conceitos criticos essenciais para @ compreensto do desenvolvimento motor Crescimento e desenvolvimento Os tenuis ex aly © desenvolvinvento so usados com frequéncia como sindnimos, ras hd uma diferenga de énfase. No seu sen- fido mais puro, o crescimento fsico aumento do tamanho do corpo do individuo ou de suas partes durante a maturacdo. Em outras palavras, crescimento fisico é o aumento na es- utura do carpe provoalo pela mauliplicagio ou aumenta das células. No entanto, 0 termo erescimento muitas vezes € usado para se referir’ totalidade das mudangas fsicas,e, assim, torna- -se mais inclusivo, assumindo © mesmo sentido de desenvolvimento. Nas referéncias ao cresci- mento neste livro, adotaremos aquele primeito significado. © desenvolvimento, em seu sentido mais puro, refere-se a mudancas no nivel de fun- cionamento do individuo ao longo do tempo. Keogh e Sugden (1985) definiram desenvolvi- ‘mento como“uma mudanga adaptativa em bus- ca da competéncia” (p. 6). Essa definigao implica que, a0 longo da vida, hd necessicade de ajustes, compensagdes ou mudangas para se adquirir ou ‘mantera competéncia. For exemplo, o bebé que estd aprendendo a andar precisa compensar as mudangas ocorridas na sua base de apoio e no seu centro de gravidade. Do mesmo modo, 0 adulto precisa compensar a diminuicdo e a re- gressto na comperéncia de andar causadas por artrite e reducdo da flexibilidade articular. Seré adotada a definigio de Keogh e Sugden ao lon- 0 deste texto, pois afirma, de modo claro e su- oes elo so ow> oNBLINOU Op seeds sERadSE SO OILEL +4 veyoaxe opel sopeasju oes e218 ep sesadua} zppdse so SEL "E12 ep subi Sef Sopeyonuea oes ououlou op seEedsS SOIaadS SG phage ejaq ean s263d e1ed 12425 « 28 0u Oo Jour e7og ewn se6ad eed 903, epuo> woo oplepo iessauany « sed ap ossauaue wn 4azej cousins oudpid ojac epes souiause faq ewn sefiad eed eueISP ePeULLISIEp 12115 ray cpeniauuadns ‘3p ejoes Ewin wo> expeBauorsa acyiad “ns BN UID Zep « wast juni eplo> weIng. «| eye un wos sepuy « ‘soneuea seinye jae seyes 2190 eupien a od ewn sessaneny ey eimyje en He seyes 2130 « autor epe2sa eusepuy « sepeuen seamje aye reyes © euays9 eu sepuy « oxy ume ewn aie seyes « es aypodns euin aigos sepuy « uuiep -ide1 epeyos joqainy 2p oq ewn seiny>, epessauiaue jog ewn saieqay eral 2 es ‘pyiadns en argos aquawieue| epejar jog ewn eIN4> cossauiauie ap oyjas ede win 30d epedue, oq eun 181eqay soquay ip sod ap sep -e1ed eojeq 18194) sianpuen seanye lua epe2. 09 106 ‘3p bog eusaieg epesed joq ewn eany> 2406 op 21 ou e109 eu J8Ve cad 180d \uns apuesb ojava =p ejoq eun wo se1u2s ‘uugjas epee euin we ad op 2004 apuesb o7juave = ejoq eun wa 2ejUEs augjas epers bwin ue ad ap 13 syanpuen seanype ap sexzape> 2 ass }UeAgT sjanpuen seunye ep seyjape> wia UES 3e6nj cu ad ap se>4 ape un wis sees eusge swuoweraid wo3 wou ‘ou 9p ease, euage awawepeep -ow owwauin ou! ap ejasey epeypay auaweperep -ou owuauin ou! ap ejaseL epey>ay awuaueiyd 09 oweun oul ap epaseL sem | ysoiuousnow ewar anus * Wa sezopend ‘9pepIIgeUeA as saghppuo> saisay soquausnow anua pep) * Ula sexopens -tqeuen was -21sagspuoD, sean weUone ss ewayanua * ” seuopenéas ‘apepmigeuen s20%ppuo> semewuar , ,seupuoperss ‘anus apepi, seiopenfiai qeueR 3s s20%)puo> ogSeyndyuew {wo 0950110207 ‘ogdendjuew ‘was 0930u10207 ovejndyuew ‘opSejndyueus ues apey aes ‘oquowinow ap yout) ep eprpusyerd ovduny sojdusaxa wo oyua \ou! op oxdex4580}> ap {9002) alNuaD ap [Puo!sUaUH!pIq ojapoUL Op oBSe\dery ‘oquow!now op eyaue) ep jewuarquie o3xa1U0> Gallahue, Ozmun & Goodway sequedy sessauia.iy seSueDIp sode1q Sop opyay ap oxayar + ‘opsusaide ap 1e ued ora) rogainy cu job @ainy> wn sepuajeg « op sei inno soses ws 008 . - ‘ "i eouetut . keg e11eq EU UFO JEYURMIED * 2p SeDIseq CyUBULIAOWL ap sapeDI sequure) « ad un ia opercde as. + He uawepuny oyuaunnow op osey ‘9d ap o83s04 « wala eysieWy © ovode ures 2peuas oettsod « Sesmjeui ejae seperuanyu seyunesug « ‘o2u0n 9p ajou1uo> * —_@q9q op c\uEWIAOW ap sapeprnece> sefeisey ‘obonsed op » e50362 ep ajoutuo> * HIeUOUNIpn oWuoUU ACUI Op ose4 '9q29 0p epinep anu) ou a Epes ap x23) « Cod102 op ogSai02 ap oxeijay © clap OU “OUPIUNONU! jeyHCDGNS Bion id oxeay « ‘0b0:sad op og5aui03 2p oxajjay © dD woD ojuaUinoU! 20 sapeprrece> ‘ogsusaide ap sewjed oxayjar « J2fIse! ap O¥a}j2y ‘ooquuige| og5a109 2p O¥aI}2y roxaya1 oyuauyow ap esey (@reF epiq9221 no aiafqo wn (Onno & cquod uin ap odi0> (oomweuip 2 ooneyse o\uaWIROU op oyscyinba ou asejua) opSeindiuew ‘oe30u0207 pepiicers3 ‘oqusU!AoU! ap eje103 ep epIpuareid oP>uny Ssojduioxa woo ‘cquawiiaou op ove: oP ap anye|ieD ap [euoisualuipig ojapOW, Compreendendo 0 Desenvolvimento Motor 39 passe em mo contradas nessa parte da taxonomia O esquema de duas dimensées de Gentile para classificagSo das habilidades soluciona mui~ tos dos problemas encontrados nos esquemas de uma dimensio. Identificando onde a tarefa de movimento desejada se encontra ao longo da linha de 16 categorias, o fisioterapeuta out 0 professor pode determinar o grau de exceléneia com que o aprendiz,executa a tarefa, alterando © contexto ambiental. Assim, é possivel escolher a progressio de aprendizado mais apropriada, com base no ponto onde o aprendiz realmente se encontra e nao onde deveria se encontrar ento no jogo de futebol, so en- ESQUEMAS MULTIDIMENSIONAIS Na realidade, quando aplicamos a mudanga e © aprendizado desenvolvimentista ao mundo real, Go usamos 0s esquemas unidimensionais nem ‘mesmo os bidimensionais. Instrutores experien- tes usam, ¢ claro, modos multidimensionais para lidar com o aprendiz. Além de considerar uma ampla variedade de importantes fatores cogni- tivos e afetivos, o instrutor (pals, professores, téenicos,fisioterapeutas) primeiro determina os principais objetivos do aprendizado das habili- dades (0 objetivo é ensinar habilidades para as tarefas cotidianas, para participagio em ativi- dades de lazer ou para envolvimento em algum esporte?). Para isso, 6 preciso determinar 0 se- sguinte: 1 Em que fase do desenvolvimento motor (reflexiva, rudimentar, fundamental ou especializada) est o aprendiz? Qual é 0 nivel de aprendizado da habil- dade de movimento do aprendiz (inicial, intermedisrio ow avancado)? Qual é tipo da tarefa de movimento (ha- bilidade ampla/fina, discreta/serial/con- tinua, de locomogao/manipulagao/esta bilidade; e em que condigses, fechadas cou abertas, deve ser realizada)? Quais sao as exigéncias da performance da tarefa (0 que € necessério em termos ito forga o rasiatBncia muicenar, le bilidade articular, resisténcia aersbia, velocidade, agilidade, poténcia e equi- Libro)? ‘Tendo informages sobre esses quatro itens, o.instrutor pode comecara fazer escolhas cons~ ientes, determinando 0 que, quando, onde e, ‘mais importante, como ensinar determinada ha- bilidade ou combinagio de habilidades de mo- vimento. A Tabela 1.7 fornece um exemplo es- quemético de rubtica de instrucio de habilidade multidimensional. ‘multidimensional Qual é o nivel Qual é 0 potencial Qual éo nivel de de aprendizado Oqueatarefa que o aprendiz Qualéo desenvolvimento dehabilidades Qualéo demovimento vai colocar em seu papel? do aprendiz? do aprendiz? objetivo? -—deveexigir?—_pratica? al Reflenivo Niveliniciante, Hablidades Aspectos funcio- orca e resistencia “nawvate” para avida nals locomo- muscular dist ‘Bo/maniula ‘Bofestabilidade Professor Rudimentar Nivel intermedis- Habilidades Aspectos tempo- Capacidade aerébia fio, "pratica” para ecre- as: dlscretoy aca. serialeontinuc Técnico Fundamental Nivel avancado, Hablidades —Aspectos muscu Composiclo corpo- “sintonia fina" —paraesporte lares:amplo/ —_raleflexbiidade tino anicular Fsioter —Especializado Nivel de "per Habilidades Aspectos ambien Velocidade, equi- peuta formance de parareabil- tas: aberta/ ibn, poténcia, elite” taco fechado agilidade 40 Gallahue, Ozmun & Goodway Resumo ste capitulo tratou de uma série de t6picos para fornccer uma viedo geral do campo do deaervol- -vimento motor. Oestudo do desenvolvimento huma- rho pode tomar muitas formas —uma delas é 0 estudlo do desenvolvimento motor. A histéria desse campo de estudo tem uma trajet6tia bastante interessante, que teve inicio com uma abordagem maturacional orientada para o processo, passou pela abordagem descrtiva/normativa orientada para o produto e ago fi volivu a abordagetn orierads pura pracess, examinando mecanismos subjacentes ao desenvol mento motor Os designs e problemas de pesquisa do estudo do desenvolvimento motor foram discutidos na sua relagio com as abordagens longitudinal, longitudinal mista e transversal, Discutimos as vantagens e lim tagbes de cada uma delas, advertindo que apenas os designs longgtudinal e longitudinal msto so verdade\- ros estucdos do desenvolvimento. Esses dois designs de pesquisa examinam mudancas no“tempo de desen- volvimentoe no em “tempo real”, como no estude traneversal \Virias classificagies da idade de desenvolvi- ‘mento foram examinadas com a intengio de trans ritir 0 conceito de que, embora esteja relacionado com a idade, 0 desenvolvimento nio depende dela A idade cronolégica é 0 indicador de mudanga mais ‘onveniente e usado com mais frequéncia, mas tam- bbém & 0 menos preciso, A idade nio gera nem causa desenvolvimento; ela € ain aero indicador do que aconteceu em fungao do processo de desenvol mento, ( capitulo foi conclude com uma discussdo sobre 1 terminologia usada no estudo do desenvolvimento motor e nas téenicas de classificagio das habilidades cde movimento. A intengio dessa discussio foi ajudar © letor, também os autores, pereorrero texto usary slo uma linguagem comur, destinada a maximizae a ‘compreensio dos tépicos e dos conceitos importantes ‘que vrko a segue QUESTOES PARA REFLEXAO 1. Q que é.0 desenvolvimento mator «par que ele importante para a melhor compreensiio de be- bbs, criancas, adolescentes e adultos? 2. Por que o campo do desenvolvimento motor & ere eres Seen biolgicas? 3. O que 6 um estudioso do desenvolvimento do movimento e como vocé deve se ver nessa rea? LerrurA BASICA (Clark, JE, Whital J (1989). What is motor ‘development? The lessons of history. Quest 41, 183-202, Magill R.A. (2010). Motor Learning and Control CConcepis and Applications (Chapers 1 and 2) Boston, MA: MeGraw- Til 4, Por que a precisio é importante nese da termi- nologia centiticn? 5. Quais so os termos usados no desenvolvimento motor e como eles podem ser aplicados a stua- pee te ere peerage Serene Thomas, J. Thomas, KT. (1980), What is motor evelopment: Where does it belong? Quest, 41, 208-212

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