Você está na página 1de 1

Comdie:

a imitao da moral posta em ao [encenada]. a imitao da moral na


medida em que ela se difere da tragdia e do poema herico: imitao em ao, na
medida em que ela se difere do poema didtico-moral e do simples dilogo.
Ela [a comdia] se difere particularmente da tragdia no seu princpio, no seu
meio e no seu fim. O princpio de onde parte a tragdia a sensibilidade humana: o
pattico est em seu meio, e o horror dos grandes crimes e o amor das virtudes sublimes
so os fins a que ela [a tragdia] se prope. Para a comdia, a malcia natural dos
homens o seu princpio. Ns vemos os defeitos de nossos semelhantes com uma
complacncia misturada com desprezo [Nous voyons les dfauts de nos semblables
avec une complaisance mele de mpris]. Porque estes defeitos no so nem
razoavelmente aflitantes por excitar a compaixo, nem razoavelmente revoltantes por
dar dio, nem razoavelmente amedrontadores por inspirar o terror. Estas imagens [as
imagens dos defeitos] nos fazem sorrir, se elas so pintadas com fineza: elas nos
fazem rir, se os esboos dessa maligna alegria, tambm impressionantemente
inesperados, forem aguados pela surpresa. Desta disposio apreende-se o ridculo,
a comdia tira sua fora e seus meios [seu desenvolvimento]. Teria sido, sem dvida,
mais vantajoso mudar em ns essa complacncia viciosa em uma pena filosfica; mas,
foi encontrado mais facilmente e para servir a malcia humana a corrigir os outros vcios
da humanidade, quase como empregamos as pontas de um diamante a polir o
prprio diamante. Este o objeto ou o fim da comdia.

Você também pode gostar