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V. Citopatologia aspirativa.
Martin (cirurgião) & Ellis (técnico), 1930 (Memorial-Sloan Kettering, NY).
ídem, 1934 -- 1405 diagnósticos; Söderstrom; Franzén & Zajicek (Suécia).
Fins: Diagnóstico inicial / Orientação de conduta.
A. Dados Pessoais.
Nome: homônimos (outros dados importantes - registro, data de nascimento);
ambiguidades (importante discriminar o sexo).
Sexo: tiróide, auto-imunes.
Idade: melanoma, Ewing, nefroblastoma, neuroblastoma, queratose seborréica x nevo
epidérmico verrucoso.
Estado civil: HPV.
Raça: menor frequência de melanoma em negros.
Registro no hospital; Clínica: leito.
B. Dados Clínicos.
Informações cabíveis: Localização: condromas - dedos; meduloblastoma - no verme
cerebelar.
Tempo de evolução -- fasciíte nodular.
Outros dados importantes - U.M. (avaliação de ovulação e datamento); neoplasia prévia;
tratamentos prévios (cirurgias, QT, RT).
Outros exames relevantes - RX, exames complementares laboratoriais.
Hipóteses clínicas - importantes para orientação do patologista.
Nome legível do médico requisitante, carimbo, telefone ou meio de contacto.
VII. Cuidados com os espécimens:
Identificação - não usar tinta hidrossolúvel - usar lápis.
Formalina - 10% - proporção fixador / peça - 1 : 10.
Não dividir a amostra para dois serviços.
Material volumoso: envio imediato ao Laboratório.
Peças maiores (Ex. útero): Seccionar ao meio / fixação do endométrio.
Primeiro fixador, depois amostra;
lesões diferentes: frascos separados, identificados (6 "nevos" - um histologicamente
sendo melanoma).
Enviar todos os espécimens retirados para o Laboratório.
B. Microscopia Eletrônica.
1. Detecção de depósitos imunes - rins.
2. Detecção de alterações estruturais - pele, músculo.
3. Detecção de partículas virais.
4. Diagnóstico diferencial de neoplasias (histogênese) - tonofilamentos: epitélio
CALCIFICAÇÕES
I. Conceito - Depósitos anormais de sais de cálcio nos órgãos.
II. Mecanismos - iniciação x propagação
A. Iniciação - intra-celular x extra-celular.
1. Intra-celular.
a. nível de cálcio extra-celular = 1.3 mM x intra-celular citossólico livre = <0,1 mM.
b. maioria do cálcio intra-celular está nas mitocôndrias e SER.
c. gradientes de cálcio são controlados por ATP-ases de membrana, dependentes de
energia.
d. sofrimento celular: aumento do cálcio intra-celular.
2. Extra-celular.
a. vesículas 200 nm: concentram cálcio por afinidade a fosfolípides ácidos.
b. fosfatases da membrana das vesículas: acúmulos de fosfato de cálcio.
B. Propagação - depende das concentrações locais de cálcio e fosfato, inibidores e
estimuladores.
III. Regulação dos níveis séricos de cálcio.
A. Cálcio alimentar: absorção intestinal favorecida pela vitamina D.
B. Vitamina D.
1. síntese endógena na pele/precursores (7 - dehidrocolesterol) convertidos em vitamina
D/luz UV.
2. vitamina D exógena / alimentos - peixes, grãos etc..
3. transporte sanguíneo da vitamina D/alfa-globulina - fígado - rim - composto ativo.
4. alvos da vitamina D - intestinos, ossos, rins.
5. intestinos: aumenta a absorção de cálcio.
6. ossos: aumenta mineralização/mecanismos desconhecidos.
7. rins: aumenta reabsorção de cálcio.
C. Paratohormônio: aumenta cálcio sérico.
1. aumenta reabsorção óssea / osteoclastos e osteócitos (acidificação; liberação do cálcio
mitocondrial).
2. aumenta reabsorção renal.
D. calcitonina: antagonista do pth (diminui reabsorção óssea; diminui cálcio plasmático).
IV. Cálculos (luz dos órgãos): calculose (litíase) x calcinose (nos tecidos).
V. Calcificação distrófica x metastática.
A. Distrófica - níveis de cálcio sérico normais; lesão prévia do tecido calcificado.
1. locais comuns - necroses (tuberculose), substâncias hialinas (arteriosclerose, cicatriz),
gordura neutra saponificação seguida por troca dos ácidos graxos / fosfato; tecido adiposo
traumatizado, peri-pancreático na pancreatite).
2. patogenia - fosfatases dos tecidos: liberam fosfatos que se unem ao cálcio.
B. Metastática - níveis de cálcio sérico aumentados.
1. locais comuns - rins, pulmões, estômago (produtores de ácido: alcalinidade
vicariante?).
2. patogenia - aumento do cálcio sérico/ geralmente aumento da reabsorção óssea.
VI. Morfologia das calcificações.
A. Macroscopia - depósitos arenosos ou em massas, pétreos, brancos ou amarelados.
B. Microscopia - à hematoxilina - eosina: basófilos (azulados) - grânulos, massas amorfas,
lamelares (psamomas; psamo: areia).
VII. Importância e conseqüências das calcificações.
A. pode ser sem importância clínica, sem distúrbios funcionais (calcificação de polpa
dentária).
B. distúrbios funcionais - valvas cardíacas, aterosclerose.
C. facilitando o diagnóstico de tuberculose, toxoplasmose, tumores/ exame radiológico.
ACÚMULOS DE CARBOHIDRATOS
I. Intracelular - glicogênio - aspecto claro e vazio à HE; PAS +.
A. Diabete melito: núcleo dos hepatócitos, túbulos renais.
B. Glicogenoses: acúmulos por deficiência enzimática (glicose-6-fosfatase) - hereditária;
acúmulo: hepatomegalia (hepatócitos repletos de glicogênio, claros), hipoglicemia.
Formas miopáticas :fraqueza muscular, cãimbras.
II. Extra-celular - glicosaminoglicans: mucina extra-celular , degeneração mixóide de
tumores, inflamações, cistos etc.
ACÚMULOS DE PROTEÍNAS
I. Hialinos - macro - homogêneo, brilhante: hyalo = vidro; micro - homogêneo, eosinófilo.
A. Intra-celulares.
1. corpúsculos de Russell - plasmócitos: acúmulos de cadeias de imunoglobulinas.
2. degeneração hialina goticular - túbulos renais: reabsorção de proteínas em excesso na
urina.
3. corpúsculos de Mallory - alcoolismo - hepatócitos: aglomerados de fibrilas de pré-
queratinas.
B. Extra-celulares.
1. hialino conjuntivo.
a. cicatrizes - fibras colágenas mais densamente agrupadas por perda de água e de
proteoglicans.
b. glomérulos - deposição de material similar à membrana basal e à matriz mesangial.
c. arteriolas - colágeno + proteínas plasmáticas.
2. fibrinóide - imunocomplexos, fibrina, necrose.
3. amilóide - fibrilas que se coram pelo vermelho congo, cristal violeta e características à
microscopia eletrônica.
a. primária - discrasias linfo-plasmocitárias (mieloma múltiplo, gamopatias monoclonais).
b. secundária - lepra, artrite reumatóide etc.
c. hereditárias - neuropatias, etc.
d. localizadas - tumores (carcinoma medular da tiróide), pele, coração, cérebro etc.
NECROSE
I. Conceito - morte de parte do organismo (órgão, tecidos, células).
II. Macroscopia - alterações de consistência (aumento ou dimimuição) e de cor (vermelho,
branco-amarelada).
III. Microscopia - alterações nucleares e citoplasmáticas.
A. Nucleares.
1. Picnose - redução de volume e aumento da coloração - inespecífico.
2. Cariorrexe - fragmentação do núcleo.
3. Cariólise - diminuição ou perda da cor / dissolução da cromatina.
B. Citoplasmáticas - acidofilia / perda de RNA e glicogênio e desnaturação protéica com
aumento de eosinofilia.
IV. Alterações ultraestruturais e bioquímicas.
A. Alterações de transportes transmembranosos - bombas de sódio e cálcio: influxo
iônico.
B. Cálcio: ativação de enzimas, digestão da célula x coagulação de proteínas.
C. Sódio: influxo de água - tumefação de organelas e da célula.
D. Tumefação e ruptura de organelas (SRE, mitocôndrias) - liberação de enzimas: extra
celular - sangue (transaminases hepáticas, creatina-fosfoquinase, dehidrogenase lática
miocárdicas).
E. Destruição de membranas e de ribossomas.
F. Agregação peri-nucleolar da cromatina.
V. Necrofanerose = manifestação morfológica da necrose - tempo para ação de enzimas
lisossômicas (12 horas para miocárdio).
VI. Autólise: ação lítica das enzimas lisossômicas de células mortas e de tecidos não
fixados retirados do vivo ou do morto x heterólise: lise por ação dos lisossomos dos
leucócitos que migram para a área de morte celular.
VII. Tipos - por coagulação, liquefativa, esteatonecrose enzimática.
A. Coagulativa - solidificação / coagulação protéica induzida por ativação enzimática /
ação do cálcio.
1. Macroscopia : aumento de consistência, cor branco-amarelada com áreas
avermelhadas variáveis.
2. Microscopia : sombras das células necróticas possivelmente por desnaturação de
proteínas estruturais e de enzimas, com bloqueio da proteólise da célula.
3. Necrose caseosa : é um sub-tipo da coagulativa, vinculada a determinadas
inflamações, particularmente à tuberculose (caseum=queijo).
B. Liquefativa: liquefação / enzimas proteolíticas (autólise ou heterólise) ; ocorre em
tecidos ricos em lipóides (cérebro), ricos em água (mucosas) ou submetidos à ação de
enzimas liberadas por neutrófilos (abscessos).
C. Esteatonecrose enzimática - liberação de enzimas pancreáticas no tecido adiposo
adjacente - liberação de ácidos graxos pelas lipases - saponificação com cálcio: áreas
brancas, cor de vela
VIII. Causas das necroses : distúrbios circulatórios (oclusões vasculares, choque);
hipoxemia; bloqueios da respiração celular (substâncias tóxicas); agentes físicos (calor ou
frio intensos, radiações); agentes químicos (ácidos, bases fortes); microorganismos, etc.
IX. Evolução das necroses - eliminação, fibrose, calcificação, pseudo-cistos e cavernas,
fístulas.
A. Eliminação - absorção linfática, fagocitose, /trajetos normais - luz tratos digestivo e
respiratório, /trajetos anormais - fístulas.
B. Susbstituição por tecido conjuntivo fibroso (cicatriz), calcificação distrófica.
C. Gangrena - modificação da área necrótica por contacto com agentes externos - ar,
bactérias: seca (desidratação + cor escura / hemoglobina - cordão umbilical,
extremidades) x úmida (decomposição por ação de bactérias e leucócitos - pulmões,
intestinos, útero, pele).
APOPTOSE
I. Conceito - morte celular programada; apo = separar; ptose = queda (Kerr, 1972).
II. Fisiológica x patológica.
A. Fisiológica - regulando o volume dos tecidos, a população celular : embriogênese;
metamorfose; involução de causa hormonal de ovários e mamas; renovação epitelial.
B. Patológica - redução patológica dos órgãos por ação hormonal (castração por
exemplo), obstrução de ductos, morte induzida por linfócitos T citotóxicos, infecções virais
(corpúsculos de Councilman no fígado da hepatite viral), doses sub-letais de agentes
nocivos físicos (radiações) ou químicos (quimioterápicos).
III. Morfologia.
A. Redução do volume da célula e separação das células adjacentes (perda de coesão).
B. Condensação periférica da cromatina.
C. Formação de brotamentos citoplasmáticos e fragmentação em corpos apoptóicos.
D. Fagocitose por macrófagos ou células parenquimatosas.
IV. Outras propriedades.
A. Rapidez - em horas a célula pode estar reabsorvida: freqüentemente não detectável.
B. Não desencadeia reação inflamatória: dificulta sua detecção e diferencia da necrose.
C. Padrão ritmado de fragmentação do DNA (endonuclease ativada por cálcio).
D. Modulação por genes relacionados ao crescimento (proliferação) das células e sua
diferenciação:
p53 normalmente estimula apoptose; p53 mutante ou ausente: favorece sobrevivência de
células e o desenvolvimento de tumores.