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A Evolução Das Concepções Epistemológico-Jurídicas de Fundamentação Do Direito e o Novo Enfoque Do Direito Natural
A Evolução Das Concepções Epistemológico-Jurídicas de Fundamentação Do Direito e o Novo Enfoque Do Direito Natural
Palavras-chave
Epistemologia Direito Cincia Direito Natural Justia.
Sumrio
Introduo. 1. A cientificidade do saber jurdico. 1.1 Jusnaturalismo. 1.1.1 O
jusnaturalismo na antiguidade. 1.1.2 O jusnaturalismo na idade mdia. 1.1.3 O
jusnaturalismo na era moderna. 1.2 Positivismo. 1.3 Culturalismo Jurdico. 2. O resgate
do direito natural como parmetro de um direito justo. Concluso. Referncias
bibliogrficas.
Introduo
pressupostos do conhecimento jurdico, bem como a evoluo das escolas cientificojurdicas que predominaram na histria da busca do carter cientfico do direito.
Epistme vem do grego e significa cincia, e logos, tambm do grego, quer
dizer estudo. Assim a epistemologia jurdica representa o estudo do direito enquanto
cincia. Nesse sentido, Maria Helena Diniz tece os seguintes esclarecimentos:
Logo, a epistemologia jurdica a teoria da cincia do direito, um
estudo sistemtico dos pressupostos, objeto, mtodo, natureza e
validade do conhecimento jurdico-cientfico, verificando suas relaes
com as demais cincias, ou seja, sua situao no quadro geral do
conhecimento. (2005, p. 06).
E acrescenta:
A fundamentao filosfica da cincia [...] tarefa da filosofia da
cincia, ou melhor, da epistemologia. Isto assim porque nenhum ramo
da cincia pode viver sem filosofia, porque nela que o cientista vai
buscar as linhas mestras que orientam e norteiam o saber cientfico. [...]
Uma explicao crtica sobre o conhecimento de seu mtodo, de seu
objeto de estudo, de seus pressupostos ou postulados, no nos saberia
dar a cincia. Tudo isso, portanto, tarefa da teoria da cincia, ou seja,
da epistemologia. (op. cit., p. 22).
1.1 Jusnaturalismo
Para alcanar essa ordem justa, parte-se de princpios que so justos por
natureza, tais como, a vida do semelhante no deve ser ofendida, as promessas devem
ser mantidas, deve-se dar a cada um o que seu, quem causar prejuzo a outras pessoas
dever repara-lo, os pais devem zelar por seus filhos e os filhos observar os comandos
de seus pais. Ou seja, a mxima do direito natural : faz o bem e evita os males
(COSTA, 2001, p. 248).
Mas, para garantia de uma ordem justa, a observncia do direito natural
necessria, mas no suficiente, pois, ainda que se tenha como preceito do direito natural
que no permitido matar, este no estabelece quais devem ser as penas, havendo
necessidade do direito positivo.
H, no entanto, uma pluralidade de jusnaturalismos, vez que ao longo dos
sculos houve vrios entendimentos sobre o que significa natureza.
Assim, autores afirmaram que o direito natural decorria da vontade divina.
Outros, que no se prenderam teologia, entendiam o direito natural como derivado da
razo humana. Por fim, especialmente aps a segunda guerra mundial, a idia de direito
natural foi revista e reformulada a partir da anlise de contedos histricos e variveis,
resgate este que ser abordado no ltimo item do presente trabalho.
Percebe-se, pois, que o jusnaturalismo nasceu e se desenvolveu como uma
tentativa de resolver os problemas relativos ao direito em geral, partindo da referncia a
padres gerais de justia que servem como base e limites do direito.
A Antgona de Sfocles conta que o Imperador Creonte, ao assumir o trono, determinou que seu
sobrinho Polinices permanecesse insepulto, e que o descumprimento ensejaria a condenao morte.
Diante de tal decreto, Antgona, irm de Polinices, decidiu proceder aos ritos funerrios de seu irmo na
certeza de que estaria obedecendo lei divina, que lhe ordenava enterrar o irmo.
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justificao da autoridade poltica do Estado, qual seja, a teoria do contrato social, que
parte do pressuposto de que o homem naturalmente livre e racional.
Kant levou o jusracionalismo s ltimas conseqncias. Em sua teoria,
desenvolve a separao entre direito e moral atravs de uma tica formal, e no
material. Ou seja, a distino depende do motivo pelo qual se cumpre a norma jurdica
ou moral: no ato moral, o motivo s pode ser a prpria idia do dever, mesmo que seja
diretamente dever jurdico e s indiretamente dever moral; porm, no ato jurdico, o
motivo de agir pode ser, alm do motivo moral de cumpri o dever, o da averso
sano.
Para Kant, sendo o homem racional e livre, capaz de impor a si mesmo normas
de conduta, designadas por normas ticas, vlidas para todos os seres racionais. Assim,
essa norma moral bsica imposta pelo homem a si mesmo se identifica com a norma de
direito natural. As normas jurdicas sero de direito natural se sua obrigatoriedade for
identificada pela razo pura, sem depender de legislao externa.
A partir do desenvolvimento do jusracionalismo, os juristas da poca julgavam
ser possvel descobrir, mediante procedimentos racionais, quais eram as regras de
direito natural adequadas para organizar qualquer sociedade humana. Assim, grandes
cdigos foram construdos.
Nesse contexto, a revoluo francesa marcou o apogeu do direito natural, vez
que o direito positivo passou a ser construdo pelos jusracionalistas. Na medida em que
o direito positivo comeou a ser entendido como a expresso perfeita do direito natural,
no havia mais como questionar o direito posto pelo Estado com base em regras
naturais. Assim, o direito natural foi praticamente reduzido ao direito positivo, ou seja,
lei, desvinculando-se gradualmente de suas bases jusnaturalistas e dando origem a uma
nova fase de fundamentao do direito, denominada positivismo.
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1.2 Positivismo
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radical, que concebe o direito positivo como sistema normativo, completamente alheio a
influncias sociolgicas, ideolgicas e polticas.
Contudo, na segunda metade do sculo XX, o positivismo kelseniano comeou a
ser muitas vezes atacado porque, em seu formalismo, admitia como jurdico qualquer
sistema normativo imposto por um Estado. Com isso, o positivismo jurdico passou a
ser utilizado para justificar a formao de sistemas jurdicos altamente injustos, como
foi o caso do nazismo.
Aps o fim da segunda guerra mundial, o alemo Gustav Radbruch dirigiu-se
aos estudantes da universidade de Heidelberg, afirmando que o positivismo deixou
sem defesa o povo e os juristas contra as leis mais arbitrrias, mais cruis e mais
criminosas (COSTA, 2001, p. 280).
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Concluso
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Referncias bibliogrficas
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