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AS TRES CRISES DA MATEMATICA: O LOGICISMO, O INTUICIONISMO, E O FORMALISMO A partir de uma perspectiva atual da Matematica, 0 autor descreve de modo sucinto a impossibilidade das tentativas de trés importantes correntes do pensamento matematico moderno em oferecer uma fundamentacio solida e definitiva desta citncia. Nas crises decorrentes, refletem-se as diividas acerca dos critérios filosOficos € matematicos necessarios para fundamentar satisfatoriamente a Matematica come ciéncia. Apesar de Se constatar, desde o trabalho de Kurt Gédel 1981), um certo desinteresse entre os matematicos contemporaneos em fundamentar a sua ctncia, o assunto nunca foi inteiramenteabandonado, recebendo aqui um tratamento retrospectivo, em linguagem clara ¢ acessivel, também para nao-matemiaticos interessados em Filosofia da Ciéncia ERNST SNAPPER Trducho do inglés por JORO PCTOMBETRA DE CARVALHO. S ués escolas mencionadas no i- tulo tentaram, todas elas, forne- cer fundamentos solidos mate- mitica, As més crises sio o fracasto des- sas escolas em completar seus abjetivos. © presente artigo examina essas crises, ‘do ponto de vista modemo”, usando todaamatematica de hoje, nao somen- tea que estavaa disposiciodos pioneiros que criaram essas escolas. Assim, este antigo nio trata das wés crises de uma ‘maneira estritamente histérica. Naodis- cute tampouco grande volume da matematca técnica atual, que surgi das sécnicas introduzidas pelas wés es- colas em questao. Uma razio é que tl discussio tomaria todo um livro, enzo uum breve artigo. Uma outra € que toda essa matematica tecnica muito pouco tema ver coma filosofia da matematica, ‘eneste artigo desejo enfatizar os aspex tos do logicismo. inmuicionismo e for. malismo que mostram daramente que essas escolas se baseavam na filosofia. O LosicisMo. Esta escola foi iniciada por volta de 1884 pelo fildsofo, logico ematematico alemao Gottot Frege (1848-1925) e re- descoberta uns dezoito anos mais tarde por Bertrand Russel (1872-1970). Outros logicistas pioneiros foram Giuseppe Peano (1858-1982) ¢ A. N. Whitehead (1861-197), co-autor, com Ruse, dos Principia Mathemaiice. 0 objetivo do lo- ficismo era mostrar que a matematica clissica & pare da logica, Se os logicis: ERNST SNAPPER pertence 20 Danmouth College, em Hanover, New Hampstire(EUA) O arugo lorentraido do Mathematee Nagesine, Ol 52 4). 1979. sus waducao eevea cargo do mater tice Prof Joto Pitombeiza de Carvallo, da Pont Seis Universidade Catoica do Rio de Janciro, tas tivessem sido capazes de camprir com sucesso sua missio, perguntas do tipo Por gue a matemdtica clissca n&o camtém contradigie®? ter-se-iam transfor- mado em Par, que 2 légica néo contim riradiczest Esta altima pergunta, pelo menos, € uma das que os fildsofos sabem manejar com periei¢a0, ¢ pode se admitir que uma conclusio satisfa- toria dos programas dos logicistas teria dado fundamentos firmes amatematica classica, em termos da logica E obvio que, para realizar este pro- grama dos logicistas, devese em pri- meiro lugar, de alguma maneira, defi- nir 0 que é “matematica dlassica” € 0 que é logica Dito de outa maneira: aquilo que esta em questo é parte do que? Sao exatamente estas duas defini- ‘Ges que desejamos examinar do ponto de vista modemo, imaginando que os pioneiros do logicismo tivessem 3 sua Humanidades 85 disposicio toda a mareratica anil Comecemos pela matematica classica. A fim de realizar seu programa, Russel € Whitehead criaram os Prinapia Mahematica®i, que foram publicados €m 1910. Os Prircipia podem ser consi- derados uma teoria formal dos conjur- tos. Emboraa formalizagio nao estives- se inteiramente concluida, ao contrario do que pensavam seus autores, Russel € Whtevecd planejavam usé-la para mos tar que amatematica Classica pode ser reduzida a logica. Eles mostraram que toda a matemitica dléssiea conhecida em sua epoca podia ser deduzida da teoria dos conjuntos, ¢ portanto dos axiomas dos Prencipia. Por conseguinte, ‘o querestava aser feito eramostrar que os axiomas dos Principia pertencem & logica Obviamente, em vee dos Princibic, podese usar qualquer outra teoria for mal dos conjuntos. Como hoje a teoria formal dos conjuntos desenvolvida por Zermelo € Fraenkel (ZF) & muito mais conhecidade que os Prixcipia, referimo- nosdoravantea ZF € nko aos Principia. A \coria ZF tem somente nove axiomas, ¢, embora muitos deles sejam realmente esquemas de axiomas, referimo-nos a todoseles como"“axiomas”. A formula sho do programa dos logicistas wane. forme:se agora numa demonstragao de que todos os nove axiomas de ZF per tencem a logica. Esta formulagao do logicismo esta baseada na tese de que 2 matemitica dlassica pode ser definida como um conjunto de teoremas que podem scr demonstrados dentro da teoria ZF. Tal definigao da matematica classica esta longe da perfeicio!?. No enianto, a formulacio acima do logicismo é satis fatoria, quando tem a finalidade de mostrar que essa escola nao conseguiu evar a cabo seu programa. Volamo- nos agora para a definicao de logica. A fim de compreender o logicismo, muito importante perceber 0 que os logicistas entendiam por “logica” A ra- 2io€ que ndoimpora o queentendessem: [por isto para cles certamente significava ~ completa ou seja, em qualquer propo mais do que a légica classica Hoje, pode-se definir a logica classica como GBnsisundo de todos aqueles weoremas que podem ser demonstrados em lin- guagens de primeira ordem disrutidas 2 seguir na segao sobre o forrnalismo) sem o uso de axiomas nicrlégicos Estamos, portanto, nos restringindo @ logica de primeira ordem € 20 uso das egras de deducgo ¢ dos axiomas dx quela logica ‘Um exemplo de tal tedre ma éalei doterceito excluido, que diz: ef Sumaproposisio, entdooup ousua negagao — p & verdadeiro; em outras palavras, a proposicao pV — pe sempre verdadeira, onde V € 0 simbolo usual para o “ou” inclusive ‘Se 05 logicistastivessem cumprido com sucesso rua missée, perguntas do tipo Por que amatematica cldssica no ‘contém contradigbes? éer-se-iam transformado em Por que a logica nao contém contradigies? Se esta definicao de logica tivesse sido também 2 definicao dos logicistas, setia insensato pensar, mesmo por um momento, que todz a ZF pode ser reduzida a Logica. No entanto, a defini cao doi Vopiiscas era mals abvangente Tinham um conceito geral de quando uma proposi¢io pertence a légica, ou seja, quando uma proposicio deveria ser considerada uma“ proposicio logi- cal’. Diziam: Uma proporigio dgica é uma proposicio que tom generalidade completa ¢ é verdadetra em virtude de sua forma, endo do seu conteido. Aqui, a palavra “ proposi- so" € usada como sindnimo de "eo rma? BB, (id tm bl Por exemiplo, a lei acima do terceiro excluido “PV— p” uma proposigao logica. Em verdade, estalei €validanzo devidoa qualquer conteado especial da >proposicao p; nao interessa sep @ uma proposicao da matematica, fisica ou sejade que for. Pelo conerario, estaleise verifica através de uma gencralidade sigho p asbitraria. Por que entio ve lida? Os logicistas responder: “Devido a sua forma’. Com forma, querem dizer “forma sintatica”, a forma de pV jisendo dada pelos dois conect*- ‘os da linguagem usual, ¢ “ou” inclu sivo ¢ a negagio “'ndo” (representados por V ¢ ~, respectivamente Por um lado, nio € dificil mostrar que todos os teoremas da logica dasst ca, como foi definida acima, sao propo sigbes logicas no sentido do logidsme Por outro lado, ndo ha razdes « prion para acreditar que nao poderia haver proposictes logicas que se situem fore da logica classica. E por isso que dis semos que a definigio de lagica dos logicistas ¢ mais excensa do que a defi nigdo da logica classica. E agora a arefa dos logicistas se torna mais clara: com siste em mostrar que todos os nove axiomas de ZF sio proposigbes logicas no sentido do logicismo. | ‘A tnica maneira de avaliar osicesto fou fracasso do logicsmo em cfetuar esta tarefa € examinar todos 0s nove axiomas de ZF ¢ verificar se cada um deles se enquadra no conceito logicista de proposicio logica Isso exigiria um amtige separado, € eressante somente para leitores totalmente fami/ Jiarizados com7F. Assim, em vez diss. afirmamos simplesmente que pelo ‘menos dois destes axioms, ou seja. 0 zxioma da infinidade e o axioma da escolha. nao podem ser considerados proposicées logicas. Por exemplo. ° axioma da infinidade diz que existem conjuntos infinitos. Por que aceitamos este axioma como verdadeiro? A raz30 € que todos estamos muito familiar: 2ados com iniimeros conjuntos infint tos, por exemplo, 0 conjunto dos ni meros naturals, ou 0 conjunte dos ontos no espaco eudlidiano tridimer: sional. Poreanto, aceitamos este axiorna baseados em nossa experiéncia do diaz dia com conjuntos, ¢ isso claramente ( mostra que o aceitamos em virtude de 85 Humanidades al ( forma sintatica. Em geral, quando um axioma afirma a existincia de objetos com 0s quais nos achamos familiari- zados devidoa nossa experiencia do dia aia, € quase certo que no se trata de uma proposicao logica no sentido do logicismo. E eis entao a primeira crise da ma- tematica como pelo menos dois dos nove axiomas de ZF no sko propos ‘es logicas no sentido do logicismo, € razoavel dizer que esta escola fracassou em mais ou menos 20% de seu esforco em dar fundamentos firmes mate mnatica, No entanto, o logicismo foi da maior imporfncia para o desenvol mento da logica matemética mod Im verdade, foi o logicismo que dew inicio, de maneira seria, & logica mat mac Os_dois_quantificadores. saber, o quantificador¥ “para ado" € 6 quantificador 3 “existe um” for introduaidos na logica por Frees. « influencia dos Principia no desenvol simemto da logica matematica faz parte da Historia, E importante perceber_que 0 log smo esta baseado na filosofia. Por exemplo, quando os logicistas nos dizemoque entendem por uma propo ‘igao logica (acima}, usam uma lingua gem filosofica ¢ nao marematica. Eles tm que usar a linguagem filosofica para este fim, pois a matemitica sim- Benirand Ruse is72-1970 plesmente nio consegue lidar com definigbes tao amplas. Diz'se por vezes que a filosofia do logicismo esta baseada na escola filoso- fica chamada “realismo”| Na filosofia medieval, “realismo” queria dizer a doutrina platonica de que as entidades abstratas tém uma existéncia indepen: dente damence humana. A matematica esta, naturalmente, cheia de entidades abstratas tais como nimeros, fungbes, conjuntos, etc, ¢ segundo Platao todas essas entidades existem independen- remente de nosé#’ mente humana pode descobrilas, mas nao as cia. Este doutrina tem a vantagem de permitr que se aceite um conceito mo “conjunto”, sem preocupar-se ‘m saber como a mente pode construir lum conjunto, Segundo 0 realismo, os conjunto existem, e devemos descobri para todas as outras entidades abstratas. Em resume, o realismo permite-nos aceitar na matematica muito mais enti dades abstratas do que na filosofia que nos limitasse somente as entidades que a mente humana pode conseruir. Russel era um realisca e aceitou as entidades abstratas que ocorrem na matematica Classica, sem perguntarse se nossas mentes podem construi-las, Esta é a A mente diferenca fundamental entre 0 logit cismo € 0 intuicionismo, pois no intui- Gonismo entidades abstratas so sao admitidas se tiverem sido elaboradas pelo homem, Exposigdes excelentes do logicismo podem ser encontradas nos escritos de Russel, por exemplo nas obras referen- ciadas ao final deste anigo com os © INTUICIONISMO 1908 pelo matematico holandés L. E, J. Brouwer (1881-1966). Os intuicionistas abordaram 0 problema dos fundamentos da matemitica de uma maneira radicalmente diferente da dos logicistas. Estes nunca pe que havia algo de errado com a mate matica Classica. Desejavam mente mostrar que ela é parte da logica Os intuicionistas, pelo contrario, ache vam que haviamuita coisaerradacoma matemitica classica Por volta de 1908, varios paradoxes tinham surgido na teoria dos conjuntos de Contor. Aqui, a palavra paradoxo" é uusada como sinonimo de “contradigio” Georg Centor (1845-1918) crioua teoriados conjuntos, a partirde 1870, e trabalho Es ‘escola foi iniciada em tomo de simplex Humanidades 47 “ingenuamente”, ou seja, de maneira no axiomatica. Por conseguinte, formou conjuntos to despreocups: damente que ele proprio, Russe! eoutros descobriram varios paradoxos no seio de sua teoria Os logicistas conside raram esses paradoxos como erros banais, devidos a matematicos faliveis ¢ no a uma matemética falivel. Os intu- ionistas, por outrolado, consideravam esses paradoxos como indicacdes claras, de que a matemitica classica esti longe deser perfeita. Achavam que amatems- tica deveria ser reconsiruida desde os alicerces, Os “alicerces", ou seja, o inicio da ‘matematica, para os intuicionistas era sua explicaco do que so os nimeros naturals 1, 2, 3, ... (observe que nio incluimos © nimero zero entre os nit- meros_naturais), Segundo a filosofia Incuicionista, todes os seres humanos tem, dentro de si, uma intuica0_pri- mordial dos nimeros naturais. Isso _significa, em primeiro lugar, que temos uma certeza imediata sobre o que quer “dizer o namero 1 ¢, em segunde lugar, que © proceso mental que entra na formagao do numero 1 pode ser repe tido. Quando o repetimos, obtemos 0 conceito do nimero 2, € quando o epetimos mais uma vez, 0 conceito do numero 8; desta mancira, os seres humanos podem construir qualquer segmiento inicial firito 1, 2... 0 para qualquer niamero natural n. Essa cons- trugio mental de um nimero natural ‘ap6s 0 outro nunca teria sido possivel, se nao tivessemos uma percepsao do tempo dentro de nos. “Depois” refer se ao tempo e Brouwer concordacomo flosofo /mmanuel Kant (1714-1804): que 8 seres humanos tém uma_percepcio imediatado tempo. Kant usoua palavra “intuigao” para “percepcao imediata” @ dai que provem 0 nome “intuici rnismo”. (Veja 0 capitulo IV del) para mais informagoes sobre este conceit intuicionista dos nameros naturais) E imponante observar que a cons truco intuicionisa dos nimeros na Os intwicionistas consideravam a matemdtica classica lange de ser perfeite. Achavam que a matemética deveria ser reconstruida a partir dos calicerces, segundo sua flesofia, esses alicerces exam, basicamente, @ explicagio que davam cos reimeros nnaturais ¢ a idea de que todos os seres humaros tém, dentro de si, uma intuigdo primordial dos mémeros naturais turais nos permite conscruir somente segmentos iniciais fintos arbitranamen- te longos 1, 2, ... n. Nao nos permite construiraquele conjunto comple de todos os niimeros naturais que nose ao familiar na matematica classica. E igual- mente importante observar que esta construgao € ao mesmo tempo "indu- tiva” e“efetiva’’. E indutiva no sentido de que, se desejarmos construir, diga- mos, 0 niimero 8, devemos percorrer todos os pasos mentais de construir primeiro 1, em seguida 2, e finalmente 3; no podemos simplesmente tirar 0 niimero 3 de uma cartola. E efetiva no sentido de que, uma vez completada a constragio de um nimera natura, ele foi cons¢ruide integralmente. Ele se nos depare como uma consirugzo mencal completamente terminada, prontapara estudo. Quando alguém diz “compie tei aconstrugao mental do numero 5”, & como um pedreiro que diz ‘comple tei aconstrugao daquela parede”, o que sé pode dizer apés ter colorado © limo tjolo em seu lugar Voliamo-nos agora para a definiga0 intuicionista da matematica. Segundo a filosofia_intuicionista,_a_ratematica atal eno como um conjunto (de toremas (como foi feiwo acima na |seccao sobre o logicismo). £ aauvidade ‘que consiste em efetuar, uma apos yutra, as construgdes mentais que 20 Indutivas e efetivas no sentido de que a construcio intuicionista dos niimeros Sorisnig aca que os seret kanal podem reconhecer se uma construglo mental dada tem estas duas propric dades. Designaremos uma construgio mental que as possui por cnsirus, € poranto a definic’o iniuicionista de matematica diz: a matemdiica 6a atividade menial que consis em efeuar wm constrato aps 0 outro A conseqiléncia mais importante desta definicao € que toda amatematica intuicionista ¢ efetiva ou “construtiva’, ‘como geralmente se diz. De agora en diante, usaremos o adjetivo “construt: vo" como sinomimo de “efetivo” Explictamente, todo 0 construto “construtivo” € a matematica intuicio- nista nada mais ¢ do que a repetida realizagio de construtos. Por exemplo, se um niumnero real r ocorre numa de- monstragdo ou teorera intwicionisia, nunca ocorre_simplesmente devido a uma demonstracao de existéncial Ocorre ai pois foi construido de cima para baixo. Isso implica, por exemplo, que cada algarismo no desenvolvimen- 10 decimal de r pode, em principio, ser calcalado. Em resumo, todas as de- monstragdes, teoremas © definigdes innuicioristas so inteiramente constr divas, (2° ‘Outre conseqiiencia importante da definicao intuicionista da matematica é que ela nao pode ser reduzida a qua- quer outra ciéncia tal como, por exer plo, alogica. A definicao acima abran- ge um nuimero de processos mentzis demasiadamente grande para que uma tal redusdo seja permissivel_E aqui entao, vernos uma diferenca radical ‘entre 6 logicismio e o intuicionismo. De fato, aatitude intuicionisia em relacao & logica @ precisamente 0 oposto da at tude dos logicistas: segundo os intui Gionisias, quaisquer que sejam os pro cessos logicos validos, s40 todos cons- tmutos; portant, a parte valida da logica Classica € parte da matematica! Qual quer lei da logica classica que nao seja 189 Humanidades composta de construtos & para o intui mista uma combinagao de palavras sem sentido. Fo, naturaimente, cho- camte que a lei dassica do terceiro exciuido tenha-se revelado uma ral combinagao de palavras sem sentido Isso significa que esta lei nao pode ser usadz indiscriminadamente na mate matica intuicionista; pode freqiente mente ser usada, mas nem sempre. Uma vez compreendida ¢ aceita a definigio intuicionista da marematica 6 resta fazer matematica de man intuicionista. Com efeito, os intuicio aisias desenvolveram uma aritmética Algebra, andlise, ceoria dos conjuntos, fc. intuicionistas. No entanto, em ca: da um destes ramos da matemitica ocorrem teoremas dssicos quendo so compostos de construtos, sendo por: tanto combinaghes de palavras sem sentido para 0: intuicionistas. Por con- seguinte, no se pode dizer que os intuicionistas reconstrairam toda a ma tematica classica. Iss0 no os peruurba ois parte da matemética classica que ago podem obier é, dequalquer marie ra, sem sentido para eles, Q intuico nismo no tem como objetivo 2 justf caiicagao da matematica classica_Seu objeto @ dar uma definicao valida de iatematica para ver que matematica surgird dela. Toda a matematica classica que nao puder ser feita de modo intui conista, simplesmente nao € matema tice, para o intuicionista. Vemos aqui ouza diferenca fundamental entre_o logicismo e o intuicionismo: os legicis: tas desejavam justificar toda a matemi ucaclissica. (Uma introdugaoexcelente as tecnicas atuais do intuicionismo @ 2 obra de Heyking®) Examinemos agora 0 sucesso da escola instuicionista em dar-nos bons fundamentos para a matemética, acei tévels pela maioria dos mateméaticos. Mais uma vez, ha uma diferenga nitida ene a maneirade responder aesta ques to no presente € no caso do logicismo. Mesmo os logicistas mais empedemi dos t@m que admitir que sua escola até ‘agora nao conseguiu em pelo menos 20% fomecer bons fundamentos 2 matematica No entanto, um intuicio- niista tern todo o direito de afirmar que ‘© intuicionismo deu & matematica fun- damentos inteiramente satisfatérios. Ha discussdo significativa da matem- tica intuicionista, discutida acima; ha a filosofia intuicionista, que nos diz por que 05 construtos no podem nunca dar origem a contradigdes, e que, por tanto, a matematica intuicionista esti isentade contradigbes. Em verdade, n20 somente este problema (de nao conter ‘contradigbes) mas todos os outros pro- blemas acerca dos fundamentos da matematica recebem uma solugao per feitamente satisfaréria no intuicionis No entanto, se examinarmos o intuicionismo de fora, ouseja, do ponto de vista do matematico dassico, temos que confessar que o intuicionismo nio conseguiu dar fundamentosadequados Amatemitica A comunidade matema tica rejeicou 0 intuicionismo quase que universalmente. Por que é que acomu- nidade marematica fez isso, apesar das miuitas caracteristicas atraentes do intuicionismo, algumas das quais ace bamos de mencionar? Uma des razbes € que os mavemax ticos classicos simplesmente se recusam a eliminar muitos belos teoremas que sio, para os intuicionistas, combina~ bes de palavras sem sentido. Um exemple €0 teorema do ponte fixo de Broweer, em topologia, que é rejeitado pelos intuicionistas, pois © ponto fixo nao pode ser construido, podendo-se somentedemonstrar quetem deexisti, por meio de uma demonstracto de existéncia. A propésite, © mesmo Brouwer que criou 0 innuicionismo é também famoso por seu trabalho em. topologia (nao-intuicionista) Uma segunda raz4o provém de teo- remas que podem ser demonstrados tanto de maneira classica como de ‘maneira intuicionista. Ocorre freqiien- temente que a demonstragéo de um tal teorema é breve, elegante, diabolica- mente engenhosa, masnao construtiva. 5 intuicionistas naturalmente a rejei taro e a substituirio por sua propria demonstragio consirutiva do mesmo teorema. No entanto, esta demonstre so construtiva frequentemente acaba sendo mais ou menos dez vezes tio longa quanto 2 dlassica, € parece ter perdido todasua elegancia pelo menos para 0 matematico classico. Um exem- plo é 0 tcorema fundamental da alge bra, que na matematica dassica € demonstrado mais ou menos em meia pagina, mas cuja demonstraao na matematica intuiconista toma mais ou menos umas dez paginas. Mais uma vez, os matematicos classicos se recusam, a acreditar que suas elegantes demons- tragdes nao fazern sentido, sempre que nao forem construtivas. Finalmente, ha 0s teoremas que sio verdadeiros no inmuicionismo mas si0 falsos na matemitica classica Um exemplo é 0 teorema intuicionista que afirma que qualquer fungzo real def- nida para tador os nimeros reais € continua. Este teorema nao é tao estrar nho como parece, pois depende do conceito intuicionista de uma funcio: Uma fungio real f esti definida no intuicionismo para codes os nimeros reais somente se, para qualquer ni- mero real r cuja construgao intuicionis ta tenha sido completada se puder construir o nimero real f(?)- Qualquer fongho obviamente descontnua que ‘um matemitice classico possa mencio- nar, nao satisfaz este critério construti vo. Mesmo assim, teoremas como este parecem tho estranhos aos matemé ticos dlassicos que eles rejeitam qual quer matemitica que 0s aceite. Essas erés razdes para a rejeicao do intuicionismo pelos matematicos clis- sicos nao sao nem racionais nem cient ficas. Também nao séo razoes pragma: ticas, baseadas na conviecao de que a matematica classica é methor para apl- cacier & fisica ou a ontras ciencias do que o intuicionismo. Sie todas razdes Humanidades 89 de natureza emotiva, baseadas em um sentimento profundo do que seja real- mente a matematica (Se algum dos Ieitores conhecer uma recusa realmente Gientifica do imticionismo, © autor agradeceria ter conhecimento dela ‘Temos assim a segunda crise da mate matica & nossa frente: consiste no fra- casso da escola intuicionista em tornat © intuicionismo aceitavel, pelo menos para a maioria dos matematicos, 7 Dewees ter cuidado para néo confundir asdomatizagéo com jormalizegéo. Evclides axicmatizou a ‘geomesrie por volta do ano 300 4. C., ‘mas sua formalizagao principiou somente 2.200 anos depois, com es legicistase formalistas E impomante perceber que, como 0 logicismo, o intuicionismo se baseia na filosofia. Quando, por exemplo, os in- tuicionista enunciam sua definigao de matematica, dada acima, usam lingua gem estritamente filosofica. Seria de fato impossivel para eles usar a mate matice para uma tal definigao. A ativi dade mental que & a maiemética pode finida em termos filosoficos, mas ao deve, necessariamente, usar alguns termos que no pertencem aatividade que se esté tentando definir Damesma maneira que o logicismo est relacionado com 0 realismo, © intuicionismo esta relacionado com a filosofia chamada “conceptualismo” Esta filosofia afirma que as entidades abstratas existem somente na medida em que sto construidas pela mente humana Isto se parece muito com a atitude do intuiconismo, que afirma que as entidades abstratas que ocorremn na matematica, sejam seqiiéncias, rela- ces de ordem ou ontras, so todas construgées mentais. Eisai precisamen Xe por que no encontramos no intui cionismo 2 avassaladora colegao de er tidades abstratas que ocorrem na ma $0 Humanidades INTUICIONISM! Georg Cantor, David Hilber, 1861-1945, temaiica classica € ponanto no log cismo. O contraste entreo logicismoe o intuicionismo & muito semelhance a0 constrate entre 0 realismo e 0 con- ceptvalismo. ‘Sho sugestdes de leitura parainiciar se no intuicionismo as obras), capi Jo IV det) 2) €119), nesta order 0 FORMALISMO STA escola foi criada por volta de Pita pce ianenales slemae Devid “Hilbert (1861-1943). Na yerdade podese dizer que ja havia formalistas no século dezenove, pois Free investiu contra eles no segundo volumedeseu Grundgesetse der Arithmetil Veja o livo de Geach Black em, pp. 181-253); 0 primeiro volume do Grundgesetze apareceu em 1893 € 0 se undo em 1903. No entanto, o conceita moderno de formalism, que inclui raciocinios finitarios, deve seratibuido a Hilberi. Como 08 livros € cursos mo- demos sobre logica matematica geral ‘mente tratam do formalismo, esta esco- Ja € muito mais bem conhecida hoje do que 0 logicismo ou o intuicionismo. Discutiremos assim somente os pontos notiveis do formalismo, comegando pela pergunte: “O que € que formalizae mos afinal 20 formalizar alguma coisa?” Vi A tesposta € que formalizamos uma ia_axttmatizada dada. Deveriamos ter cuidado para nao confundir axio- ‘matizacao com formalizacao. Euclides axiomatizou a geometria por volta do ano 300 aC., mas sua formalizarao prindpiou somente uns 2200 anos aps, com os logicistas e formalistas Exemplosdeteorias axiomatizadas sko a geomerria euclidiana plana, com 0 axiomas cuclidianos usuais, a eriuméu- cacom os axiomas de Feano Zermelo Fraenkel com seus nove axioms, ete. A pergunta seguinte & “Como € que formalizamos_uma_teoria_axiomari yada?” Suponhamos entio que nos ¢ dada ‘uma teoria axiomatizada 7. Restringin- do-nos alogica da primeira ordem, “for: malizar T” significa escolher uma lin- guagem apropriada de primeira ordem| pare 7. O vocabuldsio de uma lingua ‘gem de primeira order coasiste em cinco tens, quatro dos quais sdo sempre os mesmos independem da teoria dada T. Estes quatto itens sio os seguintes: 1) Uma lista de uma quancidade enume- ravel de variaveis. Quem consegue falar sobre matematica sem usar variaveis? 2) Simbolos para os conectivos da lin- guagem comum, por exemplo— para “nao”, A para““e", V para‘“ou” inclusi- vo, ~ para “se... entéo”, ¢ + para “see somente se” — quem consegue falar sobre qualquer coisa sem usar conecti- vos? 5) © sinal de igualdade =; mais uma vez, nao se pode falar sobre mare- matica sem usar este sinal; 4) Os dois quantificadores. 0 quantificador ¥ “para tudo” e 0 quantificador I para “existe”; 0 primeiro é usado para afir mages do tipo “ads os miumeros come plexos tem uma raiz quadrada", 0 se gundo para afirmagdes como “existem niimeros jrracionais”. Fodem-se dis pensar alguns dos simbolosacima, mas io ha por que descer a estes detalhes, aqui. Em vez disso, voltamo-nos para o quince trex, Como Té uma teoria axiomatizada, post os assim chamados "termos nao definidos”, Temos que escolher um simbolo apropriado para cada termo nio definide de T, €'estes simbolos constituem 0 quinto item. Por exem plo, entre os termos nao definidos da geometna euclidiana plana, ocorrem “ponto”, “reta” e“‘incidéncia”, e para cada um deles devemos introduzir um simbolo apropriado no vocabulario da linguagem de primeira ordem Entre os termos nao definidos da aritmética ocorrem “zero”, “adicao”, € “multi plicagao”, € os simbolos que escolhe mos para eles so naturalmente 0, + eX respectivamente. A teoria mais facil de formalizar é ZF, pois tem somente um termo nao definido, a relagao de per tinéncia. Escolhe-se naturalmente, 0 simbolo usual€ para esta relacdo. Esses simbolos, um para cada termo nao definido da teoria axiomatizada T, s30 freqiientemente chamados de “part metros” da linguagem de primeira ordem, portanto, os parametros for mam 0 quinto item. Como 05 parametros s80 0s tinicos simbolos no vocabulatio de uma line guagem de primeira ordem que depen dem da tcoria axiomatizada dada 7, formalize se T simplesmente, esco- Ihendo estes parametros. Uma vez Feita esta escolha, toda ateoria Tfoi comple tamente formalizada Podemos agora exprimir na linguagem Z de primeira ordem, resultante, todos 6s axiomas da ogica classica e, por conseguinte, tar bem todas as demonstracoes usadas para demonstrar teoremas de 7. Em resumo, podemos agora trabalhar to talmente dentro de L, isto é, de maneira completamente “formal” Mas agora surge uma terceira per gunta: “Por que razao alguém desejaria formalizar uma teoria axiomatica de- da?” Afinal, Euclides nunca sentiu a necessidade de formalizar sua geomettia axiomatizada F importante fazer esta pergunta, pois mesmo o grande Peano tinha idéias erradas sobre a finalidade real da formalizacio. Publicou ume de suasdescoberas maisimportantes sobre equacées diferenciais em linguagem for- malizada (muito semelhante a urna lin- guagem de primeira ordem), com 0 resultado de que ninguermaleu, ate que uma alma caridosa taduzisse 0 artigo pera a linguagem comum. Tentemos agora responder a terceira pergunta. Seos matematicos fazem pes- quisa técnica em um certo ramo da sva citncia, por exemplo, na geomettia eu- dldiana plana, estéo interessados em descobrit ¢ demonstrar 0s teoremas importantes daquele ramo da matemé- tica. Paraeste tipo de trabalho tecnico. formalizacao geralmente nc ajuda, mes constitui rm empecilho. Se, noentanto, Humanidades 91 um teorema) é verdadeizo para todos estes x,queremos dizer que para cada xisolado, € 1possivel repetir o raciocinio geral em ques- lo, que dexeria ser considerado somente como 0 proveipe destes raciocinios pari- culares ‘Observemos que esta definigao usa linguagem filosética e nao matematica Mesmo assim, ninguém pode afirmar de compreender o programa de Hilbert sem uma compreesio do que é€ um raciocinio finitario. As raizes flosoficas do formalismo sio reveladas quando os formalistas definem 0 que compreen- dem por raciocnio finitario. ji comparamos o logicismo com 0 ceptualismo. A filosofia que mais se aproxima do formalismo € 0 “nomine liso”. Nesta filosofia se afirma que as entidades abstratas simplesmente nao tem nenhuma existéncia, nem fora da mente humana. como foi afirmado pelo realismo, nem como. construgdes mentais dentro da mente humana, como foi o sustentado pelo concepeug lismo. Para 0 nominalismo, entidades abstratas sio simplesmente ou sons vocais ou linhas escritas, simples momes Fis a origem da. palavra “nominalismo”, pois em lasim romine lis significa “pertencente a um nome” Semelhantemente, quando os formalistas tentam demonstiar que uma certa teonia axiomatizada T esta isemta de contre dicdes, no _estudam as_entidades abstratas que ocorrem em T mas, em vez disso, estudam a linguagem 1 de primeira ordem que foi usada para formalizar T, ou seja, estudam como se podem formar sentencas em 1 pelo emprego apropriado do vocabulario ée E, como algumas destas sentencas po- dem ser demonstradas pelo uso correto destas sentencas especiais de L que foram escolhidas como axiomas; e, em particular, tentam mostrar que ne nhume sentenga de Z pode ser de ‘monstrada e negada ao mesmo tempo, pois com isso teriam mostrado que a teoria T original nao contem contre dicdes. O detalhe importante @ que todo este estdo de 1 ¢ um estudo escritamente sintitico, pois nenbum sen- tido ouentidades abstratas estdo associar das com as sentengas de L Esta Linguagem € invesiigada considerando as sentences de L.como expressbes sem sentido que sho manipuladas segundo regras sin- saticas explicitas, da mesma mancira que as pegas de um jogo de xadrez sao figuras sem sentido gue sto movimer- _atadas segundo as regras do jogo. Para 0 formalista estrito, “fazer matematica” € “manipular os simbolos sem sentido, de uma linguagem de primeira ordem, segundo regras sintiticas explicitas’ Assim, 0 formalista estrito niv tabalhia com entidades abstratas, como séries infinitas ou nimeros cardinais, mas somente com seus nomes sem sentido que sao as expresses de uma lingua gem de primeira ordem. Tanto os for alistas quanto 05 nominalistas evita © uso direto de entidades abstratas, eeis or que o formalismo deveria ser com- parado com o nominalismo. O fato de alogicismo, intuicionismo ¢ formalismo corresponderem ao realis- mo, conceptualismo e nominalismo, respectivamente, foi revelado no artigo de Quine “On What There Is" (3), pags 183-196), 0 formalismo pode ser aprencido em qualquer livro sobre logica_matematice, por_exemplo_na obra de Endertons IM que condigdes nos encontramos, Elis nos deixam sem fandamentos firmes para a matemética, Apés a pu Dlicagio de wabalho de Godel (6) em 1931, 0s matematicos em geral desis: dram frascrados € evitaram a filosofia da matematica No entanto, a influén- Ga das trés escolas discutidas neste artigo permanecen fore, dando-nos muita matematica nova ¢ bela. Esta matematica diz respeito principalnen te 2 teoria dos conjuntos, ao intuicio- niismo e suas varias modificacbes cons- rutivas, ¢ a logica matematica, com seus varios rebentos No entanto, em- bora ete tipo de matematica seja freqiientemente citado como “funds mento da matematica”, nao se pode afirmar que se esta fazendo avangar a filosofia da matematica simplesmente porque se esté tabalhando em uma estas Areas. A légica matematica mor _ dema,_a teoria dos conjuntos, ¢ 0 intuicionismo com suas modificagbes sao hoje ramos tecnicos da matematica, exatamente como algebra ¢ a analise, €ando ser que voltemos diretamente & filosofia da maremética, n3o podemos, esperar encontrar fandamentos firmes para nossa céncia. £ evidente que tais fundamentos nao sao necessarios pars 2 pesquisa matematica técnica, mas ainda hha, entre nos, aqneles que anseiamn por les, O autor acredita que a chave pare os fundamentos da matemitica esti escondida em algum local entre as raizes floséficas do logicismo, intui- cionismo eformalisme, ¢ eis porque ele Gesvendou por tes vezes essas ralzes. ‘Uma bibliografia excelente sobre os fundamentos da matematica seri. en- contrada em!) e (7) (2)P, Benacerrat eH. Putnam, Pibsopy of Methematic, Prentice-Hall, 1964 (2M, Dummen, Ekmeus of incesunsm Clarendon Press, Oxford, Inglaerra. 1977, (9) 8. B Enderton, a Makenatval Inracton to Lop Academic Press, 1971 (HA A Tracnkel, ¥.BarHille © A. Lewy, Foundations of Sd Thom Non Holand, Amsterdam, Holanda. 1075 (5G Frese, Begriff i: Trarlason fem de Phiosspical Wives of Cottinb Free. por P Geach e NOTAS M, Black Basil Blackwell, Oxford, Inglaterra 1910. Também em 7). pp 1-82, (6)K. Godel, Ox Formal amdoviaable prope stinsof Prep Mathemata and Related tens. 7). pp, 96618. (Fj. van Hedjenoort. From Frege to Gide, Hararé Unie Press, Cambrigge, Estados Unidos (A. Hleyking, Inston, An Furedution North-Holland, amsterdam, Holanda, 1966 (9) B. Russe, Pinaplis f Mathenatis, 1* Ee (2903) W. W. Norton, New York (20) B. Russel ec ALN. Whitehead, Pxapie Mathcmation 1° Ed (1910) Camndge Unto Poss Camiripe Iralaers (11) B Ruse fetraducion to Methonatical Prilespi, Simon and Schuster, New York. Es tados Unis, 1910. [12 E. Snapper, “what is Mathematics?” Amer Matt. Morty 0 186), 1977, pp. 5 (is) A 5. Todt, Chace Sepumen, OXoré Univ. 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