1500 – A mais remota referência à música no Brasil se encontra na
carta de Pero Vaz de Caminha, que relata ao rei de Portugal a musicalidade dos nativos.
1549 – O padre Manoel da Nóbrega – que chega ao Brasil com os
primeiros jesuítas – menciona a música de catequese, em geral realizada com base em melodias gregorianas.
Século XVIII – Compositores brasileiros que atuam nas cidades
mineiras de Diamantina, Ouro Preto e Tiradentes, em sua maioria mulatos, têm a produção mais bem documentada da época. Essa música foi conhecida pela denominação barroco mineiro, hoje em desuso por causa do caráter híbrido de seu estilo, que ora se aproxima do barroco, ora do pré-classicismo e classicismo europeu. Inspira-se fundamentalmente na produção sacra da escola napolitana e na polifonia portuguesa. Entre seus principais compositores estão José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita, Marcos Coelho Neto, Inácio Parreira Neves, Manoel Dias de Oliveira e João de Deus de Castro Lobo. O mais antigo e importante manuscrito de um autor brasileiro é Recitativo e Ária, com texto cantado em português, atribuído ao padre Caetano de Mello Jesus e encontrado na Bahia. No Recife estão músicos como Inácio Ribeiro Nóia e Luís Álvares Pinto, em cuja obra se encontra Te Deum Laudamus. Embora em menor quantidade, são encontradas composições paulistas do século XVIII. O português André da Silva Gomes, mestre-de-capela da Catedral da Sé de São Paulo, é seu representante mais expressivo.
MÚSICA NAS IRMANDADES – A maioria dos compositores de
música erudita do século XVIII é filiada às irmandades de homens negros e mulatos, como a do Rosário. Há raros registros de compositores nas irmandades restritas aos brancos. Em Minas Gerais, por exemplo, não existe nenhum caso. Uma das razões é que a música religiosa era vista como atividade artesanal. Fundamentalmente ligada à liturgia da Igreja Católica, ela é feita principalmente nas grandes cidades da época, como Olinda e Salvador, e nas localidades mineiras do ciclo do ouro.
1798 – O padre José Maurício Nunes Garcia inicia suas atividades
como mestre na Capela da Sé do Rio de Janeiro. Ele desenvolve uma linguagem composicional própria, com uma riqueza harmônica comparável à dos padrões europeus da época. Haydn, Mozart, Cimarosa e Rossini são suas principais influências. É o primeiro diretor do Conservatório de Música do Rio de Janeiro.
1808-1822 – A vinda da corte portuguesa para o Brasil favorece o
intercâmbio com músicos europeus. Em 1816 chega ao Rio de Janeiro a Missão Artística Francesa, trazida por dom João VI, da qual participam artistas como o compositor austríaco Sigismund Neukomm, discípulo de Haydn. A ópera napolitana é representada pelo compositor da metrópole Marcos Portugal, que chega ao Brasil em 1811.
1822-1900 – Com o romantismo é criada uma ópera nacional. Os
representantes mais importantes são os compositores Antonio Carlos Gomes (que posteriormente faria grande sucesso na Itália, com óperas como O Guarani e Salvator Rosa) e Elias Alvares Lobo, auxiliados por libretistas como Machado de Assis e José de Alencar. Em 1861 estréia Joana de Flandres, de Carlos Gomes, com texto em português. O movimento perde força progressivamente, e uma última ópera é apresentada nesse período: O Vagabundo, de Henrique Alves de Mesquita. Ainda voltados para os padrões europeus do século XIX estão Glauco Velasquez, partidário do romantismo francês, Henrique Oswald, adepto do impressionismo, e Leopoldo Miguez, seguidor de Wagner e Liszt.
Décadas de 10 e 20 – As primeiras décadas do século XX são
marcadas pelo nacionalismo de compositores com formação erudita européia, especialmente a francesa, que se apropriam de temas do folclore brasileiro. Entre eles estão Brasílio Itiberê, Luciano Gallet e Alberto Nepomuceno – este também possui expressiva produção dentro da escola romântica européia.
1922 – Na Semana de Arte Moderna, encabeçada pelo escritor e
músico Mário de Andrade, Heitor Villa-Lobos participa da apresentação de diversas obras no Teatro Municipal de São Paulo, apontando um novo rumo para a música brasileira. Com a utilização de elementos folclóricos, ele cria diferentes sonoridades. Sua estética reflete uma tendência européia neoclássica e serve de modelo para compositores como Francisco Mignone, Lorenzo Fernandez, Radamés Gnattali e Camargo Guarnieri, entre outros.
1939 – Introduzido no dodecafonismo por seu aluno Cláudio Santoro,
o compositor e professor alemão Hans Joachim Koellreuter lança o Movimento Música Viva, no Rio de Janeiro, em que defende a estética vanguardista, em oposição ao nacionalismo sustentado por Camargo Guarnieri. Entre seus discípulos se destacam os compositores Guerra Peixe, Eunice Catunda e Edino Krieger. Na Bahia, embora com tendência diversa da original, o movimento continua com o compositor Ernst Widmer e seus alunos Lindembergue Cardoso, Jamary Oliveira, Fernando Cerqueira e Paulo Lima.
1946 – Claudio Santoro, Guerra Peixe, Eunice Catunda e Edino
Krieger assinam o manifesto de 1946, que tem o objetivo de resgatar elementos nacionais nas composições. Guerra Peixe e Santoro usam então recursos da música regional, que irá influenciar a música popular instrumental brasileira. Muitos compositores aderem ao uso livre de componentes da tradição brasileira, como Marlos Nobre e Almeida Prado. 1961 – Participam do curso em Darmstadt, na Alemanha, os compositores paulistas Gilberto Mendes, Willy Correa de Oliveira e Rogério Duprat. Suas obras refletem o pensamento dos serialistas da escola de Darmstadt e as idéias dos poetas concretistas Haroldo de Campos, Augusto de Campos e Décio Pignatari. Nessa linha de trabalho se destacam ainda Mário Ficarelli e Aylton Escobar.
1962 – O compositor Gilberto Mendes lança o Festival Música Nova,
que passa a apresentar anualmente as obras de compositores da nova música brasileira em concertos nas cidades de Santos e São Paulo. No ano seguinte, a revista Invenções, publicada pelo grupo dos concretistas, lança o Manifesto Música Nova, ou Manifesto por uma Nova Música Brasileira.
1973 – É realizada a 1ª Bienal de Música Brasileira Contemporânea,
no Rio de Janeiro (RJ). Durante muitos anos divide com o Festival Música Nova a posição de únicos eventos do gênero no Brasil.
1981 – Os compositores Tim Rescala, Tato Taborda e Rodolfo Caesar
fundam o Estúdio da Glória, no Rio de Janeiro (RJ), voltado para a produção de música eletroacústica. Eles dão seqüência às experimentações, nas décadas de 60 e 70, dos compositores Jorge Antunes, em Brasília; Conrado Silva e Rodolfo Coelho de Sousa, em São Paulo; e Reginaldo Carvalho, no Rio de Janeiro.
1982 – Alguns compositores brasileiros anteriormente ligados às
vanguardas européias revêem suas posições e adotam uma estética musical de conteúdo social. O caso mais marcante é o de Willy Correia de Oliveira, que segue um estilo voltado para a música engajada, valendo-se em suas composições de elementos da canção brasileira para exprimir textos de caráter político-social.
1983 – É premiado na Sociedade de Cultura Artística, em São Paulo, o
Quarteto Serrano, do compositor carioca Guilherme Bauer, aluno de Santoro, Guerra Peixe e Esther Scliar. Bauer destaca-se na música de câmara, com estilo atonal livre.
1986 – O compositor paulista Almeida Prado defende tese de
doutoramento na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) sobre seu ciclo para piano solo Cartas Celestes. Iniciadas em 1974 e concluídas em 1992, as seis Cartas Celestes marcam a busca do autor pelo transtonalismo – música que não deve ser tonal, atonal nem serial, mas que tem de pesquisar elementos de ressonância em um espectro sonoro mais amplo.
1989 – O regente britânico Graham Griffiths funda o Grupo Novo
Horizonte, em São Paulo (SP). Ele dá grande impulso à produção dos compositores brasileiros ao encomendar, executar e gravar obras de autores dos mais diversos e contraditórios estilos. Década de 90 – Dá-se a ascensão dos autores nascidos nos anos 50 e 60, que seguem as mais variadas tendências. O mineiro Eduardo Guimarães Álvares tem uma produção próxima do teatro musical. Em São Paulo, Silvio Ferraz segue o virtuosismo extremado do compositor britânico Brian Ferneyhough, e Amaral Vieira reporta-se diretamente ao romantismo de Liszt. Roberto Victorio e Harry Crowl utilizam o atonalismo de maneira livre. O carioca Ronaldo Miranda tem uma linguagem que alterna livre atonalismo e neotonalismo. Em 1992 estréia no Teatro Municipal de São Paulo a ópera Dom Casmurro, baseada na obra de Machado de Assis.
2000 – Um novo grupo de compositores vem se juntar ao cenário
montado nos anos 1970 e 1980, com um uso cada vez mais marcante dos recursos da informática. Surgem as primeiras performances com grupos híbridos, que mesclam dança, artes plásticas, teatro, música com o auxílio de computadores. Dessa nova geração se destacam até o momento compositores como Fernando Iazzetta, Silvio Ferraz e Wilson Sukorski (SP), Aquiles Pantaleão (RJ), Sérgio Freire e Maurício Loureiro (MG). Sua prática se faz fora dos limites da música erudita, mesclando o popular, o tradicional, bem como qualquer elementos sonoro, visual, tátil que lhes caia às mãos.