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As idéias de Marx

Karl Marx (1818-1888) nasceu e cresceu na Alemanha.


Durante sua juventude, conviveu com uma comunidade
acadêmica portadora de idéias novas e críticas quanto ao
Estado Alemão. Por conta do seu envolvimento político,
foi perseguido pelo governo, sendo impedido de ingressar
na carreira acadêmica. Tornou-se jornalista. Mudou-se
para Paris, onde conheceu Engels, com quem escreveu,
dentre outros livros, o Manifesto do Partido Comunista.
Migrou para Londres após perseguição do governo
Francês. Seu pensamento influencia várias áreas do
conhecimento humano. Foi o fundador da doutrina
comunista moderna.
Enquanto que para Durkheim a
sociologia seria a ciência que contribuiria
para levar a sociedade capitalista à
perfeição, para Marx a sociedade
capitalista sempre seria imperfeita.
Para ele, o único caminho para a
superação dos problemas sociais seria a
luta política para a construção de uma
nova sociedade: o socialismo.
Durkheim analisou a sociedade a partir
da organização da moral social.
Marx, ao contrário, analisou pela
relação existente entre a consciência
das pessoas e a forma de se
organizarem para transformar a
natureza através do trabalho.
Para ele o modo como as pessoas
trabalham em determinada sociedade
influi no modo como pensam e se
definem como seres sociais.
No capitalismo o trabalho se organiza de
forma a dar origem à produção quase infinita
de mercadorias. A aparência da nossa
sociedade seria, portanto, a de um imenso
depósito de mercadorias.
Seguindo esse raciocínio, Marx concluiu que
para além das mercadorias e das relações de
troca está a produção dessas mercadorias.
Estudando o modo de produção dessas
mercadorias, concluiu que existem duas
classes sociais básicas: de um lado os
proprietários dos meios de produção e de
outro os proprietários da força de trabalho.
Essa segunda classe não tem outro recurso
que não seja vender por salário a sua força
de trabalho, que acaba por ser considerada
ela também como mercadoria.
Os proprietários dos meios de produção
sabem que a força de trabalho é uma
mercadoria peculiar: a única que tem a
capacidade de produzir muito mais do
que necessita para sua reprodução. Ou
seja, uma mercadoria que produz lucro
para a classe empresarial.
A classe trabalhadora produz mais do
que recebe e precisa (mais valia).
Seu salário é sempre muito menor que a
soma do valor dos bens que produziu.
Todo o excedente que a classe
trabalhadora produz fica nas mãos do
capitalista, que, com isso, enriquece
sempre mais.
Marx, nesta análise, descobre a contradição
básica do capitalismo: que a riqueza de
alguns era devida a uma situação de
exploração e pobreza a que a imensa maioria
está submetida.
Para Marx, seria impossível superar tal
contradição dentro do próprio capitalismo.
Ele propõe a adoção de um novo sistema: o
socialismo.
Para ele, apenas numa situação histórica
em que não existisse mais a distinção
entre proprietários e não-proprietários é
que eliminaria a contradição capital-
trabalho.
Porém, para tal, seria necessário que a
classe trabalhadora, a mais prejudicada
no capitalismo, se organizasse e lutasse
por seus direitos.
Assim, enquanto Durkheim acreditava que a
ciência sociológica e a educação poderiam
reformar o capitalismo para melhor,
eliminando seus problemas, Marx pregava
que através da organização e luta da classe
trabalhadora dentro de todas as instituições,
a sociedade capitalista seria superada com a
criação de uma sociedade nova e mais
humana.
Para a teoria de Marx o elemento fundador da
sociedade é o trabalho: o ser humano transforma a
natureza que o cerca e cria bens materiais de que
necessita; neste processo as pessoas passam a
pensar e a desenvolver sua consciência para se
comunicar, trocar idéias através da linguagem;
passam a interpretar não só a sociedade em que
vivem, como também as suas atividades práticas;
neste momento que as pessoas estabelecem
relações sociais.
O que constatamos é que no
desenrolar da história só foi possível
desenvolver uma consciência e uma
linguagem por conta dos problemas
práticos que surgem ao enfrentar a
natureza. Ou seja, é a luta pela
sobrevivência que faz desenvolver o
pensamento e a linguagem.
Em resumo, para Marx, não é a consciência
das pessoas que explica a sociedade, mas
determinada maneira de se apropriar da
natureza e agir cria determinada consciência,
determinada maneira de pensar.
A consciência das pessoas, suas idéias, seus
valores resultam de relações sociais que os
indivíduos estabelecem entre si no processo
de apropriação material da natureza.
Ele esclarece que é importante saber que a
ligação entre as relações sociais e a
consciência é algo contraditório: ou seja,
nem sempre a realidade social corresponde
àquilo que pensamos sobre essa realidade.
Nem sempre a visão da exploração está
presente na consciência das pessoas, porque
aparecem certas idéias e valores que tentam
esconder essa realidade.
A origem dessas idéias e valores seria
diferente nas duas classes sociais:
Na dos proprietários, o trabalho é visto como fonte
de lucro, sua tendência é reforçar os aspectos que
acha positivos no capitalismo: sociedade boa, de
riquezas, de progresso, liberdade para
empreender e torna-se rico, etc.
Na dos trabalhadores, o trabalho é visto como
fonte de pobreza, sua tendência é reforçar os
aspectos negativos do capitalismo: sociedade
desigual, de privações, de salários baixos, falta de
liberdade para viver dignamente, etc.
Essa segunda visão não estaria presente na mente
da maioria.
Isto porque a classe empresarial,
que tem maior poder econômico,
político e de comunicação, consegue
impor com mais facilidade os seus
interesses, convencer o conjunto da
sociedade da “verdade” e “validade”
prática de sua visão de mundo.
Para Marx, ideologia na sociedade
capitalista seria uma imposição de
valores e idéias da classe
empresarial (dominante) como
sendo a única visão correta de
sociedade e a consequente tentativa
de fazer com que a classe
trabalhadora pense com os valores
da classe dominante.
• Para Marx, a sociedade divide-se em:
“A educação é um
mecanismo que, conforme
seu conteúdo de classe,
pode oprimir ou emancipar o
homem.”
Ele também percebe na educação a
possibilidade de mudança social e a
emancipação intelectual do individuo.
Marx via na educação a possibilidade de
livrar o indivíduo da opressão da
sociedade.
...uma maneira de
propagar o abuso de uma
classe social em relação a
outra, pois tende a
disseminar o pensamento
dominante.
Fetichização da Mercadoria
O centro nervoso do sistema capitalista
deslocou-se da produção industrial para
o monetarismo e para o sistema
financeiro, “privilegiando a mais
abstrata e fetichizada das mercadorias, o
dinheiro.” (CHAUÍ)
Fetiche da mercadoria: segundo Marx, o
trabalhador, ao vender sua mão-de-obra no
mercado de trabalho, perde o controle sobre o
produto produzido. A mercadoria, que surge da
linha de produção, trabalhada parcialmente por
diversos operários, torna-se algo irreconhecível
para seus produtores (os trabalhadores). A perda
do controle sobre o fruto do trabalho permite que
o produto assuma características de tirania e de
controle absoluto sobre seus produtores.
A mercadoria e o mercado permitem uma
inversão de perspectiva: a mercadoria
controla o produtor e não o produtor
controla a mercadoria. Como num feitiço
(fetiche), a mercadoria ganha vida própria,
torna-se a determinante da vida dos homens.
Ela se “humaniza” na mesma medida que o
homem se reifica ou torna-se coisa. Afinal,
tudo e todos se tornam mercadorias no
âmbito das relações capitalistas.
Manifesto do Partido Comunista
(Ed. Edipro, pp 71/72)
Através da exploração do mercado mundial, a burguesia
deu um caráter cosmopolita à produção e ao consumo de
todos os países. Para grande pesar dos reacionários,
retirou debaixo dos pés da indústria o terreno nacional. As
antigas indústrias nacionais foram destruídas e continuam
a ser destruídas a cada dia. São suplantadas por novas
indústrias, cuja introdução se torna uma questão de vida
ou morte para todas as nações civilizadas – indústrias que
não mais empregam matérias-primas locais, mas
matérias-primas provenientes das mais remotas regiões, e
cujos produtos são consumidos não somente no próprio
país, mas em todas as partes do mundo.
Em lugar das velhas necessidades, satisfeitas pela
produção nacional, surgem necessidades novas que para
serem satisfeitas exigem os produtos das terras e dos
climas mais distantes. Em lugar da antiga auto-suficiência
e do antigo isolamento nacional e local, desenvolve-se em
todas as direções um intercâmbio universal, uma universal
interdependência das nações. E isso tanto na produção
material quanto intelectual. Os produtos intelectuais de
cada nação tornam-se um patrimônio comum. A
unilateralidade e a estreiteza nacionais tornam-se cada
vez mais impossíveis, e das numerosas literaturas
nacionais e locais forma-se uma literatura mundial.
Com o rápido aperfeiçoamento de todos os instrumentos
de produção, com as comunicações infinitamente
facilitadas, a burguesia arrasta todas as nações, mesmo as
mais bárbaras, para a civilização. Os baixos preços das suas
mercadorias são a artilharia pesada com que derruba
todas as muralhas chinesas, com que força à capitulação o
ódio mais obstinado dos bárbaros aos estrangeiros.
Compele todas as nações a apropriarem o modo de
produção da burguesia, sob pena de ruína total; compele-
se a introduzirem no seu seio a chamada civilização, isto é,
a tornarem-se burguesas. Numa palavra, a burguesia cria
para si um mundo à sua imagem e semelhança.

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