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Não se dirige para uma nação, qualquer que seja ela, mas para
um sujeito histórico internacional (o proletariado) e para um ob-
jetivo histórico internacional: a transformação socialista do mun-
do. Ele é internacionalista por razões éticas e materiais ao mesmo
tempo. (...) O socialismo é, então, um movimento internacionalis-
ta em razão do caráter universalista e humanista de seus valores
e de seus objetivos. (LÖWY, 2000, p. 80).
DÍN, 2013, p. 91), o que também representou uma “revisão estratégica da re-
volução mundial, baseada no papel do Estado soviético” (PONS, 2014, p. 125).
Após a ascensão de Stalin na III Internacional, a perspectiva do interna-
cionalismo revolucionário perde força, sobressaindo-se uma “visão acentua-
damente unilateral do processo revolucionário” (BOBBIO, 1998, p. 646). Conco-
mitantemente, ao longo das décadas de 1920 e 1930 iniciou-se um processo
de stalinização dos partidos comunistas criados pela III Internacional, o que
representou, na prática, “a criação, em cada partido, de um aparelho dirigente
– hierárquico, burocrático e autoritário – intimamente ligado, do ponto de vis-
ta orgânico, político e ideológico, à liderança soviética e que seguia fielmente
as mudanças de sua orientação internacional” (LÖWY, 2006, p. 27).
A III Internacional foi dissolvida em maio de 1943 com o argumento “de
que as condições diferentes sob as quais o movimento comunista internacional
tinha agora de operar tornavam sua direção impossível por um centro interna-
cional. A dissolução do Comintern teve igualmente a finalidade de tranquilizar
os aliados ocidentais de Stalin” (BOTTOMORE, 1988, p. 198), já no contexto da
Segunda Guerra Mundial e das opções adotadas pela diplomacia soviética.
A perspectiva do internacionalismo revolucionário e a defesa da ne-
cessidade de um novo reagrupamento mundial do proletariado continu-
aram a ser defendidas por correntes oposicionistas ao stalinismo, em es-
pecial a liderada por Leon Trotski (1879-1940). Em 1938, Trotski e grupos
ligados a ele fundaram, em Paris, a Quarta Internacional, em oposição à
Terceira Internacional, considerada por eles “contrarrevolucionária”. Além da
crítica à burocratização do Estado soviético e da “rejeição de uma aliança
estratégica com a burguesia local, considerada incapaz de desempenhar
um papel revolucionário significativo” (LÖWY, 2006, p. 36), o internacionalis-
mo proletário também se configura como um dos principais pilares do trot-
skismo266, que defendia a perspectiva de uma “revolução permanente” que:
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Apesar de seu papel no combate às ditaduras, algumas organizações das esquerdas armadas sul-a-
mericanas – inseridas em conjunturas nacionais radicalizadas e influenciadas pelas experiências inter-
nacionais da Revolução Cubana, da Revolução Chinesa, da Guerra do Vietnã e das guerras anticoloniais
travadas na África – surgiram antes mesmo do estabelecimento das ditaduras civil-militares na América
do Sul, ainda em períodos democráticos, levantando a bandeira do socialismo e do combate ao capita-
lismo, às desigualdades sociais e ao imperialismo estadunidense.
242 NUESTRA AMÉRICA: A REVOLUÇÃO CUBANA E O INTERNACIONALISMO
DAS ESQUERDAS REVOLUCIONÁRIAS NA AMÉRICA DO SUL
REFERÊNCIAS