Você está na página 1de 1
Cree CULTURA Reenter i De Limeira para 0 mundo, bailarino conquista palcos na Alemanha Pelo menos 12 horas de viagem de avido e mais de 15 danas de trabalho separam 0 presente de sucesso do passa- do de sonhos e dvidas do bailarino Demis Moretti, 32. Nascido em Limeira, hi cin- co anos ele se estabeleceu na ‘Alemanha, na companhia de danca do 8° maior teatro da Europa, 0 Staats Oper Han- nover. Moretti comegou a dangar com 15 anos de idade, na extin- ta escola Adanac, Enfrentou preconccito dos préprios pais, quenfo vam nadangauma pro- fissio. “les mio aereditavam aque umdiaea pudesseviverdis- s0.Naépoca, meu pai chegou a ‘mearrumar umemprego, qual eu dispense’, conta ele. ‘8 primeita chance da car- reira promissora chegou em 1995, quando passou a integrar 4 Compania Cisne Negro, em Sio Paulo, “Foi quando final- mente pude viver dessa art, sobreviver dest trabalho. Infe- lizmente meu pai nao era vivo para testemunhar, mas minha nie passouame apoiar. Deabs- trato, 0 snl passou a sex pal- pavel”, declara. Nos dez anos fem qué ficou Ii, viajouo mundo f teve papéis de destaque em | diversos espetdeulos como 0 ™Quebra-Nozes”, em que dan- i coo lado da reconhecda bai- farina Ana Botafogo, ‘Dangandoem todos os can- (os, o trabalho atraiu a compa- hia adem, e a contratagio foi por intemnédio de uma aniga brasileira. 6 sem a mie, alé entio s6 como irmio que ainda viveem Limeira com familia, Moret ariscouamudangacom © novo Toe, clima, eulindriae ‘iciora, “No conhecia ninguém & ‘fo sabia falar alemao, sé um pouco de inglés. Hoje me sinto zee, que trabalha cam cere de 30 bailarinos de 25 paises, quatro delesbrasik tos Alii, cle frisa que o Brasil um “polo expartadorde bai rinos”, que os europeus tém sande frequénciaemespeticu- Tos como dane, teatro e 6pe- ras, cultura diferente da brasi leita. "No Brasil, j4 aconteceu vdrias vezes de declarar a ‘nha profissioe me perguntarem se eu ndo trabalho. Em Hanno- ver, para aluigar um apartamen- Moret ap6s dez anos em companhia de Sa0 Paulo, hd cinco, Irabalha no 8° maior teatro da Europa to, 0 tratamento foi muito mais interessado ao dizer que sou bai- Javino. Eke valovizam muito diz ‘le, sobre a cidade de 800 mil hhabitantes,distante uma hora de Beclim. Ele lembra ainda da escola Bolshoi, que possui uma filial no Brasil, cujocursoduracite anos, “As pessoas se formam li com ‘excelénciae vio para onde? No Brasil nioexisteessa abertura”, aval ADAPTACAO NO VELHO MUNDO ‘Se a queda da temperatura centre 15 ¢ 10 graus foi surpresa nas iiltimas semanas, este & 0 verdadeiro verdo para Moretti, que hi oito meses nao via sol. ‘Temperaturas abaixo de zero, nevensaltura dos joelhos e dias com claridade 86 entre as 10h © 16h no inverno, fazem parte da nova morada do bailarino, “Isso sseaba influenciando muito no humor, porque, com a rotina de trabalho, nfo se véaluzdo dia”, diz. “A neve & uma paisagem dos sonhos, mallesperamosa pr- meira vez que cai no ano. Mas, depois, nio vemos a hora que cabo", acrascenta Quanto & comida, ele che- gou ao Brasil vido porpastele aldo de cana. Feijio € atipico a0 cardépio alemio, além da came vermelha, muito eats no pais. Sem artoze fejao, as op- oes so bata, verduas,fran- oe peixes. “A& vezes fazemos ‘uma feijoada genéria, com um feijfo diferente do mercado in- iano e alguns embutidos,ali- rmentos que os alemies aprec- ‘mana estabilidadee suporte tr ‘alhsta em sistema bem diferen- ‘edo Brasil, como eisde amparo, caso queira mudar de profissdo, alémdo seguro contra estes, Em ceaso de desemprego, tem assi- téncia do govemo por até trés anos, ainda que em valores de- Crescentes. Com as renovacbes anuais do visio de permanéncia ‘nopafs parto trabalho, poderster aemissio de um definitivo. Quando se “aposentar”, pode optar por dar aos, jé que todas as cidades possuem uma compan, alémde orquestias, 5m fomento sates clissicas. ‘Voltariaa morarno Brasil mas rio agora, Nao & uma carrira que dure tanto, devido ao fisico eA idade”, diz ele, que jf teve problemas com lees, O trabalho é uma maratona tem aque hi muita exigénefa, que ‘nfo permitiusenretomoao Bra- nos aitimos trés anos, com {rias um poueos mais estendi- dassSagora,“Muitosqueremo sme lugar, por isso preciso me esforgar. Vi muitos que no se adaptaram e voltaram, Achei {que parariaem Sio Pauloe hoje ‘me realizo a cada dia”, reforga A convivéncia também diferente, jéque no novolarnao existe 0 hibito de ir a casa de amigos com frequeéncia,atraso {que pretende tirar com os ami- gos daqui. “Fiquet um pouco rervoso quando cheguei, depois detantotempo, mas émuitopra- zer0s0 estar com a familia. Sei ‘bem de onde vim, e jamais d xaria minha cidade e Pais de lado. Estar aqui € como tecar-

Você também pode gostar