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‘’A Dança’’ – Klauss Vianna.

Contendo as memórias de Klauss Vianna, o livro ‘’A Dança’’ relata tanto


acontecimentos e sensações pessoais quanto suas descobertas e estudos
técnicos sobre o corpo teatral e bailarino.
Como é dito no próprio livro: ‘’A obra divide-se em duas partes
principais’’.
A primeira parte, intitulada ‘’A Vida’’, conta toda sua trajetória de forma
intima. Passando de sua infância a idade adulta, contando suas
experiencias mais ‘’sensoriais’’ e intuitivas, suas descobertas sobre si
mesmo e sobre quem ele era no mundo da dança. Como ele assimilava e
passava adiante tudo aquilo que vivia e sentia em relação a esse universo.
A segunda parte, novamente dita pelo próprio livro, é: ‘’o resultado
concreto da primeira’’.
Intitulada ‘’A Técnica’’, essa nova fase do livro é onde Klauss entra a fundo
em suas descobertas, e compartilha tudo o que pensava em relação a
dança e ao entendimento corporal. Ainda existe um toque bastante
‘’pessoal’’ nesta segunda parte, mas é realmente aqui em que ele fala
sobre sua ‘’Técnica Klauss Vianna’’.
Klauss compartilha no livro que logo no início, quando era criança, se
sentia como um ‘’peixe fora d’água’’ em relação aos outros e ao seu
corpo. Os movimentos não vinham de forma natural pra ele, apesar de ser
bastante intuitivo, ele ainda via como se fosse obrigado a seguir regras
genéricas que não se aplicavam a ele, e que tão pouco tinham um
significado para si. Percebendo isso, ele propõe muito durante todo o livro
o ‘’autoconhecimento’’: ‘’Ninguém é igual a ninguém, não existe receita
para se fazer arte ou dança’’.
A partir disso Klauss propõe algo que consegui me relacionar bastante,
devido as aulas de corpo: a experimentação.
(Citando as aulas) somos sempre incentivados a experimentar e ver onde
podemos chegar através da vontade do nosso corpo, como ele sozinho
consegue se guiar para lugares, formatos, sem precisar seguir um ‘’molde
pronto’’, o que nos faz, a partir desse processo ‘’individual’’, desenvolver
um entendimento corporal melhor.
Além disso, Klauss fala bastante sobre a relação do corpo com o solo, os
pontos de tensão, sobre como nossos pés precisam estar sempre muito
bem colocados (algo interessante aqui é que, ele diz que os pés
denunciam a forma como nos relacionamos com a vida. Nossa forma de
pisar pode dar outros sentidos ao corpo e isso conversa muito com o
corpo teatral), entre vários outros pontos que chegam até a criação da
percepção da nossa estrutura no espaço.
A criação de movimentos limpos (falando especificamente em ter clareza
e objetividade ao se movimentar), movimentos com intenção e emoção (a
expressividade), localizar os pontos de tensão e descobrir por si só, ao
andar (ou ao experimentar movimentos de flutuar, balançar, vibrar e etc)
os pontos de apoio do seu corpo, perceber onde sua cabeça está apoiada,
a coluna. Usar variações de velocidade para observar e decompor os
movimentos.
Ler todos esses tópicos me fez perceber coisas a mais que talvez não
tivesse prestado tanta atenção durante as aulas. Acho que nunca tinha
percebido o quão ‘’pessoal’’ o estudo sobre o corpo pode ser, e o quanto
esses exercícios estavam estimulando nossa conversa e descoberta, de
forma individual, com nosso físico. As vezes imaginava que os exercícios
que fazíamos em aula tinham o intuito de nos fazer chegar em um
‘’resultado específico’’, mas agora sinto que não.
Todo corpo está ligado a questões internas e sociais, sempre vamos ter
um corpo formado por elementos vivenciados ao longo dos anos, um
corpo que sempre vai ser singular. A partir desses exercícios, como Klauss
disse, vamos apenas tirar o potencial que já existe dentro de nós, não
alterar o que já somos.

Nome: Julia Martins Siqueira


Turma M132/134

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