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Resenha

O museu de arte da Bahia e a educação do povo

O objetivo principal que o governo baiano encontrou para passar a reunir objetos
artísticos foi a educação, seja como; auxilio para maior desenvolvimento das
faculdades morais dos alunos que a freqüentam, para maior compreensão do passado
da historia, ou mesmo para exercitar-lhes o gosto pelas Belas-Artes, por isso foram
primeiramente expostas no Liceu Provincial e depois transferidas para o Liceu de Artes
e Ofícios. Neste ultimo com o intento de servir de modelo para as aulas de pintura.

A reunião destes objetos aconteceu já no século XIX, e eram provenientes do espolio


de Jonathas Abbot, um inglês estabelecido na Bahia, fundador da Sociedade de Belas
Artes, alem de colecionador e professor da Faculdade de Medicina José Valladares,
estudioso de sua coleção particular, que era bastante eclética, e que passou para o
poder publico com dificuldade. Movendo-se por impulso, o colecionismo carecia ainda
de critérios e competência que o fizessem passar de um documento de época à um
museu propriamente dito.

A denuncia feita por Valladares através do jornal Diário da Bahia, na qual ele defende
a transferência da exposição para o Liceu de Artes e Ofícios, revela um alargamento do
sentido educacional, pois, o argumento era a prestação de serviço não só aos
discípulos do estabelecimento, mas a população em geral. Esse argumento libertário
era obviamente um traço da época histórica, com o crescente movimento anti-
escravidão, que resultou na Lei áurea de 1888. O maior interesse da coleção em si,
estava em reunir artistas baianos do século XIX. Em 1918 a coleção é transformada em
Museu do Estado, anexo ao arquivo publico e agora com o objetivo de preservar peças
de interesse histórico, por isso agora sobre a direção do historiador Francisco Borges
de Barros, que fica por longo período, de 1918 a 1930. Com tipologia mais diversificada
agora contava com mobiliários, louças, ourivesaria, cerâmica, azulejaria e cristais, alem
de obras de pintura, gravura, desenho, fotografia e escultura. E como era de praxe nos
museus históricos havia também as seções de etnografia, numismática e historia. Após
receber inúmeras nomenclaturas o museu finalmente fica estabelecido em 1931 como
Pinacoteca do Estado, separado do arquivo publico, e formando duas seções; história e
contemporânea, também abrigando acervo de material arqueológico proveniente do
Arquivo Publico.

A Pinacoteca do Estado

Em 1905 por iniciativa pioneira do Governo Estadual, é inaugurada no Liceu de Artes e


Ofícios, a Pinacoteca do Estado de São Paulo, ainda com uma pequena coleção de 59
obras, procedentes de artistas do Museu do Estado, e adquiridas de personalidades
publicas locais. Vitima de uma desorganização administrativa entre governo e ensino
privado, ficava sobre responsabilidade de particulares, mesmo sendo obras publicas.

Havia claramente uma preocupação do governo em igualar-se culturalmente ao Rio de


Janeiro, seguindo o modelo deste, a Pinacoteca abrigava-se numa instituição escolar,
enquanto que o Museu de Estado nasce com autonomia e uma sede mais apropriada,
há nesse sentido também, o ingresso de obras dos ligados ao Rio de Janeiro, e
interesse pelos paulistas, ignorando outros centros. De caráter conservador, a
Pinacoteca fechou-se durante muito tempo as mudanças e inovações artísticas e
estéticas, dando preferência a arte oitocentista e a acadêmica, sem ceder aos
modernistas, sendo que a criação em 1951 do Salão Paulista de Arte Moderna, resulta
numa abertura ainda maior para renovação da coleção. Hoje já é possível acompanhar
as mudanças visitando o acervo, através de obras de Anita Malfatti, Victor Brecheret,
Tarsila do Amaral, e Lasar Segall. Mas, de fato, a Pinacoteca, documenta as grandes
dificuldades vivenciadas pelas obras modernas nos anos 50, até por que após as
primeiras edições do Salão Paulista de Arte Moderna, estas deixaram de interessar por
tornarem-se irrelevantes em comparação aos recursos da Bienal de São Paulo.

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