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CONCEITOS GERAIS

UTILIZADOS EM
PARASITOLOGIA
Agente Etiológico. É o agente causador ou responsável pela origem da doença.
Pode ser um vírus, bactéria, fungo, protozoário, helminto.

Agente Infeccioso. Parasito, sobretudo, microparasitos (bactérias, fungos,


protozoários, vírus etc.), inclusive helmintos, capazes de produzir infecção ou
doença infecciosa (OMS, 1973).

Antroponose. Doença exclusivamente humana. Por exemplo, a filariose


bancrofiiana, a necatorose, a gripe etc.

Antropozoonose. Doença primária de animais, que pode ser transmitida aos


humanos. Exemplo: brucelose, na qual o homem é um hospedeiro acidental.

Cepa. Grupo ou linhagem de um agente infeccioso, de ascendência conhecida,


compreendida dentro de uma espécie e que se caracteriza por alguma
propriedade biológica e/ou fisiológica. Ex.: a cepa "Laredo" da E. histolytica se
cultiva bem a temperatura ambiente, com média patogenicidade.

Contaminação. É a presença de um agente infeccioso na superficie do corpo,


roupas, brinquedos, água, leite, alimentos etc.
Doença Metaxênica. Quando parte do ciclo vital de um parasito se realiza no
vetor; isto é, o vetor não só transporta o agente, mas é um elemento obrigatório
para maturação e/ ou multiplicação do agente. Ex.: malária, esquistossomose.

Enzoose. Doença exclusivamente de animais. Por exemplo, a peste suína, o


Dioctophime renale, parasitando rim de cão e lobo etc.

Endemia. É a prevalência usual de determinada doença com relação a área.


Normalmente, considera-se como endêmica a doença cuja incidência
permanece constante por vários anos, dando uma idéia de equilíbrio entre a
doença e a população.

Epidemia ou Surto Epidêmico. É a ocorrência, numa coletividade ou região,


de casos que ultrapassam nitidamente a incidência normalmente esperada de
uma doença e derivada uma fonte comum de infecção ou propagação.

Epidemiologia. É o estudo da distribuição e dos fatores determinantes da


frequência de uma doença (ou outro evento). Isto é, a epidemiologia trata de
dois aspectos fundamentais: a distribuição (idade, sexo, raça, geografia etc.) e
os fatores determinantes da freqüência (tipo de patógeno, meios de transmissão
etc.) de uma doença.
Estádio. É a fase intermedihia ou intervalo entre duas mudas da larva de um
&pode ou helrninto.

Estágio. É a forma de transição (imaturos) de um artrópode ou heirninto para


completar o ciclo biológico.

Fase Aguda. É aquele período após a infecção em que os sintomas clínicos são
mais marcantes (febre alta etc.).

Fase Crônica. É a que se segue a fase aguda; caracteriza- se pela diminuição da


sintomatologia clínica e existe um equilíbrio relativo entre o hospedeiro e o
agente infecc,ioso.

Fômite. É representado por utensílios que podem veicular o parasito entre


hospedeiros. Por exemplo: roupas, seringas, espéculos etc.

Fonte de Infecção. "É a pessoa, coisa ou substância da qual um agente


infeccioso passa diretamente a um hospedeiro.

Hábitat. É o ecossistema, local ou órgão onde determinada espécie ou


população vive. Ex.: o Ascaris lumbricoides tem por hábitat o intestino delgado
humano.
Hospedeiro. É um organismo que alberga o parasito. Exemplo: o hospedeiro do
Ascaris lumbricoides é o ser humano.

Hospedeiro Definitivo. É o que apresenta o parasito em fase de maturidade ou


em fase de atividade sexual.

Hospedeiro Intermediário. É aquele que apresenta o parasito em fase larvária


ou assexuada.

Incidência. É a freqüência com que uma doença ou fato ocorre num período de
tempo definido e com relação à população (casos novos, apenas).

Infecção. Penetração e desenvolvimento, ou multiplicação, de um agente


infeccioso dentro do organismo de humanos ou Animais

Infestação. É o alojamento, desenvolvimento e reprodução de artrópodes na


superficie do corpo ou vestes.

Letalidade. Expressa o número de óbitos com relação a determinada doença ou


fato e com relação a população.
Morbidade. Expressa o número de pessoas doentes com relação a população.

Mortalidade. Determina o número geral de óbitos em determinado período de


tempo e com relação a população.

Parasitismo. É a associação entre seres vivos, em que existe unilateralidade de


benefícios, sendo um dos associados prejudicados pela associação.
ENDOPARASITISMO X ECTOPARASITISMO

Parasito Acidental. É o que parasita outro hospedeiro que não o seu normal.

Parasito Facultativo. É o que pode viver parasitando, ou não, um hospedeiro


(nesse último caso, isto é, quando não está parasitando, é chamado vida livre).
Exemplo: larvas de moscas Sarcophagidae, que podem desenvolver-se em
feridas necrosadas ou em matéria orgânica (esterco) em decomposição.

Parasito Heteroxênico. É o que possui hospedeiro definitivo e intermediário.


Exemplos: Trypanosoma cruzi, S. mansoni.

Parasito Monoxênico. É o que possui apenas o hospedeiro definitivo.


Exemplos: Enterobius vermicularis, A. lumbricoides.
Parasito Obrigatório. É aquele incapaz de viver fora do hospedeiro. Exemplo:
Toxoplasma gondii, Plasmodium, S. mansoni etc.

Patogenia ou Patogênese. É o mecanismo com que um agente infeccioso


provoca lesões no hospedeiro. Ex.: o S. mansoni provoca lesões no organismo
através de ovos, formando granulomas.

Patogenicidade. É a habilidade de um agente infeccioso provocar lesões. Ex.:


Leishmania braziliensi tem urna patogenicidade alta; Taenia saginata tem
patogenicidade baixa.

Período de Incubação. É o período decorrente entre o tempo de infecção e o


aparecimento dos primeiros sintomas clínicos. Ex.: esquistossomose mansoni-
penetração de cercária até o aparecimento da dermatite cercariana (24 horas).

Prevalência. Termo geral utilizado para caracterizar o número total de casos de


uma doença ou qualquer outra ocorrência numa população e tempo definidos
(casos antigos somados aos casos novos).
Profilaxia. É o conjunto de medidas que visam a prevenção, erradicação ou
controle de doenças ou fatos prejudiciais aos seres vivos.

Reservatório. São o homem, os animais, as plantas, o solo e qualquer matéria


orgânica inanimada onde vive e se multiplica um agente infecioso

Vetor. É um artrópode, molusco ou outro veículo que transmite o parasito entre


dois hospedeiros

Virulência. É a severidade e rapidez com que um agente infeccioso provoca


lesões no hospedeiro.

Zooantroponose. Doença primária dos humanos, que pode ser transmitida aos
animais. Ex.: a esquistossomose hansoni no Brasil. O humano é o principal
hospedeiro.

Zoonose. Doenças e infecções que são naturalmente transmitidas entre animais


vertebrados e os humanos.
TIPOS DE ASSOCIAÇÃO
ENTRE OS ANIMAIS
PODEM SER:

Harmônicas ou Positivas, quando há beneficio mútuo ou ausência de


prejuízo mútuo;

Desarmônica ou Negativa, quando há prejuízo para algum dos


participantes.

CLASSIFICAÇÃO:

 COMPETIÇÃO: É uma associação desarmônica na qual exemplares da


mesma espécie (competição intra-especifica) ou de espécies diferentes
(competição interespecífica) lutam pelo mesmo abrigo ou alimento, e, em
geral, as menos preparadas perdem.

 CANIBALISMO: É o ato de um animal se alimentar de outro da mesma


espécie ou da mesma família. Esse relacionamento é do tipo desarmônico e que
quase sempre ocom devido à superpopulação e deficiência alimentar no
criadouro, e as formas mais ativas ou mais fortes devoram as menores ou mais
fracas.
 PREDATISMO: É quando uma espécie animal se alimenta de outra
espécie. Isto é, a sobrevivência de uma espécie depende da morte de
outra espécie (cadeia alimentar).

 PARASITISMO: É a associação entre seres vivos, na qual existe


unilateralidade de beneficios, ou seja, o hospedeiro é espoliado pelo
parasito, pois fomece alimento e abrigo para este.

MUTUALISMO: É quando duas,espécies se associam para viver, e


ambas são beneficiadas. E uma associação obrigatória, sendo, por muitos
autores, considerada como uma simbiose.

COMENSALISMO: É a associação harmônica entre duas espécies, na


qual uma obtém vantagens (o hóspede) sem prejuízos para o outro (o
hospedeiro). Exemplo: Entamoeba cozi vivendo nointestino grosso
humano. Essas vantagens podem ser: proteção (habitação),
transporte(meio de locomoção) e nutrição (o hóspede se aproveitados
restos alimentares).
AÇÃO DOS PARASITOS SOBRE O
HOSPEDEIRO
 AÇÁO ESPOLIATIVA: Quando o parasito absorve nutrientes ou
mesmo sangue do hospedeiro. É o caso dos Ancylostomatidae, que
ingerem sangue da mucosa intestinal (utilizam esse sangue para
obtenção de Fe e O, e não para se nutrirem dele diretamente) e deixam
pontos hemorrágicos na mucosa, quando abandonam o local da sucção.

AÇÁO TÓXICA: Algumas espécies produzem enzimas ou


metabólitos que
podem lesar o hospedeiro. Exemplos: as reações alérgicas provocadas
pelos metabólitos do A. lumbricoides, as reações teciduais (intestino,
figado, pulmões) produzidas pelas secreções no miracídio dentro do ovo
do S. mansoni etc.

AÇÁO MECÂNICA: Algumas espécies podem impedir o fluxo de


alimento, bile ou absorção alimentar. Assim, o enovelamento de A.
lumbricoides dentro de uma alça intestinal, obstruindo-a; a G.
lamblia, "atapetando" o duodeno etc.
AÇÁO TRAUMÁTICA: É provocada, principalmente, por formas larvárias
de helmintos, embora vermes adultos e protozoários também sejam capazes de
fazê-lo. Assim, a migração cutânea e pulmonar pelas larvas de
Ancylostomatidae; as lesões hepáticas pela migração da E hepatica jovem; as
úlceras intestinais provocadas pelos Ancylostomatidae e 7: trichiura; o
rompimento das hemácias pelos Plasmodium etc.

AÇÃO IRRITATIVA: Deve-se a presença constante do parasito que, sem


produzir lesões traumáticas, irrita o local parasitado. Como exemplo, temos a
ação das ventosas dos Cestoda ou dos lábios dos A. lumbricoides na mucosa
intestinal.

AÇÁO ENZIMÁTICA: É o que ocorre na penetração da pele por cercárias


de S. rnansoni; a ação da E. histolytica ou dos Ancylostomatidae para lesar o
epitélio intesthal e, assim, obter alimentos assirniláveis etc.

ANÓXIA: Qualquer parasito que consuma o O, da hemoglobina, ou


produ~aa nemia, é capaz de provocar uma anóxia generalizada. E o que
acontece com os Plasmodium ou, em infecções maciças, pelos
Ancylostomatidae.
CLASSIFICAÇÃO DOS PARASITOS
SEGUNDO OS MODOS DE
TRANSMIS SÃO
 Parasitos transmitidos entre pessoas devido ao contato pessoal ou
objetos de uso pessoal (fômites). S. scabiei, P. pubis, P. humanus,
T. vaginalis.

 Parasitos transmitidos pela água, alimentos, mãos sujas ou poeira:


E. histolytica, G. lamblia, T. gondii, H. nana, cisticercose (ovos de
T. solium), A. lumbricoides, T. trichiura, E. vermicularis.

 Parasitos transmitidos por solos contaminados por larva (geo-


helmintoses): A. duodenale, N. americanus, S. stercoralis.

 Parasitos transmitidos por vetores ou hospedeiros intermediários:


Leishmania sp., T. cruzi, Plasmodium sp., S. mansoni, T. solium, T
saginata, W. bancrojii, O. Volvulus, M ozzardi.

 Parasitos transmitidos por mecanismos diversos: larvas de moscas


(miíases), T. penetrans (bicho de pé).
GRUPOS DE INTERESSE EM
PARASITOLOGIA

Os animais que parasitam os humanos estão incluídos em cinco


grandes filos:

Protozoa (animais unicelulares),

Platyhelminthes (vermes achatados),

Nematoda (vermes redondos),

Acantocephala (vermes arredondados, com pseudo-segmentação


e apresentando uma probóscida armada de ganchos)

Arthropoda (insetos e ácaros em geral).


FORMAS DE DISCEMINAÇÃO
Veículo Comum
O agente etiológico pode ser transferido por fonte única, como a água, os alimentos, o ar.
Pode ser resultante de exposição simples ao agente ou exposições continuadas por um
determinado período de tempo. As infecções alimentares e a cólera (transmissão pela
água) são exemplos de doenças transmitidas por veículo comum.

PropagaGáo de Pessoa a Pessoa


O agente é disseminado através de contato entre indivíduos infectados e suscetíveis, por
via respiratória (sarampo), oral-mal, genital (HIV) ou por vetores (leishmaniose, malária,
doença de Chagas).

Porta de Entrada no Hospedeiro Humano


Trato respiratório (tuberculose), gastrintestinal (colera), geniturinário (HIV), cutâneo
(leishmaniose, doença de Chagas).

Reservatórios dos Agentes


Quando o homem é o único reservatório dos agentes a doença é classificada como uma
antroponose (sarampo, filariose bancroftiana); quando o homem e outros vertebrados são
reservatórios, a doença é classificada como uma zoonose (leishmaniose, doença de
Chagas).
MEDIDAS PREVENTIVAS

1- PREVENÇÃO PRIMÁRIA

Medidas que procuram impedir que o indivíduo adoeça, controlando


os fatores de risco; agem, portanto, na fase prépatogênica ou na fase em
que o indivíduo encontra-se sadio ou suscetível. Podem ser primordiais
(moradia adequada, saneamento ambiental, incluindo tratamento de água,
esgoto e coleta de lixo, educação, alimentação adequada, áreas de lazer) e
específicas (imunização, equipamento de segurança, uso de camisinha,
proteção contra acidentes).

As ações de controle de vetores, por interromperem os ciclos


biológicos dos agentes infecciosos na natureza, são medidas de prevenção
primária específica (exemplo: uso de inseticida para controle de
triatomíneos que são os vetores do Tiypanosoma cruzi, agente etiológico
da doença de Chagas).
2. PREVENÇÃO SECUNDÁRIA
Medidas aplicáveis aos indivíduos que se encontram sob a ação do agente
patogênico (fase subclínica ou clínica). Estas medidas procuram impedir que a
doença se desenvolva para estágios mais graves, que deixe sequelas ou
provoque morte. Entre estas medidas, estão o diagnóstico da infecção ou da
doença e o tratamento precoce.

3. PREVEÇÃO TERCIÁRIA

Consiste na prevenção da incapacidade através de medidas destinadas a


reabilitação, aplicadas na fase em que esteja ocorrendo ou que já tenha ocorrido
a doença. Entendese
como o processo de reeducação e readaptação de pessoas acometidas por
acidentes ou que estejam com sequelas em decorrência de alguma doença. Inclui
a reabilitação (impedir a incapacidade total), a fisioterapia, a terapia
ocupacional, as cirurgias de reparo e a colocação de próteses. O implante de
marcapasso em pacientes com doença de Chagas é um exemplo de prevenção
terciária. Muitas vezes a prevenção secundária e a terciária são aplicadas em
conjunto.

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