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Índice
ÍNDICE ....................................................................................................................................1
CAPÍTULO 3.........................................................................................................................1
CAPÍTULO 3
Este tipo de rotor tem o aspecto da gaiola simples, embora as barras que
constituem o seu enrolamento sejam de considerável profundidade. As suas
características de arranque são análogas às do rotor de gaiola dupla.
Rotor bobinado
anéis em cobre isolados e solidários com o rotor. A ligação ao exterior é obtida através
de 3 escovas que fazem contacto com cada um destes anéis, figura 3.2.
simples
⎧⎪Rotor em gaiola ⎨dupla
⎧
⎪
Máquinas Assíncronas ⎨ ⎩⎪de barras profundas
⎪⎩ Rotor bobinado
Analisemos com um pouco mais de pormenor, as principais partes construtivas
desta máquina.
assim utilizar um material com uma pequena área do ciclo de histerese e com
resistência elevada, de preferência um material não condutor. Normalmente utilizam-se
chapas empilhadas e isoladas umas das outras. Em ambos os núcleos há cavas onde são
colocados os condutores que constituem os enrolamentos. As perdas magnéticas no
rotor são normalmente menos importantes que as perdas magnéticas no estator.
A figura 3.4 apresenta algumas formas dos condutores (definidos pela forma da
respectiva cava) tanto para máquinas de gaiola simples como de gaiola dupla, bem
ainda como de barras profundas.
Os anéis e escovas, têm unicamente por função permitir ligar um ponto do rotor
ao exterior. Os anéis são contínuos e constituem um ponto das máquinas onde são
importantes as preocupações com o desgaste e consequentes custos de manutenção.
Cap. 3 Máquinas de Indução Polifásicas 7
y
2
5 4
1 x
6
Posição do campo
y θs θsr
2
θ
5
4
1 x
6
As tensões U’r e U’’r têm a mesma amplitude, mas estão desfasadas de um ângulo
θ.
Definam-se agora as posições como:
θ – posição do rotor medido entre os eixos de simetria das fases 1 e 4.
θs – posição de um determinado ponto da periferia no referencial do estator,
medido em relação ao eixo de simetria da fase 1.
θsr – posição de um determinado ponto da periferia no referencial do rotor,
medido em relação ao eixo de simetria da fase 4.
Nestas condições, tem-se:
θ sr = θ s − θ (3.1)
Derivando, obtém-se:
ω sr = ω s − ω m (3.2)
Cap. 3 Máquinas de Indução Polifásicas 9
e atendendo a que
ω s − ωm
ω sr = ωs (3.4)
ωs
tem-se:
ω sr = sω s (3.5)
Por sua vez, a força electromotriz vista do lado do rotor, que é a derivada em
relação ao tempo do fluxo, é também proporcional à frequência com que o fluxo varia
no rotor. Assim, a relação entre a força electromotriz do estator e do rotor será:
Er = sE s (3.6)
Figura 3.9:
R'r
Is Rs Ld1 L'd2 s I'r
U'r
Us Es Rfe LM s
Onde:
• Us e Is – tensão e corrente no estator
• U'r e I'r – tensão e corrente no rotor reduzidas
• Rs e Rr – resistências do estator e do rotor reduzida
• Ld – coeficientes de dispersão
• Rfe e LM – coeficientes do ramo de magnetização
Cap. 3 Máquinas de Indução Polifásicas 11
C1. Introdução.
A máquina assíncrona pode ser estudada através do seu esquema equivalente (fig.
3.10).
O esquema equivalente da máquina assíncrona é semelhante ao esquema
equivalente do transformador. Apenas há a considerar que duas das grandezas relativas
ao rotor, resistência e tensão, aparecem divididas pelo escorregamento s. Tal como no
caso do transformador, as grandezas do rotor podem ser reduzidas ao estator e vice-
versa.
Dada a semelhança entre os esquemas equivalentes do transformador e da
máquina assíncrona, o estudo que aqui apresentaremos será válido também (com poucas
alterações) para o caso do transformador.
Esquema equivalente
⎡U1 ⎤ ⎡r1 + j ( X 1 + X m ) jX m ⎤ ⎡I ⎤
⎢U ⎥ = ⎢ ⎥ 1 (3.8)
+ j ( X 2 + X m )⎥ ⎢⎣ I 2 ⎥⎦
r2
⎢ 2⎥ ⎢ jX m
⎣ s ⎦ ⎣ s ⎦
r1 j X1 j X2
__ __
I I2
__1
U1 r2
__
j Xm s
(a)
r1 j X1 j X2 r2
__ __
I I2
__1
U1 r 2 (1-s)
___
j Xm s
(b)
Fig. 3.12 Esquemas equivalentes da máquina com o rotor em curto circuito
Como
r2 1-s
s = r2 + s r2 (3.9)
este esquema equivalente pode tomar a forma que se indica na figura 3.12 b.
Cap. 3 Máquinas de Indução Polifásicas 13
O binário pode ser dado pela potência que se converte em mecânica Pem a dividir
pela velocidade de rotação expressa em radianos por segundo. Assim, quando a
máquina se encontrar com os enrolamentos do secundário em curto-circuito, ter-se-á:
Pem 1 1-s
Mem = =3 r I 2 (3.10)
ωm ωm s 2 2
ω
ωm = p (1-s) (3.11)
tira-se
2
3p r2 I2
Mem = (3.12)
ω s
Potência eléctrica
de entrada
Potência Perdas de
Electromagnética Joule no
Rotor
Perdas
Mecânicas
Potência
Mecânica
útil
* As perdas no ferro não se encontram representadas neste esquema equivalente. Mais à frente
será visto como poderão ser representadas.
14 Máquinas Eléctricas
r2 I22
Pe = 3 s (3.13)
Pem = (1 - s) Pe (3.14)
PJr = s Pe (3.15)
Esta relação determina a relação entre as perdas de Joule no rotor e a potência que
atravessa o entreferro.
A figura 3.14 apresenta o esquema equivalente e a respectiva representação de
perdas e potências.
4
Is/IN
2
0
-1 -0.5 0 0.5 1 1.5 2
4
Ir/IN
0
-1 -0.5 0 0.5 1 1.5 2
4
2
T/TN
0
-2
-4
-1 -0.5 0 0.5 1 1.5 2
1
0
FP
-1
-1 -0.5 0 0.5 1 1.5 2
N/Ns
Fig. 3.17 Esquema equivalente reduzido ao primário com representação das perdas
magnéticas
⎡ ⎤
⎢ U 1 ⎥ ⎡ Z1 + Z m Zm ⎤ ⎡ I1 ⎤
⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎢ ⎥
⎢ ⎥=⎢ ⎥⎢ ⎥ (3.16)
⎢U 2' ⎥ ⎢ Z
⎢ ⎥ ⎣ m ( )
Z 2' + Z m ⎥⎦ ⎢⎣ I 2' ⎥⎦
⎣ s ⎦
onde,
Z1 = r1 + jX 1
' r2'
Z2 = + jX 2' (3.17)
s
Z m = rm + jX m
⎡ ⎤ ⎡ ⎤
⎢ U 1 ⎥ ⎡ Z1 + Z m aZm ⎤ ⎢ I1 ⎥
⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎢ ⎥
⎢ ⎥=⎢ ⎥⎢ ⎥ (3.18)
⎢ U 2 ⎥ ⎢ aZ
⎢a
'
⎥ ⎣ m ( ⎢ ⎥
)
a 2 Z 2' + Z m ⎥⎦ ⎢ I 2' ⎥
⎣ s ⎦ ⎣a ⎦
2 ,
Z 1+(1-a)Z m a (Z m+Z 2)-aZ m
U1 I1 a Zm I´2 a U2'
a s
Fig.3.18
18 Máquinas Eléctricas
O esquema ficará
_ _ r' 2 _ 2
_ 2 ___
a r
1
jX1 a jX' 2 a s a
__ __
I1 I'
__
_2
r jX 1 rm __
__ 1 a
U' _
U __2 a
1 s
jXm
__
__
__ R2
___
jXcc s
R1
__ __
I1 I''
2 __
r jX 1 rm
__ 1 U' _
U __2 a
1 s
jXm
Fig.3.19
pois
a Z m = Z m + Z1 (3.20)
e
2 2 2 2
a Z m + Z' 2 - a Z m = a Z' 2 + a - a Z m = a Z' 2 + a a - 1 Z m
2
= a Z' 2 + a Z 1 (3.21)
R1 = a r1
X 1 = a x1
2
R 2 = a r' 2
2 (3.22)
X 2 = a x' 2
X cc = X 1 + X 2
Zm + Z1
a=
Zm
Se rm << Xm então
X1 R + Rm
a = 1+ −j 1 (3.23)
Xm Xm
EXEMPLO 3.1
Resolução.
L r +r
a = 1 − j 1 m = 1.073 − j0.09
M' ωM '
Desprezando a parte imaginária de a em face da sua parte real,
tira-se:
2 2
R 1=αr 1 R 2=α r' 2 X 1=αx 1 x 2=α x' 2
Em amplitude, tem-se
U1
I”2= (3.25)
2
⎛ R ⎞ 2
⎜ R1 + 2 ⎟ + X cc
⎝ s ⎠
22 Máquinas Eléctricas
3
I2/IN
0
-1 -0.5 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3
N/Nsyn
Binário máximo
d ⎡ ⎛ R2 ⎞
2 ⎤ (3.28)
⎢ s⎜ R1 + ⎟ + sX cc ⎥ = 0
2
ds ⎢ ⎝ s ⎠ ⎥⎦
⎣
ou seja
Cap. 3 Máquinas de Indução Polifásicas 23
2
⎛ R ⎞ ⎛ R ⎞R 2
⎜ R1 + 2 ⎟ − 2 s⎜ R1 + 2 ⎟ 22 + X cc = 0 (3.29)
⎝ s ⎠ ⎝ s ⎠s
3 pU12
Mmáx=± (3.32)
2ω ⎡± R1 + R12 + X cc
2 ⎤
⎢⎣ ⎥⎦
Comentários
As expressões 3.31 e 3.32 permitem concluir que o binário máximo não depende
da resistência do secundário. Contudo o valor daquela resistência é determinante no
cálculo do escorregamento para o qual ele se verifica (sm). Assim introduzindo
resistências no secundário obteremos curvas de binário caracterizadas por binário
máximo constante. O valor do escorregamento para o qual esse binário se verifica é
dependente da resistência do secundário.
Considerando que R1<<Xcc podemos concluir da expressão 3.32 que o binário
electromagnético máximo é praticamente igual na situação gerador e de motor. Na
situação do gerador é em valor absoluto um pouco superior à situação de motor pois o
termo R1 encontra-se a subtrair no divisor enquanto que na situação de motor o mesmo
se encontra a somar.
24 Máquinas Eléctricas
• Da expressão 3.31 podemos concluir que quanto menor for a relação R2/Xcc
menor é o valor absoluto do escorregamento para o qual corresponde o binário máximo
sm. Verifica-se que quanto maior for a potência da máquina, menor é sm e por
consequência menor é o escorregamento a que corresponde o funcionamento normal da
máquina.
Binário de Arranque
M arr
Karr = (3.36)
MN
Este parâmetro é normalmente dado pelos fabricantes das máquinas no caso das
máquinas de rotor em gaiola.
Para que o binário de arranque seja igual ao binário máximo deve-se introduzir
s=1 na expressão 3.31. Da expressão 3.33 aproximada, pode-se concluir que para que o
binário de arranque seja igual ao binário máximo, a resistência total do secundário
deverá ser igual à reactância de dispersão Xcc.
O binário de arranque é tanto menor quanto maior for a reactância de dispersão da
máquina. De igual modo, uma resistência R2 baixa implica também um binário de
arranque baixo.
Cap. 3 Máquinas de Indução Polifásicas 25
donde
s I”2
=
R2 U1 (3.39)
Quando o escorregamento for elevado (em módulo), isto é, quando for pelo
menos duas vezes superior ao escorregamento a que corresponde o binário máximo sm,
a corrente I’’ é praticamente constante. O binário será dado por:
p
R I ’’2
3
ω 2 2
Mem = s (3.41)
26 Máquinas Eléctricas
4 pequeno
escorreg.
3
grande
[Mem/MNn]
escorreg.
2
0
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
[N/Nsyn]
Fórmula de Kloos
2 2 ⎡⎢ R1 + R12 + X cc
2 ⎤
R
Mem s ⎣ ⎥⎦
Mmáx = (3.42)
2
⎛ R2 ⎞ 2
⎜ R1 + ⎟ + X cc
⎝ s ⎠
R2
R12 + X cc
2
=s
m
⎛ R ⎞
2⎜⎜1 + 1 s m ⎟⎟
Mem ⎝ R2 ⎠
Mmax ≈ (3.43)
s s R
+ m + 2 1 sm
sm s R2
Aproximação de Kloos
2.5
Exacta
1.5
[Mem/MN]
Kloos
1
0.5
0
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
[N/Nsyn]
Esta expressão mostra que para a zona de cargas normais o binário é proporcional
ao escorregamento tal como se tinha concluído na expressão 3.37.
28 Máquinas Eléctricas
EXEMPLO 3.2
Considere uma máquina de rotor em gaiola de esquilo com as
seguintes características nominais:
PN=275kW UN=600V 50Hz P=2 NN=1451rpm.
Esta máquina pode ser modelizada através do seu esquema
equivalente em ângulo com os seguintes parâmetros:
R1=0.0143 R2=0.0382 Xcc=0.2649 I0=8.182-j76.81
Resolução
1.O escorregamento para o qual se obtém o binário máximo pode ser
calculado a partir do esquema equivalente em ângulo. Obtém-se:
R2
sm= ± = ± 0.144
R1 +Xcc2
2
O binário máximo na situação de motor e gerador será
3p U12
Mmáx=±
[
2ω ± R1+ R12+Xcc2 ]
Obtém-se
p
3 R2 U12
ω
Marr = = 1240 Nm
(R1+R2)2+Xcc2
donde
Marr/MN = 0.69
Cap. 3 Máquinas de Indução Polifásicas 29
2
Mem
1.5
Mem/MN
P1 + Mc + P2
1
- -
0.5
0
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
[N/Nsyn]
∆N positivo.
Neste caso o binário acelerador é positivo. A máquina vai aumentar a sua
velocidade de rotação afastando-se de P1.
∆N negativo.
Neste caso o binário acelerador é negativo. A máquina vai diminuir a sua
velocidade de rotação afastando-se de P1.
Diz-se que o ponto P1 é um ponto de funcionamento instável. Com efeito, estando
a máquina a funcionar naquele ponto, uma perturbação aplicada à máquina faz com que
esta se afaste deste ponto de funcionamento.
∆N positivo.
Neste caso o binário acelerador é negativo. A máquina vai diminuir a sua
velocidade de rotação tornando a aproximar-se de P2.
∆N negativo.
Neste caso o binário acelerador é positivo. A máquina vai aumentar a sua
velocidade de rotação tornando a aproximar-se de P2.
Diz-se que o ponto P2 é um ponto de funcionamento estável. Com efeito, estando
a máquina a funcionar naquele ponto, uma perturbação aplicada à máquina tem como
resposta desta uma acção que actua no sentido de voltar a funcionar naquele ponto de
funcionamento.
Do que se acabou de descrever, pode-se concluir que para que a máquina tenha
um funcionamento estável é necessário que o binário acelerador seja positivo à
esquerda e negativo à direita, isto é, positivo para velocidades abaixo do ponto de
equilíbrio e negativo acima daquele ponto. Por outro lado, deve-se notar que a
estabilidade de um determinado ponto depende das características da máquina e da
carga.
Cap. 3 Máquinas de Indução Polifásicas 31
2.5
2
Mem
Mc
1.5
Mem/MN
P1 -
1
+
0.5
0
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
[N/Nsyn]
A figura 3.25 ilustra este facto. Com efeito, o ponto de funcionamento P1, que era
instável com a característica de carga da figura 3.25 é agora estável com outra
característica de carga.
ω - p ωmm
sm = (3.48)
ω
3pU12
Mmáx ≅ (3.50)
2ωXcc
2.5
1.5
Mem/MN
1
Mc
0.5
0
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
[N/Nsyn]
U/f=Cte
Introdução
f(P2) é representada por uma curva de pequena inclinação relativamente ao eixo das
abcissas.
Assim o motor assíncrono é uma máquina de velocidade aproximadamente
constante.
1
η
0.8
Is,
T, Fp
Fp 0.6
,s,
η Is
0.4
Tem
0.2
s
0
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2
Pu/PN
Rendimento η = f(P2).
diminuição não ultrapassa 4 a 8% e por essa razão estas perdas são consideradas perdas
constantes no motor. As perdas no cobre e as perdas adicionais variam com a carga.
As perdas na máquina de indução, tal como noutros tipos de máquinas, podem ser
decompostas na soma de duas parcelas: uma parcela correspondente às perdas
constantes (independentes do estado de carga) e outra parcela de perdas variáveis com a
carga. Se se atender ao esquema equivalente em ângulo pode-se escrever:
onde
2
po = pfe + pmec + 3 r1 I0 (3.54)
po = 3(R1+R2)I”22 (3.58)
Resolução:
a) Em vazio, recorrendo ao esquema equivalente em ângulo (exemplo
3.2), tem-se:
Zo = U1/I0 = 0.4751+j4.46 Ω
Obtém-se:
cos ϕ = 0,1
η= 0 (a potência útil é nula)
donde
Pu=147.7kW P1=159.57kW
38 Máquinas Eléctricas
η=92.6%
donde
Pu=276kW P1=298kW
η=92.9%
Comentário.
O ponto intermédio corresponde aproximadamente a 50% da carga
nominal. Verificamos que para este ponto o rendimento já é elevado,
muito próximo do nominal. O mesmo se passa para o factor de potência.
Introdução
_
U1 1
_ Motor
I''2
_
I0 2
3
_
I''2
Gerador
4
E1. Introdução
Esta secção é dedicada aos ensaios sobre o motor de indução. Sem pretensões de
exaustão procura-se descrever e analisar os ensaios mais vulgarmente utilizados.
O ensaio em vazio é dos ensaios que permite obter mais informação: perdas no
ferro, corrente de magnetização, perdas mecânicas e factor de potência em vazio.
Coloca-se a máquina a rodar com o rotor curto-circuitado e sem qualquer carga
mecânica no veio. O estator deverá ser alimentado por um sistema trifásico de tensões
de frequência constante e amplitude variável. Pode utilizar-se para isso um auto-
transformador com regulação de tensão em carga. Depois da máquina ter rodado algum
tempo e de se ter verificado que todas as ligações estão correctas, sobe-se a tensão de
20% sobre o valor nominal e mede-se a corrente e a potência. Depois fazem-se leituras
da potência, tensão e corrente para valores sucessivamente mais reduzidos de tensão
aplicada até que a corrente comece a subir de novo.
A figura 3.33 mostra as curvas típicas que se obtêm com este ensaio.
.4 .04
I1
S
IN .3 .03
.2 .02
.1 .01
0 0
0 .25 .5 .75 1 1.25 0 .25 .5 .75 1
U1/Un U1/Un
1 .04
cos ϕ
P1
.75
PN .03
.5 .02
0
0
0 .25 .5 .75 1 1.25 0 .25 .5 .75 1
U1/Un U1/Un
Na máquina de rotor bobinado, o ensaio em vazio poderá ser feito também com a
máquina parada e com os enrolamentos do rotor em aberto. Os resultados que se obtêm
são diferentes dos do ensaio acima descrito. Note-se que agora a máquina está parada e
portanto não existem perdas mecânicas. Além disso devemos considerar que no núcleo
do rotor roda um campo girante de frequência nominal. Assim, enquanto que na
situação normal as perdas no ferro do rotor são desprezáveis, nesta situação elas são
muito importantes.
Voltar-se-á a falar neste ensaio na sub-secção 8 designada por discriminação das
perdas.
.2 Z .8
P1 U1/UN
X
PN .15 P1
.6
cosϕ
.1 U1 .4
cos ϕ
.05 R .2
0
0 .5 1 1.5 2
I1/IN
Exemplo 3.5
Determinação dos parâmetros do esquema equivalente a partir dos
ensaios em vazio e em curto-circuito
Resolução:
O esquema equivalente em ângulo encontra-se representado na figura
3.20.
Ensaio em vazio.
Como a máquina roda a uma velocidade muito próxima da velocidade
de sincronismo pode admitir-se (N=Nsyn) e por consequência o
escorregamento será nulo. Assim, a resistência R2/s tenderá para o
infinito. O esquema equivalente tomará a forma:
ro
__
I
__1
U1 jXo
380
U1 3 = 220 = 44Ω
Zo = =
Io 5 5
Po 630
cos ϕ o = = = 0,19 → ϕ o = 79°
3 U1 Io 3.220.5
donde
j 79°
Z o = 44 e = 8.4 + j 43 Ω
e a corrente de magnetização será:
- j 79°
Io = 5 e
__
I1 ro R +R
1 2
__
U jXo jX cc
1
UN
Ucc
IN I arr
UN
I 1arr = I cc = 380 . 8.1 = 38.5 A
U cc 80
660
cos ϕ cc = = 0.588 → ϕ cc = 54°
3 80.8.1
Assim
- j 54°
I 1arr = 38.5 e A
Como
_ _ _
‘‘
I2arr = I 1arr - I 0
Tem-se
_
‘‘
I2arr = 38.5 e-j54° - 5 e-j79° = 34 e-j50°
j 50 j 5 0
Z cc = 220 e = 6.47 e = 4.16 + j 4.96 Ω
34
donde
R2 = 4.16 - 1.5 = 2.66 Ω
NOTA
Neste exemplo teve-se o cuidado (no ensaio em curto-circuito) de
considerar também a corrente de magnetização. Frequentemente, os
valores de Rcc e Xcc são calculados desprezando esta corrente. Note-se
Cap. 3 Máquinas de Indução Polifásicas 47
As perdas nas escovas (g) para todas as escovas, são calculadas tomando a
corrente no rotor e multiplicando o seu valor por 1V.
48 Máquinas Eléctricas
No caso de uma máquina de pequena potência pode usar-se como carga um travão
ou uma máquina de corrente contínua funcionando como gerador. O motor de indução
encontra-se sob tensão e frequência nominais e os enrolamentos do rotor em curto-
circuito. A carga mecânica deverá variar entre zero e os 50 ou 100% de sobrecarga.
Dever-se-á ler a tensão de alimentação, a corrente, a potência de entrada e a velocidade.
Além das perdas de Joule no cobre que são fáceis de calcular, ocorrem as
seguintes perdas no motor de indução:
F1. Generalidades
onde
N - velocidade de rotação em rotações por minuto
f - frequência de alimentação em Hertz
s - escorregamento
p - número de pares de pólos
Da expressão 3.63 pode concluir-se que para variar a velocidade de rotação pode-
se actuar em 3 grandezas:
1. Na frequência de alimentação
2. No número de pares de pólos
3. No escorregamento
Estas 3 possibilidades são utilizadas para variar a velocidade de rotação da
máquina de indução.
a) b)
Onde U'1, f'1, M'em são a tensão, a frequência e o binário numa situação e U1, f1,
Mem as mesmas grandezas na outra situação.
donde
U '1 f '1
= (3.67)
U1 f1
2
U '1 ⎛ f '1 ⎞
=⎜ ⎟ (3.68)
U1 ⎜⎝ f1 ⎟⎠
A equação 3.65 constitui a lei de variação já analisada na secção D4.
Esta regulação é bastante simples. Para que seja possível, é necessário que tenha
sido prevista na construção da máquina. Trata-se de uma variação por escalões e não
uma variação contínua.
Este processo está normalmente restringido a duas velocidades de sincronismo se
bem que existam máquinas com possibilidade de utilização de 4 velocidades de
sincronismo. Normalmente é utilizado em máquinas de rotor em gaiola. Nas máquinas
de rotor bobinado o processo é mais complicado pois quando se alterar o número de
pares de pólos do estator torna-se necessário também alterar o número de pares de pólos
do rotor.
a b c d e f g
S N S N S N S N a) Ligações
8 pólos
b) Fmm
resultante
a b c d e f g
S N S N c) Ligações
4 pólos
d) Fmm
resultante
L1
L1
1U 2U
2U 2W
1U 1W
1W 1V
2W 1V 2V
L3 L2
2V L3 L2
Iabs/IN
0.7
2
0
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
3
1
2
Mem/MN
0.7
0
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
N/Nsyn
Pext = s P1 (3.69)
η=1-s (3.70)
Daqui se conclui que este processo de regular a velocidade se fez à custa do
rendimento do sistema. À potência dissipada nas resistências dá-se o nome de potência
de escorregamento.
Cap. 3 Máquinas de Indução Polifásicas 55
Iabs/IN 2
5Rr
0
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
3
5Rr 3Rr
Rr
2
Mem/MN
0
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
N/Nsyn
aqueles que estão a ter mais sucesso são o Sistema de Recuperação de Energia de
Escorregamento, também conhecido por Cascata Hipossíncrona, e o sistema que
consiste na alimentação do rotor da máquina com um cicloconversor. Ambos os
processos se aplicam a máquinas na gama de potências da ordem dos 500 kW a 20 MW.
T [Nm]
Tc
N1 N2 N3 N4
N [rpm]
T2 T3 T4
T1
2.5
1.5
Mem/MN Mem
1
Mc
0.5
0
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
[N/Nsyn]
Para que a máquina arranque é necessário que este binário acelerador seja
positivo, isto é, que o binário electromagnético seja maior do que o binário de carga.
A equação fundamental da mecânica escreve-se
dωm
J dt = Mem-Mc (3.71)
onde
ω
ωm = p (1-s) (3.72)
J = JM + Jc Momento de inércia do motor + carga
Da equação 3.71 tira-se:
1 t
ωm =
∫
J 0
( M em − M c )dt (3.73)
Mem 150
N 1500
[Nm]
125 [rpm]
1250
100 1000
75 750
50 500
25 250
0 0
0 .25 .5 .75 1 0 .25 .5 .75 1
Tempo [s] Tempo [s]
1 t Mmáx
ωm =
J 0 ∫
M máx dt = J t (3.74)
ω Mmáx
p = J TA (3.75)
donde
ωJ
TA = p M (3.76)
máx
A constante TA designa-se por constante de tempo de arranque e é sempre um
tempo menor do que o tempo de arranque. Permite-nos estabelecer uma primeira escala
de tempo para o traçado da figura 3.45.
Como é sabido, o binário electromagnético depende do quadrado de tensão de
alimentação. Existem vários tipos de arranque caracterizados por uma redução de
tensão de alimentação com o objectivo de baixar o pico de corrente de arranque num
motor de indução. Quando tal for utilizado, é necessário ter em atenção o que o binário
de arranque também fica reduzido e pode ocorrer que se torne mais baixo do que o
binário necessário para fazer arrancar a máquina. Nesta situação esta ficará imóvel ou
rodará em sentido contrário apesar de ser percorrida por correntes elevadas.
60 Máquinas Eléctricas
ω
pJr = s Pe = s p Mem (3.77)
e
dωm ω ds
Mem - Mc = J dt = -J p dt (3.78)
Quando Mc = 0 tem-se
2
⎛ω ⎞ ds
pJr = -s ⎜⎜ ⎟⎟ J dt (3.79)
⎝ p⎠
A energia perdida nos enrolamentos do rotor durante o arranque será:
0
⎛ ω ⎞ ⎡ s2 ⎤
2 2 2
⎛ ω ⎞ ds
tA ⎛ω ⎞ 0
WR=
0∫− s⎜⎜ ⎟⎟ J dt =J
⎝ p ⎠ dt
⎜⎜ ⎟⎟
⎝ p⎠ ∫
1
− sdσ =J ⎜⎜ ⎟⎟ ⎢− ⎥
⎝ p ⎠ ⎣⎢ 2 ⎥⎦1
2
1 ⎛ω ⎞
= 2 J ⎜⎜ ⎟⎟ (3.80)
⎝ p⎠
tA ω
W’ =
∫0 p
s
M c dt (3.81)
1. Arranque directo
Este tipo de arranque consiste em ligar a máquina, com o rotor em curto circuito,
directamente à rede de energia. É caracterizado por uma grande simplicidade e por
grandes correntes de linha que podem reflectir-se negativamente na rede eléctrica de
alimentação. Estes efeitos são tanto maiores quanto menor for a potência de curto-
circuito da rede no local onde a máquina se encontrar ligada.
Este processo de arranque é ideal nos casos onde a intensidade de corrente de
arranque é aceitável e se o binário de arranque do motor for suficientemente superior ao
da carga. A intensidade de corrente de arranque é bastante elevada, da ordem de 4 a 8
vezes a intensidade nominal. Normalmente o binário durante o arranque é sempre maior
do que o binário nominal (salvo algumas excepções) sobretudo no caso de motores com
gaiolas complexas. O binário atinge um máximo a cerca de 80% da velocidade nominal.
A partir deste valor a intensidade de corrente é consideravelmente reduzida (fig.3.46).
6 4
3.5
5
3
4
2.5
Mem/MN
3 2
I/IN
1.5
2
1
1
0.5
0 0
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
[N/Nsyn] [N/Nsyn]
Auto- Motor
Transformador
6 4
Directo
3.5
5
3
4
2.5
I/In 3 2
c/ Auto-transformador 1.5 Directo
2
1 c/ Auto-transformador
1
0.5
0 0
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
[N/Nsyn] [N/Nsyn]
3. Arranque estrela-triângulo
Este tipo de arranque só pode ser aplicado a máquinas que tenham acessíveis as
seis extremidades dos 3 enrolamentos do estator e que tenham sido dimensionados para
funcionar em regime normal ligados em triângulo, isto é, os seus enrolamentos são
alimentados a 400 V. Consiste em arrancar o motor, ligando no primeiro tempo do
arranque os enrolamentos em estrela, ou seja sob uma tensão reduzida de
3 (cerca de 58%) da tensão nominal. Esta tensão é constante durante todo o primeiro
tempo. Tendo o motor atingido uma velocidade considerável, os seus enrolamentos são
ligados em triângulo (2º tempo) a que corresponde a situação normal de funcionamento.
Sendo a tensão aplicada ao motor reduzida de 3 , a corrente no motor é reduzida
de 3 e o seu binário vem para 1/3 do binário correspondente à ligação em triângulo. A
corrente de alimentação na linha também é reduzida de 1/3.
As características de arranque neste caso estão indicadas na figura 3.50.
Do que atrás ficou dito pode-se concluir que o arranque estrela-triângulo é
semelhante ao arranque por auto-transformador quando a sua relação de transformação
64 Máquinas Eléctricas
for m = 1/ 3 . É assim um processo mais limitativo que no caso anterior. Contudo tem
a vantagem de ser mais simples e portanto mais barato. Tem o inconveniente de exigir
uma máquina construída para uma tensão de 400 V.
6 4
Directo
3.5
5
3
4
2.5
Mem/MN
3 2
I/In
0 0
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
[N/Nsyn] [N/Nsyn]
4.1 Resistência
L1 L2 L3 L1 L2 L3
Motor Motor
1º Tempo 2º Tempo
O binário inicial de arranque é relativamente baixo (valor típico: 0,5 MN) para
uma ponta de corrente ainda elevada (valor típico 4.8 IN).
A tensão aplicada aos terminais do motor vai variando à medida que a velocidade
aumenta e que a corrente diminui. A intensidade é máxima no instante de ligação a que
corresponde uma tensão mínima aplicada à máquina. Assim a tensão, e por conseguinte
o binário, vai aumentando à medida que a máquina vai acelerando o que é uma situação
mais favorável do que no caso do arranque estrela-triângulo.
6 4
Directo
3.5
5
3
4
c/ resistência 2.5
Mem/MN
3 2
I/In
Direto
1.5
2
1
1 c/ resistência
0.5
0 0
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
[N/Nsyn] [N/Nsyn]
A passagem a “tensão plena” faz-se com regimes transitórios menos violentos que
no caso do arranque estrela-triângulo.
4.2 Indutância
Fig 3.54 Transitório de arranque com ajuda de uma indutância intercalada no circuito
do estator.
3º tempo
2º tempo
1º tempo
3 p U12
Mmáx ≅ (3.82)
2ω (R1+Xcc)
Contudo, o escorregamento para o qual este binário máximo se verifica é função
directa da resistência do rotor.
R2 R2
sm = ≅X (3.83)
R12+Xcc2 cc
6 4
0 3.5
5 2
5 0
3
2
4
2.5
5
Mem/MN
3 2
I/In
1.5
2
1
1
0.5
0 0
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
[N/Nsyn] [N/Nsyn]
Note-se que os valores a adicionar de rad são suficientemente elevados para que
aproximadamente se tenha o binário proporcional à corrente do secundário.
H1. Introdução
µ=∞
µ=∞
Lf pequeno Condutor
L grande
f
com uma resistência do rotor baixa, deve-se construir as suas barras de material com
baixa resistividade e com uma grande secção. Naturalmente que a obtenção de casos
intermédios é feita jogando com estas duas grandezas - a secção da barra e a
condutividade do material condutor.
O motor de indução de dupla gaiola é uma das variedades do motor assíncrono em
curto-circuito e tem como características mais notórias o melhoramento das
características de arranque.
O estator do motor de dupla gaiola é inteiramente idêntico ao estator do motor de
gaiola simples.
As duas gaiolas deste motor têm características construtivas, e por conseguinte,
características eléctricas diferentes.
Grande Resistência
Pequena Dispersão
Pequena Resistência
Grande Dispersão
1.5
Marr
Mem/MN
0.5
Mtr
0
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
[N/Nsyn]
N/Nsyn
Cap. 3 Máquinas de Indução Polifásicas 73
R
___
arr
s
r1 jX1 jX'
tr.ar
__
I rm jX'tr
__1
U1
Rtr
___
j Xm s
R1 jX11
__
I r
__1 m jX jXtr
U arr
1 jX
m Rarr Rtr
s s
EXEMPLO 3.6
Considere uma máquina de rotor em gaiola dupla. Os parâmetros do
seu esquema equivalente simplificado encontram-se indicados na figura
abaixo.
0.6 j1.9
__
I 2 j1.3
__1 j4.5
U
1
j67 2.1 0.4
s s
sN=2%
Fig. 3.62
Determine:
a) Os valores equivalentes das correntes das duas gaiolas nas
seguintes situações:
a.1. Arranque
a.2. Situação nominal
b) Determine o valor da binário nas duas situações anteriores.
Qual a contribuição de cada gaiola. Comente os resultados.
Resolução
R arr
R1 + + j X 11 +j X arr R 1 +j X 11
U1 s I arr
=
U1 R tr I tr
R 1 + j X 11 R1 + +j X 11 + X tr
s
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