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• TECNOLOGIA
• SUSTENTABILIDADE
CADERNO
DE RESÍDUOS
Cobertura dos
Lixo Doméstico
Cuidados no descarte
principais eventos do
de resíduos tóxicos
setor e Especial RCD
Seguro Ambiental
Uma responsabilidade
de quem produz
Ostreicultura
Sustentabilidade em
fazendas submersas
VISÃO AMBIENTAL
O PODER DA
Ano 1 • no 3 • Novembro/Dezembro 2009 •
ENERGIA LIMPA
SUMÁRIO
6 MATÉRIA DE CAPA
O poder da
energia limpa
70
Ostreicultura
Importância
econômica
e sustentabilidade
24 Eco Estilo
57 Visão Empresarial Aventura sobre
Por Juliana Girardelli Vilela duas rodas
15 Visão Científica 58 Visão Econômica
Por Ricardo Ernesto Rose
Por Celso Tomé Rosa
16 Reciclagem Industrial 66 Debate Virtual
Por Raul Lóis Crnkovic
Sustentabilidade: o desafio no 60
21 Visão Política mundo empresarial Seguro Ambiental
Por Carlos Silva Filho Debate sobre o Projeto
de Lei nº 2.313/2003
22 Irrigação Agrícola
Projeto de aplicação de lodo biológico
27 Opinião
Tecla SAP de Copenhagen
68 Visão Pedagógica
28 Resíduos Domésticos Por Wellinton dos Santos
Cuidados no descarte de lixo tóxico
74 Radar
VISÃO AMBIENTAL • NOVEMBRO/DEZEMBRO • 2009
O Sol visto pelo Soft X-Ray
CAPA Telescope : irradiador infinito
O PODER DA
ENERGIA LIMPA
Instituições públicas e privadas se unem
para tentar diminuir os impactos
ambientais e evitar que falte energia
Por Tais Castilho Com o passar do tempo, as preocupações
com a finitude das fontes energéticas tradicio-
As energias renováveis nunca estiveram tão nais fizeram surgir algumas alternativas para
evidentes. Elas têm sido exaustivamente discu- o problema. Atualmente, as mais difundidas
tidas em fóruns nacionais e internacionais, uma são as energias eólica, geotérmica, nuclear,
vez que representam alternativas sustentáveis biomassa, solar e hidrelétrica.
para a geração de energia. Mais do que nunca, é Tanto instituições públicas quanto privadas
necessário aumentar sua oferta com o objetivo estão realizando pesquisas e executando pro-
de preservar o meio ambiente. jetos para fazer a diferença no cenário atual.
Na maioria dos países, a geração de energia Grande parte deles vem do Programa de Incen-
é feita através do consumo de combustíveis tivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica
fósseis. O principal problema desse modelo é (Proinfa), do governo federal, que tem como
que os recursos não são renováveis e ocasio- objetivo aproveitar o potencial energético do
nam sérios danos à natureza. Mesmo gerando País. Segundo dados da Eletrobrás (Centrais
energia através da força das águas, que é uma Elétricas Brasileiras S.A.), o programa prevê a
fonte renovável, as usinas hidroelétricas não operação de 144 usinas, totalizando 3,29 GW
são consideradas “limpas”, pois queimam com- de capacidade instalada. As usinas do programa
bustíveis como gasolina, diesel, gás natural e responderão pela geração de aproximadamen-
carvão, emitindo grande quantidade de dióxido te 12 mil GW por ano – quantidade capaz de
de carbono (CO²) no ecossistema. abastecer cerca de 6,9 milhões de residências, o
VISÃO AMBIENTAL • NOVEMBRO/DEZEMBRO • 2009
19,3% da energia consumida no Brasil e 87,3% do. Segundo Antonio Germano Gomes Pinto,
da consumida no Paraguai, segundo dados da engenheiro químico e especialista em gestão
assessoria de imprensa. e tecnologia ambiental, falta incentivo públi-
co para que as alternativas realmente viáveis
SXC
SXC
deêm certo. “O Brasil é um país abençoado, Fontes de Energia Exploradas no Brasil
temos todos os recursos naturais necessários
para nos abastecer e abastecer o mundo. Os Atualmente no Brasil há investimentos nas seguintes fontes de energia:
eólica, fotovoltaica, hidrelétrica, maré e termelétrica
ventos e os mares são patrimônios universais,
qualquer país pode aproveitar sua energia. No RESUMO DA SITUAÇÃO ATUAL DOS EMPREENDIMENTOS
Brasil, especialmente na faixa litorânea, existem Fonte de Energia Situação Potência Associada (kW)
ventos adequados para o aproveitamento em
45 empreendimentos de fonte Eólica outorgada 2.139.793
larga escala da energia eólica. Só nos faltam 10 empreendimentos de fonte Eólica em construção 256.450
políticos com vontade de resolver os nossos 36 empreendimentos de fonte Eólica em operação 602.284
problemas”, diz. 1 empreendimento de fonte Fotovoltaica outorgada 5.000
1 empreendimento de fonte Fotovoltaica em operação 20
Em números, o Brasil possui hoje 2.129 235 empreendimentos de fonte Hidrelétrica outorgada 4.373.508
empreendimentos em operação, gerando 94 empreendimentos de fonte Hidrelétrica em construção 11.575.316
aproximadamente 105 GW de potência. Nos 815 empreendimentos de fonte Hidrelétrica em operação 78.260.809
1 empreendimento de fonte Maré outorgada 50
próximos anos, mais 174 empreendimentos
159 empreendimentos de fonte Termelétrica outorgada 13.722.522
estarão construídos e outros 441 outorgados, 70 empreendimentos de fonte Termelétrica em construção 6.838.425
que somarão cerca de 40 GW na capacidade de 1277 empreendimentos de fonte Termelétrica em operação 26.881.562
geração do País.
Capacidade de Geração do Brasil
UMA EMPRESA, VÁRIAS ALTERNATIVAS EMPREENDIMENTOS EM OPERAÇÃO
A Kema é uma empresa que presta consul-
Tipo Quantidade Potência Outorgada (kW) Potência Fiscalizada (kW) %
toria na área de energia, com projetos voltados
para as áreas de energia eólica, solar, biomassa, CGH 300 170.224 168.623 0,16
EOL 36 605.280 602.284 0,57
nuclear e das marés. Além da questão ecolo- PCH 352 2.941.464 2.881.712 2,73
gicamente correta, os projetos sempre levam SOL 1 20 20 0
em conta a sustentabilidade. “Desenvolvemos UHE 163 75.250.127 75.210.474 71,12
UTE 1.275 27.197.710 24.874.562 23,52
também projetos nas áreas de eficiência ener-
UTN 2 2.007.000 2.007.000 1,90
gética, de edificações sustentáveis, redes inteli-
Total 2.129 108.171.825 105.744.675 100
gentes, geração distribuída e gerenciamento de
emissões e créditos de carbono, que reduzem o EMPREENDIMENTOS EM CONSTRUÇÃO
uso de energia e as emissões de gases de efeito
Tipo Quantidade Potência Outorgada (kW) %
estufa”, ressaltou Vanessa Oliveira, consultora
sênior. CGH 1 848 0
EOL 10 256.450 1,37
Ao falar sobre os impactos ao meio ambien- PCH 73 1.034.668 5,54
te, Vanessa é categórica ao afirma que qualquer UHE 20 10.539.800 56,45
tipo de geração de energia tem impacto no UTE 70 6.838.425 36,63
meio ambiente, umas mais e outras menos. Total 174 18.670.191 100
“As formas de geração convencionais, como as EMPREENDIMENTOS OUTORGADOS ENTRE 1998 E 2009 (construção não iniciada)
térmicas a óleo, gás ou carvão, possuem um im-
Tipo Quantidade Potência Outorgada (kW) %
pacto maior devido às emissões geradas durante
seu processo, porém, podem ser minimizadas CGH 70 46.660 0,23
VISÃO AMBIENTAL • NOVEMBRO/DEZEMBRO • 2009
Panorama 2009
da Eletrobrás
Divulgação/Eletrobrás Termonuclear
Termonuclear
• O relatório International Status and
Prospects of Nuclear Power , elaborado
pela Agência Internacional de Energia
Atômica e publicado em dezembro de
2008, aponta os reatores nucleares
como os responsáveis por 14% da
produção de energia elétrica no mun-
do. Isso coloca a energia nuclear como
regulatórios, estrutura tributária, custos de ope- estão em fase experimental. Ao invés de queimar
a terceira maior fonte, atrás apenas
ração e manutenção e investimentos necessários. combustíveis, a energia nuclear gera um vapor do carvão e do gás natural.
De maneira geral, o custo de geração da energia que, sob pressão, faz girar turbinas que acionam • As principais barreiras à opção
alternativa é de três a quatro vezes maior que o geradores elétricos. nuclear dizem respeito à segurança
das plantas, à disposição dos rejeitos
preço da energia convencional. Porém, com a A principal vantagem da energia nuclear ob- radioativos e à proliferação de armas
evolução das tecnologias e o assunto em alta, tida por fissão é a não utilização de combustíveis nucleares, além dos custos de cons-
os custos têm sido reduzidos rapidamente. “No fósseis. Consequentemente, não emitem CO² no trução e manutenção.
• Dentre os maiores parques gerado-
Brasil, a geração hidrelétrica, pelo fato de termos meio ambiente. Portanto, é considerada energia res, destacam-se os Estados Unidos,
usinas operando há muitos anos com custos limpa. Em contrapartida, geram lixo atômico, que com 104 unidades, a França, com 59
depreciados e fonte gratuita, continua sendo a contamina o ecossistema se não for destinado cor- reatores, e o Japão, com 55.
mais visada. Agora, os custos com fontes reno- retamente, além de ser altamente prejudicial aos • No ano de 2008, seis novas usinas
tiveram suas obras iniciadas, na Co-
váveis, como a eólica, a solar e a biomassa, vêm seres vivos. Outro fator negativo é o alto valor que réia do Sul, na Rússia, na França e na
decrescendo ao longo dos últimos anos devido deve ser investido, cerca de centenas de bilhões de China. Em 2009, a China começou a
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a competitividade.” dólares. Pesquisas indicam que 50 anos são pouco construção de Sanmen 1 em 19 de
abril, perfazendo o total de 45 reato-
para que esse tipo de energia obtenha estabilidade res em construção em 14 países.
ENERGIA NUCLEAR e comprove sua viabilidade econômica. • O Brasil tem duas usinas nucleares
A energia nuclear ou atômica é a que fica O maior reator do mundo será construído em operação (Angra 1 e Angra 2),
que em 2008 produziram 3,12% da
dentro do núcleo do átomo e que é liberada na França e entrará em operação em 2016. Em energia elétrica do País. Também tem
quando de sua ruptura ou fissão (separação). Nas 2008 os Estados Unidos foram o país que mais uma usina em construção (Angra 3),
usinas atômicas ou termonucleares, o processo gerou energia por fonte nuclear, sendo respon- mas as obras estão aguardando a li-
cença de uso do solo da Prefeitura de
utilizado para gerar energia é praticamente o sável por 32% da produção mundial. Também se
Angra dos Reis para serem reiniciadas.
mesmo que acontece nas estrelas, onde dois destacaram: França (17%), Japão (9%), Alemanha Além disso, possui quatro reatores de
átomos de hidrogênio, ao se fundirem, produ- (6%), Rússia (6%), Coréia do Sul (6%), Canadá pesquisa, dois em São Paulo, um em
zem hélio e, assim, quantidades enormes de (3%), Ucrânia (3,34%) e China (1,85%). No mes- Minas Gerais e um em Pernambuco.
O maior deles é usado para produzir
calor. Por necessitarem de condições especiais mo período, o Brasil foi responsável por apenas radioisótopos, que são usados na in-
e de temperaturas altíssimas, essas usinas ainda 0,52% do total gerado. dústria e na medicina.
GEOTÉRMICA: A ENERGIA QUE VEM DE DENTRO encravadas em zonas de vulcanismo, onde a até a superfície por meio de
A energia geotérmica é aquela gerada pelo água quente e o vapor afloram à superfície tubos e canos apropriados.
calor da Terra, ou seja, pela rocha líquida que ou se encontram em pequena profundidade. Através desses tubos o va-
fica abaixo da crosta terrestre – o magma. As O calor das rochas subterrâneas que ficam por é conduzido até a central
águas dos reservatórios subterrâneos ficam próximas a vulcões já supre 30% da energia elétrica geotérmica. Tal como
superaquecidas quando em contato com essa elétrica consumida em El Salvador e 15% da uma central elétrica normal,
massa mineral pastosa, gerando um calor que consumida nas Filipinas, conjunto de ilhas situ- o vapor faz girar as lâminas
pode ser aproveitado para o aquecimento de ado nas proximidades do “Cinturão de Fogo”, no da turbina como uma ventoi-
edifícios, estufas e para a produção de ele- Oceano Pacífico – área onde ocorre o encontro nha. A energia mecânica da
tricidade em centrais geotérmicas. Porém, a de placas tectônicas e os terremotos e vulcões turbina é transformada em
extração de energia geotérmica só é possível são frequentes. Nicarágua, Quênia, El Salvador, energia elétrica através de um
em poucos lugares: perto de vulcões e gêiseres México, Chile, Japão, Portugal e França são al- gerador. A grande vantagem
(fontes termais que lançam no ar jatos de água guns dos poucos países que podem desfrutar do processo é que não é ne-
ou vapor em intervalos regulares; o vapor faz da energia geotérmica. Para o meio ambiente cessário queimar combustível
a água subir até 80 metros, com temperaturas é extremamente favorável, pois a emissão de para produzir eletricidade. De-
entre 70 °C e 100 °C). No Brasil, por exemplo, gases poluentes como o CO² e o SO² (dióxido pois de passar pela turbina, o
não existe essa possibilidade. Existem poucas de enxofre) é quase nula. vapor é conduzido a um tan-
fontes de águas quentes, onde a temperatura que para ser resfriado. A água
chega no máximo a 51 ºC, calor insuficiente COMO FUNCIONA? que se forma será novamente
para gerar energia. Para chegar às fontes geotérmicas é preciso canalizada para o reservatório,
Segundo o Instituto para a Conservação escavar buracos profundos, até que se alcance os onde será naturalmente aque-
de Energia (Icone), existem algumas centrais reservatórios de água e vapor, que são drenados cida pelas rochas quentes.
CAPA
VENTO: UM PODEROSO ALIADO vez, movimenta as turbinas de um gerador que Um exemplo a ser seguido
Considerada a energia re- produz energia. Através de linhas de transmissão
novável mais limpa existente (fios condutores) a energia é levada até o con- Há mais de 10 anos a ilha dinamarquesa de
Samso neutraliza a emissão de carbono através
hoje, a energia eólica é gerada sumidor final. Quando as turbinas de vento são da energia eólica.
a partir de uma fonte inesgo- ligadas a uma central de transmissão de energia, Quem acha que não existe um local com energia
tável: os ventos. No entanto, tem-se uma central eólica. A quantidade de pro- 100% renovável está muito enganado. Este lugar
existe e está levando pessoas do mundo inteiro para
todo o apelo positivo dessa dução depende do tamanho de suas hélices e da
conhecer a magnitude de um projeto que começou
forma de geração esbarra em força e intensidade dos ventos na região. quase que de brincadeira.
alguns problemas. No caso de Samso é uma ilha dinamarquesa com apenas 114
faltar vento, nada de energia. POTENCIAL ENERGÉTICO km² de área. Sua fama, no entanto, é grande e tem
origem em 1997, quando o Ministério da Energia
Por isso, é necessário que o lo- De acordo com o Greenpeace, a energia eólica lançou um concurso para ver qual de quatro ilhas
cal que irá abrigar uma usina já é uma história de sucesso e gera eletricidade (Laeso, Samso, Aero e Mon) e, mais a península
eólica tenha ventos intensos e para milhões de consumidores, empregos para Thyholm, apresentaria o melhor plano para diminuir
a emissão de carbono e gerar energia renovável.
10
A energia eólica
excedente da ilha de
Samso é vendida para a
Dinamarca continental
NO BRASIL, OUTRA REALIDADE usinas eólicas tem causado danos ao meio o uso de relatório ambiental
Enquanto em Samso a energia eólica é ambiente local e destruído sítios arqueo- simplificado (RAS).
usada por 100% da população e sem im- lógicos. Por isso, foi pedida a anulação do Entres os impactos am-
pacto algum ao meio ambiente, no Brasil licenciamento ambiental e a paralisação das bientais levantados no pa-
ela vem sendo revista. De acordo com a obras de construção de três delas: Bons Ven- recer técnico estão: desma-
assessoria de comunicação da Procurado- tos, Enacel e Canoa Quebrada, que formam tamento, soterramento de
ria da República no Ceará, a construção de o Parque Eólico de Aracati, sob responsabi- dunas fixas pelas atividades
lidade da empresa Bons Ventos Geradora de terraplenagem, soterra-
de Energia. As três usinas foram licenciadas mento de lagoas interduna-
individualmente, como sendo empreendi- res, cortes e aterros nas dunas
mentos de baixo impacto e com potencial fixas e móveis, introdução de
Academy
mares de Samso
140,7 MW e as usinas funcionarão em con- tação do solo, instalação dos
junto, transmitindo a energia gerada para aerogeradores, e destruição
a mesma subestação. de sítios arqueológicos.
Fotos: Divulgaçã
BIOMASSA E O FUTURO que “os inúmeros processos para transformar possibilita o represamento e a consequente
Em resumo, a energia da biomassa em eletricidade são vantajosos até geração de eletricidade (hidroeletricidade). A
biomassa é aquela provenien- para evitar o desperdício de matéria”. radiação solar também induz a circulação at-
te da transformação da ma- Hoje, o Brasil possui 339 empreendimentos mosférica em larga escala, causando os ventos.
téria orgânica com o auxilio em operação, gerando 5,87 GW de energia Petróleo, carvão e gás natural foram gerados
de energia primária, como o proveniente da biomassa. O bagaço de cana- a partir de resíduos de plantas e animais que,
Sol, por exemplo. Acontece de-açúcar responde por mais de 74% desse originalmente, obtiveram a energia necessária
através da oxidação ou quei- total (4,36 GW). Em seguida vem o licor negro ao seu desenvolvimento, da radiação solar”.
ma de substratos orgânicos, (resíduo oriundo da madeira no processo de Bastante utilizados em residências para o
tanto vegetais como animais, fabricação de papel), com quase 20%. Outros aquecimento de água, os painéis solares hoje
e é hoje uma alternativa res- tipo de combustíveis para a geração de energia são produzidos em grande escala. A Transsen,
peitada por ambientalistas. relacionados à biomassa são: casca de arroz, empresa líder do mercado brasileiro, elevou seus
“Tanto em termos ambientais resíduos de madeira e carvão vegetal. negócios em cerca de 200% nos últimos cinco
como funcionais, a biomassa anos. Só no ano passado, obteve crescimento de
é uma alternativa com gran- SOL PARA ENERGIZAR 30%, e sua meta para 2010 é crescer mais 20%,
de potencial. Se utilizada de A energia solar é captada por painéis solares expandindo a marca para outros países.
maneira correta, não altera construídos a partir de células fotovoltaicas, que Um aquecedor solar é constituído basica-
a composição da atmosfera”, transformam a luz do Sol em energia elétrica ou mente por dois componentes principais: o co-
afirma o engenheiro químico mecânica. Não há dúvida de que a energia solar letor solar (placas ou painéis) e o reservatório
Antonio Germano. tem papel importante na busca pela melhor térmico. “O coletor solar é o elemento ativo de
Ela pode ser utilizada de alternativa em energias renováveis. Afinal de
duas maneiras – direta ou indi- contas, o aproveitamento da energia gerada Usina elétrica movida á luz
do Sol em Sevilha, Espanha
reta. No modo direto, a energia pelo Sol é inesgotável, sem falar que ele é o
vem da combustão da matéria responsável pela origem de praticamente todas
orgânica, que resulta na libe- as outras fontes de energia. De acordo com o
ração de dióxido de carbono Centro de Referência em Energia Solar e Eóli-
e de vapor de água, usados ca Sérgio de Salvo Brito (Creseb) – criado em
no aquecimento doméstico 1994, quando várias entidades e associações
Divulgação/Soluçar Energia S.A
Os coletores podem ser classificados como contabilizar uma dedução de até 50% em sua te em eletricidade.
fechados ou abertos. Os coletores fechados conta de energia elétrica. “Por último, a cor- De acordo com o Estudo
são dotados de uma caixa de proteção e de reta instalação e a manutenção anual, que é Prospectivo para Energia
cobertura (na maioria dos casos, de vidro). simples, garantirão o máximo de rendimento Fotovoltaica, realizado pelo
Normalmente, são utilizados em aplicações do aquecedor solar. Isso prolonga, e muito, a Centro de Gestão e Estudos
onde a água é aquecida até a faixa de tempe- vida útil do equipamento, que pode chegar a Estratégicos (CGEE), o Brasil
ratura que fica entre os 35 °C e os 60 °C; como 20 anos”. apresenta uma das melhores
exemplo, podemos citar o aquecimento para Quanto aos impactos sobre o meio am- condições para o uso da ener-
banho residencial. Já os coletores abertos não biente, Leonardo explica por que a energia gia solar porque tem altas
possuem caixa protetora nem cobertura, sendo solar é viável: “Usamos a energia do Sol assim médias de radiação, em tor-
normalmente utilizados em aplicações onde como ela é, disponível, sem precisar intervir no de 230 Wh/m², podendo
a água é aquecida até a faixa de temperatura na natureza. Reduzimos automaticamen- chegar a 260 Wh/m2 na região
que fica entre os 26 °C e os 35 °C; no caso, o te o uso da energia elétrica proveniente de Nordeste.
13
CAPA
Usina Hidrelétrica
Amador Aguiar II, em
Minas Gerais, que gera
210 MW de energia
Divulgação/Agência Vale
porte, interferindo muito pouco na fauna e se a um conjunto de esforços que entidades Usina Corumbataí, está geran-
flora local. Outra vantagem para este tipo de civis e o governo do Estado de São Paulo vêm do 1,7 MW; a de Brotas, Usina
geração de energia é que os empreendedores empreendendo no sentido de ampliar alter- Jacaré, tem capacidade para
contam com condições especiais de incentivo nativas de produção de energia limpa. Nosso gerar 13,05 GWh/ano; e a de
– descontos de mais de 50% sobre os encar- objetivo é consolidar uma fórmula que concilie Santa Rita do Passa Quatro, Usi-
gos de uso dos sistemas de transmissão e a autossustentação econômica e ambiental na de São Valentim, consegue
distribuição, além do direito de comercializar dessas unidades, como apoio estável a nossa produzir 6,74 GWh/ano.
energia para consumidores de carga igual missão de preservação, pesquisa e dissemi-
Dados: Agência Nacional de Energia
ou superior a 500 kW. Além disso, o Banco nação de acesso ao patrimônio histórico do Elétrica (Aneel); Associação Brasileira
Nacional de Desenvolvimento Econômico e setor energético, em benefício das atuais e fu- de Energias Renováveis e Meio Ambiente
Social (BNDES) oferece uma linha de crédito, turas gerações”, comenta Ricardo Toledo Silva, (Abeama); Centro de Referência para
Energia Solar e Eólica (Cresesb); Eletro-
que permite financiar até 80% do valor da presidente do conselho curador da Fundação brás Termonuclear S.A. (Eletronuclear);
construção de PCHs. Energia e Saneamento. Samso Energy Academy.
14
VISÃO CIENTÍFICA
de 70% do planeta. El Niño e La Niña são fe- parecimento de espécies vegetais e, com isso, o
nômenos climáticos estudados desde os anos deslocamento ou extinção de animais que serviam
1970 e exerceram profunda influência sobre de caça aos humanos. Premidos pelas condições e
o desenvolvimento das culturas pré-incaicas utilizando sua inventividade, nossos antepassados
(do século II ao XV d.C.) da costa do Pacífico, no desenvolveram a agricultura e outras tecnologias,
Peru. Outro fator que influencia as mudanças a fim de sobreviver nas novas condições.
climáticas no longo prazo é a deriva das placas A vida e a evolução das espécies – inclusive
VISÃO AMBIENTAL • NOVEMBRO/DEZEMBRO • 2009
tectônicas, ou seja, o deslocamento das massas do homem – sempre foram influenciadas por
continentais, que causam erupções vulcânicas, fenômenos geoclimáticos. Em certa época, há
terremotos e maremotos, como o tsunami que cerca de 10 mil anos, o homem passou a criar o
ocorreu na Ásia em dezembro de 2004. As forças seu próprio ambiente, vindo a influenciar o clima
geológicas envolvidas neste constante processo da Terra e a vida das outras espécies. No entanto,
fazem surgir e desaparecer continentes e mares, seja como for que ocorra a evolução humana, a RICARDO ERNESTO ROSE
ambientes e espécies. palavra final será sempre da Terra. é diretor de Meio Ambiente e
Interagindo com estas mudanças geoclimá- As mudanças climáticas também tiveram gran- Sustentabilidade da Câmara
ticas estão as espécies de vida, desde as bacté- de influência na história humana. Importantes Brasil-Alemanha; formado em
jornalismo e filosofia, possui
rias até os homens. Todos estão sujeitos a um fatos históricos foram ocasionados ou precedidos
cursos de extensão em gestão
infindável processo de adaptação, atuando uns por tempestades, secas, terremotos, maremotos ambiental e de especialização
com os outros, sobrevivendo, mudando e desa- e explosões vulcânicas. Mas isso é uma outra his- em energia, economia,
parecendo. Estimam os paleontólogos que as tória, tema para um outro artigo. marketing e finanças.
15
RECICLAGEM
Reciclagem industrial
e sistemas vivos
Por Raul Lóis Crnkovic desperdício de energia, de emissões gasosas
e de descargas de líquidos. Aliado a isso, a re-
Reciclagem é
Reciclagem é o processo de transformar um ciclagem também é desejável porque agride
produto no fim de sua vida útil, utilizando-o, no menos o meio ambiente e ajuda a preservar os o processo de
todo ou em partes, para fabricar outro produto. recursos naturais. transformar um
Nas últimas duas décadas a reciclagem cresceu Em se tratando de reciclagem industrial, há
em popularidade nos países desenvolvidos. Isso seis importantes áreas que utilizam esse proces- produto no fim
foi atribuído em grande parte à consciência pú- so em larga escala: as do aço, alumínio, vidro, de sua vida útil,
blica das questões relativas ao meio-ambiente e papel, plástico e madeira. Na área de metais
ao interesse público na conservação dos recursos ferrosos, a sucata de ferro-aço representa o ma- utilizando-o,
naturais. Reciclagem industrial é um processo que terial mais utilizado no processo de reciclagem, no todo ou em
pode ser implantado para conservar materiais e e o mais fácil de ser reprocessado, pois a maior
consumir menos energia, se for economicamente parte da sucata de ferro e aço pode ser separada
partes, para
menos custoso do que os tradicionais processos magneticamente. Essa sucata é então levada a fabricar
de produção via matérias-pri- um forno elétrico para ser transformada em aço
mas virgens. Assim sendo, se líquido novamente.
outro produto
os produtos rejeitados forem Na indústria siderúrgica há dois processos
coletados, transportados e re- para fabricação do aço: um que utiliza a maté-
processados a um custo inferior ria-prima obtida na natureza (hematita), que por mais tempo.
aos da coleta, transpor- é transformada em ferro-gusa no alto forno e Outro material muito reci-
te e manufatura dos posteriormente em aço no forno conversor LD; clado é o vidro. Inicialmente os
materiais virgens, a e o outro é o do forno elétrico, já descrito acima. frascos de vidro são recolhidos
reciclagem passa a É importante ressaltar que toda classe de aço e depois classificados em cate-
Divulgação
ser um processo pode ser reciclada e dar origem a um novo aço gorias pela cor. O vidro é então
economicamente de qualidade superior. triturado e enviado ao forno de
viável e eficiente. Em escala mundial, 42% do aço produzido é fusão para passar ao estado lí-
Entretanto, in- oriundo de material reciclado. No que se refere quido. Depois, os novos frascos
dependentemente da aos metais não-ferrosos, o alumínio é um dos são moldados mecanicamente.
viabilidade econômica, materiais de maior rendimento no processo de Entretanto, vidros de seguran-
VISÃO AMBIENTAL • NOVEMBRO/DEZEMBRO • 2009
deve ser ressaltado que, reciclagem. A sucata de alumínio compactada é ça – como os temperados, os
se comparado com a convertida em alumínio fundido num forno de laminados e os de elevada resis-
produção via matérias- fusão. Por esse ciclo o alumínio reciclado é indis- tência térmica e mecânica – são
primas virgens, o ciclo tinguível do alumínio virgem. Esse processo não obtidos através da matéria-pri-
da reciclagem gera níveis produz nenhuma mudança no metal, tanto que o ma natural (sílica) presente na
menores de toxicidade, de alumínio pode ser reciclado indefinidamente. areia. O vidro também pode ser
A reciclagem do alumínio economiza 95% reciclado indefinidamente, pois
RAUL LÓIS CRNKOVIC
dos custos da energia para se processar o alumí- sua estrutura não se deteriora
é engenheiro consultor, nio obtido da bauxita.Isso é devido em grande quando reprocessado.
graduado em engenharia e parte à menor temperatura necessária para O quarto material bastante
administração, pós-graduado
fundir a sucata de alumínio (600 oC). Para efeito reciclado é o papel. O detalhe
em MBA e mestrado no
Brasil, com cursos de de comparação, o processo de extração e refino é que, cada vez que o papel é
especialização nos EUA da bauxita exige uma temperatura de 900 oC e reciclado, suas qualidades di-
16
minuem, pois o processo de reciclagem faz com ser abordado em uma próxima edição. Mas, para
que as fibras do papel se dividam. Essa quebra encerrar, abordarei agora a reciclagem sob o
estrutural gera uma perda de resistência e exi- ponto de vista científico.
ge que fibras novas (polpa) sejam adicionadas Segundo a termodinâmica, os processos via Entropia é
para melhorar a qualidade do papel reciclado. reciclagem são menos nocivos ao planeta se uma função
A maioria dos papéis são recicláveis, mas nem comparados aos processos via fonte de recur-
todos podem ser reciclados devido à inviabili- sos naturais. Explicando melhor, a entropia é a
termodinâmica
dade econômica. medida do potencial termodinâmico perdido ao definida como
O quinto material mais reciclado é o plástico. se realizar um determinado trabalho. Entropia é
Comparado a materiais como vidro ou metais, uma função termodinâmica definida como sendo
sendo a medida
o plástico oferece mais desafios por causa dos a medida do grau de dispersão da energia. O má- do grau de
diferentes tipos existentes. Cada tipo carrega
o código de identificação da resina e deve ser
ximo de entropia é um estado em que a energia
está completamente degradada e não pode mais
dispersão da
classificado antes de ser reciclado. Assim, para fornecer trabalho, é o estado que corresponde energia
auxiliar na identificação dos vários tipos de ao do equilíbrio de um sistema.
artigos plásticos, foram criados sete códigos Resumindo, a entropia nos remete para o
de identificação. Os de 1 a 6 foram atribuídos desperdício dos recursos naturais, para a po-
a seis tipos de resinas plásticas recicláveis; o luição, crise energética e degradação do meio energia, mas não matéria, como
número 7 indica qualquer outro tipo de plástico, ambiente. Devido a esse fato, os sistemas vivos no caso do planeta Terra, segui-
reciclável ou não. têm necessidade de um fluxo permanente de rá espontaneamente na direção
E, finalmente, a madeira, que se tornou po- entropia negativa do universo e precisam ceder da entropia máxima, ou seja, da
pular devido a sua imagem como um produto a a ele uma quantidade de entropia positiva ainda desordem sempre crescente.
favor do meio ambiente, com os consumidores maior. Os sistemas isolados, que não trocam Assim, cabe a nós preser-
acreditando que, comprando uma madeira re- matéria ou energia com os meios que os cercam, varmos o meio ambiente e os
ciclada a demanda pela madeira verde cairá e tendem para o caos, ou para um estado de total recursos naturais para adiarmos
beneficiará o meio ambiente. homogeneidade entre matéria e energia. Qual- ao máximo o fim dos sistemas
Reciclagem é um tema extenso e que merece quer sistema físico fechado que troca somente vivos em nosso planeta.
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r
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de velocidade e, por vezes, ultrapassam a natureza. fala em meio ambiente, nada é explicado de
Talvez seja por essa razão que trabalhar com o meio uma forma só, não é mesmo? Então, o técnico ambiental”
ambiente, hoje, seja tão promissor. Zelar por um em meio ambiente é capacitado para perceber Débora Brentano,
planeta melhor, reparar danos e amenizar impactos o meio em que vive de uma forma global, inte- coordenadora do curso
futuros são ações certamente trabalhosas, que ragindo com várias áreas do saber”, comenta. técnico em meio
abrem um leque de possibilidades no mercado de A grade curricular compreende a climatologia, ambiente do IFSC
trabalho. Vantagem tanto para quem precisa de o geoprocessamento, a física, a química, passa
uma formação em curto prazo quanto para em- por noções de bacteriologia, saúde pública, po-
presas e indústrias que podem agregar diferentes luição do ar e das águas, e ainda inclui códigos
conhecimentos às atividades que desempenham. e linguagens, estudos e relatórios de impacto
O curso de técnico em meio ambiente alia várias ambiental e ecologia.
habilidades a uma formação rápida, já que tem Com isso, o técnico em meio ambiente pode
duração média de um ano e meio. optar pela atividade com que tiver mais afinida-
18
de. A coordenadora do curso explica que quem em meio ambiente. “São profissionais que vão
se decide pela educação ambiental terá a base complementar o quadro de secretarias do meio
para se tornar um educador que conhece es- ambiente, por exemplo. É um mercado um pou-
tratégias para atingir a população e despertar co mais restrito, mas percebemos que já existe
a consciência ambiental. “Quem trabalha com uma aceitação”, diz. Ela observa que, neste ano,
monitoramento, por sua vez, conhecerá as téc- alguns concursos abriram vagas específicas para
nicas, as metodologias e as formas de analisar a os profissionais, mas esse processo de inclusão
” Existem
água, o ar, o solo”, conclui. tem sido lento. várias ONGs
Para auxiliar os alunos no momento da es- No setor privado, o mais comum é a inserção
colha, o IFSC incentiva a elaboração de projetos dos técnicos em meio ambiente em empresas de
que divulgam
integradores, que proporcionam aos futuros consultoria ambiental. A coordenadora fala que é a educação
técnicos um contato mais próximo com as pos- importante o engajamento dos alunos na busca
sibilidades de atuação. No caso de José por estágios para adquirir experiência e, se for o
ambiental, o
Roberto de Faria, aluno do terceiro caso, ser efetivado pela empresa. “Geralmente, cuidado de que o
módulo, um teatro de bonecos
preparado para tratar da Mata
os alunos fazem um trabalho de auxílio nos rela-
tórios de impacto ambiental e nos diagnósticos
planeta precisa. O
Atlântica com crianças foi deter- socioambientais. Outra área em que eles têm curso técnico em
minante para que ele tivesse certeza de que atuado bastante é a de análise da qualidade da meio ambiente
seguirá trabalhando com educação ambiental. água, em laboratórios”, conta.
“Pretendo trabalhar com crianças, passando o Vale lembrar que qualquer empresa pode também é uma
que eu aprendi sobre a importância da preserva- obter resultados vantajosos com ações voltadas arma pra isso.
ção do nosso meio, da água, das florestas e sobre ao meio ambiente, e um dos profissionais que
a importância do tratamento do lixo”. Angelita pode contribuir muito para isso é o técnico em A situação que
Loss, também aluna do terceiro módulo, pensa meio ambiente. “Independente da área em que vivemos hoje é de
em seguir o mesmo caminho. “Eu gosto muito a empresa atua, o técnico é aquele que tem um
da parte de educação ambiental porque ela nos olhar diferenciado, percebendo de que maneira
alerta”
Juliano Oliveira,
dá outra visão, um entendimento sobre como as a empresa está causando uma intervenção no
29 anos, aluno
coisas funcionam”, conta. ambiente, seja ela positiva ou negativa”, relata
do curso técnico
Débora. A partir dessa avaliação, torna-se viá- em meio ambiente
MERCADO DE TRABALHO vel a proposição de mudanças para redução de
Débora cita a falta de oportunidades de gastos referentes à energia, à utilização de papel
trabalho em órgãos estatais para os técnicos e, inclusive, estudos mais aprofundados para a
Fotos: Arielli Secco
Débora Brentano,
coordenadora
Angelita Loss, Juliano Oliveira e José Roberto de Faria, alunos do curso técnico em
do terceiro módulo do curso técnico em meio ambiente meio ambiente do IFSC
19
MERCADO DE TRABALHO
revisão da forma como os recursos naturais são talmente correto”, explica. Além dos serviços de
explorados e de que maneira o empreendimento consultoria ambiental, a Mãos na Mata está in-
devolve resíduos ao meio ambiente, sejam eles gressando no mercado de carbono, considerado
líquidos, sólidos ou gasosos. São medidas que se um dos filões atuais pelos profissionais da área. A “Independente
enquadram em qualquer perfil, ou seja, valem cooperativa, em parceria com a Iniciativa Verde, da área em que a
para um escritório, uma empresa ou uma indús- de São Paulo, oferece a empresas e indústrias
tria. “À proporção em que os alunos começam a interessadas um programa de compensação de empresa atua, o
ingressar no mercado de trabalho e desempe- emissões de gases que causam o efeito estufa, técnico é aquele
nham um bom papel, as empresas começam a o Carbon Free.
focalizar o técnico em meio ambiente quando que tem um olhar
disponibilizam vagas nessa área. É um profissional REGISTRO PROFISSIONAL diferenciado,
que tem um custo menor do que um graduado, O técnico em meio ambiente não possui re-
mas que exerce uma função que, muitas vezes, gulamentação específica. Os cursos têm registro
percebendo de
supre as necessidades da empresa”, considera. no Ministério da Educação e o tipo de cadastro que maneira a
dos profissionais junto aos conselhos regionais
PROJETOS SOCIOAMBIENTAIS varia em cada estado e depende do enfoque do
empresa está
Uma oportunidade interessante para quem se curso. No caso do IFSC, Débora conta que, uma causando uma
interessa em cuidar da natureza profissionalmen- vez formados, os alunos obtêm credenciamen-
te está ligada ao terceiro setor. “Percebemos que to no Conselho Regional de Química (CRQ). Os
intervenção no
muitas iniciativas dos alunos se transformaram profissionais têm uma atribuição técnica pelo ambiente, seja
em ONGs (organizações não governamentais)
ou OSCIPs (organizações da sociedade civil de
CRQ que possibilita a execução de análises la-
boratoriais. “O MEC exige uma formação básica,
ela positiva ou
interesse público). Na área ambiental há muitas mas, dependendo das especificidades da região, negativa”
linhas de financiamento e existe um apelo muito a formação pode se aprofundar em determinadas Débora Brentano,
forte para que projetos dêem certo”, lembra a atividades. Aqui em Florianópolis a questão dos coordenadora do curso
coordenadora. recursos hídricos é muito forte. Por conta disso, os técnico em meio
Para reforçar esse raciocínio, basta interpretar alunos têm essa habilitação do CRQ”, explica. ambiente do IFSC
alguns dados de uma pesquisa realizada pelo Ins- No entanto, está em tramitação na Câmara
tituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) dos Deputados o Projeto de Lei no (número)
e pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada 1.105/07, que visa regulamentar a profissão. O
(IPEA). Em 2005, o total de ONGs ambientalistas acompanhamento pode ser feito através do site
em funcionamento no Brasil passava de 2,5 mil. www.camara.gov.br.
“Existem várias ONGs que divulgam a educação
ambiental, o cuidado de que o planeta precisa. O
curso técnico em meio ambiente também é uma
CURSOS
arma pra isso. A situação que vivemos hoje é de SÃO PAULO
a Paula Souza
alerta”, declara Juliano Oliveira. Aluno do terceiro al de Ed ucação Tecnológic
• Ce ntro Estadu
;
módulo do curso, Juliano é bolsista do projeto Tel.: 11 3327 3000
883 2000;
VISÃO AMBIENTAL • NOVEMBRO/DEZEMBRO • 2009
) - Tel.: 0800
Verde Novo, que visa à arborização de uma das • SENAC (São Paulo Taubaté) - Tel.: 12 3633 2999
de
unidades do IFSC. O projeto foi uma iniciativa do • Unitau (Universidade
Ministério da Educação (MEC) para comemorar
MINAS GERAIS rais
o centenário do instituto. deste de Minas Ge
• Instituto Federal do Su
a) - Tel.: 32 3693 8639 ;
As cooperativas com propostas ambientais (Campus Barbacen
são mais uma alternativa. Débora cita o exem-
plo da Mãos na Mata, de Florianópolis, que tem PARANÁ
3271 9000.
obtido sucesso. “Ela • Senai (Curiti ) - Tel.: 41
ba
Reciclagem Energética
Tratando corretamente os resíduos,
usinas contribuem para reduzir a emissão de CO2
A meta para reduzir a emissão dos gases de estudos em andamento que, no momento, ainda
efeito estufa proposta pelo Ministério do Meio esbarram em alguns gargalos como o custo do
Ambiente (MMA) pode ser mais facilmente al- investimento e o valor da tarifa a ser cobrada.
cançada com a reciclagem energética. As novas políticas para o aproveitamen-
Carlos Minc, o titular da pasta, apresentou to energético de resíduos (Waste-to-Energy)
ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva no dia 13 podem ajudar a reduzir a emissão dos gases
de outubro uma proposta para reduzir em 40% causadores do efeito estufa, já que incentivam
as emissões de gás carbônico no Brasil até 2020. uma fonte de energia limpa e renovável que
A proposta equivale à meta brasileira contra o será integrada à matriz energética do país.
aquecimento Segundo
global, e igua- O setor de gestão de resíduos estudos de
la os níveis de instituições
emissões aos ín- sólidos pode contribuir europeias, atu-
dices de 1990.
De acordo
decisivamente para que as metas almente cerca
de 56 milhões
com Suzana de redução sejam alcançadas de toneladas
Kahn Ribeiro, de resíduos são CARLOS SILVA FILHO
é advogado, pós-
secretária de mudanças climáticas do MMA, tratados a cada ano por meio de sistemas de
graduado em Direito
para que metade dessa meta (20%) seja atin- recuperação energética na Europa. Isso evita a Administrativo e
gida, é preciso reduzir em pelo menos 80% o emissão de 23 milhões de to- Econômico pela
desmatamento da Amazônia. A outra metade neladas de CO2, que equivale Universidade Mackenzie
seria atingida com o controle do desmatamento à emissão de 11 milhões
do cerrado e da caatinga, por exemplo, e com de carros.
a renovação da matriz energética nacional. Vale destacar que o uso
O setor de gestão de resíduos sólidos pode generalizado dessa tecno-
contribuir decisivamente para que essas metas logia de recuperação da
de redução sejam alcançadas. Isso já está aconte- energia dos resíduos (WtE,
cendo com o aproveitamento do biogás gerado como é conhecida internacio-
nos aterros sanitários, mas pode ser considera- nalmente) pode se tornar um
VISÃO AMBIENTAL • NOVEMBRO/DEZEMBRO • 2009
21
Divulg
PESQUISA
Projeto de aplicação
de lodo biológico
em área agrícola
Aplicação prática de
estudos científicos viabiliza
a agricultura sustentável
22
CARACTERIZAÇÃO DO LODO do lodo, a qualidade do solo também deve ser
Divulgação
Segundo os critérios estabelecidos no ar- monitorada, uma vez por ano, para analisar as
tigo 7º da Resolução Conama 375/06, o lodo seguintes características: quantidade de alumínio,
foi caracterizado como sendo de classe B, e a cálcio, magnésio, sulfato, hidrogênio dissociável,
metodologia para sua aplicação levou em con- potássio, matéria orgânica, capacidade de troca
ta essa classificação. O lodo, portanto, atende iônica, pH e saturação de bases.
aos padrões da resolução, de modo que não Para isso, são colhidas amostras de duas
há qualquer empecilho para sua disposição camadas do solo: uma a até 20 cm da superfície
em área agrícola. A aplicação se dá de maneira e outra na camada entre os 20cm e os 40 cm
mecanizada, superficial, e o lodo é incorporado de profundidade.
pela terra, impedindo a proliferação e a ativi- Os índices de fertilidade de cada uma das
dade de vetores. glebas também devem ser observados antes da
aplicação do lodo na terra. Com isso pode-se ava-
CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE APLICAÇÃO liar a eficácia da aplicação anterior, em função da ELTON LAGE FONSECA
Antes de iniciar o projeto, a Gelita realizou absorção dos nutrientes disponíveis no lodo pela auditor e consultor
de sistemas integrados
uma análise do solo levando em consideração planta. O objetivo, com esse monitoramento, é de gestão
as determinações do Instituto Agronômico de avaliar se houve acúmulo de quaisquer nutrientes
Campinas (IAC). Para isso, de um total de 24 por um desbalanço entre o que a planta necessita
amostras, oito foram separadas. e o que efetivamente foi disponibilizado.
Os testes do solo serviram para identificar as
propriedades nutricionais encontradas no local CONCLUSÃO
antes da disposição do lodo. Níveis de sódio, fer- A aplicação do lodo tratado pela Gelita é uma
tilidade e condutividade elétrica foram algumas boa solução de irrigação, rica em nitrogênio. Ela
das características analisadas. beneficia o produtor agrícola, pois reduz seu
A escolha do local de aplicação do lodo é custo com água e com nitrogênio, e também
norteada pelo preceito do máximo aproveita- beneficia a empresa, que reduz o custo de des-
mento da área sem qualquer risco aos mananciais tinação de lodo. Trata-se de uma prática susten-
adjacentes, observando as recomendações e tável, já que tanto o produtor agrícola quanto a
restrições constantes do artigo 15 e do anexo empresa economizam recursos ajudando um ao
VIII da Resolução Conama 375/06. outro continuamente.
Isso quer dizer que o lodo não pode ser usado
em áreas de proteção permanente (APP) e em RESULTADOS
áreas de preservação ambiental (APA) – como, Os gráficos abaixo indicam os resultados obtidos com a aplicação
por exemplo, aquelas em que a profundidade do do lodo em uma cultura de cana-de-açúcar:
lençol freático seja inferior a 1,5 m. Outra restrição Diâmetro do colmo (mm)
45
que deve ser observada é a que proíbe o lodo de 40
Área 1 - aplicado
ser aplicado sobre terras a menos de trinta metros 35
30
de distância de nascentes e olhos d’água. 25
20 Área 2 - não aplicado
15
CULTURAS BENEFICIADAS 10
VISÃO AMBIENTAL • NOVEMBRO/DEZEMBRO • 2009
23
ECO ESTILO
“Não resta qualquer dúvida de que o cicloturismo que praticam o esporte, além de disponibilizar o
é o que causa menos impacto negativo no meio máximo de informações a quem está querendo mundo. Quase
ambiente. É silencioso, amigável, gera pouquís- se iniciar. Eliana Britto Garcia, bióloga e educado- não existem ex-
simos resíduos, caminhos com pouca destruição ra ambiental, integra a direção da organização e
em comparação às necessidades de um veículo e começou a viajar em 1988. Ela diz que, à época,
cicloturistas. Quem
proporciona uma observação crítica com relação a prática não era muito comum e sua primeira começa, não para
à natureza”, diz José Olir Mocelin. Aos ciquenta e aventura foi pela rodovia Rio-Santos. “Com essa
três anos, ele aderiu a um estilo de vida diferente primeira viagem, descobri que o cicloturismo é
nunca mais!”
depois da aposentadoria. E ousou: o primeiro pro- muito mais do que somente apreciar as paisagens. Eliana Britto Garcia,
jeto foi uma volta pelo estado de Santa Catarina, Quebra-se uma barreira entre você e as pessoas, diretora do Clube de
totalizando 2,4 mil quilômetros em um mês. Em entre você e o ambiente. Você percebe que precisa Cicloturismo do Brasil
uma página que mantém na internet, Olir conta que de pouco para se locomover, para viver e para ser
realizou treinos em Florianópolis, onde reside, para feliz”, conta.
24
Qualquer pessoa pode se tornar um cicloturista,
independentemente da idade ou profissão. Mas
uma coisa é certa: é preciso muito preparo físico
para encarar percursos longos. A diretora do clube
pontua que cada um segue no ritmo que preferir
e faz o roteiro que achar melhor, sempre com um
bom planejamento. “Temos contato com uma gran-
de diversidade de pessoas, todas com uma paixão
em comum pela natureza e pela bicicleta”, conta.
O meio de transporte é saudável e ecologi-
camente correto, além de proporcionar ganhos
a quem se dispõe a pedalar. Eliana constata que
o cicloturismo sensibiliza as pessoas envolvidas
para a importância das questões ambientais de
uma forma geral. “Trabalhei por muitos anos como
Serra do Corvo Branco
educadora ambiental e posso afirmar que é uma
ótima ferramenta para conscientizar as pessoas. A
começar pela utilização de menos combustíveis
fósseis, passando pela questão do lixo, valorização
de culturas locais e necessidade de preservação
de áreas naturais”.
Ser cicluturista, no entanto, exige responsabi-
Fotos: Divulgação
prazer de descer. Algumas vezes, passava dois dias com a natureza. Você conhece árvores, rios, pedras,
fazendo isso”, relata. vê mosquitos, moscas, floresta fechada, campos, “Com a viagem, eu
Há nove anos, começou a organizar grandes animais que não veria de carro”, ressalta. aprendi que não
viagens, percorrendo até mil quilômetros. O trajeto O aventureiro também se preocupa em ajudar.
é feito em cerca de dez dias e exige muito plane- Durante os trajetos, é comum encontrar animais temos limite. Foi
jamento. Até hoje, foram quatro aventuras. E haja feridos, abandonados, em situação de risco. É o uma experiência
preparo para encarar a Serra Catarinense! “Na última, caso do cachorro Pinhão. Ronaldo o encontrou
por exemplo, nós saímos de Urussanga, subimos o ainda filhote, em uma viagem para Bom Jardim da
única! É um
Rio do Rastro, fomos até Urubici, subimos o Morro Serra. “Eu peguei uma meia, uma agulha, uma faixa contato muito
da Igreja. Então, se somarmos tudo, chegamos a um e um cinto e fiz uma espécie de bolsa para colocá-lo
total que fica entre 12 e 15 mil metros de subida”, dentro. Ele viajou mais ou menos 120 quilômetros.
próximo com a
contabiliza Ronaldo. Hoje está lá em casa, adulto e superfeliz”, conta, natureza e com
Foi um dos percursos mais difíceis para ele.
Na companhia de Marsisa Maria Sabino, 48, sua
com um sorriso de satisfação. Além dos animais,
ele procura ajudar pessoas de comunidades isola-
coisas que você
faxineira há quatro anos, a aventura contabilizou das e carentes, voltando de carro a esses lugares não percebe
330 quilômetros. Isa – como é chamada – aceitou o para levar alimentos, roupas e brinquedos. “Tem o quando está de
desafio mesmo sem nunca ter viajado dessa forma. lado do contato com a natureza, mas tem também
O trajeto começou às 11horas de um domingo e, essa parte de você querer fazer alguma coisa pelas carro”
em uma semana, os dois cicloturistas passaram pela pessoas”, afirma.
Serra do Rio do Rastro, por Urubici, pelo Morro da Para Ronaldo, as viagens não terminam nunca. Marsisa Maria Sabino,
cicloturista de
Igreja e pelo Morro do Corvo Branco, até retornarem Elas se prolongam por meses e anos através das
primeira viagem
ao ponto de partida, às 18 horas do sábado. “Com a sensações que ele guarda em si. E recomenda: é
viagem, eu aprendi que não temos limite. Foi uma algo que deve ser vivido, experimentado. “Você se Sites interessantes:
experiência única! É um contato muito próximo torna um motorista que respeita o ciclista, você se www.clubedecicloturismo.com.br
com a natureza e com coisas que você não percebe torna uma pessoa que acolhe outra... Você muda www.olir.sites.uol.com.br
www.ondepedalar.com
quando está de carro”, disse ela. Entusiasmada, Isa completamente”, conclui. www.campinasbikeclube.org.
comentou que correram risco quando tiveram que
atravessar um pasto cheio de gado e falou também
dos banhos de rio durante o caminho. “Parávamos
um pouco e mergulhávamos na água de roupa e
tudo; quando voltávamos a pedalar, em meia hora
já estávamos secos. Era muito bom!”
Os percursos geralmente são feitos em três ou
quatro pessoas. Um dos companheiros é Maurício
Brito de Carvalho, professor da Universidade do Rio
de Janeiro. Maurício tem 60 anos e, de acordo com
Ronaldo, um ritmo invejável, difícil de acompanhar.
“Ele vem pedalar em Florianópolis duas ou três ve-
VISÃO AMBIENTAL • NOVEMBRO/DEZEMBRO • 2009
Sistemas de Resfriamento
O clima e as propostas para frear o aquecimento global serão o centro das atenções
mundiais na conferência de Copenhague, que acontece entre os dias 07 e 18 de
dezembro. Representantes de 193 nações tentarão chegar a um consenso para a
proteção do planeta com resoluções, acordos e compromissos multilaterais.
Impasses, como a postura pouco clara de alguns países sobre o que pretendem
fazer de concreto, discussões sobre financiamentos, responsabilidade proporcional
e transferência de tecnologia, podem comprometer os bons resultados.
O acordo firmado substituirá o Protocolo de Kioto, cuja vigência vai até 2012, e nós,
da revista Visão Ambiental, esperamos que ele traga boas notícias para o planeta.
TORRES DE RESFRIAMENTO DE ÁGUA
Na próxima edição, matéria com a cobertura completa da COP15. • Resfriamento de água, água contaminada
ou efluentes
• Circuito aberto em PPRFV ou concreto
• Circuito fechado em PRFV ou chapa
Tecla SAP de
galvanizada com serpentinas em aço inox
ou aço galvanizado
28
sária para a manutenção dos ecossistemas. E tem séculos. O mesmo não acontece com os metais. das baterias de chumbo ácido de
mais: a gordura impermeabiliza raízes de plantas Quando pilhas e baterias são jogadas no lixo do- qualquer tamanho (usadas em
e pulmões de animais aquáticos, dificultando sua méstico, elas vão para aterros comuns. O solo automóveis, alarmes, celulares
respiração. Os solos também se tornam imperme- absorve todos aqueles elementos extremamente rurais e motocicletas), devem
áveis com a deposição constante de óleo, o que perigosos citados acima. A contaminação dessas ser encaminhadas ao local de
ocasiona enchentes. áreas se estende aos lençóis freáticos, rios e bacias compra ou aos fabricantes.
Por que, então, despejar de forma inadequada hidrográficas. O acúmulo dessas substâncias nos
um líquido que tem tantas finalidades? Aquele seres vivos pode causar perda de memória, pro- APARELHOS ELETRÔNICOS
óleo de cozinha que ficou na panela depois de blemas cardíacos, osteoporose, câncer, cirrose e Será possível viver sem
render uma bela porção de petiscos fritos pode insuficiência renal. computador, televisão, geladei-
ser matéria-prima na fabricação de produtos de Em 1999, o Conselho Nacional do Meio Am- ra, telefone, celular, máquina
limpeza, biodiesel, cosméticos, tintas e massa biente (Conama) estabeleceu a Resolução nº fotográfica e tantos outros apa-
de vidro, por exemplo. Para isso, o óleo deve ser 257, que determina o recebimento de pilhas e relhos que permeiam o nosso
armazenado em garrafas PET através de um funil baterias por parte dos estabelecimentos que os cotidiano? Seja no trabalho ou
com gaze ou qualquer material que sirva como comercializam ou das redes de assistência técnica em casa, todo mundo possui ao
filtro e retenha as partículas sólidas. As garrafas autorizadas pelas respectivas indústrias. Entregá- menos um dos objetos citados.
devem ser entregues em pontos de coleta comu- las aos fabricantes ou importadores permite que, Quando quebrados, sem fun-
mente localizados em órgãos públicos e super- diretamente ou por meio de terceiros, o processo cionalidade ou ultrapassados,
mercados, bem como em cooperativas voltadas de reutilização, reciclagem ou tratamento seja feito muitas vezes eles passam da
a essa finalidade. adequadamente. Em 2008, outra resolução, a 401, estante da sala ou da mesa do
passou a vigorar. Desta vez, estabelecendo limites escritório para terrenos baldios
PILHAS E BATERIAS para a quantidade de metais pesados utilizados ou depósitos de lixo comum,
Pilhas e baterias fazem muitos aparelhos na composição de pilhas e baterias. constituindo uma bomba-reló-
funcionarem no dia a dia. Porém, essas fontes Uma boa dica é substituir pilhas comuns por gio para a natureza. É o chama-
de energia também são causadoras de danos pilhas recarregáveis, que têm vida útil maior. do e-trash ou lixo eletrônico.
irreversíveis ao meio ambiente. De acordo com Para descartar esses resíduos, uma alternativa é A composição desses pro-
informações publicadas no site da Universidade o programa Papa-pilhas, do Banco Real. No site dutos envolve metais pesados
Estadual Paulista (Unesp), elas podem apresen- do banco, o link Ecoeficiência leva a uma página altamente nocivos ao meio
tar em sua composição metais pesados como em que é possível pesquisar o ponto de coleta ambiente e à saúde. Para se ter
chumbo, zinco, níquel, cádmio e mercúrio. É por mais próximo de você, em qualquer estado do uma ideia, o alumínio, usado na
isso que, quando o assunto é lixo tóxico, esses país. Porém, fique atento: a Resolução nº 257 do estrutura de vários aparelhos,
materiais são os primeiros a ser lembrados. Parte Conama estabelece que pilhas e baterias pesando provoca o mal de Alzheimer; o
da pilha se decompõe, por mais que isso leve mais de 500 gramas ou maiores que 5x8 cm, além bário, presente nas válvulas ele-
Ima
gen
s SX
C
29
RESÍDUOS DOMÉSTICOS
trônicas, leva à constrição dos vasos sanguíneos; de alta temperatura, transforma-se em vapores
o cádmio, que compõe chips, semicondutores e tóxicos e corrosivos. No caso das lâmpadas flu-
baterias, pode causar câncer, deformação e lesão orescentes, o mercúrio é mantido em estado de
renal. Tem-se, ainda, o chumbo, o cobre, o mer- vapor devido à baixa pressão dentro do tubo
cúrio, o cromo, o níquel, a prata e o zinco, todos selado de vidro.
elementos necessários para que o botão “liga” De acordo com o portal Coleta Seletiva Soli- CONHEÇA
dos aparelhos, quando pressionado, faça-os fun- dária, do governo federal, é preciso ter cuidados ALGUNS
cionarem. Se descartados de forma inadequada, especiais quando uma lâmpada desse tipo se PROJETOS:
resultam em um impacto ambiental sem propor- quebra. Todas as portas e janelas do ambiente
ções. De acordo com estudos divulgados pelo blog devem ser abertas. Recomenda-se que as pessoas ÓLEO DE COZINHA
• Reóleo (Florianópolis-SC)
lixoeletronico.org, os efeitos são: bioacumulação se ausentem do lugar por, no mínimo, quinze www.reoleo.com.br
de seres vivos, contaminação da água, da terra e, minutos. Após isso, com o auxílio de luvas e aven- • Disque Óleo (Duque de Caxias-RJ)
consequentemente, dos alimentos. tal para evitar o contato com a pele, os cacos de 21 2260 - 3326
• Papa Óleo - Associação Brasileira de
Com o desenvolvimento de novas tecnolo- vidro devem ser recolhidos e colocados em dois Bares e Restaurantes (nacional)
gias, a quantidade de lixo eletroeletrônico tende sacos de lixo lacrados, para evitar a evaporação www.abrasel.com.br/projeto_papa_oleo
a aumentar cada vez mais. No Brasil, hoje, são 60 do mercúrio liberado. • Instituto Triângulo (São Paulo-SP)
11 4991 - 1112
milhões de computadores em uso. A previsão Algumas universidades e empresas desenvol- PILHAS E BATERIAS
para 2012 é de que esse número passe para 100 vem maneiras para separar o mercúrio no descarte • Papa-pilhas (nacional)
milhões, o que significa um computador para de lâmpadas fluorescentes. Assim, o elemento www.bancoreal.com.br/sustentabilidade
• Participe e Recicle (nacional)
cada duas pessoas. Por isso, o cuidado no descarte pode ser reutilizado por indústrias ou destinado
www.participerecicle.com.br
desse tipo de produto é extremamente importante a centros de pesquisa. • Projeto Reciclar (Viçosa-MG)
para a redução dos problemas e interferências no www.projetoreciclar.ufv.br
meio ambiente. REMÉDIOS APARELHOS ELETRÔNICOS
• ONG E-lixo (Londrina-PR)
O caso do descarte de medicamentos venci- 43 3339 - 0475
LÂMPADAS FLUORESCENTES dos é também muito sério. Remédios possuem • Museu do Computador (São Paulo-SP)
As lâmpadas fluorescentes são conhecidas componentes químicos que prejudicam o meio www.museudocomputador.com.br
• Coletivo Lixo Eletrônico (São Paulo-SP)
como sinônimo de eficiência e economia. Redu- ambiente. O Conama não publicou regulamenta- www.lixoeletronico.org
zem o consumo de energia em até 80% e passaram ção ou norma estabelecendo os procedimentos • Descarte Certo (São Paulo-SP)
a ser preferência dos brasileiros após o ano de corretos com relação a esse tipo de resíduo. A www.descartecerto.com.br
LÂMPADAS FLUORESCENTES
2001, quando a necessidade de racionamento Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)
• Tramppo Recicla Lâmpadas (São
entrou em pauta. Antes do episódio que ficou co- apenas propôs critérios técnicos na Resolução de Paulo-SP) – www.tramppo.com.br
nhecido como “apagão”, eram vendidas 3 milhões Diretoria Colegiada nº 306, de 2004, para minimizar • Brasil Recicle (Indaial-SC)
de unidades por ano. Hoje, são 150 milhões. a produção de resíduos e incentivar o encaminha- www.brasilrecicle.com.br
O mercúrio é um dos seus principais compo- mento seguro, a fim de que o lixo farmacêutico
nentes. Segundo o jornal da Universidade Esta- não seja descartado com o lixo doméstico.
Referências:
dual de Campinas (Unicamp), esse metal, líquido Farmácias, hospitais e fabricantes não têm www.akatu.org.br
à temperatura ambiente, pode ser convertido obrigação legal de receber esses materiais. O www.planetasustentavel.abril.com.br
em espécies químicas extremamente perigosas, que o consumidor pode fazer, por enquanto, é www.salaverdeufsc.blogspot.com
www.ambientebrasil.com.br
que se mantêm acumuladas nos organismos adquirir os medicamentos fracionados, ou seja,
VISÃO AMBIENTAL • NOVEMBRO/DEZEMBRO • 2009
30
VISÃO INTERNACIONAL
Eduardo Pocetti
primeira da história a ganhá-lo nesta categoria, a bel valorizaram mais fortemente em 2009? Nesta
norte-americana Ostrom é um expoente do tema década, provamos que é possível sair da condição
“sustentabilidade”. Segundo o júri, o mérito de seu de subdesenvolvimento e que a conciliação entre
trabalho consiste em “focar especialmente os aspec- crescimento econômico e redistribuição de renda
EDUARDO POCETTI tos comuns às pessoas em geral, e a forma como é viável e positiva para todos. Nossas instituições
é CEO da BDO, quinta maior
os recursos naturais são gerenciados”. Em resumo: políticas e financeiras amadureceram e se pro-
empresa de auditoria no
Brasil e no mundo produção e consumo conscientes estão em alta. varam sólidas. Conseguimos caminhar a passos
Em sua área de pesquisa, Elinor Ostrom pro- rápidos e praticamente sem tropeços.
cura entender como os indivíduos, por meio de Esperança, paz, sustentabilidade, respeito ao
decisões cotidianas, podem contribuir para a so- ser humano... O comitê do Nobel deu o seu recado:
lução de problemas de dimensões planetárias, mais importante do que o dia de hoje, é o amanhã
como o aquecimento global. No entendimento que estamos construindo. E todos nós temos um
do comitê que a escolheu, “Ostrom desafiou a papel a desempenhar nesse processo!
31
CONSUMO CONSCIENTE
Os cooktops Mallory têm a classificação energética tipo A, a mais
eficiente do mercado. A energia é proveniente da queima de GLP
ou de gás natural. O design diferenciado de seus queimadores
consegue utilizar menos gás e produz uma chama mais
rica em calor, resultando em economia.
www.mallory.com.br
A cadeira Kisar,
confeccionada no Brasil com
a madeira importada Birck
Wood, é certificada pelo
FSC (Forest Stewardship
Council) porque segue
um rígido controle
de manejo sustentável.
Num processo especial de
secagem, a madeira é tratada
sem danificar os seus veios,
A Mahogany criou refis de 1,2 litro para a e assim consegue
linha de sabonetes líquidos. Preocupada ser moldada e vergada.
em contribuir para amenizar os impactos www.arteemcadeiras.com.br
ambientais e em reforçar a importância da
reciclagem, a empresa utiliza embalagens
PET recicláveis. www.mahogany.com.br As ecopastilhas da
Lepri Cerâmicas,
além de
antiderrapantes
são sustentáveis,
feitas a partir da
decomposição
A Valisère desenvolveu e reciclagem
o processo Eco Dry de lâmpadas
para o tingimento de fluorescentes.
tecidos sintéticos. Ele www.lepri.com.br
praticamente elimina
o consumo de água,
reduz drasticamente o
consumo energético e zera
a geração de efluentes.
Quem adquire uma peça
na Revelateurs investe em
soluções sustentáveis e
ainda ganha uma garrafa A Motor Z tem uma linha de scooters elétricas com
de água mineral (600 ml). ótimo desempenho e segurança. Suas baterias são
www.valisere.com.br recarregadas em tomadas comuns, de 110 ou 220 volts.
A preocupação ecológica está presente sem deixar de
lado o design e o conforto. www.motor-z.com.br
VISÃO AMBIENTAL • NOVEMBRO/DEZEMBRO • 2009
32
O livro Experiências
empresariais em
sustentabilidade tem
A Interface Flor fabrica seus o objetivo principal
produtos preocupando-se de contribuir para a
com a sustentabilidade. discussão sobre como
Eles possuem hoje um fazer a transição para a
percentual que varia de 65% economia verde no Brasil
a 72% de conteúdo reciclado e no mundo, atingindo
pós-consumo. A meta da assim a sustentabilidade
empresa é zerar seu impacto corporativa.
ambiental até 2020. www.campus.com.br
www.interfaceflor.com.br
No livro A empresa
verde, Élisabeth Laville
mostra que, cada vez
mais, consumidores de
todo o mundo pautam
suas escolhas baseados
em questões como
o impacto ecológico
provocado pelas
indústrias e as condições
de trabalho
A Bunge apresenta ao mercado o creme vegetal na produção dos
Cyclus Nutrycell, que vem na primeira embalagem bens oferecidos.
biodegradável do Brasil. Proveniente de fonte www.bei.com.br
renovável, ela se decompõe em 180 dias.
Divulgação
www.saudecyclus.com.br
33
CONSUMO CONSCIENTE O jogo Novo Mundo, da Estrela, ajuda a
despertar a consciência ambiental nas crianças,
trazendo inovação para a tradicional linha de
jogos de tabuleiro. O objetivo é despoluir os
continentes que sofrem com a ação do homem.
Desde a caixa até as cartas são feitas de papel
reciclado. www.estrela.com.br
Brinquedos
que
funcionam
por meio de
energia solar
Investindo na sustentabilidade e ensinam às crianças
no respeito ao meio ambiente, os que é importante
móveis e objetos assinados pela Via economizar energia.
Flor propõem uma reutilização para a A Flor Solar se
madeira de demolição. Há várias ideias movimenta quando
criativas para compor uma requintada exposta à luz. Há ainda
decoração de Natal. Tel.: (11) 3045-1701 outras opções disponíveis
na importadora Quick Gone, como o Pescador
e a Porquinha Solar, que movimentam a cabeça
A Chic Chic é uma loja que quando iluminados pelo Sol.
reúne trabalhos de designers www.quickgone.com.br
do mundo inteiro e que
também apoia projetos
socioambientais. Ela abre
espaço em suas prateleiras, As roupas eco friendly
por exemplo, para os da Chicletaria,
produtos da Coopamare, confeccionadas tanto
uma cooperativa de em algodão orgânico
catadores de lixo e como em malha
moradores de rua situada ecológica feita de
no bairro de Pinheiros, em fibra de bambu, Esta roupa de borracha
São Paulo. Eles transformam estão relacionadas a ecológica da Rip Curl é feita
garrafas de vidro em um sistema produtivo de um novo neoprene, que
criativos vasos cobertos livre de modificações usa cola não solvente no
com linhas coloridas. genéticas e da processo de laminação,
Chic Chic Lab de Criação. aplicação de pesticidas reduzindo em muito a emissão
Tel.: (11) 3507-7304. químicos. de poluentes químicos.
www.chicletaria.com.br É também sucesso
ao sensibilizar as pessoas
para a importância do
meio ambiente.
www.ripcurl.com.br
A preocupação ambiental
VISÃO AMBIENTAL • NOVEMBRO/DEZEMBRO • 2009
e a consciência ecológica
ganharam um aliado
lúdico. A Horta & Jardim
desenvolveu para as crianças
kits com vaso, pratinho,
semente, substrato orgânico
e modo de cuidar. Há três
versões: flores do campo,
girassol e trevo da sorte.
Estes mimos – baratinhos
– podem ser também uma
aula de cidadania e de
respeito pelo planeta.
www.hortaejardim.com
34
Primeira grife nacional 100%
orgânica, a Éden parte do
conceito da sustentabilidade
para definir o estilo da
marca. Usando plantas, flores
e sementes como pigmentos
naturais, através de pesquisas
avançadas consegue criar cores
inusitadas. O jeans da Éden,
além de ser feito com algodão
100% orgânico, é colorido com
o anil extraído da plantação da
própria fábrica e é lavado com
açúcar, um abrasivo natural.
Tel.: (11) 3816-9500
A Orgânica utiliza madeira certificada em suas
embalagens e possui o selo FSC, a mais importante
certificação florestal do mundo. Pioneira no
desenvolvimento de produtos cosméticos
sustentáveis, tem kits que reúnem os itens mais A linha Earthkeepers, da Timberland, possui forte
conhecidos da marca. www.organicas.com.br apelo ecológico: os calçados possuem
forro interno à base de garrafas PET
recicladas, solado de borracha
reciclada e cadarço de algodão
orgânico. A empresa não usa
o PVC como matéria-
prima em nenhum
produto e exige
que os fornecedores
de couro, sejam
certificados por suas práticas ambientais.
www.timberland.com.br
Feita em borracha,
a bolsa em forma
de galinha da
Q-Vizu é divertida
VISÃO AMBIENTAL • NOVEMBRO/DEZEMBRO • 2009
e acompanha a
moda de peças
e acessórios não
convencionais que
fazem referência a
temas ecológicos
O tênis ecológico da Naturezza tem
e que chamam
cada detalhe pensado pelo prisma da
a atenção para
sustentabilidade. O cabedal é feito em lona
o cuidado que
reciclada (50% de algodão reciclado, 35% de
devemos ter com os
poliéster PET e 15% de juta natural), o cadarço
animais e o planeta.
é de fios de juta reciclados e os ilhoses são de
www.qvizu.com.br
alumínio reciclado de latinhas de refrigerante.
A sola é uma mistura de cortiça reciclada e tem
um agradável aroma de andiroba, fruta típica
do Amazonas. O forro de tecido é tingido com
tinta à base de água.
www.naturezza.com.br 35
RODANDO TECNOLOGIA CO
Além das matérias impressas aqui, temos conteúdo exclusivo no endereço www.rvambiental.
com.br. Visite nosso portal e cadastre-se para receber boletins semanais com informações atu-
alizadas. As matérias e assuntos abordados neste caderno não são exclusivos da entidade
apoiadora. Tratam de forma abrangente e isenta dos assuntos de interesse do nosso leitor.
38
Fiema Brasil
Negócios visando o meio ambiente Divulgação/Idovino Merlo
O s e c o n e g ó c i o s, q u e
reúnem produtos e serviços
voltados às soluções para os
problemas ambientais ou que
proponham métodos mais ra-
cionais de exploração dos bens
naturais, crescem diariamente,
na medida em que se percebe
que a sustentabilidade é a úni-
ca chave para o futuro. Pois é
esse segmento do mercado o
foco da quarta edição da Fiema
Brasil (Feira Internacional de
Tecnologia para o Meio Am-
biente), que ocorre entre os
dias 27 e 30 de abril do ano que
vem. A chamada do evento já
está pronta: “Soluções para o
meio ambiente; quem tem,
quem busca... participa!” Fiema 2009: integração entre
O perfil das empresas pre- visitantes e expositores
feira é segmentada em dez setores, como gestão inclui, por exemplo, o 2º Congresso Interna-
de efluentes líquidos, geração e conservação de cional de Tecnologia para o Meio Ambiente, voltados ao
energia e tratamento de emissões atmosféricas. a 2ª Jornada Técnica – Gestão Municipal, o 2º
São esperados mais de duzentos expositores, Prêmio Fiema e o 4º Viva a Natureza (de edu-
conhecimento
vindos de todos os pontos do País e do exte- cação ambiental). São eventos direcionados e à tecnologia
rior. Os organizadores apostam na superação aos diversos públicos que compactuam com a
da participação da edição de 2008, quando visão de futuro da Fundação Proamb – entidade
da área
estiveram presentes na feira representantes de voltada às questões ambientais e organizadora ambiental e de
17 estados brasileiros e de sete países.
Na área internacional já estão firmadas par-
da Fiema –, que é de se tornar uma plataforma
de sustentabilidade a partir da Serra Gaúcha.
sustentabilidade
cerias com as câmaras de comércio portuguesa, As informações completas a respeito da
britânica e alemã. Os acordos visam à partici- Fiema Brasil 2010 estão disponíveis no site oficial
pação de missões, consórcios e expositores. do evento (www.fiema.com.br).
39
CADERNO DE RESÍDUOS
de RCD, tanto do poder público como da iniciativa nicípio tem a responsabilidade de estabelecer zenar corretamente até que
privada, e também definiu e classificou aquilo que, ações para que seja cumprida a resolução do seja transportado;
na linguagem popular, é chamado de “entulho”. Conama. Inclusive, deve disponibilizar uma área 3. Transporte: de acordo com
própria para o depósito desse tipo de material, suas características e com as
MAS O QUE SÃO OS RCD? já que, de forma nenhuma ele pode ir para os normas técnicas específicas;
Conforme o Art. 3º da Resolução, eles aterros comuns. 4. Destinação: conforme as
são classificados em: Segundo o novo panorama para resíduos da quatro classes estabelecidas.
Classe A - são os resíduos reutilizáveis ou
recicláveis como agregados, tais como:
a) de construção, demolição, reformas
e reparos de pavimentação e de ou-
tras obras de infraestrutura, inclusive
solos provenientes de terraplanagem;
40
Fotos: Divulgação/Creta Tecnologias de Reciclagem
Cristovam Peres e
Guilherme Pacher, diretores Usina projetada pela
da Cretatec, em uma Cretatec economiza
das usinas idealizadas recursos naturais
pela empresa transformando resíduos
baldios, margens de rios e ruas, entre outros. As importantes para controlar e atenuar os problemas
consequências são desastrosas para o meio am- ambientais, assim como para produzir diversos do cenário de
biente e para a sociedade em geral. materiais de valor agregado. degradação
Os entulhos são responsáveis por: enchentes,
já que entopem bueiros; poluição dos rios, pois as RECICLAR: A MELHOR OPÇÃO que os resíduos
chuvas os levam até as margens e os leitos fluviais; PARA POUPAR E PROSPERAR causam
poluição visual (caçambas irregulares e restos de “Uma usina básica para a reciclagem de resí-
construção no meio das ruas); criação de vetores duos de construção e demolição é constituída por:
que causam epidemias e doenças como a dengue; alimentador vibratório, britadores, transportadores
entre outros. de correia e peneira classificatória (os quais devem
A reciclagem e o reaproveitamento do entu- ser dimensionados ao volume a ser processado),
lho, assim como a diminuição do desperdício de e, caso seja necessário, equipamento para lava-
materiais de construção, são fundamentais para gem dos agregados reciclados”, explica Cristovam
41
CADERNO DE RESÍDUOS
Caminhões recolhem
entulho diariamente
Depois de vários
processos, os RCD viram
areia grossa e pedrisco
Peres, diretor comercial da Creta Tecnologias de de construção civil”. Cristovam diz ainda que,
Reciclagem – empresa formada inicialmente por utilizando equipamentos usados, o valor pode
uma equipe de universitários com o objetivo de cair para R$ 600 mil; mas uma usina de última
pesquisar, desenvolver e colocar em prática so- geração, com tecnologia importada, pode chegar
luções viáveis, simples e eficientes de redução, a R$ 3 milhões.
gerenciamento, reciclagem e reutilização dos Segundo ele, “para se montar uma usina é
resíduos de construção civil, entulho e outros necessário, antes de tudo, muita boa vontade”.
resíduos industriais. Entre as principais ações da É preciso ter um projeto bem elaborado pela A usina de São
Creta estão a elaboração de projetos de usinas de prefeitura local, ter uma gestão de resíduos de
reciclagem de RCD, gestão de resíduos em canteiros construção implantada, parcerias com construto-
José do Rio Preto
de obra (para construções e demolições), monitora- ras para realizar a triagem em canteiros de obras, tem capacidade
mento da eficiência e desperdício de materiais em e transportadores e caçambeiros orientados a
construções utilizando Tecnologia da Informação, encaminhar o material até a usina de reciclagem.
para reciclar,
além de estudos de viabilidade para reutilização “É extremamente importante haver um mercado diariamente,
de resíduos construtivos em aplicações específi-
cas e ensaios mecânicos em materiais cerâmicos
já desenvolvido para absorver todo o material
reciclado pela usina, o que não é pouco. O ideal
320 toneladas
reciclados ou naturais. seria a prefeitura local absorver esse material na de resíduos da
Os valores para se montar uma usina de pavimentação e recuperação de ruas, obrigando
construção civil
reciclagem ainda são altos, apesar de já terem que ele seja utilizado em todo quilômetro de
baixado muito. “O preço varia dependendo da rua construído. Assim, o volume utilizado seria
destinação do produto final, mas a planta bási- grande e o retorno para a sociedade seria men-
ca, com equipamentos novos, fica em torno de surável”, salienta.
VISÃO AMBIENTAL • NOVEMBRO/DEZEMBRO • 2009
R$ 1 milhão para um processamento a partir de De maneira bastante ampla, “os resíduos po-
50 toneladas por hora, incluindo infraestrutura dem ser aplicados na construção civil sem preju-
42
Pesquisa
Um concreto mais forte, seguro
Fotos: Divulgação
e ecologicamente correto
Um rejeito das termoelétricas a carvão
pode ser usado para tornar o concreto mais
forte, seguro e com menos emissão de dióxido
de carbono. Os pesquisadores que estão tra-
balhando no projeto dizem que essa tecnolo-
gia pode “revolucionar a indústria mundial da
construção” e esperam levar a tecnologia para
testes de escala industrial e comercialização.
Tratando seus resíduos, O cientista de materiais Willian Rickard e seus
Rio Preto economiza mais
colegas da Curtin University, em Perth, na
de R$ 100 mil por mês em
manutenção pública Austrália, usaram o rejeito conhecido como
fly ash (cinza da queima do carvão) para criar o
concreto. “O maior benefício de usar cimentos
de polímeros de cinza do carvão é que eles
mantêm sua resistência a temperaturas acima
ízo algum de qualidade, desde triturado e preparado pode ser utilizado em pa- de 1.200 °C, enquanto cimentos tradicionais
começam a perder sua resistência a cerca de
que não tenham função estru- vimentação, operações tapa-buraco, construção 600 °C. Em caso de incêndio, a construção
tural”, alerta Cristovam. Resíduos civil, entre outros. feita com cimento tradicional pode perder
como cerâmica, blocos, concre- sua resistência e vir abaixo. Construções com
o concreto de cinzas do carvão têm chances
tos, pisos e azulejos podem ser EXEMPLOS DE SUCESSO melhores de sobreviver a um incêndio”, diz
transformados em agregados São José do Rio Preto fica na região noroeste Rickard. A cada ano, ocorrem cerca de cem
reciclados como areia, pedris- do Estado de São Paulo, a 450 quilômetros da mortes e três mil ficam feridos devido a in-
cêndios que atingem estruturas na Austrália.
co, brita e bica corrida. “Esses capital. Com cerca de 420 mil habitantes, a eco-
Outra aplicação, segundo o cientista, seria a
agregados são utilizados como nomia do município é voltada para a agricultura, utilização do cimento com cinza do carvão
base e sub-base de pavimen- comércio e indústria. Mas não é isso que faz de Rio na construção de túneis. “Na Europa, houve
tação, concreto para ser usado Preto, como é conhecida, uma cidade especial. Em casos de túneis em colapso durante incêndio.“
Mais de 600 milhões de toneladas de cinzas
em guias, sarjetas, mourões, setembro de 2005, o governo municipal implantou são produzidas anualmente no mundo como
blocos de vedação e em outras a usina de reciclagem de resíduos da construção rejeito da queima do carvão em termoelétri-
aplicações menores, como no civil com responsabilidade ambiental e economia cas. O novo cimento vai tornar o rejeito em
algo útil, acabando com a necessidade de
paisagismo”, afirma. O material de até 100 mil reais por mês com a manutenção da ser posto em aterros. Ao mesmo tempo em
reciclado ainda pode ser mui- cidade. “Seu principal ganho foi ambiental, pois o que recicla, o cimento produzido com cinza
to útil para o controle de ero- entulho que antes era jogado nas margens de rios, será bom também para o meio ambiente,
pois ele libera 80% menos dióxido de carbo-
sões, recuperação de estradas áreas verdes, mananciais, entre outros locais, hoje
no que o cimento comum. Pode fazer uma
rurais e pavimentação (bloque- é utilizado de forma inteligente, gerando econo- grande diferença em escala mundial, já que,
tes para pisos intertravados). mia e empregos”, explicou Ana Silvia Casagrande, hoje, de 5% a 8% da emissão de carvão no
Extremamente vantajoso, o uso arquiteta e coordenadora da usina. mundo vem da fabricação do cimento tradi-
cional. Sua produção exige que calcário seja
dos materiais reciclados chega Antes da implantação da usina, os RCD eram queimado. O novo cimento é diferente. “É
VISÃO AMBIENTAL • NOVEMBRO/DEZEMBRO • 2009
a gerar uma economia de até depositados em mais de 1,4 mil pontos clandes- um polímero inorgânico com uma química
30% em relação a similares com tinos, sujando a cidade e causando desequilíbrio diferente do cimento tradicional, já que não
é baseado no cálcio”, diz Rickard. “A produ-
matéria-prima não reciclada, ambiental. Segundo Ana Silvia, hoje esses pontos ção de uma tonelada de cimento Portland
dependendo dos gastos indire- não passam de doze. “A população sabe dos locais libera uma tonelada de dióxido de carbono”.
tos e da tecnologia empregada apropriados para o descarte, mas infelizmente O cimento proposto por Rickard exige menos
energia e a reação química não libera dióxido
nas instalações de reciclagem. alguns não cumprem. São dezessete pontos de
de carbono. Adicionar cinza do carvão não
No entanto, não há dúvida de apoio onde o munícipe pode depositar até 1 m³ é uma concepção nova. O uso da cinza em
que será sempre mais benéfico de entulho e materiais que não utiliza em casa”. cimento geopolímero é baseado num conceito
para o meio ambiente. Grandes Os caçambeiros (Associação dos Camçabeiros) são diferente. “No cimento Portland, a cinza é
usada simplesmente como preenchimento,
pedaços de concreto podem os responsáveis por recolher os resíduos desses enquanto no cimento geopolímero, a cinza
ser empregados para conter pontos. “Quase 80% dos materiais são recolhi- do carvão é componente crítico, já que é de
processos erosivos na orla dos diariamente nos pontos de apoio”, ressalta onde a resistência vem”, diz Rickard.
marítima, enquanto o entulho a coordenadora.
43
CADERNO DE RESÍDUOS
Com capacidade para reciclar 40 toneladas trouxe sérios problemas ambientais e sociais tal paulista, onde os materiais
por hora, ou seja, 320 toneladas por dia, o muni- para a cidade de São Paulo. Para atenuar esse recolhidos passam por uma
cípio consegue reciclar quase 50% dos resíduos problema, a prefeitura do município desenvolveu triagem. Aqueles de origem
produzidos por dia na cidade, uma média de 750 um projeto através da Secretaria de Serviços (SES) mineral, como concreto, arga-
toneladas. Todo material produzido é usado exclu- criando áreas chamadas de Ecopontos, onde os massa e alvenaria, são encami-
sivamente na manutenção pública de Rio Preto. pequenos geradores podem depositar resíduos nhados para aterros de inertes;
O primeiro passo para a reciclagem é a triagem da construção e demolição, entre outros. o rejeito é levado para aterros
dos entulhos e a retirada dos materiais contami- Atualmente, são 37 Ecopontos onde a popu- sanitários; e o resíduo reapro-
nantes. Depois de vários processos, a usina produz lação pode depositar voluntariamente pequenos veitável é comercializado.
a bica corrida. Esse material é utilizado na pavi- volumes de entulho como, móveis velhos, podas Fora os Ecopontos, as subpre-
mentação ecológica de estradas rurais de terra. Já de árvores, resíduos de construções e reformas, feituras realizam a chamada Ope-
os materiais nobres, que são produzidos à base de além de materiais recicláveis. Caçambas distintas ração Cata-Bagulho, recolhendo
concreto (pisos, blocos, entre outros), depois de para cada tipo de resíduo estão alocadas nos dos bairros restos de madeira,
reciclados dão espaço a um material rico e bas- pontos, sendo que a única limitação é de que pneus usados, móveis quebrados
tante utilizado: os agregados (areia grossa, brita e o volume não exceda 1 m³. e eletrodomésticos danificados.
pedrisco). Estes serão os responsáveis por cerca de Segundo dados do Departamento de Lim- Também há um caminhão que
trinta tipos de produtos para uso em construção peza Urbana (Limpurb), 10% de todos os ma- realiza a Operação Arrastão, pas-
civil e manutenção de obras da própria prefeitura. teriais entregues em canteiros de obras são sando em grandes avenidas e em
Entre as obras estão: guias e sarjetas de ruas, lajes desperdiçados, e, todos os meses, o Limpurb pequenos pontos viciados para
diversas, tampas para bueiros, blocos, tampas e recolhe cerca de 144 mil m³ de entulho. Extra- recolher vários tipos de material
caixas de luz, tubos, areia grossa, pedrisco, brita, oficialmente, estima-se que essa quantidade (madeiras, móveis, entre outros)
poste de alambrados e até bancos de praça. seja três vezes maior. Dos materiais descartados, de origem desconhecida. Só na
65% são produtos inertes como argamassas, região da Subprefeitura de Ja-
ECOPONTOS: O INÍCIO DE UM NOVO CICLO concretos e telhas. çanã/Tremembé, já foram reco-
O entulho depositado em pontos clandes- Os resíduos seguem para uma das cinco lhidas 902 toneladas de material
tinos e ilegais como avenidas, ruas e praças, já Áreas de Transbordo e Triagem (ATTs) da capi- em 2009.
44
Exposucata 2009
Segmento antes
Divulgação
desconsiderado
mostra-se grande
gerador de negócios
Por Susi Guedes
lificada. Vendemos para uma empresa brasileira e ca está retomando os investimentos no setor de com os profissionais do setor de
outra argentina e prospectamos negócios futuros. reciclagem florestal com a linha de guindastes reciclagem e temos grandes pos-
A expectativa é ampliar nossa participação na hidráulicos Epsilon, que atualmente representa sibilidades gerar novos negócios
indústria de sucata ferrosa e não ferrosa”. Hugo 10% das vendas da empresa”. Evaldo Oliveira, daqui a alguns meses”. Oacyr
Brochiero, gerente de vendas para América do gerente de produto para reciclagem florestal da Gava, diretor da Primaplast.
Sul da Sierra. Madal/Palfinger. Participantes e visitantes
“Foi estratégico participar da feira, pois ficamos “A feira nos surpreendeu pela qualificação do tiveram uma enorme sinergia.
um tempo afastados do mercado de reciclagem. público. Apesar da crise, o mercado de reciclagem Além das informações, bons
Conseguimos fechar negócios da ordem de R$ 350 tem muito espaço para crescer e o produto caçam- negócios foram a tônica do
mil e abrimos novos contatos comerciais. A meta ba vem acompanhando esta evolução. Atendemos evento, que, promovido pela
para 2010 é ampliar a participação nos setores clientes de diversos segmentos da indústria de EcoBrasil Editora, tem contribuí-
agrícola e de reciclagem, com a venda de equi- sucata, sendo os de madeira e lixo os mais impor- do para o crescimento do setor.
pamentos para movimentação de carga”. Gonçalo tantes para nossos negócios. Foi a nossa estreia Ano que vem tem mais.
45
CADERNO DE RESÍDUOS
Fitabes 2009
Neste ano a cidade escolhida
Divulgação/Carlos Berg
para receber a Feira
Internacional de Tecnologias
de Saneamento Ambiental
foi Olinda (PE)
Acima, cerimônia
Por Susi Guedes de abertura do
Congresso de
A Feira Internacional de Tecnologias de Sane- Engenharia Sanitária
e Ambiental. Ao
amento Ambiental (Fitabes) ocorreu entre os dias lado, apresentação
20 e 24 de setembro, no Centro de Convenções de de dança tipica e a
abertura da feira,
Pernambuco, em Olinda. Nesse período, o evento com a presença do
recebeu cerca de oito mil visitantes, que puderam governador Eduardo
Campos e de Cassilda
conhecer lançamentos, produtos e serviços de 232 Teixeira, presidente
expositores, empresas com atividades ligadas a nacional da Abes
água e esgoto, resíduos sólidos, equipamentos,
controle e proteção ambiental.
As discussões levantadas, principalmente as os custos e eliminar as perdas”, diz Bruno Valenti, A Alpina Saneamento, que
que tratam de novas tecnologias, problemas de analista de marketing e comunicação da Itron, desenvolve estações compac-
investimento e infraestrutura, serviram como base fornecedora de medidores de eletricidade, gás, tas de tratamento de efluentes,
de reflexão, e, além de fazerem o setor pensar em água e calor. levou para a feira um professor
soluções, elas geraram negócios. “Nossa tecnologia é própria e esse é o nosso venezuelano da Universidad Ca-
Organizada pela Fagga Eventos, a feira se desta- principal diferencial”, conta Sergio Xavier, diretor rabobo, Rafael Dautant, criador
ca como vitrine, segundo Cláudia Leon, gerente da comercial da Glass Bombas. Além dos produ- dos DBR (discos biológicos rota-
empresa: “Temos várias empresas expositoras que tos tradicionais, a empresa apresentou algumas tivos), que possibilitam o reuso
trazem novos conceitos, produtos e equipamentos novidades, como a válvula multijato e a válvula da água. “Estudei a tecnologia na
para o setor. Além de ser uma oportunidade para esfera para água. Venezuela e a trouxe para o Brasil
atualização, qualificação profissional e intercâm- De acordo com Estevão Lopes, gerente de pro- há seis anos”, comenta.
bio comercial, é uma feira pensada também para dutos da AVK – empresa de origem dinamarquesa Para a assessoria de comu-
conscientizar e sensibilizar a população em relação que está no Brasil há dois anos –, estar na Fitabes nicação da Beraca, empresa que
aos problemas do meio ambiente”. foi essencial para fazer bons contatos. “É a nossa atua no segmento de tecnolo-
VISÃO AMBIENTAL • NOVEMBRO/DEZEMBRO • 2009
Participar de feiras é uma estratégia muito eficien- primeira participação e tivemos a oportunidade gias para água, o Global Service
te, e muitas empresas as veêm como ferramenta de de mostrar nossos produtos para muitos clientes foi a grande inovação levada à
marketing e fonte de novos negócios. Isso transparece em potencial”, afirmou. Fitabes. Trata-se de uma modali-
no depoimento de alguns expositores. De origem francesa e com filial em Pernambu- dade de serviço para tratamento
“Grande parte das perdas está relacionada co, a Sappel apresentou sua linha de hidrômetros. de água já implantada em sete
ao uso de equipamentos como, por exemplo, “Trouxemos para a feira o Hydrus, que é um medi- estados brasileiros e que tem
válvulas de redes de distribuição, que, quando dor volumétrico com sistema de radiofrequência como principal triunfo ajudar os
apresentam imperfeições, podem ocasionar gran- integrado, bem preciso na leitura. Temos também municípios a cumprir a Lei de
des vazamentos”, explica Carlos Alberto Torres, o Altair V4 em composite, medidor volumétrico Responsabilidade Fiscal, uma vez
engenheiro da Saint-Gobain. que suporta altas vazões, permite maior fatura- que toda a tecnologia envolvida
“Não só vendemos a nossa tecnologia, mas mento para empresas de água e menor impacto não é cobrada, somente o uso
servimos de consultores. Queremos mostrar para ambiental”, disse Karina Oliveira, assessora exe- do serviço.
nossos clientes qual é a melhor forma de reduzir cutiva da empresa. Já a norte-americana John-
46
Campeonato de
operadores
ECONOMIZE CAPITAL
E DEFENDA SEUS DIREITOS!
• Contabilidade em Regime de Outsourcing
• Departamento Pessoal
• Gestão de Benefícios
• Escrita Fiscal
• Planejamento Tributário:
– Agilização na Homologação/Recuperação
de Créditos junto às SRF e Fazenda Estadual
– Administração de Passivo Tributário com
Precatórios Alimentares
Fotos: Divulgação
Mesa
do, Furnas, Itapecuru e diretora
Quando se fala em meio ambiente subterrâ- Bauru-Caiuá, todos eles da Abas e
neo, muitas vezes não se pensa na amplitude da protegidos por boas leis palestrantes
do Cimas
questão. Parece algo distante, sem relação com ambientais, mas que pre-
os assuntos considerados mais relevantes para a cisam ser modernizadas.
preservação da natureza. Engano comum come- Elas continuam sendo
tido por leigos. discutidas e melhoradas,
As indústrias químicas – bem como as que se talvez não com a rapidez
utilizam de processos químicos na linha de pro- necessária e desejada,
dução – e os postos de combustíveis estão entre mas poderia ser pior. Há
os maiores poluidores, mas atividades como a um esforço comum na
agricultura, a mineração e a construção também preservação destes reserva-
podem causar danos ao solo, ao subsolo, aos len- tórios. Ocorre, porém, que
çóis freáticos e aos aquíferos. nem sempre a legislação
De forma consciente ou não, por ação ou por se mostra eficiente, pois a
omissão, vários setores acabam afetando o espaço preservação depende
que ocupam – às vezes, até áreas muito maiores. também de fiscalização,
Vazamentos, resíduos de produção, agrotóxicos e educação e novas tecno-
afins se infiltram no solo e no subsolo, impactan- logias, além de viabilidade
do-os negativamente, de maneira leve ou inten- técnica, vontade política,
sa, gradualmente ou de maneira súbita. Algumas mão de obra especializada
Plateia dos
empresas se preocupam com a prevenção ou com e investimentos. seminários
a solução do problema fazendo trabalhos admi- A primeira edição des-
ráveis nesse sentido. Mas, infelizmente, elas ainda se congresso internacional Fenágua: integração
são raridade. se mostrou um excelente entre empresas e
participantes do
Pensando nisso, no compartilhamento de catalisador de ideias e solu-
congresso
pesquisas e na disseminação de conhecimento, ções, bem como multiplica-
a Associação Brasileira de Águas Subterrâneas dor de informações e vitrine
(Abas) realizou, de 15 a 18 de setembro, na Fe- de novas tecnologias. Com
deração do Comércio do Estado de São Paulo, mais de cem trabalhos aca-
VISÃO AMBIENTAL • NOVEMBRO/DEZEMBRO • 2009
Grande visitação
Divulgação
comprova sucesso de
feiras segmentadas
Por Susi Guedes De acordo com dados da Associação Brasileira da transformação. Na indústria, os
Indústria de Tubos e Acessórios de Metal (Abitam), o processos térmicos aparecem na
Eventos segmentados tornam-se cada vez Brasil tem capacidade instalada para produzir cerca metalurgia, cerâmica, plásticos,
mais comuns. O mercado exige isso, e a indústria de 4,3 milhões de toneladas de tubos de aço por ano. agroindústria, siderurgia, quími-
se prepara e disponibiliza novidades voltadas para Em 2008, a produção foi de aproximadamente 2,2 ca, petroquímica, cimenteiras,
o atendimento específico das necessidades de milhões de toneladas, com faturamento de US$ 5 automotiva em geral, fundição,
cada segmento e atividade. Um bom exemplo bilhões – mais de 350 mil toneladas foram vendidas forjarias, soldagem, entre outras.
dessa segmentação são as feiras Tubotech e Ter- para o exterior, rendendo US$ 679 milhões. Na área de serviços, podemos
motech, que aconteceram de 6 a 8 de outubro no Paralelamente ao evento, aconteceram tam- citar hospitais, lavanderias, ho-
Centro de Exposições Imigrantes, em São Paulo. bém: a Metaltech (Feira Industrial de Tecnologias telaria, termas, beneficiamento
Em três dias, elas receberam16,5 mil visitantes, em Metais), a Expobombas (Feira Internacional de de metais e até residências, en-
ocasião em que houve sinergia entre as empresas Bombas, Motobombas e Acessórios), a Expovál- globando desde fogões e aque-
expositoras e os visitantes em busca de lançamen- vulas (Feira Internacional de Válvulas Industriais e cedores até chuveiros e ferros de
tos e soluções direcionadas. Acessórios) e o Techshow (Jornada de Tecnologia passar roupa.
A Tubotech (Feira Internacional de Tubos, dos Expositores). O que chama a atenção é que
Conexões e Componentes) recebeu profissionais Já a Termotech (Feira Industrial de Tecnologias cada vez mais se percebe gran-
das áreas de petróleo, gás, automóveis, cons- Térmicas), que abrigou ainda a Joterm (Jornada de preocupação para que essas
VISÃO AMBIENTAL • NOVEMBRO/DEZEMBRO • 2009
trução, infraestrutura e bebidas, bem como dos de Atualização em Tecnologias Térmicas), reuniu novas tecnologias tenham apli-
setores químico, petroquímico, farmacêutico, fabricantes de aquecedores, caldeiras, fornos in- cação prática no cotidiano das
entre outros. Ela movimentou cerca de R$ 600 dustriais, revestimentos monolíticos, cerâmicas, indústrias e da sociedade, mas
milhões em negócios. resistências elétricas, queimadores, entre outros. que também encontrem pontos
Aplicados aos mais variados segmentos, tu- Simultaneamente à Termotech ocorreu também a de relevância na diminuição do
bos, conexões e componentes estão, de uma Feigás (Feira Industrial do Gás), objetivando aten- impacto ambiental, seja na fase
forma ou de outra, presentes no dia a dia de toda der ao grande número de empresas da cadeia de produção ou na utilização dos
a sociedade, sendo utilizados, por exemplo, na relacionada ao gás industrial. Na próxima edição produtos apresentados.
indústria de bebidas e produtos alimentícios, na os organizadores pretendem agregar ainda a Fe- A próxima edição dos even-
fabricação de automóveis, aviões e navios, em braman (Feira Brasileira de Manutenção). tos já está marcada para 4 a 6
residências, nos móveis, na condução de petró- Movimentando mais de R$ 5 bilhões por ano, de outubro de 2011, no mesmo
leo, gás, energia, água e esgoto, na construção o setor dos fornecedores de tecnologias térmicas local, certamente trazendo ain-
civil e em inúmeras outras áreas. engloba grande parte das indústrias de base e de da mais inovações.
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CADERNO DE RESÍDUOS
Fotos: Divulgação
XI Fimai-Simai
Novas tecnologias, soluções para sustentabilidade, seminários
e debates: responsabilidade ambiental acima de tudo
Por Walter Prandi e Susi Guedes A presença de autoridades ligadas ao se- no fomento de ações proati-
tor valida a feira como importante ponto de vas no cenário do meio am-
Aconteceu entre os dias 4 e 6 de novem- encontro e de negócios. Estiveram presen- biente industrial passaram
bro a XI Feira e Seminário Internacional de tes, entre outros, a coordenadora da divisão por 58 palestras sobre melho-
Meio Ambiente Industrial e Sustentabilida- de câmaras ambientais da Cetesb, Zoraide ria da qualidade no setor.
de (Fimai-Simai). O evento é um dos mais Senden Camicel, o diretor do departamento Por meio de uma coope-
importantes do gênero na América Latina, de meio ambiente da Fiesp, Paulo Dallari, o rativa de catadores associa-
mostrando ao mercado, profissionais e presidente do Instituto Brasil Pnuma e vice- da, o Cempre (Compromisso
VISÃO AMBIENTAL • NOVEMBRO/DEZEMBRO • 2009
visitantes, inovações, soluções alternati- presidente da ISO/TC207, Haroldo de Mattos Empresarial para Reciclagem)
vas e as tecnologias mais avançadas em Lemos, além do diretor de relações institu- manteve uma estação de reci-
serviços ambientais. cionais da Abrelpe, Carlos Silva Filho. clagem funcionando durante
Idealizada e dirigida por Júlio Tocalino A participação internacional foi expres- todo o evento. Em seu semi-
Neto, editor da revista Meio Ambiente Indus- siva: dez delegações estrangeiras tiveram nário, destacou a importância
trial, a feira deste ano teve público recorde, seus espaços de exposição e também pales- de se reaproveitar o lixo.
com 36 mil visitantes e participantes dos trantes disseminando informações e ideias. Em depoimentos, os ex-
seminários, oriundos de todo o território na- Com base na impressionante marca de 870 positores se mostraram sa-
cional e também de outros países. Profissio- reuniões e rodadas de negócios, os projetos, tisfeitos com a visibilidade,
nais da área ambiental e de setores correlatos produtos e ações interativas resultaram em com os negócios gerados no
foram maioria, mas ações com estudantes se fixação de imagem e em novos relaciona- evento e com as perspectivas
destacaram pela postura generosa de disse- mentos e oportunidades. futuras, o que confirma o su-
minação de conhecimento. Cerca de 800 congressistas interessados cesso da feira.
50
Em pé, Haroldo Mattos
de Lemos, presidente do PALAVRA DO ORGANIZADOR
Instituto Brasil Pnuma e
vice-presidente do comitê
“Apesar da crise global,
Fabio Tavares
técnico 207 da ISO
a feira foi ótima! Teve
um crescimento de 18%
a 20%, o que já vem
acontecendo nos últimos
11 anos. Ao mesmo
tempo, estou surpreso
com o número de
expositores e visitantes
que estão aqui. O seminário também foi ótimo,
superou minhas expectativas. Diante disso,
reitero minha posição de que o meio ambiente
é uma ciência exata com cursos de graduação
e pós-graduação; hoje temos engenheiros e
gestores ambientais especializados no assunto.
O meio ambiente finalmente está sendo
levado a sério”.
Julio Tocalino Neto, diretor executivo da Fimai-Simai
CADERNO DE RESÍDUOS
“Estamos há
Fotos: Fabio Tavares
uma grande relacionamentos que geram novos negócios”. da assessoria junto às empresas brasileiras. A Fimai é
virada para os Michel Tognolli, gerente nacional uma porta de entrada para as empresas italianas, que,
próximos 10 anos. de vendas da Corplab mesmo após a feira, continuam mantendo contato,
Somos uma em- formando essa união entre a Itália e o Brasil
presa que cuida “Trouxemos linhas por um meio ambiente melhor”.
do gerenciamento e da disposição final de de processamento de Patrícia Costa de Carvalho, do Instituto Italiano
resíduos. Dentro do grupo, contamos com pneus, papéis e lixo, para o Comércio Exterior
mais seis parceiros, com os quais desen- um produto que faz
volvemos estratégias e projetos técnicos a separação desses “A feira está muito boa e inte-
para os resíduos gerados pela indústria, resíduos. Fornece- ressante, com muitos produtos
comércio e também pelas residências. mos o maquinário novos para o setor. Viemos ofe-
Nosso trabalho é tentar mudar essa situa- e, até o momento, recer o nosso, que é diferenciado
ção negativa do planeta e tornando-o mais recebemos bastante no mercado: um triturador que
sustentável, impedindo que os resíduos não procura. A feira está trabalha na compostagem do
sejam lançados no meio ambiente”. ótima; fizemos muitas parcerias importantes”. lixo orgânico”.
Waltemir de Mello, diretor de comunica- Wagner Guido, engenheiro Billy Oh, representante admi-
ção corporativa da Estre Ambiental mecânico da Bano nistrativo da Burden Business
52
Expositores Fimai-Simai
53
CADERNO DE RESÍDUOS
Fotos: Fabio Tavares
54
Expositores Fimai-Simai
CADERNO DE RESÍDUOS
Expocatadores 2009
Ricardo Stuckert
catadores da Cruma,
mostram prensa de
materiais recicláveis
ao presidente Lula
Catadores ocupam seu organizações de fomento, poder público e pes- de conhecimento, espaço para
quisadores ligados aos temas da reciclagem e divulgação de projetos sociais,
espaço no próspero do desenvolvimento sustentável. iniciativas empresariais e tecno-
ramo dos resíduos Entre os cerca de 30 expositores, estavam logias para aprimoramento da
prefeituras, indústrias, entidades financeiras e gestão da coleta seletiva solidá-
Por Susi Guedes empresas ligadas ao setor dos resíduos, mostrando ria. A promoção de um diálogo
soluções interessantes e formas criativas de se que estimule o desenvolvimento
Catadores... Há tantos espalhados pelas ci- lidar com eles. A parte artística ficou por conta da de alternativas mercadológicas
dades que, ao vê-los pelas ruas, em seu trabalho disputada exposição compacta da série Lixo, do para o setor, ajudaria a fomentar
solitário, normalmente pensamos de maneira artista plástico Vik Muniz. o desenvolvimento de políticas
simplista e preconceituosa, colocando-os como Muito ativos na concepção e realização do públicas de inclusão das organi-
homens e mulheres sem opção, ou com pouca evento, destacam-se o Movimento Nacional dos zações de catadores nos sistemas
condição de mudar seu destino. A Expocatadores Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR) e a oficiais de coleta seletiva.
conseguiu mostrar o quanto essa ideia é errada, Cooperativa de Reciclagem “Unidos pelo Meio Sob qualquer prisma que
VISÃO AMBIENTAL • NOVEMBRO/DEZEMBRO • 2009
antiquada, pouco inteligente e, até certo ponto, Ambiente” (Cruma), de Poá, que foram os grandes se olhe, o evento se mostrou
distante da realidade. alicerces desta conquista. espetacular. Seu lado social de-
Unidos, organizados e fortes, eles realizaram O reconhecimento da importância do evento monstrou que é possível criar
a 1ª Reviravolta Expocatadores 2009, feira tecno- ficou evidente pelas presenças marcantes de oportunidades de onde menos
lógica voltada para as associações e cooperativas autoridades, entre elas, prefeitos, ministros e até se espera. Pessoas simples alcan-
de catadores de materiais recicláveis da América o presidente Lula. Muitos acordos, convênios e çam seus objetivos e espaço para
Latina e Caribe, mas aberta também aos demais parcerias foram assinados no intuito de apoiar se mostrar como empreende-
interessados no tema. iniciativas que incentivem o crescimento do dores, chamando a atenção de
A impressionante marca de 1,5 mil cata- setor de reciclagem no Brasil. investidores, mídia e visitantes. O
dores, oriundos de vários estados brasileiros, Roberto Laureano da Rocha, o organizador resgate da cidadania com honra,
América Latina e Caribe, se fez presente numa da Expocatadores, destacou que o sucesso des- criatividade e geração de renda,
feira que, sem estrutura de mídia, contou com sa primeira edição é um incentivo para que ou- se vê no mais puro conceito de
seis mil visitantes, entre empresários, ONGs, tras aconteçam. É preciso haver disseminação sustentabilidade.
56
VISÃO EMPRESARIAL
Índice de sustentabilidade
Ninguém mais contesta hoje que, para ga- cluir as empresas que as representam no ISE, a
rantir a perenidade, as empresas devem inserir Bovespa utiliza questionários respaldados no
na sua atuação elementos que considerem o conceito denominado Triple Bottom Line (TBL),
equilíbrio nas relações com diversos grupos de que considera, em sua mensuração, os recorren-
interesse, demonstrando que os sistemas eco- tes elementos ambientais, sociais e econômico-
nômicos, sociais e ambientais estão integrados financeiros. Porém, outros indicadores foram
e que não podem implementar estratégias que acrescidos aos questionários: critérios gerais,
contemplem somente uma dessas dimensões. critérios de natureza do produto e critérios de
Há alguns anos, iniciou-se uma tendência governança corporativa.
mundial de os investidores procurarem empresas Assim, o questionário do ISE busca refletir,
socialmente responsáveis, sustentáveis e rentá- além das características das empresas, sua atu-
veis para aplicar seus recursos. Com isso, índices ação nas dimensões econômica, ambiental e
de sustentabilidade foram criados em escala social, governança corporativa e a natureza de
global para avaliar várias dimensões das relações seus produtos.
da empresa com a sociedade, o meio ambiente e A questão primordial no estabelecimento
os provedores de capital para a empresa. e na crescente aplicação desses índices de sus-
Diante dessa modificação na forma de percep- tentabilidade, entre os quais o ISE, está no fato
ção do valor por parte dos investidores, e como de que se discute se as empresas que fazem
uma iniciativa de vanguarda na América Latina, parte deles trazem retornos relevantes aos seus
em 2005 foi criado o Índice de Sustentabilidade acionistas. Assim como se investimentos em
Empresarial (ISE), pela Bolsa de Valores de São práticas de sustentabilidade são aceitos pelo
Paulo (Bovespa), em parceria com instituições mercado de capitais. Além disso, avalia-se de que
como a Fundação Getúlio Vargas, o Instituto Ethos forma a inclusão de uma empresa nesses índices
Divulgação
e o Ministério do Meio Ambiente. O projeto é representa acréscimo de valor ao acionista.
financiado pela International Finance Corporation O fato é que recentes estudos e pesquisas
(IFC), braço financeiro do Banco Mundial que tem comprovam que empresas sustentáveis geram,
a missão de promover investimentos no setor de fato, mais valor para o acionista no longo
privado de países em desenvolvimento. prazo. No caso do ISE, algumas vantagens pal-
O objetivo do ISE é criar um ambiente de páveis são agregadas à empresa que dele faz
investimento compatível com o desenvolvimen- parte: tornar-se reconhecida pelo mercado como
to sustentável da sociedade contemporânea e uma empresa que atua com responsabilidade
estimular a responsabilidade ética das corpo- social corporativa; tornar-se reconhecida como
rações por meio de boas práticas empresariais. uma empresa apta a gerar sustentabilidade no
Para tanto, sua finalidade é a de oferecer aos longo prazo; e tornar-se reconhecida como em-
VISÃO AMBIENTAL • NOVEMBRO/DEZEMBRO • 2009
investidores uma opção de carteira de ações de presa preocupada com o impacto ambiental
empresas reconhecidamente comprometidas das suas atividades. Tudo isso permite que haja
com a responsabilidade social e a sustentabili- consequências positivas na precificação dos JULIANA GIRARDELLI VILELA
dade empresarial. seus papéis. é advogada da área societária
Sua idealização pautou-se na premissa de que É indubitável que o ISE se constituiu em ins- do Peixoto e Cury Advogados
o desenvolvimento econômico de um país está trumento importante para demonstrar quais – juliana.vilela@peixotoecury.com.br
empresários, numa demonstração de que seus negó- uma ordem imediata de inspeção, que evitará futuras
cios são de fato ecologicamente corretos. Todavia, falhas na linha de produção.
logo se percebeu que o caminho até lá seria A implementação no mundo corporativo de
um tanto quanto tortuoso, principalmente uma gestão efetiva de ativos sustentáveis mostra
pela constatação de que com a onda que a diminuição no consumo energético entre as
verde viriam custos elevados. Mas empresas tem sido em torno de 12%, sem contabi-
o que era uma vontade virou uma lizar a economia nos custos de ordem operacional.
obrigação, e a pressão sobre a redu- Se a redução no consumo energético passou a ser
ção efetiva de consumo energético uma imposição de mercado, alternativas como a
passou a ser uma realidade entre as desse novo modelo administrativo revelam-se me-
empresas, que tiveram a difícil tarefa didas consistentes, ao passo que trazem o equilíbrio
de se adaptar a novos padrões, desfa- entre as finanças empresariais e o uso sustentável
zendo-se de equipamentos antigos. dos recursos do nosso planeta.
58
Divulgação
SEGURO AMBIENTAL
A obrigatoriedade
resolve?
Quando a conscientização não é suficiente, a força da lei pode
ser um bom caminho para minimizar os danos ao meio ambiente
A responsabilidade sobre o meio ambiente é risco, entre vários outros. O que se leva em conta,
assunto discutido pela sociedade em geral não só normalmente, são os riscos acidentais e imediatos,
quando acontece algum desastre ecológico, seja ele mas há também a contaminação e os riscos graduais,
de pequenas ou de grandes proporções, mas perma- muitas vezes invisíveis. Legislar sobre assunto tão
nentemente, porque estamos todos preocupados vasto e tão cheio de detalhes e vieses implica em
com os impactos causados pela atividade produti- muito trabalho.
va da indústria ou pelo setor de serviços. Saber de O Projeto de Lei nº 2.313/2003 trata exatamente
quem é a culpa e como resolver os problemas nem disso. Apesar de estar há mais de seis anos tramitando
sempre é fácil. Poucas vezes consegue-se encontrar na Câmara dos Deputados, ele ainda aguarda parecer
quem assuma e arque com eventuais reparações, até da Comissão de Constituição e Justiça. Há indicações
porque há danos irreversíveis e incomensuráveis, o de que será considerado inconstitucional. Se isso se
que torna o assunto ainda mais complexo. confirmar, políticos, ambientalistas e empresas de
Entrar em consenso sobre maneiras de agir, culpa- seguro terão de buscar uma nova abordagem, já que
bilidade, dolo, formas de autuação, legislação e tantos é preciso progredir nesse aspecto da proteção am-
outros aspectos, parece mesmo algo muito difícil. Os biental. O seguro seria uma ferramenta extremamente
empresários argumentam que é impossível produzir importante para as questões preservacionistas.
sendo tão cerceados; os ambientalistas dizem que é Na opinião de alguns, talvez a sociedade ainda
perfeitamente viável aliar produção e preservação; e não tenha entendido a extensão do problema e
a sociedade, bombardeada por informações muitas precise se adaptar a isso; outros consideram a ges-
vezes desencontradas, fica sem saber como se po- tão preventiva como modelo ideal, mas que apenas
sicionar, mas chocada e indignada quando assiste a ela não basta, porque acidentes são, por essência,
cenas em que pobres animais morrem aos montes imprevisíveis.
em função de derramamento de produtos químicos Se a obrigatoriedade não for o caminho neste
em rios ou de vazamento de óleo em mares, além de momento, a conscientização certamente é, afinal,
tantas outras cenas tristes a que assiste muito mais não se pode simplesmente “pedir desculpas” diante
VISÃO AMBIENTAL • NOVEMBRO/DEZEMBRO • 2009
Entre o que se pretende colocar como passível cussão: os deputados federais Leonardo Monteiro e
de seguro incluem-se o transporte de resíduos, a Moreira Mendes, além do empresário Fumiaki Oizumi.
contaminação do solo, a manipulação de produ- Leia a seguir o que eles pensam da obrigatoriedade
tos químicos, os processos de produção que gerem do seguro ambiental.
60
Vice-presidente da Comissão de Meio Ambien-
te e Desenvolvimento Sustentável, coordenador
do Núcleo de Meio Ambiente da bancada do PT
na Câmara e da Frente Parlamentar em Defesa da
Bacia do Rio Doce, o deputado federal Leonardo
Monteiro (PT-MG) é também autor do Projeto de
Lei nº 5.226/2009, que dispõe sobre a proteção
das florestas e outras formas de vegetação. Sua
luta em defesa das riquezas naturais é marcada
por inúmeras ações.
O parlamentar apresentou em 2004 oito
emendas – todas elas rejeitadas e arquivadas
– ao Projeto de Lei nº 2.313/2003, que acrescen-
ta à lista de seguros obrigatórios o seguro de
Divulgação
responsabilidade civil do poluidor, pessoa física
ou jurídica que exerça atividades econômicas
potencialmente causadoras de degradação am-
biental, por danos a pessoas e ao meio ambiente essa empresa vai ter que fechar, porque ela não vai para o segmento. Nesse senti-
em zonas urbanas ou rurais. conseguir pagar a multa. Aí você cria outro proble- do, o Instituto de Resseguros
ma social. Porque se a empresa decreta falência, do Brasil tem papel relevante
RVA – Em que fase de tramitação se encontra este os 400 funcionários vão ficar desempregados. na formulação da proposta para
projeto, e quais as perspectivas de aprovação Com o seguro ambiental, diante da ocorrência de sua implementação. Trabalha-
plena? Há uma data para isto? acidente, e obedecidas as condições contratuais, mos a melhoria do texto em
Dep. Leonardo Monteiro – No momento, o os danos ambientais serão cobertos e a empresa nosso relatório indicando dois
PL 2.313/2003 está apensado ao PL 3.876/2008. continuará vivendo. pressupostos para o avanço da
Encontra-se na Comissão de Constituição e Justiça. proposta, que são: a razoabilida-
A proposta está à disposição do relator, o deputa- RVA – Considera que as empresas poluidoras de e a responsabilidade objetiva.
do Moreira Mendes (PPS-RO), aguardando parecer estão preparadas para entender e absorver a ne- Transferimos a responsabilidade
para que seja marcada data de votação. cessidade deste seguro obrigatório? Que tipo de de indicar as condições e os tipos
resistência tem havido? de empreendimentos sujeitos à
RVA – Houve alguma dificuldade em se colocar Dep. Leonardo Monteiro – Sim. A questão do obrigatoriedade para o órgão
o tema em pauta? desenvolvimento em bases sustentáveis demanda responsável pelo licenciamen-
Dep. Leonardo Monteiro – Sim, as dificulda- desafios para todos os setores da sociedade. Está to ambiental. Isso seria feito de
des são as mesmas para os temas polêmicos que relacionada diretamente à maneira como vamos acordo com o potencial de da-
envolvem interesses diversos e que se relacionam projetar o nosso futuro e de como vamos lidar no nos à natureza, o porte e as pro-
com as riquezas do nosso País. Alguns setores do presente com um tema tão importante quanto babilidades de acidentes para
empresariado justificavam, à época, que o pro- crítico para o Brasil. A aplicação de dispositivos cada caso. Ou seja, nem todas
jeto implicaria em mais custos para as empresas. legais sobre a responsabilidade civil em matéria as empresas estarão sujeitas à
Mas, após debater a proposta de maneira mais ambiental nem sempre é simples. Toda nova le- obrigatoriedade do seguro. Uma
aprofundada junto aos empresários, consegui- gislação, além de refletir a conjuntura e estágio empresa de pequeno ou médio
mos sensibilizá-los no sentido da importância da de desenvolvimento de uma sociedade, sempre porte, por exemplo, e com ativi-
matéria e sua aprovação. traz a necessidade de um período de adaptação dades com riscos reduzidos de
VISÃO AMBIENTAL • NOVEMBRO/DEZEMBRO • 2009
para esta mesma sociedade e em especial para danos ambientais, estaria fora do
RVA – Quais os pontos mais relevantes deste os setores diretamente envolvidos. alcance deste projeto de lei.
projeto?
Dep. Leonardo Monteiro – A proposta tem RVA – Considera que as seguradoras estejam aptas RVA – Como a sociedade tem
grande alcance social e ambiental. No âmbito a atender as necessidades de cobertura, bem como recebido as notícias desta mo-
do meio ambiente, o PL garante a recuperação analisar adequadamente os riscos e efeitos de uma vimentação política em direção
dos danos causados à natureza. Já pelo ponto de gama tão grande de possíveis acidentes ambientais? ao cuidado com o planeta?
vista social, as empresas terão a possibilidade de Haverá algum tipo de orientação neste sentido? Dep. Leonardo Monteiro
quitar suas multas sem precisar fechar as portas, Dep. Leonardo Monteiro – As companhias – Essa é uma proposta atual, que
resguardando o emprego dos trabalhadores. Por seguradoras que participaram das audiências retrata a mudança de comporta-
exemplo: você tem uma empresa de médio porte públicas sobre o PL entenderam como viável a mento das pessoas com relação
que emprega 400 funcionários. Se acontece um implantação do seguro, uma vez que, diante da ao meio ambiente. Há poucos
acidente ambiental e a multa for muito pesada, aprovação, estaria criado um grande mercado anos atrás, as empresas quando
61
SEGURO AMBIENTAL
Agência Câmara
ambientais. Hoje, os próprios empresários têm
em mente essa preocupação. As pessoas têm
criado uma conscientização ambiental, e isso
ajuda na aprovação do PL. A criação do seguro de
responsabilidade civil por poluição certamente
constituirá um instrumento extremamente útil
para a implementação da Política Nacional do
Meio Ambiente.
Tramita, ainda, na Câmara o PL 5.226, de 2009,
que “dispõe sobre a proteção das florestas e outras
formas de vegetação”, de minha autoria. Esse pro-
jeto objetiva reforçar de maneira significativa os
debates sobre a atualização e o aperfeiçoamento
da Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965 (Código
Florestal), com as alterações feitas por normas
posteriores, em especial a Medida Provisória nº
2.166-67, de 24 de agosto de 2001. Pretende-se
consolidar os dispositivos normativos existentes,
bem como introduzir novas questões atinentes à
conservação e uso dos remanescentes de vege-
tação em todos os biomas nacionais.
Acredito que é preciso debater com profun-
didade, consistência técnica, visão ecossistêmica Rubens Moreira Mendes Filho é agropecu- Não vejo no momento ma-
e responsabilidade as normas nacionais que re- arista e advogado militante no Estado de Ron- neira de se aprovar tal projeto,
gulam a proteção das florestas e outras formas dônia desde 1972. Na Câmara dos Deputados, uma vez que, a meu ver, não se
de vegetação, assim como qualquer forma de é vice-líder do PPS e membro titular da Comis- pode obrigar empresas a contra-
preservação do meio ambiente. são de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e tarem tais serviços, pois além de
Desenvolvimento Rural. Atua também, como isso onerar a produção, há tantos
suplente, nas comissões de Constituição, Justiça
RVA – Deseja passar alguma informação extra ou fazer detalhes e possibilidades que
e Redação, de Desenvolvimento Econômico,
alguma outra consideração sobre o assunto? eu sinceramente não creio que
Indústria e Comércio, de Fiscalização Financeira
Dep. Leonardo Monteiro – O seguro ambien- se possa legislar sobre o tema
e Controle, de Relações Exteriores e de Defesa
tal está em consonância com o que acontece no Nacional, de Turismo e Desporto, e de Meio Am- de maneira justa. Quem desejar
plano internacional. Nos Estados Unidos, França e biente e Desenvolvimento Sustentável. Preside contratar serviços de seguro na
Suécia, por exemplo, pôde-se observar que, além atualmente a Comissão Especial para debater o categoria de responsabilidade
de assegurar os recursos para que a reparação do Projeto de Lei nº 3.555/2004, que trata dos res- civil, poderá fazê-lo, como já tem
dano seja efetivada, a aplicação do seguro aponta seguros no Brasil, a Comissão Especial do Código sido feito, mas tornar isso obri-
para a vantagem adicional das seguradoras co- Florestal, e a Subcomissão de Intermediação de gatório, não considero cabível
locarem-se em vigilância para que os segurados Conflitos Agrários. no momento.
VISÃO AMBIENTAL • NOVEMBRO/DEZEMBRO • 2009
não incidam em comportamentos motivadores Moreira Mendes é também vice-presidente Apesar dos avanços, acho
de dano ambiental. da Frente Parlamentar da Agropecuária para a Re- que muito há que se caminhar
gião Norte e representante do ramo agropecuário
Estamos trabalhando para fazer com que haja ainda e que a sociedade e o se-
na Frente Parlamentar do Cooperativismo.
maior celeridade no andamento deste PL, para tor produtivo não estão prepa-
assim colocar a proposta na pauta de votação da rados para mais um ônus. Não
Câmara. É preciso lapidar mais a proposta e torná-la “Analisando o PL 2.313/2003, verifico si- sou contra a conscientização e
adequada à questão, contemplando a legislação milaridade com outros projetos que já foram a preservação, mas há de se ter
ambiental do ponto de vista de garantir o seguro e considerados inconstitucionais em outras situa- cuidado com os exageros para
contemplar também o interesse das empresas, por- ções, como é o caso do Projeto de Lei 937/2003. que não se coloque quem pro-
que temos que pensar no ponto de vista econômico, Diante disso, em analogia ao mesmo, minha duz numa situação indevida. Por
nada que vá estrangular a empresa. Precisamos das análise e parecer permanecem no sentido da esses motivos, meu posiciona-
empresas para gerar desenvolvimento, emprego e inconstitucionalidade, injuridicidade e falta mento agora é contra o Seguro
renda para a nossa sociedade. técnica administrativa. Ambiental Obrigatório. ”
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Fumiaki Oizumi, da Jet Seguradora, empresa de específica de seguro ambiental, ou são adap- também muito afetada. Quais
que estuda o tema que já se adaptou para aten- tações de outros já existentes? O que diferencia ações se fazem necessárias
der a essa demanda específica, mesmo que o PL um seguro ambiental dos demais seguros? para recuperar a credibilida-
2.313/2003 não seja aprovado. Fumiaki Oizumi – O mercado já esta comer- de? Há algum tipo de cober-
cializando o seguro de RC (responsabilidade tura para que a empresa possa
RVA – Com relação ao projeto de lei que trami- civil). É lógico que, à medida que o tempo passa fazer esse trabalho?
ta na Câmara dos Deputados, as empresas de seguros e maior é o numero de empresas que contrata- Fumiaki Oizumi – O segu-
estão preparadas para atender a essa demanda? ram o seguro, as adaptações surgem conforme ro visa a reparar prejuízos finan-
Fumiaki Oizumi – Corretoras e seguradoras as necessidades. ceiros causados por esse tipo de
que desenvolverão ou que já estão desenvolven- acidente. O custo para recuperar
do esse tipo de serviço têm sim a capacidade de RVA –Que empresas ou entidades costumam a imagem de uma empresa é
atender a essa demanda; as corretoras mantêm em procurar esse tipo de seguro? Quais entrariam uma parte muito pequena do
seus quadros de funcionários executivos muito bem na classificação compulsória no caso de o projeto total para recuperar os prejuí-
treinados, no Brasil e no exterior, justamente para virar lei? zos de um desastre ecológico. O
isso. Esse projeto de lei é resultado de uma nova Fumiaki Oizumi – Estão segmentadas em: dano à imagem não está cober-
consciência existente, de conciliar o desenvolvimento alimentação, automobilística, celulose e papel, to, mas os relatórios de análise
econômico e a preservação do meio ambiente. farmacêutica, hospitalar, metalurgia e siderurgia, de risco e sugestão de proteção
mineração, petroquímica, química, têxtil e utilities. preparados pelas corretoras e se-
RVA – Qual a postura atual dos empresários para No principio, entrariam no compulsório as empre- guradoras vão ajudar – e muito
tratar do assunto? Acha que com a lei vigorando sas do ramo químico, petroquímico, metalúrgico – as empresas a prevenir esses
essa postura sofreria algum tipo de mudança? e siderúrgico, de mineração e de celulose e papel. desastres. Como se diz, “prevenir
Fumiaki Oizumi – Atualmente, os dirigentes As demais entrariam numa segunda etapa. é o melhor remédio”.
de empresas já conscientizam seus funcionários
por meio de palestras e cursos, incluindo o seguro. RVA –Quais as bases para se mensurar custos RVA –Há alguma pesquisa sobre
Como disse anteriormente, a lei é consequência de de contratação dos serviços de uma seguradora o crescimento da procura por
uma nova mentalidade de preservação do meio nesses casos? esse tipo de seguro?
ambiente. Grande parte dos empresários já estão Fumiaki Oizumi – A matéria-prima para Fumiaki Oizumi – Aqui no
preocupados com isso porque, se não estiverem, a contratação desse seguro é a informação Brasil a demanda está aumen-
os clientes não comprarão seus produtos. O dano prestada pelas empresas aliada a uma análise tando dia a dia. É lógico que,
à imagem tem um custo de campo bastante detalhada para qualifi- em mercados como a Ásia, os
muito grande, e o se- car e quantificar o risco, feita por especialistas Estados Unidos e a Europa, o
guro visa a dar uma das corretoras de seguro e das seguradoras. número de apólices emitidas já
proteção a prejuízos é bem grande.
financeiros decor- RVA – Qual a abrangência desse tipo de apólice,
rentes do dano ao qual a cobertura? Há detalhes e particularidades RVA – Existe algum tipo de su-
meio ambiente. que mereçam ser destacadas? porte, programa ou orientação
RVA – Já existe algu- Fumiaki Oizumi – Abrange todo o território por parte das seguradoras no
Divulgação
ma modalida- nacional com coberturas para perdas e danos sentido de prevenir acidentes
decorrentes de poluição de qualquer tipo – de ambientais?
VISÃO AMBIENTAL • NOVEMBRO/DEZEMBRO • 2009
Sustentabilidade
Essa é a “palavra da moda”, associada a quase tudo. Ligá-la a
assuntos corporativos passou a ser quase uma obrigação
Divulgação
Se as saídas para a sustentabilidade não tiverem ser reciclado; no processo chamado craque-
sustentação econômica, podem se tornar apenas lação, ele é queimado e reutilizado. Apesar de
declaração de boas intenções. As empresas que encarecer o produto, a diferença no resultado
conseguem ser mais consistentes nessa área são final das peças é imperceptível. A By Art Design
justamente aquelas que têm a sustentabilidade também desenvolve peças com madeiras certifi-
como parte de sua estratégia. cadas, e faz tudo isso por consciência ecológica,
Déborah Ascenção – Acredito que pessoas que independente de incentivo, mas sem deixar de Thiago Schwarz é engenheiro
realmente se preocupam com o bem-estar do lado a qualidade e os princípios que regem o químico e diretor comercial da
próximo e com a preservação da natureza fazem meio empresarial. By Art Design
isso de coração, por acreditarem na causa e por
realmente desejarem um futuro melhor para as O tema sustentabilidade passou a ser abran-
próximas gerações. gente, com ramificações sociais, ampliando
Thiago Schwarz – Desde que o empresário te- o sentido da palavra, o que implica em novas
nha interesse, hoje já é possível trabalhar com formas de pensar e agir diante de situações em
os mais diversos tipos de materiais reciclados que sustentabilidade esteja envolvida. Como
ou, pelo menos, recicláveis – com qualidade encara o assunto? Acredita que haja necessa-
Divulgação
muitas vezes superior e a custos razoáveis. Há riamente um viés social na questão?
também uma parcela de consumidores bem Caco de Paula – Sem dúvida que há um viés social.
informados que procuram, compram e exigem Na verdade, a discussão econômica e a discussão
produtos ecológica e eticamente corretos. Por- ambiental são um pano de fundo para uma ques-
tanto, sustentabilidade precisa ser uma filosofia tão que é essencialmente social. Sustentabilidade
e um modus operandi empresarial. tem a ver com aceitação, inovação, mudança,
emprego, renda, democracia. Creio que hoje há Déborah Ascenção é atriz
Hoje, há muitas formas de se incentivar ou um compreensível protagonismo da questão am- e parceira da Apoema
induzir uma empresa a ter ações sustentáveis biental nessa agenda, em função das mudanças Cosméticos
– índices do mercado financeiro, pressão da climáticas e da emergência da COP15.
sociedade, imagem institucional, preferência de Déborah Ascenção – Acredito que podemos
investidores etc. Acredita que se não houvesse tirar o melhor proveito dessa situação. A sus-
nada disso as empresas estariam preocupadas tentabilidade social é um assunto que vem cres-
da mesma forma? cendo nos últimos anos e a sua conscientização
Caco de Paula – Como já disse antes, ou a sus- está cada vez mais abrangente. Por que não
Divulgação
tentabildiade faz parte da estratégia da empresa, seria um momento propício para termos novas
ou será uma brincadeirinha. Muitas empresas ideias e formas de pensamento e colocá-las em
iniciam a integração de conceitos sustentáveis prática? Acredito que caminhamos juntos com
em suas linhas de produção e serviços por mo- uma modernidade social, ambiental e cultural
tivos variados. Podem começar por convicção e devemos sim praticar o bem sempre.
VISÃO AMBIENTAL • NOVEMBRO/DEZEMBRO • 2009
Profissões verdes
Profissões passam por mudanças no momento em que a sociedade
começa a refletir sobre o desenvolvimento sustentável
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Sustent ação
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ECONOMIA
Ostreicultura
Importância econômica e
sustentabilidade
O cultivo de moluscos
pode trazer muitos
ganhos para a sociedade
e para o meio ambiente
Por Arielli Secco
Ostras
prontas para
comercialização
tal, não muito frequentes no Brasil); espinhel ou LMM. Ele lembra que a produção tem de estar
long-line. Este último é o sistema utilizado pela em regiões liberadas para o cultivo, com condi-
fazenda Ostra Viva. Flutuadores de plástico ficam ções apropriadas e monitoramentos constantes,
presos a cabos-mestre aos quais são amarradas evitando o manejo em locais poluídos.
as lanternas (estruturas que ficam submersas e Outra questão interessante é a diversidade
que abrigam os moluscos), as cordas de cultivo de espécies que se fixam e se proliferam nas
e as que servem de berçário aos animais. estruturas de cultivo. “São seres vivos que se ade-
As ostras irão se desenvolver nesse ambiente rem aos substratos e que vão servir de alimento
durante aproximadamente seis meses, até esta- para outros organismos, enriquecendo a cadeia
rem prontas para comercialização. “Elas vêm no trófica que ali permanece”, constata Claudio. É
tamanho de um milímetro. A primeira etapa é a fácil observar musgos, alguns crustáceos e algas
bandeja, onde colocamos 50 mil ostras em um vivendo nas cordas e boias, fator que enriquece
metro quadrado”, explica David, da Ostra Viva. a biodiversidade e os ecossistemas locais.
Depois da bandeja, os animais passam para Existe ainda uma terceira e talvez mais ... e cuidando
o berçário, para a fase intermediária e para a importante característica que favorece a pre- de sua lavagem
Ostras recolhidas
para o manejo...
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ECONOMIA
MPA E A CONCESSÃO
DO USO DAS ÁGUAS
Um entrave constante para os
maricultores é a questão da legalização
também envolve as comunidades locais. Na Não devemos nos
das áreas utilizadas para o cultivo. Como produtor,
Ostra Viva, por exemplo, todos os trabalhado- guiar pela lógica de David destaca a dificuldade em conseguir investimentos e
res são jovens, com idade entre 17 e 20 anos, e que a concha é incentivos por não existir a documentação exigida pelos
residem no bairro em que se encontra a fazenda um elemento da órgãos financiadores. “Nós poderíamos estar com outras unidades
marinha. “Todos eles têm uma estabilidade e a natureza e que, de produção se essa questão estivesse resolvida. Sem contar que
tem muitos pequenos produtores que desistem de continuar na
SXC
maioria sustenta a família só com esse ganho. por isso, se de-
atividade por não terem como financiá-la”, desabafa. De acordo com
Aqui no Ribeirão da Ilha, eu acredito que seja positada em
Guilherme Rupp, a criação do Ministério da Pesca e Aquicultura
a principal fonte de renda”, afirma David. Essa aterros ou de- é um passo significativo para que esse problema se solucione.
participação acaba se revertendo em conscien- volvida ao mar, “Quando a atividade teve início, na década de 90, não havia
tização ambiental. As praias, além de serem não causará da- regulamentação. Só agora é que surgiram legislações específicas
áreas de lazer, passam a ser o “ganha-pão” dos nos ambientais. “O para o uso de águas públicas para fins de aquicultura”, conta.
Guilherme explica que o processo está em andamento
moradores, como destaca Claudio. “Eles passam aumento de inse-
e que a legalização da concessão de áreas
a viver daqueles pontos onde existem as pro- tos nas áreas secas em de cultivo para os maricultores é uma
duções e se preocupam com aquele local para que é feito o depósito, questão de tempo.
que esteja livre de poluentes”. assim como o assoreamento
das águas pelo acúmulo de conchas
RESÍDUOS são os principais problemas gerados por esses porte desse material, como
O cultivo de moluscos apresenta-se como elementos”, como alerta a engenheira. O Bloco faz a prefeitura do município
uma prática natural e o seu principal resíduo Verde tem se mostrado como uma alternativa de São José, com quem a en-
são as toneladas de conchas geradas mensal- para isso, já que utiliza resíduos da construção genheira tem convênio há
mente. David destaca esse problema. “Agora os civil e da maricultura como matéria-prima. “Os três anos. “Recebo quarenta
produtores estão criando uma consciência de resíduos entram como um agregado, subs- e seis toneladas por mês. Eles
retirar da água os resíduos de conchas quando tituindo parte da areia fina e média e parte colocam contêineres para os
os animais morrem, por exemplo, porque isso do cimento na fabricação. O carbonato de maricultores e, no final da tar-
acontece muito com as ostras”, explica. Por en- cálcio, componente das conchas, forma liga- de, um caminhão passa com a
quanto, a fazenda Ostra Viva tem esse material ções químicas com o composto do cimento, caçamba e leva o material até
recolhido pela Companhia de Melhoramento preenchendo os espaços vazios e ocupando a empresa”, conta. É um pro-
da Capital (Comcap) – empresa responsável a zona de transição”, explica Bernadete. A en- blema que, quando solucio-
pela coleta de lixo de Florianópolis –, que o genheira ambiental garante que o produto é nado, permitirá que as ostras
destina a aterros sanitários. “Sabemos que não mais resistente, mais leve, absorve menos água carreguem em suas conchas
é a melhor solução e que há empresas inte- do que o convencional e está de acordo com um valioso ingrediente para a
ressadas nesse produto”, observa. Guilherme as normas da Associação Brasileira de Normas culinária, para a sociedade e
Rupp, da Epagri, confirma a utilidade desses Técnicas (ABNT). para o meio ambiente.
resíduos: “As cascas podem ser utilizadas tanto A produção do Bloco Verde ainda é feita
como fonte de cálcio para suplementação em escala artesanal. O que impede o cresci- Saiba mais:
alimentar como também para a produção de mento da produção, segundo a idealizadora, www.blocoverde.com.br
www.portaldamaricultura.com.br
cal, para aterros e até mesmo para a produção é a dificuldade em conseguir matéria-prima.
www.ostraviva.com.br
de blocos de concreto”. Ele se refere ao pro- Conchas e cascas não faltam, mas é necessá- www.lmm.ufsc.br
VISÃO AMBIENTAL • NOVEMBRO/DEZEMBRO • 2009
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