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MANDADO DE SEGURANÇA
NITERÓI 2010
Sumário
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9.2.3. A positivação da súmula nº 512 do STF que veda a condenação em
Honorários Advocatícios. .........................................................................................11
10 – Da prova no mandado de segurança: ......................................................................11
11 – Objeto do Mandado de Segurança: ........................................................................ 12
11.1. Panorama Geral: ................................................................................................ 12
11.2. Ato Comissivo: ................................................................................................... 12
11.2.1. Mandado de Segurança para atacar lei: ..................................................... 12
11.2.1.1. Lei em tese:.............................................................................................. 12
11.2.1.2. Lei de efeitos concretos: .............................................................................. 13
11.2.2. Deliberações Legislativas: .............................................................................. 13
11.2.3. Mandado de Segurança para atacar atos judiciais: ........................................ 13
11.3 Ato Omissivo: ...................................................................................................... 14
12 – Prazo: ...................................................................................................................... 14
13- Legitimidade ad causam........................................................................................... 15
13.1. Legitimidade Ativa: ............................................................................................ 15
13.2. Legitimidade passiva: ........................................................................................ 15
13.2.1. Panorama Geral: ......................................................................................... 15
13.2.2 Ilegitimidade no pólo passivo: ..................................................................... 16
13.2.3 Casos especiais de litisconsórcio passivo. ................................................... 17
14 – Conclusão:............................................................................................................... 17
15 – Bibliografia: ............................................................................................................. 19
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1 - Breve relato histórico:
O Mandado de Segurança, conforme o conhecemos hoje é decorrente do Habeas
Corpus. A primeira noticia que se tem do Writ no ordenamento jurídico brasileiro data
do inicio do século XIX, através do Decreto de 23 de maio de 1821, que disciplinava o
que se chamava à época de “ação de desconstrangimento”.
Ainda que fosse de costume o uso do Habeas Corpus, para tutelar a liberdade de ir,
ficar e vir, a inexistência de remédio célere e eficiente apto a garantir outros direitos
impulsionou o Habeas Corpus em defesa destes. Rui Barbosa defendeu que o texto
constitucional de 91 abrangia todas as eventualidades de constrangimentos arbitrários
aos direitos individuais e sua posição foi largamente aceita pela doutrina e
jurisprudência da época.
Contudo, para suprir a lacuna deixada pela reforma de 1926, a Constituição de 1934
criou o Mandado de Segurança, herdeiro direto do Writ, mas exclusivo para proteger
outros direitos líquidos e certos que não amparados pelo Habeas Corpus.
Após sua criação, em 34, o Mandado de Segurança esteve somente ausente na Carta
Constitucional de 1937 e ressurgiu na de 1946 vigorando até os dias atuais. Na atual
Constituição, o Mandamus foi ampliado, passando não mais a se restringir à proteção
do direito individual, mas a abrigar, também, o direito coletivo, dilatando assim, no
artigo 5º, incisos LXIX e LXX, a garantia prevista na Constituição anterior (1967)1.
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Didier, Fredie (Coord). Ações Constitucionais. Salvador. Ed. Jus Podivm. 3ª Ed.
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2- Fundamentos Normativos:
O texto da Constituição Federal de 1988 prevê de forma expressa o Mandado de
Segurança no rol de direitos fundamentais (artigo 5º, incisos LXIX e LXX). No dia 07 de
agosto de 2009 foi publicada a lei 12.016, que revogou a legislação anterior e unificou
toda a disciplina relativa ao Mandado de Segurança.
Enunciado da Súmula Predominante números: 41, 99, 105, 169, 177, 202, 213, 217,
333.
4 - Conceitos:
4.1 Legal:
Disposto na Constituição Federal – o artigo 5º, inciso LXIX trás o conceito de Mandado
de Segurança individual e o inciso LXX disciplina o coletivo. A nova lei do Mandado de
Segurança reproduz basicamente o conceito da Constituição Federal, qual seja:
“conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não
amparado por Habeas-corpus ou Habeas-data, quando o responsável pela ilegalidade
ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica privada no
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exercício de atribuições do Poder Público”.
4.2 Doutrinário:
Para Hely Lopes Meireles2 Mandado de Segurança é o meio constitucional posto a
disposição de toda pessoa física ou jurídica, órgão com capacidade processual, ou
universalidade reconhecida por lei (condomínio, espólio), para a proteção de direito
individual ou coletivo, liquido e certo, não amparados por Habeas Corpus ou Habeas
Data, lesado ou ameaçado de lesão, por ato de autoridade, seja de que categoria for e
sejam quais forem as funções que exerçam.
Para utilizar a via mandamental deve haver um ato ilegal ou abusivo de poder
praticado por uma autoridade coatora, que pode ser tanto um agente publico quanto
um agente particular, sendo que quando o ato emana de agente particular, este deve
estar em exercício de uma atividade de caráter publico.
O direito líquido e certo é o direito que deve ser comprovado de plano, ou seja, não
cabe na via mandamental provas suplementares testemunhais e periciais, admitindo-
se, contudo excepcionalmente que se exija a exibição de documentos por um órgão
público ou prestador de serviço público quando o impetrante não tiver acesso aos
mesmos. Por conta disso a doutrina chama o Mandado de Segurança de ação de
documentos.
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MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 33ª Ed. São Paulo. Ed. Malheiros
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5 - Natureza Jurídica do Mandado de Segurança:
6 - Espécies:
Quando falamos de espécies, dizemos respeito a quem tem legitimidade para impetrar
o Mandado de Segurança. O remédio constitucional pode dividir-se em:
6.1 Singular:
Cabe ao titular do direito lesado.
6.2. Coletivo:
O art. 21 da nova lei consagra a primeira regulamentação infraconstitucional do
Mandado de Segurança Coletivo, previsto no inciso LXX do art. 5º da Constituição. O
Mandado de Segurança Coletivo distingue-se do Individual essencialmente em dois
aspectos: (i) legitimidade e (ii) coisa julgada.
No que diz respeito à legitimidade ativa, são legitimados o partido político com
representação no Congresso Nacional; organização sindical, entidade de classe ou
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PAULO, Vicente. Direito Constitucional Descomplicado. 2ª Ed. – São Paulo. Editora Método.
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associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em
defesa dos interesses de seus membros ou associados. Observe-se que de acordo com
o enunciado da súmula 629 do STF a impetração de mandado de segurança coletivo
por entidade de classe em favor dos associados independe da autorização destes.
8.1. Direito liquido e certo que não enseje Habeas Corpus e Habeas Data:
Observe-se que para impetrar Habeas Corpus e Habeas Data deve haver direito liquido
e certo, ou seja, são também classificadas como ações documentais. Passemos às
correntes doutrinarias sobre a conceituação do “Direito Liquido e Certo”:
Esta corrente tem como maior defensor o professor Carlos Maximiliano. Para os
adeptos desta teoria, direito líquido e certo é o direito evidente, insuscetível de
controvérsia.
A crítica cabível aos defensores deste conceito é que esta teoria não prevalece porque
o direito líquido e certo não esta ligado ao fato, mas sim à dilação probatória. A
liquidez e a certeza estão ligadas à necessidade de provas suficientes à comprovação
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de plano do fato.
Para esta corrente, apregoada por Hely Lopes Meireles, Pontes de Miranda, Alexandre
de Moraes e Marcelo Abelha, dentre outros, o direito líquido e certo é aquele direito
demonstrado de plano através de documentos inequívocos que não vão ensejar a fase
de dilação probatória.
Enuncia Hely Lopes Meireles4: Direito Liquido e certo é o direito manifesto em sua
existência e delimitado em sua extensão e esta apto a ser exercido no momento da
impetração.
Cabe ainda, exprimir o conceito do prof. Luiz Roberto Barroso, por sua objetividade e
clareza: É o direito que resulta inequivocamente de um fato que independa de prova
ou cuja prova já esteja pré-constituída.
Existem diversas correntes quanto à natureza jurídica do direito líquido e certo: (i) uma
primeira corrente, defendida por Ernani Fidelis afirma que o direito líquido e certo é
mérito, (ii) existe também a corrente, liderada por Ademar Maciel que afirma que
Direito líquido e certo é condição especial da ação (condição da ação relacionada
somente ao Mandamus) e por fim, (iii) a corrente majoritária que tem como
expoentes Sérgio Ferraz e Lúcia Vale Figueiredo afirma que o direito líquido e certo é
condição da ação em um primeiro momento, mas também mérito em um segundo
momento, ou seja, quando o juiz recebe o Mandado de Segurança e analisa
previamente a documentação presente trata-se de condição da ação, já em um
segundo momento, quando é feita uma análise do direito material passa a se tratar de
mérito.
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MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 33ª Ed. São Paulo. Ed. Malheiros
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como fatos geradores do interesse de agir para o mandado de segurança.
No que concerne às modificações vistas como necessárias pela doutrina, a nova lei não
atacou os pontos mais criticados. Manteve o conceito de “direito” liquido e certo em
vez de prever o direito de comprovação líquida e certa e manteve o prazo decadencial
de 120 dias, o que é questionado por grande parte da doutrina que defende que neste
caso a norma infraconstitucional limitaria um direito fundamental.
Uma análise que vem sendo feita recorrentemente é que a lei juntou em um só
diploma o que estava disposto em leis esparsas e consagrado pela jurisprudência.
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9.2.1 Necessidade de depósito fiança ou caução para a concessão de liminar:
Esta disposição não necessita de grandes explicações, pois claramente vai contra a
isonomia, criando duas classes distintas de litigantes.
“Cumpre abandonar de uma vez por todas o vezo de pôr o mandado de segurança ao relento,
de expulsá-lo sem dó nem piedade do recinto do sistema processual vigente. Essa tendência –
quase íamos escrevendo mania - já é responsável por grandes equívocos, como do pretenso
descabimento da condenação da parte vencida em honorários advocatícios, em má hora
consagrado na Súmula de Jurisprudência Predominante do Supremo Tribunal Federal (nº 512).
Dê-se-lhe um basta, antes que ela faça mais estragos.”
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BARBOSA MOREIRA, José Carlos. Temas de Direito Processual: sexta série. São Paulo. Saraiva, 1996
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inicial salvo se os documentos estiverem em posse da autoridade coatora, ou seja, não
há dilação probatória no mandado de segurança.
Não cabe mandado de segurança contra uma lei em tese (verbete nº 266 do STF). Ou
seja, contra uma lei de caráter geral e abstrato não cabe Mandado de Segurança.
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11.2.1.2. Lei de efeitos concretos:
A nova lei, no art. 5º enuncia que não cabe mandado de segurança quando: (i) cabe
recurso com efeito suspensivo, (ii) há decisão com transito e julgado.
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Tomemos o exemplo do Processo do Trabalho, onde a regra é a irrecorribilidade das
decisões interlocutórias, desta forma o Mandado de Segurança é muito utilizado para
atacar decisões interlocutórias que deferem a antecipação de tutela (Enunciado da
Súmula 414, TST).
Também e possível impetrar o Mandamus quando a decisão for recorrível, porém sem
efeito suspensivo, como nos casos dos Recursos Especial, Extraordinário e Agravo
Interno.
Por fim, mantendo a lógica da irrecorribilidade, os atos que são impugnados por
Agravo de Instrumento não comportam o mandado de segurança.
Se a autoridade publica não pratica determinada conduta e' possível impetrar um MS.
No caso de haver uma omissão em regra não há prazo decadencial. Porem se há uma
lei prevendo um prazo para a autoridade publica realizar este ato, se contara o prazo de
120 dias. (p. ex.: Lei 6830/80 – prevê um prazo para emissão de certidão negativa de
débitos).
12 – Prazo:
O art. 23 da nova lei dispõe que o Mandado de Segurança tem um prazo decadencial
de 120 dias, de acordo com o que dispunha o enunciado da súmula 632 Supremo
Tribunal Federal. Nos atos comissivos o prazo começa a contar da ciência inequívoca do
ato.
O STF editou a súmula 430 que enuncia que o pedido de reconsideração na via
administrativa não interrompe o prazo do Mandado de Segurança. Levando-se em
conta que o Brasil adotou o principio da unicidade da jurisdição, impõe-se uma
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questão: Como compatibilizar o inciso I do art. 5º da nova lei com a Constituição
Federal? A questão se esclarece pelo viés do Interesse de Agir, ou seja, se a questão
está sendo discutida através de um recurso administrativo que tem um efeito
suspensivo, qual seria o interesse do administrado de ir para a via judicial? Não há
neste caso um interesse em agir na via mandamental.
Tem legitimidade passiva a Autoridade Coatora. Que são todas as pessoas investidas de
funções públicas com poder de decidir. Entenda-se por poder de decidir o poder de
determinar o fazer, não fazer e o de desfazer.
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MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 33ª Ed. São Paulo. Ed. Malheiros
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responsável deve figurar no pólo passivo do MS, ou seja, trata-se de um ônus do
administrado colocar a autoridade correta.
Já Lúcia vale Figueiredo defende que deve figurar no pólo passivo da ação a entidade
jurídica no qual a autoridade coatora está vinculada, pois esta pessoa jurídica que
suportara o ônus de um eventual deferimento do Mandado. Observe-se também, que
a representação jurídica da autoridade coatora na esfera recursal será efetuada pelo
responsável jurídico da entidade de direito publico (no caso do município, procurador
do município, do estado, procurador do estado, etc).
Por fim, Aguiar Dias defende que há um litisconsórcio entre a autoridade coatora e a
pessoa jurídica de direito publico (como advém de instrução normativa trata-se de um
litisconsórcio necessário). Ressalte-se que neste caso haverão duas defesas no
processo.
Ocorre quando o pólo e composto pela pessoa incorreta. Neste caso, Hely Lopes
Meireles defende que o erro não é suprível e o processo deve ser extinto sem o
julgamento do mérito.
Já Sérgio Ferraz afirma que se a autoridade coatora não é a autoridade legitima não há
de se falar em extinção do processo sem julgamento do mérito. Defende que o
Mandado de Segurança e uma ação de cunho constitucional e deve ter tratamento
diferenciado. Acredita que o juiz deve corrigir de oficio o pólo passivo. Ele defende que
se a mudança da autoridade coatora refletir em mudança de competência os atos
devem ser remetidos ao foro competente, quando se trata da mesma esfera de
jurisdição.
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Há ainda quem defenda que a indicação incorreta da autoridade coatora nunca levara a
extinção do processo.
Especial atenção deve ser dada a regra que dispõe que quando o ato administrativo a
ser impugnado afeta um terceiro que se beneficiou daquele ato, este deve figurar no
pólo passivo da demanda. Neste caso trata-se de um litisconsórcio necessário pela
natureza da relação jurídica.
Nos Atos administrativos complexos, ou seja, quando o ato necessita de duas ou mais
manifestações de vontade para se constituir as duas autoridades são legitimadas para
figurar no pólo passivo da via mandamental.
De forma diversa ocorre com o ato composto (ato principal + ato secundário), nesta
hipótese o prolator do ato principal deve figurar no pólo passivo.
14 – Conclusão:
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a ação ou abstenção do Estado a fim de preservar o administrado de arbitrariedades
cometidas pela administração pública.
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15 – Bibliografia:
BARBOSA MOREIRA, José Carlos. Temas de Direito Processual: sexta série. São Paulo.
Saraiva, 1996
DIDIER, Fredie (Coord). Ações Constitucionais. Salvador. Ed. Jus Podivm. 3ª Ed.
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 33ª Ed. São Paulo. Ed.
Malheiros
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 7ª ed. São Paulo: Editora
Revista dos Tribunais, 1991
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