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Português - Língua viva

Formação de palavras

Célia Trindade de Araújo e Silva


Onde a Língua Portuguesa é falada?

O português é língua oficial dos seguintes países:


Brasil, Portugal, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique,
São Tomé e Príncipe. No Timor Leste é uma das duas línguas
oficiais a outra é o tétum.
O português convive com idiomas nativos nos seguintes
territórios: Diu, Damão, Goa e Macau.
A África do Sul e a França são os países onde existe um
maior número de falantes do português como língua estrangeira.
Há, aproximadamente, 216,5 milhões de falantes da língua
no mundo, distribuídos nos 5 continentes: América (Brasil),
África (Guiné-Bissau, Cabo Verde, Angola, Moçambique
República Democrática de São Tomé e Príncipe), Europa
(Portugal), Ásia (Macao, Goa, Damão, Diu) e Oceania
(Timor).
Formação de palavras
Uma sociedade em permanente mudança, que cria a to-
do instante novas necessidades e novos objetos de consumo,
precisa ter também uma linguagem dinâmica, que acompa-
nhe essas transformações.
O falante de uma língua poderá formar uma palavra
nova: a partir de elementos já existentes, importando um termo
de uma língua estrangeira ou alterando o significado de uma
palavra antiga, sempre que for necessário um nome para designar
uma idéia ou objeto novo.A palavras assim criadas, dá-se o nome
de neologismos.
Os avanços na era da informática nos últimos tempos,
por exemplo, acabaram por incorporar à língua portuguesa
inúmeros termos novos.
Há, na língua portuguesa, muitos processos pelos quais
se formam palavras e cujos mecanismos são constantemente
utilizados para traduzir, em palavras novas, novas realidades.
Entre os processos de formação de palavras, dois são
mais comuns em português: a derivação e a composição.
Derivação
É o processo pelo qual a partir de uma palavra se for-
mam outras, por meio do acréscimo de certos elementos que
lhe alteram o sentido primitivo ou lhe acrescentam um sentido
novo.
Os processos de derivação são:

 Derivação prefixal: ocorre quando há acréscimo de um


prefixo a um radical.

Contrapor contra + por


prefixo
radical
 Derivação sufixal:ocorre quando há acréscimo de um sufixo
a um radical.
arvoredo  arvor + -edo
radical sufixo

 Derivação parassintética: ocorre quando há acréscimo


simultâneo de um prefixo e de um sufixo a um radical.
Engarrafar  en- + garraf + -ar
prefixo radical sufixo

As formas parassintéticas são constituídas por substanti-


vos e adjetivos e podem ser nominais (alinhamento,
embarcação,
desalmado) e verbais ( anoitecer, enraivecer, endurecer). Os pre-
fixos que geralmente são empregados na formação de parassin-
téticos verbais são: es-, em-,a-.
 Derivação prefixal e sufixal: ocorre quando há acréscimo
não-simultâneo de um prefixo e de um sufixo a um radical.
imperdoável im- + perdo + -ável
prefixo radical sufixo

 Derivação regressiva: ocorre quando há eliminação de ele-


mentos terminais (sufixos, desinências).
Consumir  consumo
Observação:
Às vezes é difícil distinguir se a palavra é primitiva ou derivada.
O filólogo Mário Barreto sugere “(...) se o substantivo denota ação, será
palavra derivada, e o verbo palavra primitiva; mas se o nome denota
algum objeto ou substância, se verificará o contrário”. Assim choro,
socorro e emprego, denotadores de ação, são palavras derivadas; azu-
lejo, alimento e fumo são palavras primitivas que dão origem aos ver-
bos azulejar, alimentar e fumar.
Derivação imprópria: ocorre quando há mudança de
sentido
e de classe gramatical. Só é possível identificar uma
derivação
O animal foi capturado pelo zoológico e a festa foi
imprópria dentro de um contexto ou de uma frase.
animal.
substantivo adjetivo

COMPOSIÇÃO

Consiste na assoçiação de duas ou mais palavras (ou ra-


dicais), para formar uma outra de significação nova, à qual se
denomina palavra composta. Os dois tipos de composição
são:
justaposição e aglutinação.
 Composição por justaposição

As palavras unem-se sem qualquer alteração fonética


e gráfica. Ex.: guarda-noturno, dona-de-casa, obra-
prima,
pé-de-moleque, dia-a-dia, joão-ninguém, alma-gêmea etc.
 Composição por aglutinação

As palavras associadas se fundem num todo fonético,


com um só acento tônico, e o primeiro componente perde al-
guns elementos, normalmente acento tônico, vogal e consoan-
te. Ex.: petróleo(pedra + óleo), aguardente (água +
ardente),
embora (em + boa + hora), vinagre (vinho + acre), fidalgo
(filho + de + algo)
Outros processos

Hibridismo
O hibridismo é a formação de palavras por derivação
ou composição, a partir de elementos (radicais e afixos) pro-
vindos de línguas diferentes.
Ex.:burocracia (francês e grego), goiabeira (tupi e
português),
sociologia (latim e grego), asmático (português e latim)
 Abreviação vocabular (ou redução)
Consiste em reduzir as palavras, com o objetivo de eco-
nomizar tempo e espaço na comunicação falada e escrita. Ex.:
auto (automóvel), pneu (pneumático), ônibus (auto-ônibus),
moto (motocicleta), foto (fotografia), quilo (quilograma).

Siglas
São empregadas principalmente como redução de no-
mês de empresa, firmas, organizações internacionais, partidos
políticos, serviços públicos, associações estudantis e recreati-
vas. Ex.: IBOPE, ONU, UNE, IBGE, CD, AIDS, etc.

 Abreviatura

É a redução na grafia de certas palavras, geralmente,


as limitando à letra inicial ou às letras iniciais e, às vezes à
letra inicial com a final. Ex.: p. ou pág. (página), cal
(caloria),
Sr. (senhor), av. (avenida)
 Onomatopéia
A onomatopéia consiste na formação de palavras que
buscam reproduzir vozes de seres, sons ou ruídos da natureza.
zas! tique-taque piu!
bum! toque-toque miau!
cabrum! zigue-zague au!
Observação: em geral, os verbos e substantivos denotadores de
vozes de animais têm origem onomatopéica. Ex.: ciciar (cicio
da cigarra), coaxar (coaxo da rã e do sapo).
 Palavra-
valise Palavra-valise é uma redução que utiliza parte de duas
palavras primitivas para formar uma palavra nova. Elefantástico
(elefante + fantástico); portunhol (português + espanhol),
brasiguaio (brasileiro + paraguaio).
 Estrangeirismo

É o emprego de palavra estrangeira em frases de língua


portuguesa. As palavras estrangeiras incorporadas à língua pelo
uso constante podem ganhar ortografia portuguesa e/ou originar
novas palavras por meio de processos típicos do português.
Do ponto de vista formal podemos reconhecer 3 tipos de
estrangeirismos:

a) Decalque
Versão literal do lexema modelo na língua originária.
Ex.: antipoluente, bens de consumo, cartão de crédito, toca-
fitas,
freio, fim de semana, pára-brisa, supermercado, etc.
b) Adaptação da forma estrangeira à fonética e ortografia
brasileira

Isso ocorre em geral quando o estrangeirismo já foi


ado-
tado há muitoboicote
Anglicismos: tempo (boy-cott),
pela nossa cultura. Exemplo:
clube (club), coquetel (cocktail)
drinque (drink), estoque (stock), filme (film), futebol (foot-ball),
xampu (shampoo), sanduíche (sandwich), teste (test), etc.

Galicismo: ateliê (atelier), bufê (buffet), boate (boite), patê


(paté),
pivô (pivot), ruge (rouge), toalete (toilette), chofer (chauffeur) etc
c) Incorporação do vocábulo com a sua grafia e fonética
originais
• anglicismos: best-seller,check-up, close-up,cowboy, gangster,
hamburguer, hardware, know-how, layout, marketing, poster,
play-boy, show, smoking, software, xerox, etc.

• galicismos: avant-premiér, couvert, gourmet, lingerie, tournée,


maitre-d’hôtel, pot-pourri, reveillón,etc.

• outros idiomas: karatê (coreano), quibe (árabe), vodca (russo),


iogurte (turco), pizza (italiano), campus, curriculum (latim), etc
Não há dúvida alguma de que, após a Segunda Guerra
Mundial, os empréstimos e apropriações da língua inglesa pro-
liferaram, seja porque a cultura norte-americana invadiu vários
segmentos (cinema, informática, música), seja pelo poder polí-
tico e econômico dos Estados Unidos.
 Gírias
São palavras ou expressões de criação popular que nas-
em em determinados grupos sociais ou profissionais e que, às
vezes, por sua expressividade acabam se estendendo à lingua-
gem de todas as camadas sociais.
Gírias curiosas
• Anos 60 e 70
bulhufas ou lhufas: nada. boko-moko: pessoa que não
carango: carro sabe se comportar, seja no mo-
cricri: chato do de falar, seja no modo de
gaita: dinheiro vestir.
mora? Entende? papo-firme: que não dá mancada
tá ruço: tá ruim na crista da onda: em pleno
broto:moça sucesso
• dos metaleiros
capilas: dinheiro
breja: cerveja
pão molhado: policial
• dos lutadores de jiu-jitsu
amarelão: medroso
cheio de marra: metido
casca grossa : lutador muito bom
tomar toco: levar o fora

• dos internautas
lemmar: falso internauta
lag:demora no recebimento de mensagens
[ ]e: abraços
Heavy metal do senhor
Zeca Baleiro
o cara mais underground que eu conheço é o diabo
que no inferno toca cover das canções celestiais
com sua banda formada só por anjos decaídos
A platéia pega fogo, quando rola os festivais
enquanto isso deus brinca de gangorra no playground
do céu com os santos que já foram homens de pecado
de repente os santos falam “toca deus um som maneiro”
e deus fala “agüenta vou rolar um som pesado”
a banda cover do diabo acho que já tá por fora
o mercado tá de olho é no som que deus criou
com trombetas distorcidas e harpas envenenadas
mundo inteiro vai pirar com o heavy metal do senhor.
“ Não te intimides se as
pessoas se apresentam com ar de
superioridade ou de mestres, pois
todos um dia foram alunos, e
apenas a arrogância não os deixa
ver que são repetentes em matéria
de humildade.”
(Sidney
Sob )

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