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Mais uma vez sem engano

O mundo em suas razões,


Volta olhares e atenções
Para um único plano.
De quatro em quatro anos
É assim - todos sabemos;
E nosotros aprendemos
- ligando a televisão -
Tudo sobre uma nação
Que nem mesmo conhecemos.

É o campeonato mundial
De futebol campechano, Até aí - nada errado
Ala a ala - mano a mano Sempre é válido aprender;
Em nível profissional. Pois mal nenhum há de haver
Não existe maioral Atrás de um aprendizado.
Antes do jogo iniciado; Brabo é ver que o ensinado
São onze pra cada lado Aos homens da atualidade,
- Mirando a bola correr - Usos - gostos - santidades
Qualquer um pode vencer - tudo que se fala ou diz -
Bem como ser derrotado. Geralmente não condiz
Com a pura realidade.
É a copa - caro hermano
- Cada vez mais comentada - O brabo é testemunhar
Que este ano é realizada - ainda que pelo rádio -
Por sobre o chão africano. Que um país constrói estádios
Berço do primeiro humano Pra mal e mal ocupar.
Que após nascer na coxilha, Vendo seu povo vagar
Constituiu sua família Às margens secas de um rio;
E seu modelo de estado, Chorando o que já existiu
Até hoje tão usado E era fonte de esperança,
Por nossa gente caudilha. Dos adultos e crianças
Que morrem de fome e frio.

Esta seria a função,


O ideal e o suporte,
Tão pregado pelo esporte
Desde a sua criação?
Será que esta gastação
De recurso e de matéria
Foi feita por gente séria
Desprovida de ganância?
Estádio à dentro – abundância,
Estádio à fora - miséria.
Estádio a dentro – torcida,
Jabulani e vuvuzela.
Gritos que de toda a goela
Deixam a indiada perdida.
Estádio à fora, a sofrida
Realidade de imprevistos
Só que isso não é visto,
Nem sentido, nem lembrado,
Pois o povo foi cegado
E não se importa com isto.

Não que eu seja esquerdista


De ir contra tudo e todos, É que na localidade
É que me sobram denodos Onde nasci – missioneiro,
Pra expor meu ponto de vista. Só se gastava dinheiro
E ao passar em revista Se houvesse necessidade.
Os rumos desta querência, Por isso é estranho – verdade,
Compartilho a experiência Ao menos pra mim e pronto!
- com a qual eu me deparo – - é sério tudo que conto,
Cada vez fica mais caro Não há mentira em meu canto -
Querer manter aparências. Ver que o mundo mudou tanto
Para chegar a este ponto.
Ou há outra explicação
Pra o que temos assistido? No mais ta dado o recado,
Dinheiro mal distribuído, O que penso já foi dito;
Investido sem razão. Tudo aquilo em que acredito
- O que vale a evolução Aqui fica registrado.
De projetos arrojados, Que este meu chasque rimado
A um povo que condenado De voz afiada e bravio;
Quase não lembra seu nome? Seja um sinuelo viril
- Será que apertando a fome, À marcha de toda a tropa,
Dá pra comer o gramado? Porque a próxima copa
Acontece no Brasil.

- Sobre a Copa do Mundo -


- Rafael Machado -
- Santa Maria – Junho 2010 -

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