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Vem aí o XVI QUALIEDUC

MARCHA DOS
CATARINENSES PELA
VIDA E SAÚDE DA
CLASSE TRABALHADORA
Página 12

SINPRO-FPOLIS
promove
seminário sobre
Previdência Social
do Professor
Página 2

Direitos do Trabalhador na CLT.


Coluna Jurídica (pág. 3) INFORMATIVO DO MOVIMENTO SINDICAL DOS TRABALHADORES DA EDUCAÇÃO DE SANTA CATARINA -
PROFESSORES E ADMINISTRATIVOS ESCOLARES ANO 1 - Nº 8 - MAIO DE 2010

II ENTEC
Evento realizado em Araxá, Minas Gerais,
reuniu sindicalistas de todo o país para de-
bater as condições dos trabalhadores da
Educação e Cultura no Brasil. (Págs. 6 e 7)
2 CORREIO SINDICAL MAIO 2010

Editorial SINPRO-FPOLIS
promove debate
Agora, em maio tivemos o privile- De volta a estado, sobre PREVIDÊNCIA
gio de debater com classe trabalhado- participamos ativa- Social do Professor
ra de todo o Brasil as questões mais mente da Marcha
importantes das categorias da Educa- pela Vida e Saúde da O Sindicato dos Professores de Florianópolis,
ção e da Cultura. Foram teses apresen- Classe Trabalhadora SINPRO-Fpolis, promoveu no último dia 16 de
abril, um Seminário para discutir questões ligadas
tadas pelos doutores Antônio José que aconteceu no dia
a Previdência Social. O Seminário, que teve como
Barbosa – Mestre e Doutor em Histó- 28 de abril em Flori- Prof. Antonio Bittencourt Filho tema “A Previdência Social”, aconteceu no auditó-
ria pela UNB, João Malheiros – Mes- anópolis. rio João Paulo II, do Colégio Catarinense, centro
tre e Doutor em Educação, graduado O ato lembrou o Dia Mundial em da Capital, e teve como palestrantes o Dr Arnaldo
em Administração pela USP e Antônio Memória das Vítimas de Acidentes de Pescador, Chefe de Benefícios da Gerência do INSS
em Florianópolis, que falou sobre o tema, o Dr Mi-
Freitas, conselheiro do Conselho Na- Trabalho e trouxe também, outras ban-
guel de Lima Tavares, responsável pelo programa
cional de Educação sumidades nas deiras importantes à classe trabalhado- de Educação Previdenciária e Gerência Executiva
questões referentes educação e a cul- ra como: a redução da Jornada de tra- do INSS em Florianópolis e do Dr, Alexsandro Luiz
tura. A realização do II ENTEC, pro- balho para 40 horas semanais. dos Santos, do Sinpro-Fpolis, que discorreu sobre
as medidas possíveis sobre revisão de aposentado-
movido pela CNTEEC com execução
ria.
do IPET, foi oportuna e importante, Nesta edição do Correio Sindical, O Seminário reuniu, além
pois, nestes 3 dias debatemos os gran- você acompanha estas e outras matéri- de líderes Sindicais, professo-
des problemas pelos quais passam os as importantes que a FETEESC e seus res e outros interessados. A co-
Trabalhadores da Educação e da Cul- sindicatos associados promoveram nes- ordenação foi do Professor
Antônio B. Neto, Presidente do
tura e suas entidades sindicais, bem te mês. A propósito: Você sabe o que é
Sinpro-Fpolis, que em sua fala
como, tivemos a oportunidade de en- Assédio Material? Acompanhe também destacou a importância do de-
caminhar soluções para os referidos esta matéria, muito oportuna agora em bate num momento tão impor-
problemas. tempo de copa do mundo. Boa leitua. tante de discussão no Congres-
so Nacional sobre o fim do fa-
tor previdenciário e aumento
de aposentados e pensionistas do INSS. Na opi-
nião do Prof° Antônio, “a questão previdenciária
tem especial importância para os professores e pro-
fessoras, pois a maioria iniciou a carreira do ma-
gistério e tem direito a aposentadoria especial aos
25 anos para as mulheres e 30 anos para os ho-
mens. Estamos engajados na luta para manter a der-
rubada do fator previdenciário e assegurar aos pro-
fessores uma merecida e digna aposentadoria inte-
gral, sem nenhum redu-
tor”.
O Seminário con-
tou ainda com a Coor-
denação do Diretor do
Sinpro-Fpolis, Prof
Inácio Corrêa, e faz
parte da programação
de debates do Sinpro,
relacionadas aos inte-
resses dos Trabalhadores, reunindo, nesse evento,
em torno de 100 participantes.
Fique atento à programação de atividades do
SINPRO-Fpolis. Entre em contato com o Sindica-
to ou acesse o site http://portal.sinprofpolis.org.br

EXPEDIENTE
CORREIO SINDICAL - publicação do Movimento Sindical dos Trabalhadores da Educação de Santa Catarina - Rua Vereador Batista Pereira, 574, Balneário - Estreito, CEP 88075-600,
Florianópolis/SC - CP 12117 - Fones (48) 3244-5911 e 3248-1268.
Conselho Editorial: Antônio Bittencourt Filho (FETEESC), Carlos M. da Silva Bernardo (SINPROESC), José Argente Filho (STEERSESC), Antônio B. Neto (SINPRO-Fpolis), Élvio J. Kretzer (SAAE-
GFpolis), Sônia M. G. Carnevalli (SAAERS), Ademir Maçaneiro (SINPABRE). Secretário de Divulgação: Prof. Soares; Textos: Tabira Estevão; Jornalista responsável: Rogério Junkes (DRT-SC
775); Tiragem: 10 mil exemplares. Obs.: Os artigos assinados, publicados neste jornal, são de inteira responsabilidade de seus autores.
MAIO 2010 CORREIO SINDICAL 3
JURÍDICAS
Direitos do 383. TERCEIRIZAÇÃO. EMPREGADOS DA
EMPRESA PRESTADORA DE SERVIÇOS E
Trabalhador DA TOMADORA. ISONOMIA. ART. 12,
“A”, DA LEI Nº 6.019, DE 03.01.1974.
Justiça reconhece SINPRO/FPOLIS como
na CLT (DJe divulgado em 19, 20 e 22.04.2010)
legitimo representante da categoria dos
trabalhadores na instituição SESC.
A contratação irregular de trabalhador, mediante em-
Quantas vezes ouvimos as pessoas presa interposta, não gera vínculo de emprego com ente Assim, considerando que o Professor constitui categoria
no trabalho dizerem: ‘eu tenho os meus da Administração Pública, não afastando, contudo, pelo profissional diferenciada, condeno o réu a, no prazo de dez
direitos’. Mas será que realmente você princípio da isonomia, o direito dos empregados terceiri- dias após o trânsito em julgado desta decisão, retificar a CTPS
sabe quais são os seus? zados às mesmas verbas trabalhistas legais e normativas da autora, fazendo constar a função de professora como sen-
Dessa forma, com o objetivo de es- asseguradas àqueles contratados pelo tomador dos servi- do a desempenhada pela reclamante ao longo do contrato de
clarecer e contribuir para que esses di- ços, desde que presente a igualdade de funções. Aplicação trabalho.
reitos sejam efetivamente respeitados, analógica do art. 12, “a”, da Lei nº 6.019, de 03.01.1974. Como decorrência, reconheço o Sindicato dos Profes-
divulgamos uma compilação dos direi- O texto se trata Orientação Jurisprudencial da SBDI-1 sores de Florianópolis – SINPRO/FPOLIS como legítimo
tos fundamentais dos trabalhadores. do TST representante da categoria profissional da autora e as nor-
Os trabalhadores têm seus direitos mas coletivas juntadas às fls. 62/123 dos autos.
garantidos pela Consolidação das Leis DIRIGENTE SINDICAL TEM ESTABILIDADE Autos da Ação nº 05133-2009-034-12-00-0 /4ª vara Fpolis
do Trabalho (CLT). Alguns pontos fo- NO EMPREGO, MESMO QUE O
ram modificados por legislações espe- SINDICATO AINDA NÃO TENHA
cíficas ou alterações na própria CLT. REGISTRO NO MTE
Conheça aqui os principais direitos: O PROFESSOR ESTÁ
SEMPRE ERRADO
• Carteira de trabalho assinada des- Seção Especializada em Dissídios Individuais do Tri-
de o primeiro dia de serviço; bunal Superior do Trabalho–TST:
• Exames médicos de admissão e de- O Ministro Alberto Luiz Bresciani de Fontana Pereira, Jô Soares
missão; relator do processo assim se expressou:
• Repouso semanal remunerado (1 fol- “O Supremo Tribunal Federal reconheceu que a estabi- O material escolar mais barato que
ga por semana); lidade sindical, prevista no referido artigo 8º, “existe mes- existe na praça é o professor!
• Salário pago até o 5º dia útil do mês; mo quando o sindicato da categoria profissional não está É jovem, não tem experiência.
• Primeira parcela do 13º salário paga registrado no MTE, não havendo que se falar em vincula-
É velho, está superado.
até 30/11. Segunda parcela até 20/ ção da estabilidade ao efetivo registro”, esclareceu o rela-
Não tem automóvel, é um pobre coitado.
12; tor”.
• Férias de 30 dias com acréscimo de Tem automóvel, chora de “barriga cheia’.
Fundamentando sua decisão, o relator citou lição da
1/3 do salário; Desembargadora Alice Monteiro de Barros: “se a Consti- Fala em voz alta, vive gritando.
• Vale-transporte com desconto máxi- tuição e a CLT protegem o trabalhador a partir do registro Fala em tom normal, ninguém escuta.
mo de 6% do salário; de sua candidatura à direção do sindicato, mas necessário Não falta ao colégio, é um ‘caxias’.
• Licença-maternidade de 120 ou 180 se faz a proteção quando o sindicato se encontra em fase Precisa faltar, é um ‘turista’.
dias, com garantia de emprego até 5 de formação” (Curso de Direito do Trabalho, 5ª edição, p. Conversa com os outros professores,
meses depois do parto; 983, São Paulo: LTr, 2009). está ‘malhando’ os alunos.
• Licença paternidade de 5 dias cor-
Não conversa, é um desligado.
ridos; Justiça reconhece SINPROESC como
Dá muita matéria, não tem dó do aluno.
• FGTS: depósito de 8% do salário em legítimo representante da categoria
Dá pouca matéria, não prepara os alunos.
conta bancária a favor do emprega- dos trabalhadores em ONG (Associação
do; Horizontes). Brinca com a turma, é metido a engraçado.
• Horas-extras pagas com acréscimo Não brinca com a turma, é um chato.
Tenho que as atividades desenvolvidas pela reclaman-
de 50% do valor da hora normal; Chama a atenção, é um grosso.
te enquadram-se perfeitamente como sendo atividades de
• Garantia de 12 meses em casos de magistério e, por tal motivo, acolho o pleito exordial para Não chama a atenção, não sabe se impor.
acidente; declarar que ela trabalhou para a reclamada no cargo de A prova é longa, não dá tempo.
• Adicional noturno para quem traba- professora. A prova é curta, tira as chances do aluno.
lha de 22 as 5 horas; Determino, por conseguinte, que a reclamada proceda Escreve muito, não explica.
• Faltas ao trabalho nos casos de ca- à retificação da CTPS da autora para ali consignar o cargo Explica muito, o caderno não tem nada.
samento (3 dias), doação de sangue de professora. Fala corretamente, ninguém entende.
(1 dia/ano), alistamento eleitoral (2 Assim sendo, embora a reclamada tenha sua sede na ci- Fala a ‘língua’ do aluno, não tem vocabulário.
dias), morte de parente próximo (2 dade de São Paulo, mas tendo ela desenvolvido atividades
dias), testemunho na Justiça do Tra- Exige, é rude.
na área de ensino no Estado de Santa Catarina, está sujeita
balho (no dia); Elogia, é debochado.
ao cumprimento das normas coletivas aplicáveis à catego-
• Doença comprovada por atestado O aluno é reprovado, é perseguição.
ria profissional dos professores neste Estado. A demanda-
médico; da, portanto, estava obrigada ao cumprimento da CCT de O aluno é aprovado, deu ‘mole’.
• Aviso prévio de 30 dias, em caso de fls. 33/51. É, o professor está sempre errado, mas,
demissão; Autos da Ação nº0507-58.2010.5.12.0031/1ª vara de São se conseguiu ler até aqui, agradeça a ele!
• Seguro-desemprego. Jose.
4 CORREIO SINDICAL MAIO 2010

História do

Dia do Trabalhador
O principal dia
do trabalhador
Saiba que em 1886, no dia 1o de
maio, realizou-se uma manifestação
Maio. Mês
de trabalhadores nas ruas de Chica- dedicado ao dia
go, Estados Unidos. A manifestação
do Trabalhador
tinha como finalidade reivindicar a re-
dução da jornada de trabalho para 8 que é celebrado
horas diárias e teve a participação de
anualmente no
milhares de pessoas. Nesse dia teve
início uma greve geral nos EUA. Mas dia 1° em vários
no dia 3 de maio houve um pequeno
países do mundo,
levante de trabalhadores que se en-
frentaram com a polícia, resultando incluindo o Brasil.
na morte de alguns manifestantes.
No dia seguinte, outra manifestação
foi organizada como protesto pelos
acontecimentos dos dias anteriores. A
confusão terminou com 7 policiais
mortos por uma bomba, lançada por
desconhecidos. Em retaliação, a po-
Dia do Trabalhador no
lícia abriu fogo sobre a multidão, ma- Brasil
tando doze pessoas e ferindo dezenas.
Estes acontecimentos passaram a ser Até o início da Era Vargas (1930-1945) certos tipos de agre-
conhecidos como a Revolta de Hay- miação de trabalhadores de fábricass eram bastante comuns,
market. embora não constituísse um grupo político muito forte, dado a
Em 20 de junho de 1889, a Segun- pouca industrialização do país. Esta movimentação operária ti-
da Internacional Socialista, reunida nha se caracterizado em um primeiro momento por possuir in-
em Paris decidiu convocar anualmen- fluências do anarquismo e mais tarde do comunismo, mas com
te uma manifestação com o objetivo a chegada de Getúlio Vargas ao poder, ela foi gradativamente
de lutar pelas 8 horas de trabalho diá- dissolvida e os trabalhadores urbanos passaram a ser influenci-
rios. A data escolhida foi o 1º de Maio, ados pelo que ficou conhecido como trabalhismo.
como homenagem às lutas sindicais Até então, o Dia do Trabalhador era considerado por aque-
de Chicago. Em 1 de Maio de 1891 les movimentos anteriores (anarquistas e comunistas) como um
uma manifestação no norte da França momento de protesto e crítica às estruturas sócio-econômicas
é dispersada pela polícia, resultando do país. A propaganda trabalhista de Vargas, sutilmente, trans-
na morte de dez manifestantes. Esse forma um dia destinado a celebrar o trabalhador no Dia do Tra- Dia do Trabalhador no
balhador. Tal mudança, aparentemente superficial, alterou pro-
novo drama serve para reforçar o dia
fundamente as atividades realizadas pelos trabalhadores a cada
mundo
como um dia de luta dos trabalhado- Alguns países celebram o Dia do Trabalhador em
res. Nos meses seguintes, a Interna- ano neste dia. Até então marcado por piquetes e passeatas, o
Dia do Trabalhador passou a ser comemorado com festas popu- datas diferentes de 1° de Maio:
cional Socialista de Bruxelas procla- • Austrália: A data de celebração varia de acor-
ma esse dia como dia internacional lares, desfiles e celebrações similares. Atualmente, esta carac-
terística foi assimilada até mesmo pelo movimento sindical que do com a região: 4 de Março, Nova Gales do
de reivindicação de condições labo- Sul (Sidney) e na Austrália Meridional..
rais. tradicionalmente une as Centrais de Trabalhadores, realizando
grandes shows com nomes da música popular. Na maioria dos • Estados Unidos: Celebram o Labor Day na pri-
Em 23 de abril de1919 o Senado meira segunda feira de setembro.
Francês ratifica o dia de 8 horas e países industrializados, o 1º de maio é o Dia do Trabalho. Co-
proclama o dia 1 de Maio desse ano, memorada desde o final do século XIX, a data é uma homena-
gem aos oito líderes trabalhistas norte-americanos que morre- Fatos importantes relacionados ao 1º de maio
como feriado. Em 1920 a Rússia no Brasil:
adota o 1º de Maio como feriado na- ram enforcados em Chicago (EUA), em 1886. Eles foram pre-
sos e julgados sumariamente por dirigirem manifestações que • Em 1º de maio de 1940, o presidente Getulio
cional, sendo seguido por muitos Vragas instituiu o salário mínimo. Este deve-
países. Apesar de até hoje os Esta- tiveram início justamente no dia 1º de maio daquele ano. No
Brasil, a data é comemorada desde 1895 e virou feriado nacio- ria suprir as necessidades básicas de uma fa-
dos Unidos se negarem a reconhe- mília (moradia, alimentação, saúde, vestuário,
cer essa data como sendo o Dia do nal em setembro de 1925 por um decreto do presidente Artur
Bernardes. educação e lazer)
Trabalhador, em 1890 a luta daque- • Em 1º de maio de 1941 foi criada a Justiça do
les trabalhadores conseguiu que o Aponta-se que o caráter massificador do Dia do Trabalha-
dor, no Brasil, se expressa especialmente pelo costume que os Trabalho, destinada a resolver questões judici-
Congresso aprovasse a redução da ais relacionadas, especificamente, as relações
jornada de trabalho de 16 para 8 governos têm de anunciar neste dia o aumento anual do salário
mínimo. Outro ponto muito importante atribuído ao dia do tra- de trabalho e aos direitos dos trabalhadores.
horas diárias.
balhador foi a criação da Consolidação das Leis do Trabalho -
MAIO 2010 CORREIO SINDICAL 5
COMEMORAR SIM, RECONHECER AS CONQUISTAS TAMBÉM! PORÉM HÁ MUITO O QUE FAZER...

TRABALHO INFANTIL
Por Pablo Zevallos Perfil do trabalho
infantil no Brasil
O trabalho infantil no Brasil
ainda é um grande problema so- Como já era de se esperar, o trabalho infan-
cial. Milhares de crianças ainda til ainda é predominantemente agrícola. Cerca
deixam de ir à escola e ter seus de 36,5% das crianças estão em granjas, sítios
direitos preservados, e trabalham e fazendas, 24,5% em lojas e fábricas. No Nor-
desde a mais tenra idade na la- O combate ao deste, 46,5% aparecem trabalhando em fazen-
voura, campo, fábrica ou casas de trabalho das e sítios. A Constituição Brasileira é clara:
família, muitos deles sem rece- infantil é menores de 16 anos são proibidos de trabalhar,
ber remuneração alguma. Hoje uma luta exceto como aprendizes e somente a partir dos
em dia, em torno de 4,8 milhões antiga de 14. Não é o que vemos na televisão. Há dois
de crianças de adolescentes en- muitas pesos e duas medidas. Achamos um absurdo ver
tre 5 e 17 anos estão trabalhando organizações a exploração de crianças trabalhando nas lavou-
no Brasil, segundo PNAD 2007.
públicas e ras de cana, carvoarias, quebrando pedras, dei-
privadas. A xando sequelas nessas vítimas indefesas, mas
Desse total, 1,2 milhão estão na
FETEESC, em costumamos aplaudir crianças e bebês que tor-
faixa entre 5 e 13 anos.Apesar de
1998, já nam-se estrelas mirins em novelas, apresenta-
no Brasil, o trabalho infantil ser
tratava esta ções e comerciais. A UNICEF declarou no Dia
considerado ilegal para crianças
questão, Mundial Contra o Trabalho Infantil (12 de ju-
e adolescentes entre 5 e 13 anos,
organizando nho) que os esforços para acabar com o traba-
a realidade continua sendo outra. seminários.
Para adolescentes entre 14 e 15 lho infantil não serão bem sucedidos sem um
anos, o trabalho é legal desde que trabalho conjunto para combater o tráfico de
na condição de aprendiz. O Peti crianças e mulheres no interior dos países e en-
(Programa de Erradicação ao tre fronteiras. No Dia Mundial contra o Traba-
Trabalho Infantil) vem trabalhan- lho Infantil, a UNICEF disse/referiu com base
do arduamente para erradicar o em estimativas que o tráfico de Seres Huma-
trabalho infantil. Infelizmente nos começa a aproximar-se do tráfico ilícito de
mesmo com todo o seu empenho, armas e drogas. Longe de casa ou num país es-
a previsão é de poder atender trangeiro, as crianças traficadas – desorienta-
balho. Desde que entrou em prá- juntamente com governos esta- das, sem documentos e excluídas de um ambi-
com seus projetos, cerca de 1,1
tica, no final de novembro de duais, pretendem instalar compu- ente que as proteja minimamente – podem ser
milhão de crianças e adolescen-
2005, o projeto de inclusão digi- tadores e acesso a internet banda obrigadas a entrar na prostituição, na servidão
tes trabalhadores, segundo acom-
tal do governo federal, Compu- larga em todas escolas públicas doméstica, no casamento precoce e contra a sua
panhamento do Inesc (Instituto
tador para Todos - Projeto Cida- até 2010. Com isso esperam que vontade, ou em trabalhos perigosos. Embora
de Estudos Socioeconômicos).
dão Conectado registrou mais de o acesso a informações contribu- não haja dados precisos sobre o tráfico de cri-
Do total de crianças e adolescen-
19 mil máquinas financiadas. am para um melhor futuro às nos- anças, estima-se que haverá cerca de 1.2 mi-
tes atendidos, 3,7 milhões esta-
Programas do Governo Federal sas crianças e adolescentes. lhões de crianças traficadas por ano.
rão de fora. Ao abandonarem a
escola, ou terem que dividir o
tempo entre a escola e o traba-
lho, o rendimento escolar dessas QUALIDADE x MODERNIDADE x PROFESSOR
crianças é muito ruim, e serão Para Refletir:
sérias candidatas ao abandono
escolar e consequentemente ao Toda instituição têm um custo para poder ser mantida; com o objetivo de manter-se sempre atua-
despreparo para o mercado de lizada dentro do contexto ensino-aprendizagem; as escolas particulares investem em infra-estrutura
trabalho, tendo que aceitar sub- e muitas vezes deixam de lado o investimento na valorização do professor, dentro desta ótica a
empregos e assim continuarem qualidade fica prejudicada.
alimentando o ciclo de pobreza Têm-se consciência da necessidade de adequação da escola à modernidade; no entanto toda valo-
no Brasil. Sabemos que hoje em rização da escola em termos de aquisição de novos materiais didáticos, equipamentos passa obriga-
dia, a inclusão digital (Infoinclu- toriamente pela valorização do professor em 1º lugar, responsável por mediar todo novo conheci-
são) é de extrema importância. mento e acima de tudo é a pessoa diretamente ligada aos alunos às vezes por mais tempo que a
Além da conclusão do ciclo bá- própria família.
sico de educação, e da necessi- PROFESSORES PRECISAMOS ESTAR UNIDOS PARA DEFENDER NOSSOS INTERES-
dade de cursos técnicos, e da con- SES - A LUTA POR QUALIDADE DE VIDA EXPRESSA POR MELHORES CONDIÇÕES DE
tinuidade nos estudos, o compu- TRABALHO E RENDA EM TODOS OS NÍVEIS DE ENSINO, MAS PRINCIPALMENTE AOS
tador vem se tornando funda- PROFESSORES DA EDUCAÇÃO INFANTIL.
mental em qualquer área de tra- Karla Bressan
6 CORREIO SINDICAL

II ENTEC
MAIO 2010

CONGRESSO DEBATE AS CONDIÇÕES DOS TRABALHADORES


DA EDUCAÇÃO E CULTURA NO BRASIL
A presença de representantes causando inveja nas outras mulhe- Em sua exposição, Malheiros
sindicais, professores, profissio- res. Durante toda a vida, Dona destacou que “quando os pais e
nais da arte e empreendedores, Beija, como ficou conhecida, ir- professores tiverem o mesmo pro-
que foram recebidos nos dias 12, ritou as mulheres e encantou os jeto comum de educar, a harmo-
13 e 14 de maio nas dependênci- homens. Apaixonada pelo fazen- nia voltará ao ambiente escolar”.
as do Grande Hotel Araxá, Estân- deiro Manoel Fernando Sampaio, É possível que deste modo os pais
cia do Barreiro em Araxá, Minas Ana Jacintha tornou-se sua noi- sejam os primeiros a reaprende-
Gerais, pela CNTEEC, marcou o va. O noivo lhe deu o apelido de rem a educar os filhos, comple-
sucesso do IIº ENTEC, Encontro “Beija” por compará-la à doçura tou o professor que é Português,
Nacional de Trabalhadores em e à beleza da flor “beijo”. mas vive no Brasil há mais de 30
Educação e Cultura. Cada entida- O evento contou com a pre- anos.
de sindical (federação ou sindica- sença de renomados Professores Já em sua fala, Antônio Frei-
to) vinculada à CNTEEC, promo- nas palestras. O Professor Antô- tas deixou claro que “o interesse
tora do evento, juntamente com o nio Barbosa, mestre e doutor em governamental em perseguir as
IPET, Instituto de Pesquisas e Es- História pela UNB, Universidade Dirigentes e metas do novo Plano nacional de
tudos dos Trabalhadores, vincu- de Brasília proferiu a palestra “A principais Educação, cuja principal é me-
lado a FETEESC, Federação de Educação e Cultura como Agen- palestrantes lhorar e democratizar a qualidade
Trabalhadores em Estabelecimen- tes de Transformação, que deu ini- debateram do ensino no Brasil, é hoje, muito
no II ENTEC
tos de Ensino de Santa Catarina, cio a solenidade na noite de quar- temas mais, de reprimir a diversidade,
participou do encontro trazendo ta-feira. Barbosa salientou que “o relacionados usando apenas um padrão de ex-
delegações que debateram o tema federalismo brasileiro fracassou à Educação e celência para o sudeste brasilei-
principal, “A Transformação da redondamente na área da educa- Cultura. ro, mas para os estados que mais
Sociedade em Nossas Mãos” . O ção, pois transferiu dos Estados necessitam de apoio, eles são
evento aconteceu nas dependên- e municípios, determinadas res- penalizados, fazendo-os não se
cias do suntuoso Grande Hotel, ponsabilidades sem o aporte fi- desenvolverem intelectualmente”.
construído na era Getúlio Vargas nanceiro necessário, cabendo, O presidente da CNTEC,
e frequentado por ele e influentes agora, que a União, os Estados e Confederação Nacional de traba-
políticos da época, na cidade mi- municípios, encontrem a solução lhadores em educação e cultura,
neira de Araxá. A cidade tem uma para esses problemas, estabele- Dr. Miguel Abrão Neto, enfati-
origem índigina, das tribos Ara- cendo , metas, prazos e decisões, zou durante o evento que “ o gran-
xás, que na língua tupi-guarani dividindo responsabilidades e re- de instrumento de transformação
significa um lugar alto onde pri- cursos para que se chegue a um de todos os países até hoje , de-
meiro se avista o sol. Nessa re- ideal de educação compatível.” monstrado e conseguido, foi atra-
gião, formou-se um dos maiores Na quinta, falaram os Pro- vés da educação e que o Brasil fica
quilombos de Minas Gerais, o fessores, João Malheiros, mestre muito a dever. Perguntado sobre
Quilombo do Ambrósio. Com e doutor graduado em administra- qual a expectativa que tem em re-
todo um legado cultural, a cidade ção pela USP, Universidade de lação a Federação dos Trabalha-
é marco turístico, cujo valor das São Paulo, que abordou o tema, dores de Santa Catarina e aos tra-
suas águas e da lama termal a fez “A Importância Sócio-Econômi- balhadores do Estado no evento,
tornar-se uma estância hidromine- ca e Educativa da Cultura e do En- Miguel Abrão Neto afirmou que
ral muito procurada. Mas a encan- tretenimento”, pela manhã, e a Santa Catarina sempre esteve a
tadora Araxá é, sobretudo, uma tarde, foi a vez do professor, dou- frente de iniciativas dessa nature-
terra marcada pela história de sua tor, Antõnio Freitas, da EBAPE/ za, como na CONAE, em Brasí-
mais ilustre personagem, a cora- FGV e conselheiro do Conselho lia, e que também se repete neste
josa Ana Jacinta de São José, a Nacional de Educação, discorren- encontro em Araxá. Ele disse que
Dona Beja, muito influente do sobre “O Plano Nacional de a CNTEEC pretende, com o even-
no século XIX. À medida que se Educação 2011/2020: O que to, colocar as idéias de todas as
tornava moça, a beleza de Ana ia muda na educação brasileira”. Federações, mas principalmente
MAIO 2010 CORREIO SINDICAL 7

as de Santa Catarina, que tem vá- Neroci Laurindo de Jesus.


rias e boas idéias, afim de levar
para o Governo como colabora- Oportuno e
ção da CNTEEC ao Plano Nacio- importante
nal de Educação. Para o Prof. Antônio Bitten-
Na comitiva catarinense esti- court Filho, presidente da FETE-
veram presentes sindicalistas do ESC, a realização do II ENTEC
setor Administrativo e de Profes- foi oportuna e importante, “pois,
sores, filiados a Feteesc, Sinpro- nestes 3 dias debatemos os gran-
Fpolis, Sinproesc, SaaeGFpolis, des problemas pelos quais passam
Sinpabre, Steersesc, SaaeRS, os Trabalhadores da Educação e
Simproel, Sinteb, Seção Sindical da Cultura e suas entidades sin-
de Mafra, Seção Sindical de Rio dicais representativos, bem como
do Sul, Seção Sindical do Oeste tivemos a oportunidade de enca-
e Seção Sindical de Canoinhas, minhar soluções para os referidos
como José Luiz Soares, Inácio problemas”.
Corrêa, Cíntia Valéria Wagner, Professores, administrativos
Carlos Magno da Silva Bernardo, das escolas, músicos, atores, de-
Deivis Luiz André, Aguinaldo senhistas e outros ligados a cul-
João de Faria, Adriano Serafim, tura, deixaram muito claro a ne-
Ademir Maçaneiro, Dr. João Pa- cessidade de unir forças, via CN-
gliuso, Paulo Amante, Rejane TEEC, para o enfrentamento das
Mari de Souza, Guilerme André dificuldades existentes tanto nas
Sedrez, Ederson Guedes, Rosai- relações de trabalho, quanto no
to Peres da Silveira, José Dimas, entendimento do real significado
Pedro Araldi de Mattos, Osmar da Educação e da Cultura para a
Altair Adriano, Joel Alexandre sociedade brasileira, passando
Silveira, Amilton Werlich, Mari- pela necessária valorização dos
lene do Amaral Werlich, e Clau-
demar Alves Filho.
profissionais que atuam nestes
setores.
DEPOIMENTOS
Este grupo enfrentou uma vi- As moções e recomendações
ajem de 18 horas, percorrida de aprovadas na plenária final cons-
ônibus leito até Araxá, cuja ine- tituirão os novos rumos estraté-
quívoca e abnegada determinação gicos dos (as) trabalhadores (as)
pela causa da educação e da cul- sob a égide da CNTEEC.
tura, serve de exemplo para con- As despesas com hospeda-
solidar a luta pela melhoria das gem, alimentação e 50% do va-
condições dos Trabalhadores e lor da passagem aérea, quando ne-
SINPABRE HAMILTOM WERLICH, GUILERME ANDRÉ
Trabalhadoras do setor. cessária, foram arcadas pela CN-
MAÇANEIRO SINPROEL SEDREZ, DIRT DO
Como delegados natos, o II TEEC.
“Esse é um momento SINTEB
ENTEC contou com a colabora- Muito elogiada pela escolha “Acredito que o tema,
muito importante para “ Que possamos pensar de
ção e empenho do Professor e Pre- do local e dos temas debatidos, Transformação da uma forma diferente,
mudarmos nossos
sidente da FETEESC, Antônio bem como de seus palestrantes, Sociedade em Nossas agregando valores à
conceitos e ampliá-los, a
Bittencourt Filho, que na mesa di- por todos os participantes, a CN- Mãos, significa a educação. Eventos como
partir de grandes
responsabilidade que esse, são importantes para
retiva na abertura do evento, re- TEEC e o IPET, promotores do palestras e dos
temos, Sindicalistas e sabermos como estão
presentava também a Direção Na- encontro, agradeceram a partici- encontros com outros
Trabalhadores da trabalhando os outros
trabalhadores na defesa
cional de Educação da UGT; o pação expressiva de todas as de- Educação, de
de nossos interesses. sindicatos quanto a essas
Presidente do Saae-GFpolis, El- legações que enriqueceram os mostrarmos a sociedade questões. As mudanças só
Estamos representando
o quanto é importante são salutares quando
vio Kretzer; o Presidente do Sin- debates, somando para os bons os professores
a educação para o valorizamos o Professor e
pro-Fpolis, Antônio B. Neto; o di- resultados do encontro. municipais de Lages e
desenvolvimento desse os funcionários das escolas
temos muito a aprender
retor da FETEESC, Moacir Pedro país” para se chegar na ponta
aqui.”
Rubini e o Diretor da CNTEEC, que é o aluno”

N A P R Ó X I M A E D I Ç Ã O “ C A R TA D E A R A X Á ”
8 CORREIO SINDICAL MAIO 2010

ENTREVISTA COM O PROFESSOR


Dr. ANTÔNIO JOSÉ BARBOSA
Por Tabira Estevão talecimento nacional. Ele foi um dificuldades, principalmente a
nacionalista de mão cheia. Sabia perda da auto-estima pelos bai-
O Professor Antônio José Bar- que sem um bom sistema educa- xos salários e pelas péssimas
bosa foi convidado para celebrar cional o Pais não conseguiria sair condições para o exercício da
a palestra inaugural do II ENTEC, do atraso. Com isso, cria o siste- profissão?
evento que aconteceu em Araxá, ma de educação no Brasil, com AJB - Um dia vai ter que
Minas Gerais neste mês de maio Gustavo Capanema no ministério acabar, sob pena do país decidir-
e que discutiu a Transformação da da educação e que foi extraordi- se por não ser nada na vida. Mas
Sociedade em Nossas Mãos. O nário, fazendo o sistema funcio- para isso, devemos lutar por uma
Professor, que é natural de Minas nar. O que os militares fizeram foi reforma política profunda no Bra-
e licenciado em Educação pela construir escolas, mas ao mesmo sil. Uma reforma no sistema elei-
Universidade de Juíz de Fora, é tempo não investiram em educa- toral. No atual sistema eleitoral,
mestre e doutor pela Universida- ção o necessário para ter gente por mais bem intencionados que
de de Brasília em História. No qualificada e bem remunerada estejam os eleitos, não consegui-
Ministério da Educação foi téc- para trabalhar nela. rão fazer as coisas que o país ne-
nico em assuntos educacionais, CS - Por que a educação cessita. Farão apenas parte, nun-
Secretário Executivo e Diretor sempre está no discurso políti- ca o todo. E nesse caso, quem
Geral do Fundescola. É co-autor co como uma das metas mais paga a conta é a educação.
dos livros “O desafio internacio- importantes, e são mínimas as CS - O que dizer aos Traba-
nal: a política externa brasileira ações quando esses governos as- lhadores da Educação e da Cul-
de 1930 aos nossos dias” e “Re- sumem? tura após esse evento?
lações Internacionais: visões da AJB - É, essa é a grande tragé- AJB - Em primeiro lugar que
América Latina”, além de autor dia nacional. Pessoalmente gosta- eles tenham uma responsabilida-
de dezenas de artigos, publicados ria que algum político tivesse a de grande, sobretudo neste mo-
em jornais e revistas do país. O coragem de dizer: sou contra a mento que vivemos, não só no
Professor Barbosa falou ao CS damental é que o Brasil é muito riais estabeleçam focos de cons- educação e se for eleito não inves- Brasil, mas no mundo. É uma
sobre questões da educação e dos grande e muito diferenciado. ciência através da educação? tirei nada. Mas, ao contrario, to- coisa terrível, pois a sociedade
trabalhadores na atualidade. CS - Pelo que entendi na AJB - São coisas diferentes. dos são a favor,só que ninguém perdeu referências e está jogan-
CS - Prof°, o que falta para palestra, o Sr. afirmou que as Na verdade me referi a esses dois tem compromisso. Por que isso do para a escola, no ombro do
transformarmos a sociedade duas ditaduras recentes do Bra- regimes de exceção como gran- acontece? Porque a sociedade per- profissional da educação, a res-
pela educação? sil, a de Vargas e a dos milita- des responsáveis pela moderniza- mite e esse é o ponto mais triste. ponsabilidade de colocar os
AJB - Primeiro devemos ga- res, foram fundamentais para a ção do país. Vargas com as refor- Talvez no momento que a socie- filhos nos eixos. De dar a eles
rantir o acesso e a permanência de estruturação da malha educa- mas de base, os militares com as dade colocar esses dirigentes na normas, noções de conduta, de
todos os brasileiros na escola, Ga- cional do Brasil, sobretudo no comunicações, entre outros. No parede, a situação se modifique. cidadania, de ética e de conheci-
rantia essa que depende da quali- interior do país. Não é um con- caso de Vargas, é uma ditadura CS - Até quando o professor mento, quer dizer, é coisa de mais
dade da educação. A questão fun- tra senso que governos ditato- marcada pela expectativa de for- vai continuar sofrendo com as para cima do educador.

Seminário Nacional de Comunicação em São Paulo reuniu cinqüenta


participantes entre Dirigentes e Assessores de Comunicação ligados UGT
Comunicar-se adequadamen- da UGT nacional, reforçando ceiro da UGT na realização do Direto Marketing-MDM, falou formação aos Dirigentes e Asses-
te com os formadores de opinião, nosso compromisso com as esta- seminário, chamou à atenção sobre a importância das estraté- sores dos seus Sindicatos filiados.
com o trabalhador e com toda a duais. Temos profissionais à dis- para a importância do conteúdo gias de comunicação nas organi- A UGT Nacional irá apoiar a ini-
sociedade. Esse é o desafio na co- posição para trocarmos experiên- na comunicação: “Poucas pala- zações de trabalhadores. Final- ciativa.
municação sindical, segundo o cias e aprendermos juntos. A vras que ligam muitos. Não mui- mente, o diretor da INCASUR – O Assessor de Comunicação
presidente da União Geral dos UGT não é uma grife. A UGT é tas palavras que não ligam a Enríque Sosa apresentou as ex- da FETEESC, Paulo Cesar
Trabalhadores, Ricardo Patah, na um conceito: tratar o trabalhador nada”, disse, lembrando que a periências da INCASUR sobre Amante, participou do evento que
abertura do Seminário Nacional como cidadão”, disse Patah. maior parte do poder sobre a in- processos de comunicação e for- aconteceu nos dias 22 e 23 de
de Comunicação da UGT, no au- O coordenador de Comunica- formação não está nas mãos dos mação à distância, encerrando a abril de 2010 em São Paulo e afir-
ditório da Federação Nacional ção da UGT, o jornalista Mauro trabalhadores e sim daqueles que programação do dia. mou na oportunidade que: “nós
dos Técnicos Industriais – FEN- Ramos, defendeu a horizontali- “deformam e manipulam a notí- No dia seguinte, o jornalista em SC, através do Instituto de
TEC – e do Sindicato dos Técni- zação da comunicação, abrindo cia, influenciando nosso modo João Franzin falou sobre a impor- Pesquisas e Estudos dos Traba-
cos Industriais de Nível Médio do espaço para que os 50 participan- de vida”. tância da imprensa sindical e hou- lhadores - IPET, que já é parcei-
Estado de São Paulo – SINTEC- tes, entre dirigentes sindicais e Seguindo o programa do Se- ve a realização de um workshop ro da UGT/SC na elaboração e
SP em São Paulo. jornalistas, manifestassem sua minário de Formação Nacional, de produção de textos e uso de execução de outros seminários de
”Temos que transmitir, de expectativa quanto ao evento. o jornalista Sérgio Gomes, da tecnologias digitais de comunica- formação junto a Central no Es-
forma sistemática, informação Já Ramón Ermacora, diretor Oboré, falou sobre a realidade na- ção. tado, temos condições plenas e
objetiva e de qualidade. Neste se- do Instituto Internacional de Es- cional dos meios de comunica- Essa foi a tônica do Seminá- profissionais qualificados para
minário de formação, trataremos tudos e Capacitação Social do ção. Em seguida, o jornalista rio. A idéia é que as Estaduais se executar esse Seminário em San-
da padronização da comunicação Sul - INCASUR – principal par- Marco Roza, diretor da Marco organizem e possam oferecer essa ta Catarina.”
MAIO 2010 CORREIO SINDICAL 9
CÂMARA DERRUBA ORTOGRAFIA
SOMENTE BRASIL
FATOR PREVIDENCIÁRIO CUMPRE AS
A Câmara dos Deputados apro- de e tempo de contribuição em ta- votou para que o fator acabe. NOVAS REGRAS
vou uma proposta que acaba com bela fornecida pela Previdência. O líder do PPS, Fernando Co- Passados um ano da implantação da reforma ortográfi-
o fator previdenciário, método usa- Hoje, o fator previdenciário para ruja (SC), foi o autor da emenda ca da língua portuguesa, proposta para todos os países que
do atualmente para calcular o va- alguém de 50 anos que se aposen- que tenta derrubar o fator. Ele ar- utilizam o idioma, somente o Brasil adotou a medida de
forma ampla em seus livros didáticos, imprensa, escola e
lor de aposentadorias reduzindo o ta com 30 anos de contribuição, por gumenta que a mudança seria
demais setores que utilizam-se da expressão oficial. Ao com-
seu valor na maioria dos casos. A exemplo, é de 0,513 – o que signi- mais importante que o reajuste
pletar um ano da vigência das novas regras, nos outros paí-
proposta foi adicionada à medida fica que o cidadão recebe, com o para os aposentados. O líder do go-
ses de língua portuguesa, (sete sem o Brasil), a reforma não
provisória que reajusta o benefício fator, pouco mais da metade do que verno, Cândido Vaccarezza (PT- avança. Mesmo em Portugal, pátria-mãe da língua e de quem
de aposentados que ganham acima receberia caso o fator não fosse SP), tentou fazer com que a dis- partiu a iniciativa, a mudança sofre resistências, e somente
de um salário mínimo. A Câmara aplicado. No caso das aposentado- cussão tivesse de ser feita em um alguns jornais a adotaram, pois a maior parte da população
decidiu aumentar de 6,14% para rias por idade, a aplicação do fator processo específico. “Nós vamos é contra o acordo que parece encontrar dificuldades até
7,7% o percentual de reajuste. O é opcional, ou seja, ele só é usado fazer a negociação para votar nes- mesmo dentro do governo.A ministra portuguesa da Cultu-
projeto segue agora para o Senado se aumentar o valor do benefício te ano o fim do fator previdenciá- ra, Maria Gabriela da Silveira Ferreira Canavilhas, por exem-
Federal. Criado em 1999 no gover- do cidadão. O deputado Arnaldo rio, mas com uma fórmula nova”, plo, anunciou que começariam 2010 com escrita renovada,
no Fernando Henrique Cardoso Madeira (PSDB-SP) fez duras crí- chegou a dizer. tanto na Agência Lusa, como no Diário da República, em
com o objetivo de reduzir os be- ticas à votação. Ele destacou que Partidos da base aliada como contradição com a ministra da Educação, Isabel Alçada, que,
nefícios de quem se aposenta an- os deputados sequer sabem a arre- PSB, PDT e PTB votaram a favor em dezembro passado, recuou da decisão de adotar o acor-
tes das idades mínimas ou obrigar cadação que será perdida com o da emenda, enquanto PSDB e do no sistema de ensino neste novo ano. Portugal ainda
aguarda a elaboração de algumas metas, como a definição
o empregado a trabalhar mais tem- fim do fator previdenciário. DEM decidiram liberar as banca-
da forma como o acordo ortográfico será introduzido. O
po, o fator previdenciário leva em “Como se acaba com o fator sem das. O fim do fator começará a va-
país fixou prazo até 2015 para fazer a adaptação, mas, o que
conta quatro elementos para o cál- calcular quanto isso custa? Não ler em 2011 se for aprovado pelo
depender da maioria da população, o acordo não sai. É o
culo do benefício: alíquota de con- tem cabimento.” Quando o proje- Senado e sancionado pelo presi- que indica uma pesquisa feita em março pelo jornal de mai-
tribuição, idade do trabalhador, to que elimina o fator foi aprova- dente. Mas Lula avisou que vai or vendagem no país lusitano, o “Correio da Manhã”. Para
tempo de contribuição à Previdên- do no Senado em 2008, o então vetar o projeto. 57,3% dos portugueses, as novas regras não agradam, ten-
cia Social e expectativa de vida. O ministro da Previdência, José Pi- do ainda ferrenhos defensores dessa negativa, como Vasco
fator previdenciário afeta o bene- mentel, chegou a dizer que o im- Graça Moura, um dos nomes de peso da cultura portuguesa.
fício dos trabalhadores que se apo- pacto no orçamento poderia ser de Reajuste dos Moura, que é escritor, dramaturgo, ensaísta, tradutor, polí-
sentam por tempo de contribuição. até 5% do Produto Interno Bruto tico e advogado, lidera um movimento para que Portugal
A aposentadoria é calculada da se- (PIB). O mapa da votação mostra aposentados abandone o acerto com os outros países. Ele afirma que “o
guinte forma: o valor dos 80 mai- que no PSDB, partido criador do O reajuste de 7,7% para os processo ainda pode ser parado. Não pode avançar sem ha-
ores salários de contribuição do fator, só 6 dos 47 parlamentares aposentados que ganham acima ver ratificação por todos os países. Se o objetivo é a unida-
trabalhador é multiplicado pelo fa- que votaram defenderam a manu- de um salário mínimo aprova- de da grafia, basta que um não avance para que não faça
sentido”, afirma o intelectual. Esta disposição de contrarie-
tor previdenciário. No caso dos tra- tenção do mecanismo. No DEM, do pela Câmara é superior ao
dade de Graça Moura é rebatida pelo jornalista português,
balhadores que começaram a con- somente 1 dos 47 deputados votou índice negociado pelo governo.
José Mário Costa, um dos coordenadores do site Ciberdú-
tribuir antes de 28 de novembro de para manter o fator previdenciário. A proposta inicial era de um re-
vidas da Língua Portuguesa, que afirma não haver nenhu-
1999, valem os 80% maiores salá- No PT, a maioria votou contra a ajuste de 6,14% aos benefícios, ma possibilidade de recuo, pois o acordo está em vigor.
rios desde julho de 1994. O cida- queda do mecanismo, mas o ex- retroativos a janeiro do corren- Assim como em Portugal, a lentidão na implantação da re-
dão pode consultar o fator previ- ministro da Previdência Ricardo te ano. forma ortográfica também pode ser constatada em paises
denciário de acordo com sua ida- Berzoini (PT-SP) foi um dos que como Cabo Verde, que em novembro anunciou que o acor-
do entrou em vigor, mas ainda não tomou medidas práticas
para implementá-lo, e em Angola e Moçambique, onde se-
quer houve a confirmação oficial da mudança. Estes países
Saiba mais africanos, por possuírem uma realidade de pobreza e baixo
desenvolvimento social, não consideram prioridade uma
O líder do governo, Cândido Vacca- par de uma negociação com o Senado reforma na ortografia. Na avaliação do escritor brasileiro,
rezza (PT-SP), colocou em seu relatório para se tentar um acordo no percentual Godofredo Oliveira Neto, “Eles ainda não assinaram ape-
um percentual de 7% de reajuste, que ele de 7,7%, mas o Executivo não concor- nas por questões burocráticas. Quando houver a adesão de
garantia já estar acertado com o Execu- dou com a proposta. O Ministro do Pla- Portugal, todos vão aprovar”, afirmou o escritor, que faz
tivo. O reajuste de 7,7% representa um nejamento, Paulo Bernardo, afirmou no parte da Comissão de Língua Portuguesa do Ministério da
gasto extra de R$ 1,7 bilhão em relação Congresso que o presidente Luiz Inácio Educação do Brasil. Outro que não vê problemas na adesão
da reforma pelos outros países é o coordenador do setor de
à proposta original do governo, de Lula da Silva vetará o reajuste se o per-
lexicologia e lexicografia da Academia Brasileira de Le-
6,14%. Partidos da base aliada, no en- centual for “exorbitante”. No Senado, a tras, Evanildo Bechara. Ele entende que esta resistência é
tanto, desejavam elevar o reajuste para tendência é que o percentual aprovado na normal, e que pouco a pouco, a nova ortografia caminhará e
7,7% e contaram com o apoio da oposi- Câmara seja mantido. O líder do PMDB, os pontos divergentes serão resolvidos. Atualmente no mun-
ção, que tentou até aprovar um aumento Renan Calheiros (AL), maior bancada da do falam português cerca de 240 milhões de pessoas e a
maior, de 8,7%. O presidente da Força Casa, já declarou que é “irrelevante” a di- reforma deve alterar a grafia de meio por cento das pala-
Sindical, deputado Paulo Pereira da Sil- ferença de R$ 600 milhões que o reajuste vras no Brasil. Por enquanto é aguardar e ir escrever de acor-
do com a nova ortografia, sobretudo em concursos públicos
va (PDT-SP), foi o autor da emenda que de 7,7% trará em relação ao percentual
e vestibulares, apesar de a obrigatoriedade de redigir sob as
ampliou o reajuste. Ele chegou a partici- de 7% para os cofres públicos. novas regras se dar só a partir de 2012.
10 CORREIO SINDICAL MAIO 2010

ATÉ QUANDO FALAREMOS EM


FÓRUM SINDICAL DOS

“MAIS VALIA?” TRABALHADORES (FST)


APROVA NOVA PAUTA
Por Tabira Estevão
PARA O MOVIMENTO
tabiraestevao@gmail.com SINDICAL BRASILEIRO
PELOS PRÓXIMOS ANOS

H
á quem concorde que as leis ção do recém nascido, da licença maternida- O 2º Encontro Nacional do Fórum Sindical dos Trabalha-
trabalhistas deveriam aca de, das férias remuneradas, 13.º salário, con- dores (FST) realizado no dia 18 de maio em Brasília-DF apro-
bar para sujeitarem-se os di tidos na Constituição Federal e na CLT e tan- vou uma nova pauta para o movimento sindical pelos próxi-
reitos e reivindicações dos tas conquistas da classe trabalhadora? En- mos dois anos.
Trabalhadores às negocia- tão, como deixar para uma negociação sem
Os dirigentes sindicais decidiram em sessão plenária que
ções de suas datas-base. Desta forma, uma o enforro da lei, as garantias que se deve ter
os trabalhadores brasileiros devem defender:
campanha salarial estaria afeita a uma igual- na relação capital/trabalho? Da forma como
dade de condições que contemplaria decisões pretendem, os empresários estariam sempre • o regime da unicidade sindical;
mais equânimes para ambos os lados: patro- numa posição privilegiada, donos de um jugo • a redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas se-
nal e laboral, pois a legislação trabalhista, sobre o que é importante para eles e não para manais sem redução de salário;
segundo muitos empresários, da forma como os trabalhadores, pois detém o capital. Um • o direito de organização no local de trabalho;
está instituída no Brasil, dificulta em muito jogo articulado por eles na vertical, em que,
• a contribuição compulsória e assistencial e
a contratação e manutenção de Trabalhado- claro, estariam sempre na parte superior. Di-
• o fim do Fator Previdenciário.
res. Não é verdade. Se fosse, não vivería- ante de tais considerações, qual é, então, o
mos esse franco processo de expansão pro- papel dos Sindicatos? Os mais de 800 trabalhadores de Centrais Sindicais, Con-
dutiva das empresas, tal como gosta de Ícone do neoliberalismo, Milton Fried- federações e Federações de várias categorias aprovaram ainda a
certificar o Ministro do Trabalho, Carlos mann, Prêmio Nobel de Economia de 1976 manutenção e regulamentação do artigo 8º da Constituição
Lupi, com a criação de mais de um milhão e que foi emérito professor da Universida- Federal, as revogações imediatas das Portarias 186/2008 e 982/
de empregos gerados em 2009, após o fim de de Chicago , afirmava “que o desempre- 2010 do Ministério do Trabalho e Emprego, que atentam con-
da crise econômica de 2008 e que faz as go é resultado da pressão que os sindicatos tra a liberdade e autonomia sindical.
empresas contratarem. Se o empecilho fos- imprimem para aumentar o salário, e não O encontro aprovou ainda a defesa de um projeto de desen-
se mesmo a legislação trabalhista, não have- resultado do mercado capitalista”. Entendia volvimento e crescimento econômico-social, com soberania
ria contratação. O que há é um desinteresse que quanto mais empregos o mercado for- nacional e valorização do trabalho com geração de empregos e
por parte de empresários e também do go- jar, mais diminuídos ficarão os salários. Da- distribuição de renda, com reposição das perdas nos vencimen-
verno quando não flexibiliza a cobrança de vid Friedman, que morreu em 2006, é consi-
tos dos aposentados e pensionistas.
impostos, por exemplo. Basta ver o que fez derado o pai do teórico anarco-capitalista e
Entre os itens aprovados está a defesa do reajuste dos apo-
a redução do IPI em alguns setores como um dos mais destacados economistas do sé-
culo XX. Foi também um dos mais influen- sentados de 7,72%, a reforma agrária progressista com valori-
forma de sustentação da economia no mo-
mento da crise. A força produtiva vem do tes teóricos do liberalismo económico e de- zação da agricultura familiar e a ratificação da Convenção 158
trabalhador. Sem ele não se pode falar em fensor do capitalismo à moda Francesa, “ da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
desenvolvimento; sem ele não se pode atri- laissez-faire” e do “livre mercado”. Já o te- O senador Paulo Paim, esteve presente ao 2º Encontro Na-
buir lucro no setor produtivo ou de serviços; ólogo, defensor da Teologia da Libertação, cional do FST e voltou a defender o fim do fator Previdenciá-
sem o trabalhador e sua força produtiva não José Comblin , em sua obra “O Neolibera- rio, que ainda irá à votação do Senado. “Temos que jogar o
há como se estabelecer o crescimento eco- lismo. Ideologia dominante na virada do sé- Fator Previdenciário na lata de lixo. Hoje a economia anda bem
nômico. Crescimento que é fruto da distri- culo –, (Editora Vozes, 2001)”, cita que é e não se pode dizer que a Previdência Social está falida. Temos
buição da renda, através do pagamento de parte dominante da ideologia neoliberal, a que cobrar do governo o fim deste redutor”, frisou.
salários e concessão de benefícios aos Tra- redução ou extinção dos sindicatos de Tra- Também participou do encontro o presidente do Instituto
balhadores por força da lei, e não só, como balhadores organizados, pois pensa tal ideo- de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA) Márcio Pochmann,
argumentam muitos, da habilidade nas es- logia, que o meio sindical só pensa em in-
que foi enfático ao defender a redução da jornada de trabalho.
tratégias administrativas do mercado. fluir nos preços e salários, perturbando a
“A redução da jornada de trabalho é primordial para uma soci-
O problema está mesmo na impertinên- espontaneidade do mercado, do qual se su-
edade superior com profissionais qualificados que possam aten-
cia de não se distribuir a renda de forma con- põe que nasce a justiça, Ele conclui, afirman-
der a demanda do mercado pós economia industrial. O traba-
digna. Não é a legislação um empecilho ao do que , “ infelizmente, o neoliberalismo tem
lhador precisa ter tempo para estudar, se qualificar e também
setor produtivo. Ao contrário, é a partir dela atingido seus objetivos em muitos países, na
usufruir do progresso que ajudou a construir”, considerou.
que se estabelece a regulação das condições medida que se verifica um enfraquecimento
mínimas de decência da força produtiva dos do movimento sindical”. Além do senador Paulo Paim (PT-RS) e do presidente do
Trabalhadores. Senão vejamos: será que por A importância da luta dos Trabalhadores IPEA Márcio Pochmann, compareceram ainda ao evento o se-
si só o empregador admitiria uma jornada por melhores condições de renda e trabalho nador Inácio Arruda (PCdoB-CE), e os deputados federais Pau-
de 44 horas semanais?; ( não querem dialo- estará sempre vinculada ao seu poder de ar- linho da Força (PDT-SP) e Dagoberto Nogueira (PDT-MS).
gar sequer quanto a redução para 40 horas ticulação, o que só será possível na medida O 2º Encontro Nacional do FST contou com a presença de
semanais); Seria ele um incentivador à re- em que estiver organizado. E, a isso, se atri- 23 entidades entre Confederações e Centrais Sindicais, entre
muneração de horas extras, de ganhos de bui o papel do Sindicato na defesa de uma essas a UGT.
produtividade e divisão de lucros; um defen- legislação que priorize a regulamentação da FONTE: http://www.fstsindical.com.br
sor dos direitos das mulheres à amamenta- força produtiva de forma digna.
MAIO 2010 CORREIO SINDICAL 11
Bancos de horas: assédio material ou apropriação indébita
Você sabe o que é assédio material?
Mário Lacerda* ga? Você é quem me deve, afi- lhido em oportunidade conve- deve pagamento e que o auxi- do ao pagamento das horas-
nal aqui não tem nada de gra- niente. liar ainda fará mais horas-ex- extras?
Assim como o assédio se- ça! Satisfeito com aquele novo tras para compensar o feria- Quanto da riqueza negada
xual e o assédio moral, a mu- Assim, o trabalhador volta emprego, o auxiliar de ensino dão. ao pagamento de muitas ho-
lher e o homem podem sofrer, para a choupana e avisa à mu- vê o raiar do dia como um O ano letivo passa, o auxi- ras-extras estará alimentando
no local de trabalho, outro tipo lher e aos filhos que não tem novo horizonte de esperanças liar trabalha sábado o dia todo, o lucro de poucos privilegia-
de humilhação. O assédio ma- dinheiro para vencer o mês, e de futuro melhor! trabalha domingo, trabalha dos?
terial ou apropriação indébita. pois o patrão fez as contas e Ao fim do primeiro mês de além da sua carga horária, tra- Será necessário comparar
Em alguns casos, quando avisou que não deve pagamen- trabalho, o empregado dirige- balha até o dia raiar, e, mes- a situação dos auxiliares de en-
o trabalhador rural vai pedir to. se ao empregador com a inten- mo assim, termina o ano de- sino, presos aos ferros do Ban-
emprego a um fazendeiro, este Moral da história: o traba- ção de receber o seu salário e vendo, porque, sem entender co de Horas, à situação dos es-
contrata a mão-de-obra, ofere- lhador já inicia a sua labuta as horas-extras trabalhadas. bem, concordou com a lógica cravos de outrora? Vivemos
cendo ao novo empregado devendo uma conta que não - Horas-extras? Mas eu, do tal Banco de Horas. uma nova senzala que nega o
uma toiça de banha de porco, contratou. graciosamente, não lhe dei uns O mais estranho é que nem pagamento do resultado do
um saco de arroz, um saco de Guardadas as devidas pro- dias de folga emendando o fe- todos os auxiliares de ensino trabalho?
feijão, um uniforme, uma en- porções, pode-se concluir que riadão? Lembra não? Você as- estão submetidos ao Banco de O Banco de Horas seria
xada, uma pá, um chapéu, um um fenômeno parecido ocor- sinou papel, mestre Jonas. Eu Horas, pois uns poucos funci- uma forma de assediar mate-
par de botas, uma choupana re com os trabalhadores sujei- fechei a escola, dispensei todo onários em algumas institui- rialmente o salário do empre-
para moradia e uma garrafa de tados aos ditames do Banco de mundo do trabalho, não hou- ções de ensino têm tratamen- gado, subtraindo-lhe o paga-
pinga. Horas. Nesse sentido, cabe ve qualquer atividade naque- to diferenciado do restante do mento das horas-extras traba-
Satisfeito com aqueles analisar o sistema adotado em les dias, até os alunos tiveram quadro de empregados. lhadas e seria uma forma de
“presentes” o trabalhador vê o algumas instituições de ensi- recesso, ninguém veio traba- A situação lembra os ver- assediar moralmente a auto-
raiar do dia como um novo no. lhar, e o senhor ficou em casa. sos do poeta Castro Alves, estima do trabalhador?
horizonte de esperanças e de Senão vejamos. Fazendo o quê? Descansando quando este em sua lírica - Estaremos diante de um
futuro melhor! Quando o auxiliar de ensi- às minhas custas! E mais, os Navios Negreiros - clamou: novo tipo de assédio, no qual
Ao fim do primeiro mês de no vai procurar trabalho pe- próximos feriados emenda- “Senhor Deus dos desgra- um grupo de privilegiados
trabalho, o empregado dirige- rante um empresário da edu- dos, já sabe, têm de pagar! çados! apropria-se indevidamente da
se ao empregador com a inten- cação, este contrata a mão-de- Você é quem me deve, afinal Dizei-me vós, Senhor única riqueza que o trabalha-
ção de receber o seu salário. obra, oferecendo ao novo em- aqui não tem nada de graça! Deus! dor possui. Qual seja a força
- Salário? Mas, eu, gracio- pregado um uniforme, um sa- Assim, o auxiliar de ensi- Se é loucura... se é verdade do trabalho?
samente, não lhe dei uma toi- lário que não remunera ade- no volta para a sua casa e avi- Tanto horror perante os Existe alguma moral para
ça de banha de porco, um saco quadamente e um contrato, no sa à mulher e aos filhos que céus?!” essa história?
de arroz, um saco de feijão, qual o trabalhador assina con- àquelas horas-extras trabalha- Haverá um Deus para os Devemos rir de tudo isso
um uniforme, uma enxada, cordando que, conforme reza das, com a intenção de engor- desgraçados - vítimas do Ban- ou devemos nos indignar?
uma pá um chapéu, um par de o calendário escolar, todo fe- dar o pagamento do mês, não co de Horas - e um Deus para
botas, uma choupana para riado emendado será compen- serão pagas, pois o patrão fez abastados, que se apropriam e Fonte: Diap
moradia e uma garrafa de pin- sado em outro dia a ser esco- as contas e avisou que não assediam o dinheiro destina- (*) Advogado, é diretor do Saep/DF

FIQUE POR DENTRO


Professores: projeto de lei destinadas a atividades de preparação e o acréscimo de trabalho decorrente do uso Piso salarial
(PL) 6.956/10 discute planejamento. Numa outra interpretação, de novas tecnologias na Educação. Assim Na iniciativa privada, os pisos sala-
jornada e piso na rede esse professor manteria as dezoito aulas como nós, a deputada Maria do Rosário riais são fixados por negociação inter-
privada em classe, mas passaria a receber por 27. argumenta que os professores da rede pri- sindical nas Convenções Coletivas de
Tramita na Câmara dos Deputados, o Na rede pública, a destinação de 1/3 da vada trabalham muito além de sua carga Trabalho. O projeto de lei cria um valor
PL 6.956/10, que define um piso salarial carga horária para extraclasse foi suspen- horária contratual, já que recebem basi- mínimo nacional de R$ 950 para 40 ho-
e regulamenta a jornada de trabalho dos sa pelo Supremo Tribunal Federal, até jul- camente quando estão em sala de aula. A ras semanais, atualizado pelo INPC en-
professores de educação básica na rede gamento de mérito, numa ação de incons- inclusão de atividades extraclasse na jor- tre outubro/2009 até a data em que a
privada, nos moldes já criados para a rede titucionalidade proposta por cinco gover- nada está prevista no artigo 67, inciso V, proposta virar lei (até abril/2010, R$
pública (Lei 11.738/08). A proposta é de nos estaduais. da LDB: “período reservado a estudos, 987,36). O cálculo é proporcional quan-
autoria da deputada Maria do Rosário (PT/ planejamento e avaliação, incluído na car- do a carga for inferir às 40 horas. A pro-
RS) e também é assinada pelo deputado Atividade extraclasse ga de trabalho”. O atual Plano Nacional posta também estabelece reajuste anu-
Pedro Wilson (PT/GO). Encontra-se em Talvez mais importante do que fixar de Educação também estabelece como al, pelo INPC. Nada disso descarta a
discussão na Comissão de Trabalho, sob uma determinada parcela da carga horá- meta a destinação “entre 20% e 25% da negociação coletiva, que poderá definir
a relatoria do deputado Luiz Carlos Bu- ria, o mérito da proposta é colocar em dis- carga horária dos professores para prepa- índices diferentes de correção anual e
zato (PTB/RS). cussão o trabalho extraclasse que o pro- ração de aulas.”Nenhum dos textos defi- valores superiores ao piso
O projeto estabelece o limite de 2/3 da fessor realiza e pelo qual não recebe. A ne se essa parcela da carga horária preci- nacional.Em São Paulo, os pisos sala-
carga horária para atividades com alunos. Campanha Salarial 2010 no estado de São sa ser cumprida parcial ou integralmente riais já são maiores do que o fixado
Por exemplo, um professor que ministra Paulo trouxe essa questão para o debate na escola. É mais provável que sirva mais pelo PL 5.629. Entretanto, a remunera-
atualmente dezoito aulas, deveria passar com uma variável inédita, que precisa ser como parâmetro para definir a remunera- ção subiria caso 1/3 da carga horária
a dar doze aulas e as seis restantes seriam incorporada nas discussões dos deputados: ção para atividades “pré” e “pós” aula. fosse usada para atividade extraclasse.
12 CORREIO SINDICAL MAIO 2010

UGT/SC GARANTE
SUCESSO DA
MARCHA DOS
CATARINENSES
PELA VIDA E
SAÚDE DA CLASSE
TRABALHADORA
Aproximadamente três mil sem redução de salários, aplica- no ato. Dirigentes da UGT/RJ,
trabalhadores e trabalhadoras, li- ção do piso estadual de salários também participaram da mani- Instituto de Pesquisas e Estudos do
gados as Centrais e Movimentos a todos os trabalhadores catari- festação. Trabalhador - IPET e União Geral dos
Sociais, vindos de todas as regi- nenses e contra a criminalização O Professor Moacir Pedro
Trabalhadores de Santa Catarina –
ões do Estado, marcaram presen- dos movimentos sociais. Rubini, Secretário Geral da FE-
ça na Marcha pela Vida e Saúde A UGT/SC trouxe para a Ca- TEESC e também Secretário de UGT/SC firmam parceria para
da Classe Trabalhadora que pital Catarinense, cerca de mil e Educação e Formação da UGT/ execução de Curso de Oratória
aconteceu no dia 28 de abril em quinhentas pessoas ligadas a SC, falou em nome da Central e
Florianópolis. Central e foi a grande responsá- destacou a importância de man-
O ato lembrou o Dia Mundi- vel pelo sucesso do evento. termos a unidade do Movimento
al em Memória das Vítimas de Delegações ligadas a Sede Sindical, condição que tem pos-
Acidentes de Trabalho e trouxe Estadual na Grande Florianópo- sibilitado avanços significativos
também outras bandeiras impor- lis e as Macrorregionais do Pla- na conquista de melhorias a to-
tantes à classe trabalhadora nalto Serrano, Lages, Norte, Jo- dos os trabalhadores, fruto do O IPET – Escola Sindical - é um estabelecimento de ensino
como: a redução da Jornada de inville e Vale do Itajaí com sede amadurecimento das Lideranças registrado na Secretaria Estadual da Educação, e segue as dire-
trabalho para 40 horas semanais em Brusque marcaram presença Sindicais Catarinenses. trizes do PNQ – Plano Nacional de Qualificação.
Formação, Qualificação e Requalificação Profissional fazem
Texto e fotos: Paulo Cesar Amante - Assessor Comunicação FETEESC/UGT/SC
parte da missão do Instituto que já qualificou mais de 11.500
trabalhadores em diferentes áreas.
Em recente parceria firmada entre o IPET e a UGT/SC, me-
diante um protocolo de intenções e contrato previamente assi-
nado entre as partes, viabilizou-se o Curso de Oratória para Diri-
gentes e Assessores Sindicais filiados a Central.
O Curso aconteceu em Lages/SC nos dias 06 e 07 de maio de
2010. Além dos temas pertinentes a oratória, foram abordados
conteúdos importantes sobre Sindicalismo e Cidadania, assun-
tos que fazem parte da grade de todos os cursos ministrados pelo
IPET.
Promovido pela UGT/SC, executado e certificado pelo IPET,
o curso atendeu 30 participantes da Macrorregional do Planalto
Serrano. Em breve será a vez dos os companheiros da Macrorre-
gional Norte com sede em Joinville/SC terem a oportunidade de
participar do mesmo curso.
Paulo Cesar Amante
Assessor Comunicação FETEESC/UGT/SC

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