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MATÉRIA: Direito do Trabalho

PROFESSOR: André Horta Moreno Veneziano


AULA E DATA: 01 – 27.02.2010

Conhecimento= entendimento + memorização


A mente deleta informações a cada 48 horas.

INTRODUÇÃO

O professor fala sobre a relação de trabalho e a gratificação ou realização


que este propicia. Fala sobre buscar um trabalho meramente pelo dinheiro ou
porque tem um dom.
Fala que esta forma de trabalho vem da sociedade moderna, porque nem
sempre foi assim.

FONTES MATERIAIS DO DIREITO DO TRABALHO

A palavra “trabalho” vem do latim tripalium, que significa um instrumento


de tortura. Tripaliari, do latim vulgar, significa “torturar”.
Logo após o homem abandonar o trabalho de subsistência nos primórdios
da humanidade, em que ele trabalhava para si mesmo e para sua família, surgem as
relações de trabalho. E a primeira relação que se verifica na antiguidade (Grécia e
Roma antiga) é a escravidão. Então, grupos mais fortes dominavam os grupos mais
fracos e colocavam como escravos os vencidos, os prisioneiros de guerra.
Aristóteles coloca a necessidade do ócio.
Depois da escravidão surge um sistema na Idade Média chamado
servidão. Seria um 'semi-escravo' que servia ao senhor feudal, propriedade das
terras, em troca de sua subsistência e proteção.
A igreja, no entanto, começa a criticar este sistema, mas continuava a
sustentar a existencia de ricos e pobres pela vontade divina. O servo deveria
trabalhar para pagar seus pecados, porque se era servo é porque era pecador.
Começam a surgir as corporações de ofício em razão do surgimento das
cidades. São os artesãos que faziam cadeiras, mesas, etc.
No final da idade média começa a haver um novo sistema de trocas com
base na moeda.

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Nas corporações da idade média surgem 3 figuras:


- O mestre - detentor da corporção, dos meios de produção;
- o companheiro - trabalhador assalariado;
- Aprendiz - menor

Com a criação da máquina a vapor em meados de 1750 (séc. XVII),


ocorre a Revolução industrial, há migração do campo para cidade.
Como a mão de obra se torna farta, há exploração desta, havendo exploração do
trabalho infantil e da mulher, as condições de trabalho se tornam degradantes, há
castigos fisicos, sálarios baixos, trabalho de sol a sol. O empregado trabalhava de
sol a sol, porque quando o sol se punha não era possível mais trabalhar.
Á partir de 1850 em reação a essas explorações iniciou-se as associações de
trabalhadores que exerciam pressão sobre os donos de indústrias, futuramente
essas associações se tornaram sindicatos, com isso os sindicatos também podem
ser considerados uma fonte material do Direito do Trabalho.
Como essas associações começaram a fazer certa pressão o Estado sentiu
necessidade de intervir, limitando a Liberdade, pois se constatou que liberdade sem
intervenção do estado gera desigualdades.
Assim, verifica-se que o Direito do Trabalho nasce como reação às
condições impostas pela Revolução Industrial no século XVIII.
Na frança surge a doutrina do “laisse fair, laisse passè”, a doutrina da
liberdade. Mas a história mostra que a liberdade excessiva, gera desigualdade. É
necessária a intervenção estatal. “La necessitè obligue” - a necessidade obriga.
E como isso veio parar no Brasil? O fator externo foi a imigração italiana,
já no século XX.
E quando os italianos chegam no Brasil o Presidente era Getúlio Vargas
(1930 a 1945).

2) FONTES FORMAIS DO DIREITO DO TRABALHO

Fontes formais referem-se à própria norma, como estabelecida pela

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piramide Kelseniana.
- CF
- Leis
- Regulamentos
- Portarias
- Contratos coletivos (sindicatos)

As 4 primeiras são criadas pelo estado e são chamadas de heterônomas.


O estado é um terceiro e ele cria regras.
As normas coletivas, como o contrato de trabalho são criadas pelos
próprios entes envolvidos.
Próprio vem do grego auto. Fonte autônoma é aquela criada pelas
próprias partes.
Abade La Corteur - “a liberdade escraviza e a lei liberta”. Porque no
sistema onde há mais poderosos, economicamente, estes impõem sua vontade, daí
a necessidade de intervenção do estado.

Fontes materiais refere-se ao momento que antecede a norma, aquilo que


gerou a norma.

3 - PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO


Os princípios encontram-se em um patamar acima das normas. Onde
nasce o sistema, mais importante do que a norma vem antes da CF

- Princípio protetor
Proteção aos mais fracos, sempre a favor do operário este se desmembra
em:
Desmembramentos do princípio protetor:

- “in dubio pro operario” ou “in dubio pro misero”


Em caso de dúvida sempre se decide a favor do operário

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- Aplicação da norma mais favorável - Em direito do trabalho não se


aplica a hierarquia de leis, sempre se utilizará a lei que for mais favorável ao
empregado.

- Condição mais benéfica (direito adquirido) - Equivale ao direito


adquirido, não se pode alterar o contrato para pior.

- Irrenunciabilidade - art. 9º, CLT. Os direitos trabalhistas são


irrenunciáveis. É nulo qualquer contrato ou acordo que vise reduzir direitos
trabalhistas.
Contratos que vão contra as normas trabalhistas, mesmo que o
empregado concorde não tem validade.

- Primazia da realidade - a realidade material prevalece sobre a formal.


O que aconteceu de fato prevalece sobre documentos. O que aconteceu de
verdade, de fato.
Isto porque quem cria e controla os documentos é a empresa.

- Princípio da continuidade da relação de emprego - presume-se que o


contrato de trabalho é por prazo inderteminado, não tem termo final. Assim, a prova
do termo final cabe ao empregador. Presume-se que o empregador dispensou o
empregado até prova em contrário.
A lei limita os contratos por prazo determinado.

4 - CONCEITO

O direito do trabalho lida com a relação de emprego e situações análogas.


Assim trata do empregado, do estagiário, do temporário, do autônomo, do
eventual, avulso (portuário), voluntário, do doméstico, etc.

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Empregado - aquele que obedece ordens (principal característica -


Subordinação).
Estagiário - Aqueles que trabalham para aprender, regidos por lei própria.
Temporário - são trabalhadores contratados para auxiliar quando há
aumento de demanda.
Autônomo - não tem subordinação. Não têm direitos trabalhistas.
Eventual - trabalha esporadicamente. Não têm direitos trabalhistas.
Avulso - é o trabalhador portuário, ligado ao OGMO (orgão gestor de mão
de obra) - foi equiparado ao empregado - art. 7º, XXXIV, CF. Tem todos os direitos
trabalhistas.
Voluntário - Lei 9608/98 - diz quais ramos (saúde, filantrópicas, eleitorais,
etc.) e quais as atividades que podem ser desempenhadas.

Características do empregado:
- subordinação
- habitualidade
- onerosidade (salário)
- Pessoalidade (“intuitu personae”) - o empregado não pode se fazer
substituir por outro. Ele é contratado em razão de suas características pessoais.

Observação - este ramo do direito não se refere a pessoas jurídicas,


destina-se exclusivamente às pessoas físicas.

RELAÇÃO DE TRABALHO

A relação de trabalho é um gênero, que tem diversas espécies


(empregado, estagiário, voluntário, etc)
Todo empregado é um trabalhador, mas nem todo trabalhador é
empregado.
A relação de emprego é a mais importante relação de trabalho. É regulada
pela CF, CLT e leis esparsas.

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Embora o artigo 7º fale “são direitos dos trabalhadores”, a doutrina


pacífica entende que ela quis dizer “são direitos dos empregados”.

Empregado (art. 3º, CLT) características - pessoa física, pessoalidade,


habitualidade, salário, subordinação.

Empregador (art. 2º, CLT) - pessoas físicas ou jurídicas.


Amauri Mascaro do Nascimento (dica) - “empregador é todo aquele que
tem empregados”. Não exclua ninguém.
Características:
- Pessoas físicas ou jurídicas
- Risco do negócio (alteridade) - o empregador assume o risco da
atividade. A empresa também é responsável pelos atos de seus prepostos.
- Poder de comando divide-se em:
a - poder de organizar,
b - fiscalizar (pode fiscalizar e-mail corporativo, computador, linha
telefônica, bolsa, revista (desde que seja aleatória e em ambiente fechado, para
evitar constrangimentos) - vedada a revista íntima da mulher (art. 373-A, VI, CLT),
mas pelo princípio constitucional da isonomia, também é vedada a revista íntima do
homem, por uma interpretação sistemática das normas.
Câmeras - o empregador pode manter câmeras para fiscalizar
empregados, mas nunca no banheiro ou próxima a este.
c - punir (poder disciplinar) - desde que não ofenda a dignidade da pessoa
humana, não humilhe o empregado. Multa - só pode para atleta profissional. Para as
demais empresas pode ser uma advertência; suspensão até 30 dias, sem
pagamento; Dispensa motivada (ou por justa causa), se a falta for muito grave.

GRUPO ECONÔMICO (art. 2º, CLT)

Quando estamos diante de um grupo econômico, quem será o

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empregador?
Exemplo: Sé, Barateiro, Extra, Compre Bem, Peralta, são do Grupo Pão
de Açúcar, do Abílio Diniz. Se um empregado trabalha no Extra ele será empregado
somente do Extra ou do grupo econômico todo? Outro exemplo é a AMBEV. Se
trabalha para uma das empresas, de quem é a responsabilidade?
O Direito do Trabalho nasceu para proteger, portanto todo o grupo
econômico será o empregador.
Responsabilidade solidária - O grupo é solidariamente responsável pelas
obrigações. Todos respondem pelo total da obrigação.

Sucessão de empregadores (arts. 101 e 4482 da CLT)

Pela legislação trabalhista o novo empregador (sucessor) assume o


passivo trabalhista. Ele torna-se o novo empregador.
Quando uma empresa compra a outra, ela leva os ativos e os passivos
(débitos trabalhistas, fiscais).
Se houver cláusula dizendo que o sucessor só vai se responsabilizar a
partir da sucessão, esta cláusula só é válida entre os contratantes. Ela não é erga
omnes, é nula perante os trabalhadores. O trabalhador cobra o sucessor, e o
sucessor entra com uma ação regressiva para cobrar do sucedido o que pagou
àquele.

Terceirização (súmula 331, TST)


(Súmula é uma síntese do entendimento do tribunal sobre o assunto).

Não se pode terceirizar a atividade fim (especialidade) da empresa, mas


somente a atividade meio, que é aquela que permite que a empresa atinja o seu fim.
Ex1: Empresas de segurança têm relação de emprego com seus

1 Art.
10 - Qualquer alteração na estrutura jurídica da empresa não afetará os direitos adquiridos por seus empregados.
2 Art.
448 - A mudança na propriedade ou na estrutura jurídica da empresa não afetará os contratos de trabalho dos
respectivos empregados.

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vigilantes, e contrato civil de prestação de serviços com os bancos.


Ex2: Curso via satélite do Complexo Jurídico Damásio de Jesus. A
atividade fim é preparar os alunos para o Exame da OAB. A empresa que transmite
as aulas representa um meio para o Complexo atingir o seu fim.

Responsabilidade subsidiária do tomador de serviços. Isso significa que


primeiro tem que exaurir o patrimônio da empresa contratada, para depois invadir o
patrimônio do tomador.

RELAÇÃO DE EMPREGO

Sujeitos: empregado (art. 3º, CLT) e empregador (art. 2º, CLT)


Natureza contratual.
Contratual é um instrumento jurídico criado para gerar direitos e
obrigações entre as partes.

CONTRATO DE TRABALHO

Validade - agente capaz, objeto lícito, forma prescrita e não defeso em lei.
A simples relação de emprego gera a existência de contrato de trabalho.
O jurista chama esse contrato de 'contrato realidade'. É gerado o direito
de se receber um salário como contra-prestação.

Qual é a forma do contrato de trabalho? O contrato de trabalho não tem


forma, ele é informal! É um contrato realidade.

Contrato é um trato, um acordo. A lei não exige que seja registrado em


Cartório, não exige testemunhas, não exige formalidades.

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Pegadinha de prova: a CLT, no art. 293, determina que o empregador registre o


contrato na carteira de trabalho no prazo de 48 horas. O contrato não exige o
registro. A lei exige o registro para efeito de prova.
Essa prova é iuris tantum (relativa) ou iuris et de iure (absoluta)? Essa
prova é relativa.

Elementos do contrato
Quais são os elementos para que o contrato seja válido, ou seja, produza
seus efeitos?
O art. 104 do CC diz que para que o negócio jurídico seja válido é preciso

3 Art. 29 - A Carteira de Trabalho e Previdência Social será obrigatoriamente apresentada, contra recibo, pelo trabalhador ao

empregador que o admitir, o qual terá o prazo de quarenta e oito horas para nela anotar, especificamente, a data de
admissão, a remuneração e as condições especiais, se houver, sendo facultada a adoção de sistema manual, mecânico ou
eletrônico, conforme instruções a serem expedidas pelo Ministério do Trabalho. (Redação dada pela Lei nº 7.855, de 24-
10-89, DOU 25-10-89)

§ 1º - As anotações concernentes à remuneração devem especificar o salário, qualquer que seja sua forma e pagamento,
seja ele em dinheiro ou em utilidades, bem como a estimativa da gorjeta. (Redação dada pelo Decreto-lei nº 229, de 28-
02-67, DOU 28-02-67)

§ 2º - As anotações na Carteira de Trabalho e Previdência Social serão feitas: (Redação dada pela Lei nº 7.855, de 24-10-
89, DOU 25-10-89)

a) na data-base; (Redação dada pela Lei nº 7.855, de 24-10-89, DOU 25-10-89)

b) a qualquer tempo, por solicitação do trabalhador; (Redação dada pela Lei nº 7.855, de 24-10-89, DOU 25-10-89)

c) no caso de rescisão contratual; ou (Redação dada pela Lei nº 7.855, de 24-10-89, DOU 25-10-89)

d) necessidade de comprovação perante a Previdência Social. (Redação dada pela Lei nº 7.855, de 24-10-89, DOU 25-10-
89)

§ 3º - A falta de cumprimento pelo empregador do disposto neste artigo acarretará a lavratura do auto de infração, pelo
Fiscal do Trabalho, que deverá, de ofício, comunicar a falta de anotação ao órgão competente, para o fim de instaurar o
processo de anotação. (Parágrafo incluído pelo Decreto-lei nº 229, de 28-02-67, DOU 28-02-67 e alterado pela Lei nº
7.855, de 24-10-89, DOU 25-10-89)

§ 4º - É vedado ao empregador efetuar anotações desabonadoras à conduta do empregado em sua Carteira de Trabalho e
Previdência Social. (Acrescentado pela Lei nº 10.270/2001, DOU 30-08-2001).

§ 5º - O descumprimento do disposto no § 4º deste artigo submeterá o empregador ao pagamento de multa prevista no art.
52 deste Capítulo. (Acrescentado pela Lei nº 10.270/2001, DOU 30-08-2001).

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que o agente seja capaz, o objeto seja lícito e a forma seja prescrita ou não defesa
em lei.
Para trabalhar, no Brasil, o empregado precisa ter pelo menos 16 anos,
salvo na condição de aprendiz, a partir dos 14 até 24 anos.
Um contrato de trabalho com uma criança de 10 anos, embora seja
proibido, irá gerar direitos.
Outro exemplo:
Os homens podem trabalhar carregando até 60 quilos. Quanto à mulher, a
lei limita a 20 quilos. A Justiça do Trabalho garante os direitos de uma mulher que
trabalhe carregando mais de 20 quilos.
Objeto: trabalho lícito.
Quando o objeto do contrato for ilícito ele não gerará direitos. Ex:
traficante, jogo do bicho, prostituta. Esses contratos são ilícitos e o juiz não
reconhecerá a validade do contrato de trabalho.

Atenção: trabalho ilícito é diferente de trabalho proibido!


Proibido. Ex: Trabalho do menor de 16 anos; estrangeiros que estão no
Brasil de forma irregular. O Juiz reconhecerá o contrato de trabalho.
Ilícito: Ex: Traficante. O Juiz não reconhecerá o contrato de trabalho.

O contrato ilícito não se forma, não se reconhece, não se paga nada. Ele
é nulo “ex. Tunc”. Nulo desde a formação.
O contrato proibido se forma. A proibição visa proteger a pessoa. Assim,
serão pagos todos os direitos trabalhista e proibida a continuidade. É nulo “ex nunc”.
Nulo a partir de agora.

Quanto à forma
O contrato pode ser escrito; verbal ou tácito. Artigo 442, CLT.

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