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João 4:1 a 42.

Era perto do meio-dia, e ela carregava seu cântaro pesado. Se ele já era pesado vazio, imagine
cheio. O Sol queimava seu rosto, acentuando ainda mais as marcas dos anos de sofrimento.
Essa não era uma hora boa para fazer esse serviço, mas era necessário. Era a única hora do dia
que não iriam importuná-la com os olhares de reprovação, e que não seria escura, ou perigosa
demais para uma mulher. Por isso ela saia de dia, mas, se já não bastassem seus próprios
problemas, sua baixa auto-estima, e todas as vezes que seu coração foi despedaçado, ela ainda
teria que agüentar os outros lhe dizendo o mesmo, ou cochichando, que era o que faziam. Mas
só ela sabia a dor que ia dentro de sua alma, ela mal tinha forças pra se levantar de manhã. Já
não era mais uma mocinha, e precisava de um rumo em sua vida. Talvez esse fosse o seu
grande amor, ela já tinha tentado tanto. Agora só desejava que desse certo.

Mas ela caminha. E chegando ao poço, percebe que não está sozinha, há um homem ali, e um
homem judeu. Então ela se fecha, pois percebe que ele pode tentar se aproveitar dela, ou
humilhá-la por ela ser samaritana. Para sua surpresa, ele fala com ela, e lhe pede água. Mas ela
não quer lhe dar, ele é judeu, como pôde falar com ela? Ele lhe diz que se ela conhecesse
quem ele é e o presente de Deus, ela é que lhe pediria água, e água viva. Mas como ele pode
me dar água, se não tem como tirar? E será que pensa que é maior que Jacó, que nos
presenteou com o poço do qual todos bebem há tanto tempo? Então ele lhe diz algo que
captura toda a sua atenção, pois a água que ele quer lhe dar é uma água que acaba com a sede
e que jorra para a vida eterna. Ela pensa: Ah, como quero essa água, assim, jamais terei que
voltar a este poço na hora mais quente do dia para evitar os olhares de reprovação. Poderei
apenas baixar meu cântaro, e dele vai jorra água para sempre. A vergonha passará, pois terei
sempre a água comigo. E ela lhe pede: Senhor dá-me dessa água, para que eu não precise mais
vir aqui buscá-la. Mas então ele lhe faz uma pergunta que fere seu coração. Ele pede para que
ela lhe traga seu marido. Mas ela não tem marido. Tem apenas um caso. Reunindo as forças da
sua alma ela confessa: Não tenho marido. Sem reprová-la, mas olhando pros seus olhos
marejados, ele lhe diz: Você falou a verdade, sei que já tivesse cinco maridos, e este que tens
agora não é teu marido.

De repente, ela começa a entender que ele não é um homem comum. Ele não era samaritano,
por isso jamais saberia sobre ela. Emoções se misturam, pois ela tem um desejo imenso de
estar perto de Deus, e este homem só pode ter vindo da parte de Deus. Por isso, ela diz:
Senhor és profeta. E se és profeta, podes me dizer onde se deve adorar. Nós adoramos neste
monte; os judeus em Jerusalém. Mas onde é o lugar da adoração á Deus? O homem olha pra
ela, e vê seu desejo por Deus. Ela não sabe, mas está diante daquele que lhe abrirá as portas
para que adore a Deus de todo coração. Então ele lhe explica que os samaritanos adoram
quem não conhecem, e os judeus, quem conhecem, pois a salvação vem dos judeus. Mas que
logo iria acontecer algo surpreendente. Logo não iria ter um lugar, e sim um jeito: em espírito
e em verdade. E se adoraria com o a Deus no Espírito do próprio Deus. Ela começa a recordar
as profecias que ouviu, ainda quando menina, sobre o Messias, que lhe diria coisas
maravilhosas. Poderia ser este o Cristo? Quando ela termina de afirmar o que tinha em seus
pensamentos, o homem, o próprio Cristo lhe diz: Sim sou eu. Dentro dela acontece um uma
explosão, pois tem algo diferente. O medo das pessoas se dissipou, tanto que neste ponto, ao
chegarem os discípulos do Messias, ela nem se envergonha, nem se assusta. Ela entende que a
água viva não fluiria do seu cântaro, e sim de dentro do seu coração, e que todos precisam
saber que o Messias está aqui, e que a água dele pode matar a sede na vida das pessoas
daquela cidade. Suas vizinhas com casamentos infelizes; os seus pais cheios de amargura pelas
escolhas dela; e, até mesmo os homens vazios com quem ela se relacionou. A água viva precisa
fluir de dentro deles. Então, ela o deixa o cântaro, pois sua sede não importa mais. O que
importa é que os outros possam também beber da água que a curou, e que possam conhecer
o Messias, que a trouxe das trevas para a luz.

Por causa desse encontro, muitos samaritanos creram e foram curados da alma. Os
samaritanos eram um povo considerado marginal, inferior. Mas Jesus, tem um prazer especial
em transformar o que não é em algo de valor. Só Jesus conversaria com uma samaritana que
vivia uma vida de adultério, e naquela tarde, ele curou uma ferida profunda na alma dela, ele a
trouxe da vergonha para uma nova vida. Jesus permitiu que ela pudesse andar de cabeça
erguida, pois ele não a condenou, mas lhe deu uma nova chance. Naquela tarde, ela foi
transformada de uma mulher marginal em uma missionária. E, nos dois dias que se passaram,
ela pôde aprender mais sobre o Reino de Deus, e abandonar as coisas que a amarravam. A vida
dela é completamente nova.

Nós somos como essa mulher. Temos dores dentro de nós, andamos sorrateiramente para não
sermos descobertos. Temos um desejo verdadeiro por Deus, mas não sabemos como efetuar
as coisas de Deus. Até o dia em que Jesus aparece sentado no nosso poço, e nos desafia a
largar nossos cântaros de satisfação momentânea, mas que depois fazem a sede voltar. Ele nos
oferece da sua água viva, e nos confronta com nossa atual situação, para que possamos
perceber que ele tem muito mais do que de fato merecemos. Será que nós temos a coragem
de largar tudo e reconhecê-lo como ela fez?

Minha oração de hoje é que eu aprenda com essa mulher. Que eu aprenda a largar tudo pra
viver da água de Deus, de seu Espírito que vivifica a minha vida, e que muda a minha
história.

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