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Comentário:

Em relação ao trabalho apresentado pela colega Ana considerei-o


bastante pertinente na medida em que foram abordadas algumas ideias e
temáticas que enriquecem a nossa perspectiva sobre o modelo.
No início da reflexão a Ana alerta para a importância da avaliação não
apenas como um produto mas como um processo que permite aferir aspectos
que podem ser melhorados posteriormente, ou seja, entende-se que a
avaliação está presente nos diferentes momentos do acto educativo: na
planificação, durante a acção e no final da mesma. Outro aspecto realçado
prende-se com a uniformização de critérios que o modelo implica. Este aspecto
não é interpretado de forma negativa porque, embora o modelo defina
indicadores, factores críticos de sucesso, evidências, proponha sugestões de
melhoria, questionários e grelhas de observação, admite a complementaridade
de outras formas de obtenção de informação e recolha de dados. Ou seja, se
houver questões cuja avaliação/estudo possa ser pertinente para a escola há
questões abertas. Neste sentido, o modelo é um instrumento para que as BE
possam de forma estruturada e fundamentada realizar a avaliação da sua
acção e definir estratégias de melhoria nos quatro domínios de actuação.
Destaca-se o pendor formativo do modelo cujo principal objectivo é
melhorar o funcionamento da BE, garantindo as aprendizagens e o sucesso
educativo dos alunos. De facto, a Ana coloca uma grande tónica no Ser. Ou
seja, a formação para os valores implica decisões reflexivas e críticas, tendo
por base múltiplas informações que criteriosamente terão de ser avaliadas
pelos alunos e que consequentemente vão definir a sua acção. A BE enquanto
centro privilegiado de recursos e informação tem então a importante missão de
contribuir para essa emancipação. O PB, enquanto “gestor” deste espaço que
não se confina apenas ao espaço físico da BE, porque como refere a Ana a BE
pode ser um espaço de aberto e de acesso permanente de qualquer sítio e a
qualquer hora, terá uma responsabilidade acrescida neste novo projecto de
Escola que se deseja mais participativa/participada, prática, articulada,
cooperante e construtiva.
Outro aspecto que importa realçar diz respeito à questão teórica/prática
da aplicação do modelo. De facto, na teoria o modelo parece perfeito na
medida em que tudo foi pensado, está muitíssimo bem explicado/apresentado,
muito completo, reflecte os múltiplos domínios de acção da BE, faz o
tratamento de alguns dados através de gráficos, etc., etc., contudo, a colega
alerta para, e, eu partilho essa preocupação, o pendor exaustivo da recolha de
evidências, factor que pode desde logo condicionar a facilidade, exequibilidade
e integração/aplicação do mesmo pela equipa da BE. O modelo é um
documento denso e complexo. Ao analisar o modelo com a minha colega, ao
nível dos questionários deparámo-nos que há questões que admitem duas
interpretações diferentes e que as questões/linguagem deveriam ser adaptada
para alunos de 1.º CEB.
A Ana termina com a preocupação inerente à “importação do modelo”
que embora adaptado, traduz a realidade de países onde existe uma forte
tradição/implementação/utilização de BE’s. No nosso país a RBE tem feito um
trabalho de reconhecido mérito, pelo que, em pouco mais de uma década já
apoiou mais de dois mil projectos, muitas escolas de 1.º CEB têm já a sua
biblioteca própria e a figura do PB ganhou uma nova dignidade, no entanto, a
BE ainda é uma “novidade” para muitos professores curriculares, alunos,
gestão … numa palavra ESCOLA. Esperamos que a novidade não seja
temporã e que a tutela permita que os frutos de tão grande investimento se
colham … a seu tempo.

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