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Aula 17

11 – Comissão Mercantil

            Este contrato interessa mais ao Direito Comercial. Comissão vem do latim
committere que significa incumbência, atribuir uma tarefa a alguém. Hoje em dia o
contrato de comissão é usado por grandes empresas que trabalham com exportação
de café, soja, açúcar, etc, afinal estas empresas não podem estar em todos os
mercados.  O comitente transfere seus negócios em busca do lucro ao comissário,
que vai negociar/vender bens a terceiros por conta do comitente.  É contrato
personalíssimo pois existe mútua confiança entre comitente e comissário.

Conceito: no art. 693 do CC. Então o comitente contrata o comissário para


comprar e vender a terceiros certos bens móveis, agindo o comissário em nome
próprio (694), mas por ordem do comitente (695), que lhe confia o seu comércio e lhe
paga uma remuneração (comissão – 701).  

            O comissário cuida dos interesses do comitente, devendo prestar contas


semelhante a uma representação (709). A comissão é espécie de mandato, porém no
mandato o mandatário age em nome do mandante e não há fins comerciais. Na
comissão o comissário age em nome próprio, e o comitente pode ser desconhecido
do terceiro com quem o comissário negocia. Mas por interesses comerciais, o
comissário pode revelar quem é o comitente.

            O comissário que se afasta das instruções do comitente responde por perdas
e danos (704), pois o contrato é feito no interesse do comitente, embora em nome do
comissário (696 e pú).  A comissão não tem fim em si mesmo, é contrato preparatório
de outros que o comissário vai celebrar com terceiros.

            Cláusula del credere (= da confiança): obrigação do comissário de responder


solidariamente com o terceiro comprador perante o comitente (ex: o comissário vende
café do comitente e dá prazo ao terceiro para pagar, porém o terceiro não paga,
devendo então o comissário pagar ao comitente e ir executar o terceiro). Inserindo-se
esta cláusula del credere, fará o comissário jus a uma remuneração maior face o risco
assumido (698; a regra geral é o comissário contratar em seu nome por conta e risco
do comitente; 697, 693).  Se o terceiro paga a vista e é o comitente que não entrega o
bem, o terceiro só poderá processar o comissário (694).

           

12 – Agência e distribuição
 

            O legislador trata simultaneamente no capítulo XII de dois contratos: o de


agência e o de distribuição, vamos a eles:

            12.1 - Agência: é também conhecido como contrato de representação


comercial, regulado pelo CC e pela lei 4.886/65, sendo semelhante ao contrato de
mandato e de comissão (pú do 710, 721). O contrato de agência é útil para o
comerciante que quer expandir suas vendas em outras praças, como uma “longa
mão” da empresa.

Face à autonomia da vontade, a liberdade das partes é grande em misturar


aspectos da compra e venda, comissão, do mandato, da agência e da distribuição,
sempre com vistas ao lucro e ao aquecimento da economia. O que vai diferenciar a
Agência da Comissão é porque na Agência a coisa vendida tem marca (711). Além
disso, na Agência não se aplica a cláusula “del credere” e o agente tem sempre que
divulgar o nome do proponente, o que pode não ocorrer na Comissão.

Conceito: contrato pelo qual o agente/representante comercial, sob


remuneração mas sem vínculo trabalhista, se obriga em caráter duradouro a negociar
em certo lugar por conta do proponente (1a parte do art. 710). Ao
agente/representante comercial cabe fazer propaganda dos produtos do proponente,
conhecer o mercado, captar clientela, intermediar os negócios, fiscalizar os
concorrentes e encaminhar os pedidos, tudo sob orientação do proponente (712). O
agente deve ter cuidado para não vender além da capacidade de produção do
proponente (713, 715). O representante comercial precisa ser registrado no conselho
da categoria, nos mesmos termos da OAB para os advogados, o CREA para os
engenheiros e o CRM para os médicos.

O agente pode também promover a atividade do proponente, como o agente


de futebol que revela jogadores, inclusive em 15.11.05 inseri uma notícia no site sobre
isso, confiram! Também é agente o conhecido “promotor de eventos”, dedicado a
promover shows, comícios, jogos e feiras. O agente é autônomo e tem seus próprios
empregados, sem vínculo com o proponente.  O agente só pode atuar em área
específica e com aquela marca, divulgando-a (ex: na mata norte do estado de
Pernambuco vendendo cerveja Brahma, 711). É contrato bilateral, oneroso,
comutativo, personalíssimo, duradouro e informal (= verbal).   

Ao representado/comerciante cabe fornecer os produtos vendidos, pagar a


comissão do representante e respeitar sua exclusividade na área, não podendo
naquela região constituir outro representante. 

            12.2 - Distribuição: quanto o agente tem nas suas mãos/a sua disposição, a
coisa do proponente, o contrato de agência chama-se de distribuição (710, in fine). O
agente/distribuidor se obriga a comprar do proponente/fornecedor, regularmente,
coisas para serem revendidas em determinada região (ex: as distribuidoras/revendas
de veículos). O agente promove negócios e o distribuidor realiza vendas. 

13 – Corretagem

            Conceito no art. 722. Ex: corretor de imóveis, de automóveis, de seguros, de


obras de arte, etc. A palavra deriva do latim cursitare = correr de um lado para outro.
É profissão antiga e importante, hoje divulgada em anúncios, jornais e cartazes em
edifícios. O corretor é um mediador/intermediário entre pessoas interessadas em fazer
negócios. O desenvolvimento do comércio fez surgir intermediários para localizar
interessados e aproximar as partes. Trata-se de contrato acessório que visa concluir
outro negócio principal,  assemelhando-se aos contratos acima por intervir em
negócio alheio, circulando riquezas, estimulando vendas, trocas e locações.  
           

           Além de acessório, a corretagem é bilateral, onerosa, consensual (pode ser


verbal) e aleatória (depende de haver conclusão do negócio principal). O corretor
deve agir com zelo (ex: corretor de quadros
deve entender de arte, 723) e só terá direito à remuneração/comissão se a
corretagem tiver resultado útil e  o negócio principal for concluído (725). Qual o valor
da comissão? Resposta: art. 724. Admite-se corretor de
casamentos para aproximar noivos? Não, pois casamento não é contrato, casamento
é a proteção que a lei dá à família, e a família é a base da sociedade. Além disso,
contrato é feito com fins de lucro e interesse patrimonial, já casamento é feito por
amor! 

Além do Código Civil, existem leis especiais regulando a corretagem (729),


como a de imóveis (lei 6.530/78), e de seguros (lei 4.594/64).

14 – Transporte

Conceito: contrato pelo qual uma pessoa, geralmente uma empresa, se obriga
a transportar pessoas ou coisas, de um lugar para outro, mediante pagamento de um
preço (730). Os primeiros contratos de transporte eram marítimos. Hoje em dia
navios, aviões, trens e caminhões transportam coisas, animais e pessoas em todo o
mundo, incrementando os negócios e o turismo (732). Transporte é serviço essencial
realizado por particulares mas fiscalizado pelo Estado.
Características: é contrato bilateral, consensual (verbal), oneroso e comutativo.
Possui duas espécies:

a) transporte de pessoas: quando o transporte é de pessoas, a bagagem do


passageiro é acessório da pessoa, não se tratando de transporte de coisa. O
transportador deve preservar a integridade do passageiro até o fim da viagem,
reservando-lhe o espaço e alimento necessário para o deslocamento (ex: poltrona,
lanche em viagem longa), bem como cumprindo o horário (737). E se ocorre um
assalto/acidente no ônibus e o passageiro é ferido, pode-se processar a empresa?
Talvez sim (735), talvez não, afinal segurança é obrigação do Estado e não do
particular (734 – sublinhem “força maior”). Reflitam! Transporte gratuito não gera
responsabilidade (ex: emprestar um ônibus para os funcionários irem à praia no
Domingo, 736).  Por sua vez, o passageiro deve pagar a passagem, sob pena de
retenção de sua  bagagem pelo transportador (742). O passageiro deve também ser
educado no trajeto (738).

b) transporte de coisas: ocorre quando uma coisa é expedida por um


remetente para um destinatário, através da transportadora, mediante pagamento de
um frete (ex: motoqueiro transportando documentos pela cidade, navio transportando
máquinas pelo país). A coisa e o destinatário devem estar bem identificados para
evitar que a coisa errada chegue à pessoa errada (743). O contrato se prova através
do “conhecimento”, que é um documento emitido pelo transportador quando recebe a
mercadoria (744).  A empresa deve ter cuidado no transporte e na guarda da coisa,
inclusive sendo equiparado ao depositário (751). É  prudente fazer seguro para cobrir
os prejuízos em caso de acidente (749 e 750).  O destinatário tem dez dias para
analisar se a coisa transportada sofreu avarias (pú do 754).

http://www.rafaeldemenezes.adv.br/contratos/aula17.htm

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