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Marco Aurélio Canônico – FSP – 3 DE MAR 2010 - INFORMATICA

Os nós do Google
"‘Don’t be evil’ (não seja mau) é o lema informal do Google. Mas não são poucos os que
atualmente duvidam que a empresa consiga conciliar essa filosofia empresarial com sua posição de
dominação na internet e sua crescente ambição.
Para expandir seus domínios, o Google cedeu à censura na China (para entrar no país, em 2006),
ignorou direitos autorais de livros (com o Google Books), vídeos e músicas (com o YouTube) -em
ambos os casos, foi processado e fez acordos, mas ainda não resolveu as questões em definitivo- e
desrespeitou a privacidade dos internautas (ao impor o Google Buzz aos usuários do Gmail).
Ainda assim, viu competidores de internet crescerem por todos os lados (e reagiu, em diversos
casos, com métodos considerados monopolistas e ilegais). Mesmo naquilo que fez sua fama -seu
mecanismo de busca-, perdeu terreno.
Hoje, a busca do Google, apesar de ainda ser a mais usada, não é necessariamente o meio mais
eficiente de encontrar informação. Uma pergunta lançada no site gera grande quantidade de
resultados.
Se a mesma pergunta for feita por meio de redes sociais como o Facebook ou o Twitter, os
resultados podem ser mais confiáveis e selecionados, vindo de contatos conhecidos.
‘O Google sabe disso e se preocupa com as redes sociais’, disse Ken Auletta, autor do livro
‘Googled: The End of the World As We Know It’ (‘googlado’, o fim do mundo como o
conhecemos), em entrevista ao ‘Wall Street Journal’.
Um reflexo dessa preocupação pode ser visto no considerável aumento dos gastos da empresa para
defender seus interesses políticos.
De acordo com números do Senado dos EUA, compilados pelo site Google Watch, o Google quase
dobrou seus gastos com lobby em 2009 -US$ 4 milhões, contra US$ 2,84 milhões em 2008; o valor
também é quase o triplo do de 2007 (US$ 1,52 milhão).
É claro que a empresa não é a única a gastar dinheiro defendendo seus interesses em Washington; a
Microsoft, por exemplo, mesmo encolhendo drasticamente seus gastos com lobby no ano passado,
ainda assim torrou US$ 6,72 milhões.
O lobby do Google é direcionado a questões ligadas à privacidade, leis de copyright e
competitividade em anúncios on-line. Boa parte do dinheiro foi gasto na defesa de seu projeto
Google Livros (Books), que pretende digitalizar cópias de 10 milhões de livros até 2015 (a um
custo de US$ 200 milhões).
Já em seu lançamento, em 2005, o projeto foi acusado de infringir ‘massivamente’ os direitos
autorais; processado, o Google chegou a acordo com autores e editoras nos EUA.
Mas a negociação foi denunciada pelo Departamento de Justiça dos EUA e pela concorrência
(Amazon, Apple, Yahoo!) por ser ampla demais, favorecendo um monopólio do Google sobre os
livros digitais.
O acordo foi, então, revisado, mas o caso não foi solucionado. ‘Apesar do esforço das partes para
melhorar o acordo inicial, muitos dos problemas identificados persistem’, informou o Departamento
de Justiça.
Outra questão é que o acordo foi feito apenas com as partes norte-americanas, o que desagradou a
União Europeia (que tem seu próprio projeto de biblioteca digital, a Europeana).
A UE pretende ver o Google negociando separadamente com cada editora, para garantir que não
sejam violadas leis de cada país. A França, por exemplo, já processou a empresa, em dezembro
passado, para impedir a digitalização de livros.
Além disso, um inquérito do órgão antitruste da UE, aberto no mês passado, investiga reclamações
de que o gigante da internet manipula o resultado de buscas por seus concorrentes, colocando-os
mais abaixo na página de resultados de pesquisa de seus sites. O Google negou violar as leis ou agir
para sufocar a competição.
Por fim, a empresa viu três de seus executivos serem condenados pela Justiça italiana, na semana
passada, por terem permitido que um vídeo que mostra um adolescente autista sendo maltratado
fosse colocado no Google Video, em 2006.
E, nesta semana, um dos parceiros do Google também passou a ser atacado. A Apple entrou na
Justiça contra a fabricante de celulares HTC, de Taiwan, afirmando que a companhia quebrou cerca
de 20 patentes do iPhone. A HTC, que ainda não se manifestou sobre o caso, foi a primeira empresa
a fabricar celulares baseados no sistema Android, do Google."
 
 
Google teria acordo com governo dos EUA
"As manobras comerciais do Google geram reações iradas da concorrência e de governos, mas o
que mais atinge e preocupa diretamente os internautas e os defensores das liberdades civis são as
ações da empresa que ameaçam a privacidade.
O desastrado lançamento do Google Buzz foi apenas o caso mais recente.
A grande polêmica atual veio com a divulgação, no mês passado, pelo ‘Washington Post’, de que o
Google está negociando um acordo de troca de informações com a NSA (National Security Agency)
-a agência federal norte-americana de vigilância eletrônica.
As conversas teriam começado após o ataque de hackers chineses ao Google, que reagiu ameaçando
deixar a China caso a censura (com a qual havia concordado) não fosse banida.
A outra parte da reação foi negociar com a NSA -responsável pelo Programa de Vigilância de
Terroristas e pela interceptação, sem autorização judicial, de telefonemas e e-mails após o 11 de
Setembro.
Oficialmente, as partes não comentam. Extraoficialmente, ambas dizem que a negociação não inclui
compartilhar dados dos usuários, mas apenas analisar as redes do Google e suas aparentes
fraquezas.
O temor de que a relação vá mais longe persiste. O Epic (Electronic Privacy Information Center),
uma organização de interesse público, entrou com um pedido oficial de informação para saber da
NSA quais são suas relações com o Google.
‘É um acordo secreto que pode impactar a privacidade de milhões de usuários do Google e de seus
produtos no mundo todo’, disse Marc Rotenberg, diretor-executivo do Epic.
‘A NSA é parte das organizações militares e sua missão prioritária é espionar. Imagine se ela tiver
acesso a suas buscas no Google e a seus e-mails também?’, escreveu Anthony Romero, diretor-
executivo da Aclu (American Civil Liberties Union)."
 
 
Presidente do Google derruba diário virtual de ex-amante
"O inferno astral do Google parece se estender à vida pessoal de seus funcionários. Segundo o
Valleywag, blog especializado em fofocas do Vale do Silício, o executivo-chefe da empresa, Eric
Schmidt, ordenou por meio de seus advogados que o blog de sua ex-amante Kate Bohner fosse
retirado do ar.
Hospedado no Blogspot, serviço do Google, o Recovery Girl 007 (recoverygirl007.blogspot.com) já
não pode mais ser acessado. Segundo ‘fontes próximas à situação’, nas palavras do Valleywag,
Bohner removeu o site depois de ameaças dos advogados de Schmidt.
Bohner, que é jornalista e já trabalhou na revista ‘Forbes’ e na emissora CNBC, referia-se a Schmidt
em seus posts por meio do apelido Dr. Strangelove, e contou que o executivo havia dado a ela um
protótipo do iPhone -na época, Schmidt fazia parte do conselho da Apple.
Além disso, a jornalista relatava a luta para se livrar do vício em cocaína e álcool.
‘Eric Schmidt pode advogar para tornar a informação ‘ainda mais aberta e acessível’, mas não
quando o assunto são suas amantes’, ironizou o Valleywag."
 

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