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Oficina Jurídica

A u las P ar t i cul ar es de D ir ei t o

Preparação para 2ª Fase do Exame de Ordem 2010/2

Aluna: Linda Roveda


PEÇAS PROCESSUAIS

1- INQUÉRITO POLICIAL

No IP são cabíveis peças tanto no que diz respeito a sua instauração, bem como peças
para garantia dos Direitos fundamentais do investigado ou indiciado.

a) Requerimento para instauração do IP – Nos crimes de ação penal privada ou


pública condicionada, a instauração do IP se dará mediante requerimento,
segundo o art 5º do CPP.
O requerimento deverá conter a narração dos fatos com todas as circunstâncias, a
indicação de quem tenha cometido o fato (quer seja nominalmente, quer seja por
características) ou se impossível fazê-lo as razões pelas quais não se pode
individualizar o possível autor, a nomeação de testemunhas (quando houver) e a
indicação de endereço e profissão (se possível, em não sendo possível convém
explicitar o motivo da impossibilidade de indicação – mas tal exposição do motivo
não é obrigatória).
A procuração deve conter poderes específicos para o requerimento.
Em caso de Ação penal pública condicionada, o requerimento também deve conter
a representação, ou seja, em um único documento (petição) se faz o requerimento
e a representação, pois sem esta a autoridade policial não pode atuar.
Em caso de indeferimento do requerimento caberá recurso para o secretário de
segurança do Estado ( uma vez que não existe mais a figura do chefe de Polícia).

CPP § 2o Do despacho que indeferir o


Art. 5o Nos crimes de ação pública o requerimento de abertura de inquérito caberá
inquérito policial será iniciado: recurso para o chefe de Polícia.
I - de ofício; § 3o Qualquer pessoa do povo que tiver
II - mediante requisição da autoridade conhecimento da existência de infração penal
judiciária ou do Ministério Público, ou a em que caiba ação pública poderá,
requerimento do ofendido ou de quem verbalmente ou por escrito, comunicá-la à
tiver qualidade para representá-lo. autoridade policial, e esta, verificada a
§ 1o O requerimento a que se refere o procedência das informações, mandará
o
n II conterá sempre que possível: instaurar inquérito.
a) a narração do fato, com todas as § 4o O inquérito, nos crimes em que a
circunstâncias; ação pública depender de representação,
b) a individualização do indiciado ou não poderá sem ela ser iniciado.
o
seus sinais característicos e as razões de § 5 Nos crimes de ação privada, a
convicção ou de presunção de ser ele o autor autoridade policial somente poderá
da infração, ou os motivos de impossibilidade proceder a inquérito a requerimento de
de o fazer; quem tenha qualidade para intentá-la.
c) a nomeação das testemunhas, com
indicação de sua profissão e residência.

Prática Penal 2
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b) Representação – A representação é a autorização para a atuação para o poder
público poder atuar nos procedimentos referentes a crimes de ação penal pública
condicionada.
Para que o advogado apresente a representação (petição simples) é necessário
procuração com poderes específicos.
A representação pode ser endereçada ao Delegado, ao Ministério Público ou ao
Juiz (menos utilizada).
Sendo a representação apresentada ao Juiz ou ao MP deverá ser acompanhada
dos elementos probatórios necessários para o ingresso da ação penal, sendo para
a autoridade policial não há necessidade (mas deve-se requerer a investigação).

CPP ao cônjuge, ascendente, descendente ou


Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta irmão.
será promovida por denúncia do Ministério § 2o Seja qual for o crime, quando
Público, mas dependerá, quando a lei o praticado em detrimento do patrimônio ou
exigir, de requisição do Ministro da Justiça, interesse da União, Estado e Município, a
ou de representação do ofendido ou de quem ação penal será pública.
tiver qualidade para representá-lo. Art. 25. A representação será
§ 1o No caso de morte do ofendido ou irretratável, depois de oferecida a denúncia.
quando declarado ausente por decisão
judicial, o direito de representação passará

c) Pedido de Relaxamento de Prisão em Flagrante – Havendo a prisão em Flagrante,


cabe pedido de relaxamento de prisão. O pedido deve ser endereçado ao Juiz que
homologa o flagrante (ou que deveria tê-lo homologado – quando o flagrante não
for submetido à juízo em 24 horas).
O pedido deve conter os fundamentos de direito e a narração dos fatos que
desautorizam a manutenção da prisão.

CF XXXV - a lei não excluirá da apreciação do


Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;
distinção de qualquer natureza, garantindo- LIV - ninguém será privado da liberdade ou
se aos brasileiros e aos estrangeiros de seus bens sem o devido processo legal;
residentes no País a inviolabilidade do direito LXI - ninguém será preso senão em flagrante
à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança delito ou por ordem escrita e fundamentada
e à propriedade, nos termos seguintes: de autoridade judiciária competente, salvo
nos casos de transgressão militar ou crime
XV - é livre a locomoção no território nacional propriamente militar, definidos em lei;
em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local
nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou onde se encontre serão comunicados
dele sair com seus bens; imediatamente ao juiz competente e à família
XXXIV - são a todos assegurados, do preso ou à pessoa por ele indicada;
independentemente do pagamento de taxas: LXIII - o preso será informado de seus
a) o direito de petição aos Poderes Públicos direitos, entre os quais o de permanecer
em defesa de direitos ou contra ilegalidade calado, sendo-lhe assegurada a assistência
ou abuso de poder; da família e de advogado;

Prática Penal 3
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LXIV - o preso tem direito à identificação dos LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela
responsáveis por sua prisão ou por seu mantido, quando a lei admitir a liberdade
interrogatório policial; provisória, com ou sem fiança;
LXV - a prisão ilegal será imediatamente
relaxada pela autoridade judiciária;

CPP auto de prisão em flagrante será assinado


Art. 301. Qualquer do povo poderá e as por duas testemunhas, que tenham ouvido
autoridades policiais e seus agentes deverão sua leitura na presença deste.
prender quem quer que seja encontrado em Art. 305. Na falta ou no impedimento do
flagrante delito. escrivão, qualquer pessoa designada pela
Art. 302. Considera-se em flagrante autoridade lavrará o auto, depois de prestado
delito quem: o compromisso legal.
I - está cometendo a infração penal; Art. 306. A prisão de qualquer pessoa e
II - acaba de cometê-la; o local onde se encontre serão comunicados
III - é perseguido, logo após, pela imediatamente ao juiz competente e à família
autoridade, pelo ofendido ou por qualquer do preso ou a pessoa por ele indicada.
pessoa, em situação que faça presumir ser § 1o Dentro em 24h (vinte e quatro
autor da infração; horas) depois da prisão, será encaminhado
IV - é encontrado, logo depois, com ao juiz competente o auto de prisão em
instrumentos, armas, objetos ou papéis que flagrante acompanhado de todas as oitivas
façam presumir ser ele autor da infração. colhidas e, caso o autuado não informe o
Art. 303. Nas infrações permanentes, nome de seu advogado, cópia integral para a
entende-se o agente em flagrante delito Defensoria Pública.
enquanto não cessar a permanência. § 2o No mesmo prazo, será entregue ao
Art. 304. Apresentado o preso à preso, mediante recibo, a nota de culpa,
autoridade competente, ouvirá esta o assinada pela autoridade, com o motivo da
condutor e colherá, desde logo, sua prisão, o nome do condutor e o das
assinatura, entregando a este cópia do termo testemunhas.
e recibo de entrega do preso. Em seguida, Art. 307. Quando o fato for praticado
procederá à oitiva das testemunhas que o em presença da autoridade, ou contra esta,
acompanharem e ao interrogatório do no exercício de suas funções, constarão do
acusado sobre a imputação que lhe é feita, auto a narração deste fato, a voz de prisão,
colhendo, após cada oitiva suas respectivas as declarações que fizer o preso e os
assinaturas, lavrando, a autoridade, afinal, o depoimentos das testemunhas, sendo tudo
auto. assinado pela autoridade, pelo preso e pelas
§ 1o Resultando das respostas fundada testemunhas e remetido imediatamente ao
a suspeita contra o conduzido, a autoridade juiz a quem couber tomar conhecimento do
mandará recolhê-lo à prisão, exceto no caso fato delituoso, se não o for a autoridade que
de livrar-se solto ou de prestar fiança, e houver presidido o auto.
prosseguirá nos atos do inquérito ou Art. 308. Não havendo autoridade no
processo, se para isso for competente; se lugar em que se tiver efetuado a prisão, o
não o for, enviará os autos à autoridade que preso será logo apresentado à do lugar mais
o seja. próximo.
§ 2o A falta de testemunhas da infração Art. 309. Se o réu se livrar solto, deverá
não impedirá o auto de prisão em flagrante; ser posto em liberdade, depois de lavrado o
mas, nesse caso, com o condutor, deverão auto de prisão em flagrante.
assiná-lo pelo menos duas pessoas que Art. 310. Quando o juiz verificar pelo
hajam testemunhado a apresentação do auto de prisão em flagrante que o agente
preso à autoridade. praticou o fato, nas condições do art. 19, I, II
§ 3o Quando o acusado se recusar a e III, do Código Penal, poderá, depois de
assinar, não souber ou não puder fazê-lo, o ouvir o Ministério Público, conceder ao réu

Prática Penal 4
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liberdade provisória, mediante termo de auto de prisão em flagrante, a inocorrência
comparecimento a todos os atos do de qualquer das hipóteses que autorizam a
processo, sob pena de revogação. prisão preventiva (arts. 311 e 312).
Parágrafo único. Igual procedimento
será adotado quando o juiz verificar, pelo

d) Mandado de Segurança – Deve ser impetrado sempre que um direito do acusado


for violado e não se puder usar Habeas Corpus ou Habeas Data, endereçado ao
juiz.
Não se pode esquecer que são requisitos para o Mandado de Segurança o Direito
Líquido e Certo e a violação deste por parte de autoridade pública ou quem lhe
faça às vezes.
O Inquérito Policial cabe Mandado de Segurança, por exemplo, quando o
advogado for impedido de contactar seu cliente, quando o acusado, preso não
tiver possibilitada comunicação e assistência da família, quando o advogado tiver
negado o acesso aos autos do IP, quando for requerido ao delegado perícia para
verificar a sanidade mental do acusado e o delegado negar-se a realizar o pedido
ao juiz, etc.

CF "habeas-data", quando o responsável pela


Art 5º ilegalidade ou abuso de poder for autoridade
LXIX - conceder-se-á mandado de pública ou agente de pessoa jurídica no
segurança para proteger direito líquido e exercício de atribuições do Poder Público;
certo, não amparado por "habeas-corpus" ou

LEI Nº 12.016, DE 7 DE AGOSTO DE 2009. economia mista e de concessionárias de


serviço público.
Art. 1o Conceder-se-á mandado de § 3o Quando o direito ameaçado ou
segurança para proteger direito líquido e violado couber a várias pessoas, qualquer
certo, não amparado por habeas corpus ou delas poderá requerer o mandado de
habeas data, sempre que, ilegalmente ou segurança.
com abuso de poder, qualquer pessoa física Art. 2o Considerar-se-á federal a
ou jurídica sofrer violação ou houver justo autoridade coatora se as consequências de
receio de sofrê-la por parte de autoridade, ordem patrimonial do ato contra o qual se
seja de que categoria for e sejam quais forem requer o mandado houverem de ser
as funções que exerça. suportadas pela União ou entidade por ela
§ 1o Equiparam-se às autoridades, controlada.
para os efeitos desta Lei, os representantes Art. 3o O titular de direito líquido e
ou órgãos de partidos políticos e os certo decorrente de direito, em condições
administradores de entidades autárquicas, idênticas, de terceiro poderá impetrar
bem como os dirigentes de pessoas jurídicas mandado de segurança a favor do direito
ou as pessoas naturais no exercício de originário, se o seu titular não o fizer, no
atribuições do poder público, somente no que prazo de 30 (trinta) dias, quando notificado
disser respeito a essas atribuições. judicialmente.
§ 2o Não cabe mandado de Parágrafo único. O exercício do
segurança contra os atos de gestão direito previsto no caput deste artigo
comercial praticados pelos administradores submete-se ao prazo fixado no art. 23 desta
de empresas públicas, de sociedade de Lei, contado da notificação.

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o
Art. 4 Em caso de urgência, é ou da qual emane a ordem para a sua
permitido, observados os requisitos legais, prática.
impetrar mandado de segurança por § 4o (VETADO)
telegrama, radiograma, fax ou outro meio § 5o Denega-se o mandado de
eletrônico de autenticidade comprovada. segurança nos casos previstos pelo art. 267
o o
§ 1 Poderá o juiz, em caso de da Lei n 5.869, de 11 de janeiro de 1973 -
urgência, notificar a autoridade por Código de Processo Civil.
telegrama, radiograma ou outro meio que § 6o O pedido de mandado de
assegure a autenticidade do documento e a segurança poderá ser renovado dentro do
imediata ciência pela autoridade. prazo decadencial, se a decisão denegatória
§ 2o O texto original da petição deverá não lhe houver apreciado o mérito.
ser apresentado nos 5 (cinco) dias úteis Art. 7o Ao despachar a inicial, o juiz
seguintes. ordenará:
o
§ 3 Para os fins deste artigo, em se I - que se notifique o coator do
tratando de documento eletrônico, serão conteúdo da petição inicial, enviando-lhe a
observadas as regras da Infra-Estrutura de segunda via apresentada com as cópias dos
Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. documentos, a fim de que, no prazo de 10
Art. 5o Não se concederá mandado de (dez) dias, preste as informações;
segurança quando se tratar: II - que se dê ciência do feito ao órgão
I - de ato do qual caiba recurso de representação judicial da pessoa jurídica
administrativo com efeito suspensivo, interessada, enviando-lhe cópia da inicial
independentemente de caução; sem documentos, para que, querendo,
II - de decisão judicial da qual caiba ingresse no feito;
recurso com efeito suspensivo; III - que se suspenda o ato que deu
III - de decisão judicial transitada em motivo ao pedido, quando houver
julgado. fundamento relevante e do ato impugnado
Parágrafo único. (VETADO) puder resultar a ineficácia da medida, caso
Art. 6o A petição inicial, que deverá seja finalmente deferida, sendo facultado
preencher os requisitos estabelecidos pela lei exigir do impetrante caução, fiança ou
processual, será apresentada em 2 (duas) depósito, com o objetivo de assegurar o
vias com os documentos que instruírem a ressarcimento à pessoa jurídica.
primeira reproduzidos na segunda e indicará, § 1o Da decisão do juiz de primeiro
além da autoridade coatora, a pessoa jurídica grau que conceder ou denegar a liminar
que esta integra, à qual se acha vinculada ou caberá agravo de instrumento, observado o
da qual exerce atribuições. disposto na Lei no 5.869, de 11 de janeiro de
§ 1o No caso em que o documento 1973 - Código de Processo Civil.
o
necessário à prova do alegado se ache em § 2 Não será concedida medida
repartição ou estabelecimento público ou em liminar que tenha por objeto a compensação
poder de autoridade que se recuse a fornecê- de créditos tributários, a entrega de
lo por certidão ou de terceiro, o juiz ordenará, mercadorias e bens provenientes do exterior,
preliminarmente, por ofício, a exibição desse a reclassificação ou equiparação de
documento em original ou em cópia autêntica servidores públicos e a concessão de
e marcará, para o cumprimento da ordem, o aumento ou a extensão de vantagens ou
prazo de 10 (dez) dias. O escrivão extrairá pagamento de qualquer natureza.
cópias do documento para juntá-las à § 3o Os efeitos da medida liminar,
segunda via da petição. salvo se revogada ou cassada, persistirão
§ 2o Se a autoridade que tiver até a prolação da sentença.
o
procedido dessa maneira for a própria § 4 Deferida a medida liminar, o
coatora, a ordem far-se-á no próprio processo terá prioridade para julgamento.
instrumento da notificação. § 5o As vedações relacionadas com a
§ 3o Considera-se autoridade coatora concessão de liminares previstas neste artigo
aquela que tenha praticado o ato impugnado se estendem à tutela antecipada a que se

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o
referem os arts. 273 e 461 da Lei n 5.869, que opinará, dentro do prazo improrrogável
de 11 janeiro de 1973 - Código de Processo de 10 (dez) dias.
Civil. Parágrafo único. Com ou sem o
Art. 8o Será decretada a perempção parecer do Ministério Público, os autos serão
ou caducidade da medida liminar ex officio conclusos ao juiz, para a decisão, a qual
ou a requerimento do Ministério Público deverá ser necessariamente proferida em 30
quando, concedida a medida, o impetrante (trinta) dias.
criar obstáculo ao normal andamento do Art. 13. Concedido o mandado, o juiz
processo ou deixar de promover, por mais de transmitirá em ofício, por intermédio do oficial
3 (três) dias úteis, os atos e as diligências do juízo, ou pelo correio, mediante
que lhe cumprirem. correspondência com aviso de recebimento,
Art. 9o As autoridades administrativas, o inteiro teor da sentença à autoridade
no prazo de 48 (quarenta e oito) horas da coatora e à pessoa jurídica interessada.
notificação da medida liminar, remeterão ao Parágrafo único. Em caso de
Ministério ou órgão a que se acham urgência, poderá o juiz observar o disposto
subordinadas e ao Advogado-Geral da União no art. 4o desta Lei.
ou a quem tiver a representação judicial da Art. 14. Da sentença, denegando ou
União, do Estado, do Município ou da concedendo o mandado, cabe apelação.
entidade apontada como coatora cópia § 1o Concedida a segurança, a
autenticada do mandado notificatório, assim sentença estará sujeita obrigatoriamente ao
como indicações e elementos outros duplo grau de jurisdição.
necessários às providências a serem § 2o Estende-se à autoridade coatora
tomadas para a eventual suspensão da o direito de recorrer.
medida e defesa do ato apontado como ilegal § 3o A sentença que conceder o
ou abusivo de poder. mandado de segurança pode ser executada
Art. 10. A inicial será desde logo provisoriamente, salvo nos casos em que for
indeferida, por decisão motivada, quando não vedada a concessão da medida liminar.
for o caso de mandado de segurança ou lhe § 4o O pagamento de vencimentos e
faltar algum dos requisitos legais ou quando vantagens pecuniárias assegurados em
decorrido o prazo legal para a impetração. sentença concessiva de mandado de
§ 1o Do indeferimento da inicial pelo segurança a servidor público da
juiz de primeiro grau caberá apelação e, administração direta ou autárquica federal,
quando a competência para o julgamento do estadual e municipal somente será efetuado
mandado de segurança couber relativamente às prestações que se
originariamente a um dos tribunais, do ato do vencerem a contar da data do ajuizamento
relator caberá agravo para o órgão da inicial.
competente do tribunal que integre. Art. 15. Quando, a requerimento de
o
§ 2 O ingresso de litisconsorte ativo pessoa jurídica de direito público interessada
não será admitido após o despacho da ou do Ministério Público e para evitar grave
petição inicial. lesão à ordem, à saúde, à segurança e à
Art. 11. Feitas as notificações, o economia públicas, o presidente do tribunal
serventuário em cujo cartório corra o feito ao qual couber o conhecimento do respectivo
juntará aos autos cópia autêntica dos ofícios recurso suspender, em decisão
endereçados ao coator e ao órgão de fundamentada, a execução da liminar e da
representação judicial da pessoa jurídica sentença, dessa decisão caberá agravo, sem
interessada, bem como a prova da entrega a efeito suspensivo, no prazo de 5 (cinco) dias,
estes ou da sua recusa em aceitá-los ou dar que será levado a julgamento na sessão
o
recibo e, no caso do art. 4 desta Lei, a seguinte à sua interposição.
o
comprovação da remessa. § 1 Indeferido o pedido de
Art. 12. Findo o prazo a que se refere suspensão ou provido o agravo a que se
o inciso I do caput do art. 7o desta Lei, o juiz refere o caput deste artigo, caberá novo
ouvirá o representante do Ministério Público, pedido de suspensão ao presidente do

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tribunal competente para conhecer de prioridade sobre todos os atos judiciais, salvo
eventual recurso especial ou extraordinário. habeas corpus.
§ 2o É cabível também o pedido de § 1o Na instância superior, deverão
suspensão a que se refere o § 1o deste ser levados a julgamento na primeira sessão
artigo, quando negado provimento a agravo que se seguir à data em que forem conclusos
de instrumento interposto contra a liminar a ao relator.
que se refere este artigo. § 2o O prazo para a conclusão dos
§ 3o A interposição de agravo de autos não poderá exceder de 5 (cinco) dias.
instrumento contra liminar concedida nas Art. 21. O mandado de segurança
ações movidas contra o poder público e seus coletivo pode ser impetrado por partido
agentes não prejudica nem condiciona o político com representação no Congresso
julgamento do pedido de suspensão a que se Nacional, na defesa de seus interesses
refere este artigo. legítimos relativos a seus integrantes ou à
o
§ 4 O presidente do tribunal poderá finalidade partidária, ou por organização
conferir ao pedido efeito suspensivo liminar sindical, entidade de classe ou associação
se constatar, em juízo prévio, a plausibilidade legalmente constituída e em funcionamento
do direito invocado e a urgência na há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de
concessão da medida. direitos líquidos e certos da totalidade, ou de
§ 5o As liminares cujo objeto seja parte, dos seus membros ou associados, na
idêntico poderão ser suspensas em uma forma dos seus estatutos e desde que
única decisão, podendo o presidente do pertinentes às suas finalidades, dispensada,
tribunal estender os efeitos da suspensão a para tanto, autorização especial.
liminares supervenientes, mediante simples Parágrafo único. Os direitos
aditamento do pedido original. protegidos pelo mandado de segurança
Art. 16. Nos casos de competência coletivo podem ser:
originária dos tribunais, caberá ao relator a I - coletivos, assim entendidos, para
instrução do processo, sendo assegurada a efeito desta Lei, os transindividuais, de
defesa oral na sessão do julgamento. natureza indivisível, de que seja titular grupo
Parágrafo único. Da decisão do ou categoria de pessoas ligadas entre si ou
relator que conceder ou denegar a medida com a parte contrária por uma relação
liminar caberá agravo ao órgão competente jurídica básica;
do tribunal que integre. II - individuais homogêneos, assim
Art. 17. Nas decisões proferidas em entendidos, para efeito desta Lei, os
mandado de segurança e nos respectivos decorrentes de origem comum e da atividade
recursos, quando não publicado, no prazo de ou situação específica da totalidade ou de
30 (trinta) dias, contado da data do parte dos associados ou membros do
julgamento, o acórdão será substituído pelas impetrante.
respectivas notas taquigráficas, Art. 22. No mandado de segurança
independentemente de revisão. coletivo, a sentença fará coisa julgada
Art. 18. Das decisões em mandado de limitadamente aos membros do grupo ou
segurança proferidas em única instância categoria substituídos pelo impetrante.
o
pelos tribunais cabe recurso especial e § 1 O mandado de segurança
extraordinário, nos casos legalmente coletivo não induz litispendência para as
previstos, e recurso ordinário, quando a ações individuais, mas os efeitos da coisa
ordem for denegada. julgada não beneficiarão o impetrante a título
Art. 19. A sentença ou o acórdão que individual se não requerer a desistência de
denegar mandado de segurança, sem decidir seu mandado de segurança no prazo de 30
o mérito, não impedirá que o requerente, por (trinta) dias a contar da ciência comprovada
ação própria, pleiteie os seus direitos e os da impetração da segurança coletiva.
respectivos efeitos patrimoniais. § 2o No mandado de segurança
Art. 20. Os processos de mandado de coletivo, a liminar só poderá ser concedida
segurança e os respectivos recursos terão após a audiência do representante judicial da

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pessoa jurídica de direito público, que deverá 1940, o não cumprimento das decisões
se pronunciar no prazo de 72 (setenta e proferidas em mandado de segurança, sem
duas) horas. prejuízo das sanções administrativas e da
Art. 23. O direito de requerer aplicação da Lei no 1.079, de 10 de abril de
mandado de segurança extinguir-se-á 1950, quando cabíveis.
decorridos 120 (cento e vinte) dias, contados Art. 27. Os regimentos dos tribunais
da ciência, pelo interessado, do ato e, no que couber, as leis de organização
impugnado. judiciária deverão ser adaptados às
Art. 24. Aplicam-se ao mandado de disposições desta Lei no prazo de 180 (cento
segurança os arts. 46 a 49 da Lei no 5.869, e oitenta) dias, contado da sua publicação.
de 11 de janeiro de 1973 - Código de Art. 28. Esta Lei entra em vigor na
Processo Civil. data de sua publicação.
os
Art. 25. Não cabem, no processo de Art. 29. Revogam-se as Leis n 1.533,
mandado de segurança, a interposição de de 31 de dezembro de 1951, 4.166, de 4 de
embargos infringentes e a condenação ao dezembro de 1962, 4.348, de 26 de junho de
pagamento dos honorários advocatícios, sem 1964, 5.021, de 9 de junho de 1966; o art. 3o
prejuízo da aplicação de sanções no caso de da Lei no 6.014, de 27 de dezembro de 1973,
litigância de má-fé. o art. 1o da Lei no 6.071, de 3 de julho de
Art. 26. Constitui crime de 1974, o art. 12 da Lei no 6.978, de 19 de
desobediência, nos termos do art. 330 do janeiro de 1982, e o art. 2o da Lei no 9.259,
Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de de 9 de janeiro de 1996.

e) Pedido de liberdade Provisória – quando o acusado estiver preso e couber a


liberdade provisória 321 a 350 CPP, desde que não haja uma prisão a ser
relaxada ou não seja caso de HC, endereçada ao juiz.

CPP - CAPÍTULO VI II - nas contravenções tipificadas nos


DA LIBERDADE PROVISÓRIA, COM OU arts. 59 e 60 da Lei das Contravenções
SEM FIANÇA Penais;
Art. 321. Ressalvado o disposto no III - nos crimes dolosos punidos com
art. 323, III e IV, o réu livrar-se-á solto, pena privativa da liberdade, se o réu já tiver
independentemente de fiança: sido condenado por outro crime doloso, em
I - no caso de infração, a que não for, sentença transitada em julgado;
isolada, cumulativa ou alternativamente, IV - em qualquer caso, se houver no
cominada pena privativa de liberdade; processo prova de ser o réu vadio;
II - quando o máximo da pena privativa V - nos crimes punidos com reclusão,
de liberdade, isolada, cumulativa ou que provoquem clamor público ou que
alternativamente cominada, não exceder a tenham sido cometidos com violência contra
três meses. a pessoa ou grave ameaça.
Art. 322. A autoridade policial somente Art. 324. Não será, igualmente,
poderá conceder fiança nos casos de concedida fiança:
infração punida com detenção ou prisão I - aos que, no mesmo processo,
simples. tiverem quebrado fiança anteriormente
Parágrafo único. Nos demais casos do concedida ou infringido, sem motivo justo,
art. 323, a fiança será requerida ao juiz, que qualquer das obrigações a que se refere o
decidirá em 48 (quarenta e oito) horas. art. 350;
Art. 323. Não será concedida fiança: II - em caso de prisão por mandado do
I - nos crimes punidos com reclusão juiz do cível, de prisão disciplinar,
em que a pena mínima cominada for superior administrativa ou militar;
a 2 (dois) anos; III - ao que estiver no gozo de
suspensão condicional da pena ou de

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livramento condicional, salvo se processado natureza da infração, as condições pessoais
por crime culposo ou contravenção que de fortuna e vida pregressa do acusado, as
admita fiança; circunstâncias indicativas de sua
IV - quando presentes os motivos que periculosidade, bem como a importância
autorizam a decretação da prisão preventiva provável das custas do processo, até final
(art. 312). julgamento.
Art. 325. O valor da fiança será fixado Art. 327. A fiança tomada por termo
pela autoridade que a conceder nos obrigará o afiançado a comparecer perante a
seguintes limites: autoridade, todas as vezes que for intimado
a) de 1 (um) a 5 (cinco) salários para atos do inquérito e da instrução criminal
mínimos de referência, quando se tratar de e para o julgamento. Quando o réu não
infração punida, no grau máximo, com pena comparecer, a fiança será havida como
privat quebrada.
a) de 1 (um) a 5 (cinco) salários mínimos de Art. 328. O réu afiançado não poderá,
referência, quando se tratar de infração sob pena de quebramento da fiança, mudar
punida, no grau máximo, com pena privativa de residência, sem prévia permissão da
da liberdade, até 2 (dois) anos; autoridade processante, ou ausentar-se por
b) de 5 (cinco) a 20 (vinte) salários mais de 8 (oito) dias de sua residência, sem
mínimos de referência, quando se tratar de comunicar àquela autoridade o lugar onde
infração punida com pena privativa da será encontrado.
liberdade, no grau máximo, até 4 (quatro) Art. 329. Nos juízos criminais e
anos; delegacias de polícia, haverá um livro
c) de 20 (vinte) a 100 (cem) salários especial, com termos de abertura e de
mínimos de referência, quando o máximo da encerramento, numerado e rubricado em
pena cominada for superior a 4 (quatro) todas as suas folhas pela autoridade,
anos. destinado especialmente aos termos de
fiança. O termo será lavrado pelo escrivão e
§ 1o Se assim o recomendar a
assinado pela autoridade e por quem prestar
situação econômica do réu, a fiança poderá a fiança, e dele extrair-se-á certidão para
ser: juntar-se aos autos.
I - reduzida até o máximo de dois terços; Parágrafo único. O réu e quem prestar
II - aumentada, pelo juiz, até o décuplo. a fiança serão pelo escrivão notificados das
§ 2o Nos casos de prisão em flagrante obrigações e da sanção previstas nos arts.
pela prática de crime contra a economia 327 e 328, o que constará dos autos.
popular ou de crime de sonegação fiscal, não Art. 330. A fiança, que será sempre
se aplica o disposto no art. 310 e parágrafo definitiva, consistirá em depósito de dinheiro,
único deste Código, devendo ser observados pedras, objetos ou metais preciosos, títulos
os seguintes procedimentos: da dívida pública, federal, estadual ou
I - a liberdade provisória somente municipal, ou em hipoteca inscrita em
poderá ser concedida mediante fiança, por primeiro lugar.
decisão do juiz competente e após a § 1o A avaliação de imóvel, ou de
lavratura do auto de prisão em flagrante; pedras, objetos ou metais preciosos será
Il - o valor de fiança será fixado pelo juiz feita imediatamente por perito nomeado pela
que a conceder, nos limites de dez mil a cem autoridade.
mil vezes o valor do Bônus do Tesouro § 2o Quando a fiança consistir em
Nacional - BTN, da data da prática do crime; caução de títulos da dívida pública, o valor
III - se assim o recomendar a situação será determinado pela sua cotação em
econômica do réu, o limite mínimo ou Bolsa, e, sendo nominativos, exigir-se-á
máximo do valor da fiança poderá ser prova de que se acham livres de ônus.
reduzido em até nove décimos ou aumentado Art. 331. O valor em que consistir a
até o décuplo. fiança será recolhido à repartição
Art. 326. Para determinar o valor da arrecadadora federal ou estadual, ou
fiança, a autoridade terá em consideração a

Prática Penal 10
Luciana Avila Zanotelli
entregue ao depositário público, juntando-se Art. 340. Será exigido o reforço da
aos autos os respectivos conhecimentos. fiança:
Parágrafo único. Nos lugares em que o I - quando a autoridade tomar, por
depósito não se puder fazer de pronto, o engano, fiança insuficiente;
valor será entregue ao escrivão ou pessoa II - quando houver depreciação material
abonada, a critério da autoridade, e dentro de ou perecimento dos bens hipotecados ou
três dias dar-se-á ao valor o destino que Ihe caucionados, ou depreciação dos metais ou
assina este artigo, o que tudo constará do pedras preciosas;
termo de fiança. III - quando for inovada a classificação
Art. 332. Em caso de prisão em do delito.
flagrante, será competente para conceder a Parágrafo único. A fiança ficará sem
fiança a autoridade que presidir ao respectivo efeito e o réu será recolhido à prisão,
auto, e, em caso de prisão por mandado, o quando, na conformidade deste artigo, não
juiz que o houver expedido, ou a autoridade for reforçada.
judiciária ou policial a quem tiver sido Art. 341. Julgar-se-á quebrada a fiança
requisitada a prisão. quando o réu, legalmente intimado para ato
Art. 333. Depois de prestada a fiança, do processo, deixar de comparecer, sem
que será concedida independentemente de provar, incontinenti, motivo justo, ou quando,
audiência do Ministério Público, este terá na vigência da fiança, praticar outra infração
vista do processo a fim de requerer o que penal.
julgar conveniente. Art. 342. Se vier a ser reformado o
Art. 334. A fiança poderá ser prestada julgamento em que se declarou quebrada a
em qualquer termo do processo, enquanto fiança, esta subsistirá em todos os seus
não transitar em julgado a sentença efeitos
condenatória. Art. 343. O quebramento da fiança
Art. 335. Recusando ou demorando a importará a perda de metade do seu valor e a
autoridade policial a concessão da fiança, o obrigação, por parte do réu, de recolher-se à
preso, ou alguém por ele, poderá prestá-la, prisão, prosseguindo-se, entretanto, à sua
mediante simples petição, perante o juiz revelia, no processo e julgamento, enquanto
competente, que decidirá, depois de ouvida não for preso.
aquela autoridade. Art. 344. Entender-se-á perdido, na
Art. 336. O dinheiro ou objetos dados totalidade, o valor da fiança, se, condenado,
como fiança ficarão sujeitos ao pagamento o réu não se apresentar à prisão.
das custas, da indenização do dano e da Art. 345. No caso de perda da fiança,
multa, se o réu for condenado. depois de deduzidas as custas e mais
Parágrafo único. Este dispositivo terá encargos a que o réu estiver obrigado, o
aplicação ainda no caso da prescrição depois saldo será recolhido ao Tesouro Nacional.
da sentença condenatória (Código Penal, Art. 346. No caso de quebramento de
art. 110 e seu parágrafo). fiança, feitas as deduções previstas no artigo
Art. 337. Se a fiança for declarada sem anterior, o saldo será, até metade do valor da
efeito ou passar em julgado a sentença que fiança, recolhido ao Tesouro Federal.
houver absolvido o réu ou declarado extinta a Art. 347. Não ocorrendo a hipótese do
ação penal, o valor que a constituir será art. 345, o saldo será entregue a quem
restituído sem desconto, salvo o disposto no houver prestado a fiança, depois de
parágrafo do artigo anterior. deduzidos os encargos a que o réu estiver
Art. 338. A fiança que se reconheça obrigado.
não ser cabível na espécie será cassada em Art. 348. Nos casos em que a fiança
qualquer fase do processo. tiver sido prestada por meio de hipoteca, a
Art. 339. Será também cassada a execução será promovida no juízo cível pelo
fiança quando reconhecida a existência de órgão do Ministério Público.
delito inafiançável, no caso de inovação na
classificação do delito.

Prática Penal 11
Luciana Avila Zanotelli
Art. 349. Se a fiança consistir em arts. 327 e 328. Se o réu infringir, sem motivo
pedras, objetos ou metais preciosos, o juiz justo, qualquer dessas obrigações ou praticar
determinará a venda por leiloeiro ou corretor. outra infração penal, será revogado o
Art. 350. Nos casos em que couber benefício.
fiança, o juiz, verificando ser impossível ao Parágrafo único. O escrivão intimará o
réu prestá-la, por motivo de pobreza, poderá réu das obrigações e sanções previstas
conceder-lhe a liberdade provisória, neste artigo.
sujeitando-o às obrigações constantes dos

f) Pedido de Produção antecipada de provas – endereçada ao juiz, para os casos


em que a produção da prova não pode esperar até o início da ação penal, sob
pena de perecimento. Art 156 I CPP.

CPP provas consideradas urgentes e


Art. 156. A prova da alegação incumbirá a relevantes, observando a necessidade,
quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz adequação e proporcionalidade da
de ofício: medida;
I – ordenar, mesmo antes de iniciada
a ação penal, a produção antecipada de

CF
Art 5º
LV - aos litigantes, em processo judicial ampla defesa, com os meios e recursos a
ou administrativo, e aos acusados em ela inerentes;
geral são assegurados o contraditório e

Apesar de não haver o contraditório e ampla defesa no IP, a produção antecipada


de provas visa o processo judicial, sendo assim, aplica-se o princípio.

g) Apresentação de Quesitos e indicação de assistente técnico para exame de corpo


de delito e outras perícias – Petição simples, endereçada ao Juiz, com as
perguntas formuladas (deve-se atentar à pertinência e importância das perguntas)
e o nome e os demais dados do assistente técnico. Art 159 CPP

CPP § 2o Os peritos não oficiais prestarão o


Art. 159. O exame de corpo de delito e compromisso de bem e fielmente
outras perícias serão realizados por perito desempenhar o encargo.
oficial, portador de diploma de curso § 3o Serão facultadas ao Ministério
superior. Público, ao assistente de acusação, ao
§ 1o Na falta de perito oficial, o exame ofendido, ao querelante e ao acusado a
será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas, formulação de quesitos e indicação de
portadoras de diploma de curso superior assistente técnico.
preferencialmente na área específica, dentre § 4o O assistente técnico atuará a
as que tiverem habilitação técnica partir de sua admissão pelo juiz e após a
relacionada com a natureza do exame. conclusão dos exames e elaboração do
laudo pelos peritos oficiais, sendo as
partes intimadas desta decisão.

Prática Penal 12
Luciana Avila Zanotelli
h) Pedido de acareação – Petição simples endereçada ao delegado, indicando o
nome das pessoas a acarear e os motivos da necessidade de tal medida. Art 229
e 230 CPP.

CPP darão a conhecer os pontos da divergência,


Art. 229. A acareação será admitida entre consignando-se no auto o que explicar ou
acusados, entre acusado e testemunha, observar. Se subsistir a discordância,
entre testemunhas, entre acusado ou expedir-se-á precatória à autoridade do lugar
testemunha e a pessoa ofendida, e entre as onde resida a testemunha ausente,
pessoas ofendidas, sempre que divergirem, transcrevendo-se as declarações desta e as
em suas declarações, sobre fatos ou da testemunha presente, nos pontos em que
circunstâncias relevantes. divergirem, bem como o texto do referido
Parágrafo único. Os acareados serão auto, a fim de que se complete a diligência,
reperguntados, para que expliquem os ouvindo-se a testemunha ausente, pela
pontos de divergências, reduzindo-se a termo mesma forma estabelecida para a
o ato de acareação. testemunha presente. Esta diligência só se
Art. 230. Se ausente alguma realizará quando não importe demora
testemunha, cujas declarações divirjam das prejudicial ao processo e o juiz a entenda
de outra, que esteja presente, a esta se conveniente.

i) Cautelar de Busca e Apreensão – Havendo necessidade para a defesa do


acusado e urgência, pode-se impetrar tal cautelar, visando apreender documentos,
objetos, ou até mesmo pessoas, a fim de fazer prova. Endereçada ao Juiz. Art 240
a 250 CPP.

CPP objetos mencionados nas letras b a f e letra h


Art. 240. A busca será domiciliar ou do parágrafo anterior.
pessoal. Art. 241. Quando a própria autoridade
§ 1o Proceder-se-á à busca domiciliar, policial ou judiciária não a realizar
quando fundadas razões a autorizarem, para: pessoalmente, a busca domiciliar deverá ser
a) prender criminosos; precedida da expedição de mandado.
b) apreender coisas achadas ou obtidas Art. 242. A busca poderá ser
por meios criminosos; determinada de ofício ou a requerimento de
c) apreender instrumentos de qualquer das partes.
falsificação ou de contrafação e objetos Art. 243. O mandado de busca deverá:
falsificados ou contrafeitos; I - indicar, o mais precisamente
d) apreender armas e munições, possível, a casa em que será realizada a
instrumentos utilizados na prática de crime diligência e o nome do respectivo proprietário
ou destinados a fim delituoso; ou morador; ou, no caso de busca pessoal, o
e) descobrir objetos necessários à prova nome da pessoa que terá de sofrê-la ou os
de infração ou à defesa do réu; sinais que a identifiquem;
f) apreender cartas, abertas ou não, II - mencionar o motivo e os fins da
destinadas ao acusado ou em seu poder, diligência;
quando haja suspeita de que o conhecimento III - ser subscrito pelo escrivão e
do seu conteúdo possa ser útil à elucidação assinado pela autoridade que o fizer expedir.
do fato; § 1o Se houver ordem de prisão,
g) apreender pessoas vítimas de crimes; constará do próprio texto do mandado de
h) colher qualquer elemento de busca.
o
convicção. § 2 Não será permitida a apreensão de
§ 2o Proceder-se-á à busca pessoal documento em poder do defensor do
quando houver fundada suspeita de que acusado, salvo quando constituir elemento
alguém oculte consigo arma proibida ou do corpo de delito.
Art. 244. A busca pessoal independerá habitado ou em aposento ocupado de
de mandado, no caso de prisão ou quando habitação coletiva ou em compartimento não
houver fundada suspeita de que a pessoa aberto ao público, onde alguém exercer
esteja na posse de arma proibida ou de profissão ou atividade.
objetos ou papéis que constituam corpo de Art. 247. Não sendo encontrada a
delito, ou quando a medida for determinada pessoa ou coisa procurada, os motivos da
no curso de busca domiciliar. diligência serão comunicados a quem tiver
Art. 245. As buscas domiciliares serão sofrido a busca, se o requerer.
executadas de dia, salvo se o morador Art. 248. Em casa habitada, a busca
consentir que se realizem à noite, e, antes de será feita de modo que não moleste os
penetrarem na casa, os executores moradores mais do que o indispensável para
mostrarão e lerão o mandado ao morador, ou o êxito da diligência.
a quem o represente, intimando-o, em Art. 249. A busca em mulher será feita
seguida, a abrir a porta. por outra mulher, se não importar
§ 1o Se a própria autoridade der a retardamento ou prejuízo da diligência.
busca, declarará previamente sua qualidade Art. 250. A autoridade ou seus agentes
e o objeto da diligência. poderão penetrar no território de jurisdição
§ 2o Em caso de desobediência, será alheia, ainda que de outro Estado, quando,
arrombada a porta e forçada a entrada. para o fim de apreensão, forem no
§ 3o Recalcitrando o morador, será seguimento de pessoa ou coisa, devendo
permitido o emprego de força contra coisas apresentar-se à competente autoridade local,
existentes no interior da casa, para o antes da diligência ou após, conforme a
descobrimento do que se procura. urgência desta.
§ 4o Observar-se-á o disposto nos §§ 2o § 1o Entender-se-á que a autoridade ou
o
e 3 , quando ausentes os moradores, seus agentes vão em seguimento da pessoa
devendo, neste caso, ser intimado a assistir à ou coisa, quando:
diligência qualquer vizinho, se houver e a) tendo conhecimento direto de sua
estiver presente. remoção ou transporte, a seguirem sem
§ 5o Se é determinada a pessoa ou interrupção, embora depois a percam de
coisa que se vai procurar, o morador será vista;
intimado a mostrá-la. b) ainda que não a tenham avistado,
§ 6o Descoberta a pessoa ou coisa que mas sabendo, por informações fidedignas ou
se procura, será imediatamente apreendida e circunstâncias indiciárias, que está sendo
posta sob custódia da autoridade ou de seus removida ou transportada em determinada
agentes. direção, forem ao seu encalço.
§ 7o Finda a diligência, os executores § 2o Se as autoridades locais tiverem
lavrarão auto circunstanciado, assinando-o fundadas razões para duvidar da legitimidade
com duas testemunhas presenciais, sem das pessoas que, nas referidas diligências,
prejuízo do disposto no § 4o. entrarem pelos seus distritos, ou da
Art. 246. Aplicar-se-á também o legalidade dos mandados que apresentarem,
disposto no artigo anterior, quando se tiver poderão exigir as provas dessa legitimidade,
de proceder a busca em compartimento mas de modo que não se frustre a diligência.

j) Indicação de Curador para indiciado menor – quando o indiciado for menor de


idade, deve ser nomeado curador para auxiliá-lo no IP. Poderá ser feita indicação
de curador à autoridade Policial, mediante petição simples endereçada ao
delegado.

CPP Art. 15. Se o indiciado for menor, ser-lhe-á


nomeado curador pela autoridade policial.

Prática Penal 14
Luciana Avila Zanotelli
k) Pode ainda, durante o IP ser requerida qualquer diligência para a autoridade
policial, o que será feito mediante petição simples.

CPP qualquer diligência, que será realizada, ou


Art. 14. O ofendido, ou seu representante não, a juízo da autoridade.
legal, e o indiciado poderão requerer

l) Pedido de Revogação de Prisão Cautelar – endereçada ao Juiz que tenha


decretado a prisão cautelar, é petição simples com a exposição da cessação ou
inexistência dos motivos autorizadores de tal prisão.

EXERCÍCIOS
1- Mário, procura você como advogado para representar seus interesses
informando que na noite de 05.10.10 em uma boate situada na Rua X, nº 00, na
cidade de Canoas, foi ameaçado de morte, por um homem, que até então não
conhecia, por ter dançado com a ex companheira do referido homem. Mário relata
que tal homem é branco, com estatura alta (medindo cerca de 1,80 metros),
cabelos escuros, compridos, aparentando ter cerca de 40 anos, tendo sido
chamado pela alcunha de Zé pelos presentes no local. Mário ainda informa que
presenciaram a ameaça a ex companheira do referido homem, que responde pelo
nome de Josefa e é operária em uma fabrica de automóveis na cidade de
Gravataí, bem como o segurança da Boate, de nome Cláudio. Mário ainda informa
que não foi realizado qualquer registro do episódio junto à polícia, e que gostaria
de você realizasse os atos necessários para que se proceda à investigação e
posterior procedimento penal contra o referido homem.
Redija a peça processual cabível, indicando ainda quais os documentos
indispensáveis serão anexados à mesma.

2– Considere que o pedido formulado no exercício anterior foi indeferido. Faça o


recurso cabível, com as razões que o fundamentam, indicando os documentos que
acompanham o recurso.

3- João foi preso em Flagrante delito no dia 10.10.10 pelo crime de furto simples.
João é primário e possui bons antecedentes. A família de João o procura para
receber orientação e para que você represente os interesses de João, porque o
mesmo foi impedido de manter qualquer comunicação externa, sem qualquer
justificativa, mesmo com a família, não sendo informado em qual lugar o mesmo
encontra-se preso. Aponte e redija a(s) peça(s) processual(is) cabível(is) na
situação acima descrita.

4- Joaquim procura você, em seu escritório para que você o represente em IP


junto à 10ª Delegacia da cidade de Canoas. Joaquim informa que foi acusado por

Prática Penal 15
Luciana Avila Zanotelli
Manoel de ter ocultado em sua loja, para posterior revenda, produtos que haviam
sido furtados da loja de Manoel. Quando do recebimento de tal informação, a
autoridade policial endereçou-se à loja de Joaquim e lá apreendeu 20 mercadorias
com a descrição dos produtos furtados da loja de Manoel. Joaquim informa que os
números de série dos produtos apreendidos não podem ser os mesmos dos
produtos furtados da loja de Manoel, uma vez que possui as notas fiscais de
compra de tais produtos, que possuem número de série individual. Ainda, informa
que apurou que na realidade os produtos que teriam sido furtados da loja de
Manoel, encontram-se escondidos em um depósito do próprio Manoel, situado à
Rua X nº 00, e informa ainda que soube de tal fato por meio do Genro de Manoel
que alertou-lhe que tudo não passava de manobra articulada por Manoel para
denegrir a imagem de Joaquim e tirá-lo do negócio.
Redija a(s) peça(s) cabível(is) para defender os interesses de Joaquim na situação
acima.

5- Considere que no caso do exercício acima, tenha sido decretada a prisão


cautelar de Joaquim para garantir a aplicação da lei penal. Considerando que o
mesmo é Brasileiro, nascido e criado na cidade de canoas, e é primário (além das
informações contidas no enunciado do exercício 4), redija a peça processual
pertinente para defender os interesses de Joaquim.

Prática Penal 16
Luciana Avila Zanotelli

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