Você está na página 1de 3

UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL

UDF – CENTRO UNIVERSITÁRIO DO DISTRITO FEDERAL

DESAFIOS PARA AS CONTAS PÚBLICAS EM 10 ANOS DE LEI


DE RESPONSABILIDADE FISCAL

DENILSON DE SOUZA BRAGA

Gestão Orçamentária e Financeira no Setor Público

BRASÍLIA
2010
Por considerar a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) "um divisor de águas nas finanças
públicas brasileiras". A edição da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) foi mais um passo dado na
direção do equilíbrio das contas públicas, só possível graças ao fim do ciclo inflacionário que maquiava
os orçamentos públicos e inutilizava o planejamento governamental.
Editada no dia 4 de maio de 2000, a LRF - Lei Complementar 101/00 - faz parte de um
longo e importante processo de reformas constitucionais, que começou com a criação da Secretaria do
Tesouro Nacional.
Neste cenário de incertezas e insegurança jurídica, a Secretaria do Tesouro Nacional (STN)
editou a polêmica Portaria n.º 447/2002, propondo um novo enfoque para as receitas públicas, com a
adoção dos chamados restos a receber.
A década que se fechará neste exercício financeiro foi um período de constante expansão do
Produto Interno Bruto mundial, e, especialmente, brasileiro. Excetuando-se o ano de 2009, auge da mais
aguda crise econômica dos tempos atuais, o Produto Interno do Brasil sempre sofreu variações positivas
que favoreceram a arrecadação de impostos e, conseqüentemente, as contas públicas.
O bom momento vivido pela economia possibilitou que o Governo Federal expandisse seus
gastos, tanto os de custeio quanto os de investimentos. Neste cenário de elevação da despesa pública,
foram implantados diversos programas de governo, como o Programa de Aceleração de Crescimento
(PAC), o aumento de cobertura do Bolsa Família, além da bem sucedida política de recuperação do poder
de compra do salário mínimo.
No âmbito dos municípios, principalmente naqueles localizados nas regiões mais pobres do
país, os resultados dessa política governamental foram diversos. Se por um lado houve uma contínua
irrigação da economia local, mormente pelo pagamento dos benefícios do INSS e do Programa Bolsa
Família. De outra parte, as contas municipais foram pressionadas pela elevação progressiva, nominal e
real do salário mínimo, ainda indexador dos holerites situados na base da pirâmide salarial.
Tendo em vista a crise econômica mundial tenha se originado em setembro de 2008 com a
quebra do banco americano Lehman Brothers, foi em 2009 que a arrecadação de impostos mais sofreu os
efeitos da crise. Isto ocorreu porque a recessão explodiu numa época em o país vivia um momento
auspicioso de crescimento econômico e os efeitos da queda foram sentidos meses mais tarde com a
acomodação da atividade econômica. Aliado a isso, o Governo Federal promoveu uma série de
desonerações tributárias, especialmente do IPI, que se refletiram nas quotas de transferências dos fundos
de participação dos Estados (FPE) e dos Municípios (FPM).
Neste cenário, o ano de 2009 foi bastante sensível para as contas dos entes federados, porque
houve uma redução no crescimento ou mesmo queda na arrecadação aliada a uma grande pressão de
gastos. O efeito nas contas públicas foi sentido em Estados com histórico de finanças equilibradas como a
Bahia que em 2009 atingiu o limite prudencial de gastos com pessoal (artigo 20, Inciso II).
A Lei Responsabilidade Fiscal já prevê mecanismos de mitigação dos efeitos da recessão nas
contas governamentais nos períodos de decréscimo na atividade econômica, como o previsto no artigo 66,
que duplica os prazos de recondução aos limites da despesa total com pessoal e da dívida consolidada
quando a taxa real acumulada do Produto Interno Bruto foi inferior a 1% nos quatro últimos trimestres.
Todavia, enquanto o ente estiver acima dos limites previstos na lei, ficará suscetível às sanções previstas
nos artigos 22 e 23.
Neste cenário, o ano de 2009 foi bastante sensível para as contas dos entes federados, porque
houve uma redução no crescimento ou mesmo queda na arrecadação aliada a uma grande pressão de
gastos. O efeito nas contas públicas foi sentido em Estados com histórico de finanças equilibradas como a
Bahia que em 2009 atingiu o limite prudencial de gastos com pessoal (artigo 20, Inciso II).
A Lei Responsabilidade Fiscal já prevê mecanismos de mitigação dos efeitos da recessão nas
contas governamentais nos períodos de decréscimo na atividade econômica, como o previsto no artigo 66,
que duplica os prazos de recondução aos limites da despesa total com pessoal e da dívida consolidada
quando a taxa real acumulada do Produto Interno Bruto foi inferior a 1% nos quatro últimos trimestres.
Todavia, enquanto o ente estiver acima dos limites previstos na lei, ficará suscetível às sanções previstas
nos artigos 22 e 23.
Embora o Brasil esteja numa situação fiscal melhor que a dos gregos, o episódio não deixa
de servir como alerta para os demais países sobre a importância da Responsabilidade Fiscal, assim como
para os limites do endividamento do setor público. Nesse cenário, para o Brasil o grande desafio é
continuar reduzindo as desigualdades sociais sem perder de vista o equilíbrio das contas governamentais.

Você também pode gostar