O texto que se segue é uma reprodução escrita, com
pequenas adaptações e esclarecimentos, do programa exibido pela Rádio e Televisão de Portugal, “2005 – Morte do Papa João Paulo II” integrado na série “50 Anos 50 Notícias”, de 2007.
Como tal, cumpre-me esclarecer que toda a informação
constante deste documento foi apresentada pela citada estação de televisão portuguesa, aquando da exibição do documentário referido.
Resta-me recordar, em último lugar, que no ano de 2007 a
Rádio e Televisão de Portugal celebrou o seu quinquagésimo aniversário. MORTE DO PAPA JOÃO PAULO II (2005)
2 de Abril de 2005: milhares de fiéis juntam-se na Praça de S.
Pedro, em Roma. Todos aguardam notícias da saúde do Papa João Paulo II.
«Caros irmãos e irmãs, às 21 horas e 37 minutos, o nosso
amado e Santo Padre João Paulo II voltou à Casa do Senhor. Oremos por ele.»
A notícia é recebida com profundo silêncio.
(Aura Miguel, jornalista da Rádio Renascença) “Impressionou-
me imenso, porque reinava silêncio, as pessoas não conversavam. Estavam ali praticamente impotentes, de certo modo era como que a sua presença lhe estivesse a fazer companhia. É uma presença silenciosa, pareciam árvores ali especadas. Eu até pensei: podiam-se sentar no chão ou… Mas não. Era assim uma atitude, de certo modo, respeitosa. Mas à noite era ainda mais impressionante, porque algumas aproveitavam para rezar.”
O cardeal polaco Karol Józef Wojtyła tinha sido eleito Papa em
1978.
(Papa João Paulo II, em 1978, aquando da sua eleição)
«Poderei exprimir-me na vossa, na nossa língua italiana. Se me equivocar… se me equivocar, corrijam-me.»
Em 455 anos, era o primeiro pontífice não italiano. O atentado
de que foi vítima, em 1981, surpreendeu o Mundo. O Papa sobreviveu e, já depois disso, tornou-se um viajante incansável, o Papa mais viajado e mais mediático da História.
Mesmo nos últimos anos de vida, marcados pela doença de
Parkinson, Wojtyła manteve-se à frente da Igreja e sempre em actividade.
(Aura Miguel) “Foi um Papa muito carismático e as pessoas
amavam-no muito. Ainda hoje, muita gente fala dele com saudade. Mesmo os não católicos tinham-no como uma grande autoridade e referência moral. Talvez até mais do que isso: era mesmo, afectivamente, uma pessoa querida. Alguns tratavam-no como um avô, como se fosse uma pessoa de família ou até mais ainda. Tinham-no como uma referência.”
O Papa esteve três dias em câmara ardente. Nesses três dias,
milhares de pessoas rumaram à Basílica de S. Pedro para uma última despedida. As cerimónias fúnebres também foram acompanhadas por uma multidão pesarosa.
(Aura Miguel) “O que se passou na morte dele e no funeral foi
um fenómeno extraordinário. Para mim, foi como uma espécie de ricochete daquilo que ele deu. Portanto, era como se ele irradiasse uma ternura e um amor que as pessoas queriam absorver e foi a maneira como as pessoas do mundo inteiro, das sensibilidades mais variadas, religiosas ou não, quiseram, de certo modo, corresponder àquilo que ele deu (e deu até ao fim, como vimos), com esta presença esmagadora absolutamente extraordinária, inesperada, quase arrasadora, de tanta multidão, para passar uns segundos à frente do corpo.”