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Um aspecto interessante com relação ao tropeirismo é o fato de que

esse fenômeno não apenas unificou cidades das regiões hoje conhecidas
como Sul e Sudeste, mas também levou a criação de vilas, arraiais e cidades.

Os tropeiros iniciavam sua jornada nos meses de setembro e outubro e


chegavam em Sorocaba em março,para a grande feira de muares.Os tropeiros
buscavam seguir o curso dos rios ou passar os campos gerais e áreas mais
abertas, mas percurso entre o ponto de partida e o local de destino era muito
longo, o que tornava necessária a realização de paradas ao final da caminhada
de cada para que os animais e os peões pudessem descansar.

Essas paradas, conhecidas como pousos, foram essenciais para o


surgimento de arraiais e cidades, pois foram se tornando cada vez mais fixas e
definitivas, podendo ser ranchos, vendas, estalagem ou fazenda. Os ranchos
eram barracões com teto simples, as vendas eram pequenos casebres muito
rudimentares com mercadorias simples e básicas como alimentos que serviam
para abastecer tropas e tropeiros que pousavam nos ranchos.

Nas áreas próximas aos pousos uma pessoa construía uma palhoça e
se tornava um morador fixo, dedicava-se a atividade agrícola de subsistência e
produzia gêneros para abastecimento das tropas. O homem do campo tem
assim um papel fundamental para a permanência do tropeirismo. Ao prosperar,
montava uma venda, abastecia-se com outros produtos necessários para o
cotidiano dos peões e lentamente, gradualmente se formava um povoado ao
seu redor. À medida que progredia e o número de casas aumentava, o
povoado ganhava autonomia política e administrativa até tornar-se uma vila e
posteriormente atingir a categoria de cidade. Assim, o povoamento geralmente
ocorria nas proximidades do pouso e não em volta de uma praça central e
igrejas como ocorria com outras cidades do país. A rota era o elemento que
desencadearia o processo de produção do espaço durante a colonização do
sul do Brasil.

Outro fator determinante para o surgimento e desenvolvimento de


cidades e vilas foram as pontes. Estas já existiam antes da atividade tropeira,
mas com a intensificação do fluxo de muares, os residentes das vilas
responsáveis pela conservação das pontes perceberam que era possível
aproveitar-se delas por meio de uma cobrança de “pedágio” que se tornou
institucionalizada com o aval da Coroa Portuguesa como uma arrecadação de
impostos.Além disso, as fazendas e estâncias no sul também foram
importantes para a expansão de fronteiras brasileiras.As terras eram
concedidas como sesmarias aos proprietários de terras e ocupantes de cargos
públicos mas estes preferiam morar nas cidades e pagava a outros para
cuidarem de suas terras.A ausência dos proprietários nas terras teve influência
direta no modo de vida das pessoas que ocupavam as áreas as estâncias,
geralmente com casas rudimentares e simples.

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