Você está na página 1de 66

WBA0468_v1.

INFRAESTRUTURA E
CONECTIVIDADE DE REDES
Izabelly Soares de Morais

INFRAESTRUTURA E CONECTIVIDADE DE REDES


1ª edição

Londrina
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
2020

2
© 2020 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser
reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio,
eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de
sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização,
por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A.

Presidente
Rodrigo Galindo

Vice-Presidente de Pós-Graduação e Educação Continuada


Paulo de Tarso Pires de Moraes

Conselho Acadêmico
Carlos Roberto Pagani Junior
Camila Braga de Oliveira Higa
Carolina Yaly
Giani Vendramel de Oliveira
Henrique Salustiano Silva
Juliana Caramigo Gennarini
Mariana Gerardi Mello
Nirse Ruscheinsky Breternitz
Priscila Pereira Silva
Tayra Carolina Nascimento Aleixo

Coordenador
Henrique Salustiano Silva

Revisor
Gustavo de Lins e Horta

Editorial
Alessandra Cristina Fahl
Beatriz Meloni Montefusco
Gilvânia Honório dos Santos
Mariana de Campos Barroso
Paola Andressa Machado Leal

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


_________________________________________________________________________________________
Morais, Izabelly Soares de
M827i Infraestrutura e conectividade de redes/ Izabelly Soares
de Morais, – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional
S.A., 2020.
44 p.

ISBN 978-65-5903-075-0

1. Infraestrutura. 2. Redes. 3. Arquitetura. I. Título.

CDD 005
____________________________________________________________________________________________
Raquel Torres – CRB 6/2786

2020
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
Homepage: http://www.kroton.com.br/

3
INFRAESTRUTURA E CONECTIVIDADE DE REDES

SUMÁRIO
Conceito e história (infraestrutura e cabeamento) ___________________ 05

Cabeamento estruturado e redes Wi-fi_______________________________ 20

Arquiteturas e protocolo ____________________________________________ 35

Switching e roteamento______________________________________________ 51

4
Conceito e história
(infraestrutura e cabeamento)
Autoria: Izabelly Soares de Morais
Leitura crítica: Gustavo de Lins e Horta

Objetivos
• Conhecer a história da rede de computadores e da
internet.

• Identificar a importância da infraestrutura de redes.

• Descrever conceitos sobre a infraestrutura e


cabeamento de redes.

5
1. Conceitos e história da infraestrutura e do
cabeamento de redes

Alguns conceitos da computação são oriundos da evolução ocorrida no


contexto tecnológico, desde os primeiros relatos sobre o tema. Portanto,
falar em redes de computadores abrange conteúdos que acompanham
toda essa trajetória. Além disso, faz com que possamos compreender
que o que temos hoje tem uma base sólida de padrões e metodologias.

A rede de computadores existe devido à criação de vários recursos e


tecnologias que, ao longo dos anos, foram se aperfeiçoando e hoje
permitem resolvermos quase tudo de nossas atividades cotidianas.
Como exemplo, podemos mencionar o computador e a internet.

Desde a sua criação, o computador passou a ser utilizado com


diversas finalidades, tanto para pesquisas universitárias quanto como
equipamento de apoio na automatização de processos governamentais.
Então, com o passar dos anos, as empresas que desenvolviam esse tipo
de equipamento tecnológico começaram a expandir seus negócios para
poderem atender a todos os perfis de usuários ou clientes possíveis. A
partir daí, os demais recursos da época também eram desenvolvidos e
aperfeiçoados em paralelo, como é o caso dos equipamentos voltados à
rede de internet.

Para operar com excelência, as redes de computadores necessitam de


uma infraestrutura, e, por isso, é tão relevante conhecer os conceitos
que norteiam a conexão entre os diversos contextos dentro da
nossa sociedade moderna. Dessa forma, serão abordados conceitos
relacionados à história e à evolução da rede de computadores e de seus
respectivos componentes, como a internet, e serão apresentados os
principais dispositivos que compõem a infraestrutura e o cabeamento de
redes.

6
1.1 A rede de computadores e a internet

Mensurar a abrangência da rede de computadores é praticamente


impossível, tendo em vista que, considerando a internet e as possíveis
conexões existentes entre diversos dispositivos, a dimensão já
ultrapassa qualquer unidade de medida que se possa imaginar. A
sociedade contemporânea produz diariamente milhares de dados e
informações, graças ao uso da rede de computadores e principalmente
da conexão de internet. Sem falar que, a cada dia, todo esse contexto
passa por atualizações urgentes, visando atender à demanda das
necessidades sociais.

A rede de computadores pode ser compreendida como a conexão


entre dois ou mais dispositivos. Porém, não devemos subestimar seu
significado. Ela é bem mais complexa do que parece, tendo em vista a
quantidade e os tipos de conexões que proporciona. Sob o ponto de
vista do cenário atual, a conexão pode ocorrer até mesmo entre um
smarthphone e um relógio digital, sem contar os demais equipamentos,
como eletrodomésticos e automóveis.

Essa trajetória histórica acontece desde o início da humanidade, quando


o homem percebeu que evoluir era uma questão de sobrevivência.
Dessa forma, podemos afirmar que nossa espécie se adapta ao longo
dos anos conforme o seu meio.

Dando longos passos nesse processo, podemos começar com o


surgimento dos primeiros computadores e, juntamente com eles, outros
recursos tecnológicos começaram a ser desenvolvidos quase que em
paralelo, como os celulares, a internet, entre outros. Vamos conhecer
um pouco sobre a história desses componentes primordiais para a rede
de computadores.

7
1.1.1 A evolução dos computadores

Primeiro, é preciso entender que a rede de computadores só é


possível, porque proporciona a conexão entre mais de um dispositivo
computacional. Dessa forma, falaremos brevemente sobre a linha
histórica desse componente tão importante.

É quase impossível pensar que um recurso computacional, como uma


memória ou um processador, demandaria um espaço físico de várias
salas, ou até mesmo de um prédio inteiro. A primeira geração de
computadores (1951-1959) utilizava circuitos eletrônicos com o objetivo
de substituir os circuitos que, antes, eram totalmente mecânicos e
analógicos. Nesse momento, a modernidade evoluiu com o uso de
válvulas e capacitores.

Alguns anos depois, as válvulas foram trocadas pelos transistores,


dando início à Segunda Geração de Computadores (1959-1965). No
entanto, o imediatismo já começava a tomar conta dos interessados
nessa tecnologia tão revolucionária que era o computador. Assim,
passaram a utilizar os circuitos integrados, substituindo os transistores
e proporcionando dimensões menores com maior capacidade para
realizar os processamentos dos dados, que também começaram a
apresentar uma demanda maior. Todo esse marco caracterizou a
Terceira Geração (1965-1975).

Na Figura 1, é possível ver exemplares da chamada Quarta Geração.

8
Figura 1 – Evolução dos computadores

Fonte: iStock – Macrovector/iStock.com.

A Quarta Geração de computadores começou em meados de 1975 e


dura até hoje. Percebe-se claramente a mudança não só física, mas
também na forma em como o computador lida com suas demandas,
cada vez mais complexas. Outros dispositivos, como relógios e
smartphones, que possuem pequenos computadores e softwares
capazes de atender ao mais variado tipo de demanda também podem
ser citados como exemplo.

A geração atual continua contando com a colaboração de algumas


criações das gerações passadas, como circuitos integrados, mas,
além disso, existe também a inteligência artificial, a nanotecnologia,
a robótica e os componentes computacionais, que reduziram seu
tamanho físico, mas aumentaram sua capacidade de armazenamento
e de processamento. Em paralelo com o avanço dos recursos

9
computacionais, acontecia também a evolução da internet, que é o
assunto do nosso próximo tópico.

1.1.2 A história da internet

As primeiras ideias sobre a conexão de redes, que chamamos de


internet, surgiu em meados de 1969. Ela foi criada pelo Departamento
de Defesa dos Estados Unidos com o objetivo de utilizar essa ideia
tecnológica para pesquisas, que antes tinham cunho educacional, mas
que iriam contribuir e muito para a corrida espacial e para demonstrar
a superioridade tecnológica militar entre os Estados Unidos e a União
Soviética. Foi então que surgiu a ARPANET, uma rede de computadores
desenvolvida pela Advanced Reserarch Projects Agency (ARPA).

Como o objetivo inicial era a realização de pesquisas, o Massachusetts


Institute of Technology (MIT) também passou a colaborar nessa jornada.
Então, começou-se a perceber que essa ação só teria sentido caso
outros departamentos e outras universidades tivessem interesse em
desenvolver a ideia, ou seja, a interação computacional precisava
acontecer.

O objetivo era compartilhar informações, mas como isso poderia


ser feito? Ao fazermos esse questionamento, devemos levar em
consideração que naquela época não existia nem metade dos recursos
tecnológicos que temos hoje.

O Information Processing Techniques Office (IPTO), fundado em 1962,


começou a desenvolver uma rede interativa de computadores, e, para
isso, utilizou as tecnologias criadas pela Rand Corporation e pelo British
National Physical Laboratory. É importante ressaltar que, aqui, serão
mencionados alguns fatos desse trajeto, apenas os mais importantes,
como a mudança da perspectiva que diversos centros de estudos no
mundo passaram a ter sobre essa rede interativa e a possibilidade

10
de formar algum meio de comunicação entre pessoas que estavam
geograficamente distantes.

Seguindo a trajetória para que seja possível ter a percepção de toda a


estrutura atual da internet, é possível mencionar que em 1971 existiam
15 nós criados para gerar a interação. Como naquela época o acesso a
esses recursos era limitado, todos esses nós e interesses pela internet
se limitavam bastante ao ambiente acadêmico. Porém, após esses
primeiros passos, muita coisa aconteceu, entre elas a criação dos
protocolos padrões, que foram essenciais para que a internet existente
hoje surgisse, até mesmo porque o termo “internet” só passou a ser
mais utilizado após a criação dos protocolos TCP/IP, em meados dos
anos 1970 e 1980.

Porém, a ideia da internet foi difundida em maior escala por meio


do desenvolvimento da World Wide Web (WWW). A conexão que
tanto utilizamos hoje em dia só é possível porque existem recursos
desenvolvidos para proporcionar a transmissão de sinais, sejam eles
por meios físicos, com os fios, ou pelos chamados “sem fio”, que são
os mais utilizados na atualidade. Esse tipo de sistema proporciona a
comunicação entre computadores e usuários de todo o mundo, fazendo
com que haja troca de informações, arquivos, textos, entre outros
recursos.

Uma das definições que mais contemplam o termo é a internet


interconectar dispositivos computacionais em todo o mundo, como
computadores, smartphones, aparelhos de televisão, relógios e muitos
outros. Então, por meio da web, foram criadas várias plataformas
habilitadas para diversas novas aplicações, que abrangem transações
financeiras, serviços de mídia, entre outros.

Outro grande acontecimento foi a criação do correio eletrônico,


conhecido como e-mail, que passou a contar com a internet para o envio
de anexos. Hoje essa invenção atende a todas as nossas demandas, e os

11
tipos de arquivos variam entre documentos com textos, imagens, vídeos
e dimensões diversas.

As inovações continuam ocorrendo, tanto de serviços disponibilizados


pela internet quanto de novas aplicações e meios de transmissão, como
wi-fi, fibra ótica, redes de alta velocidade, além da criação e atualização
dos protocolos de rede. A seguir, falaremos sobre os conceitos de
infraestrutura e cabeamento de redes.

1.2 Conhecendo a infraestrutura e o cabeamento de


redes

A dinamicidade das redes de computadores faz com que seja preciso


lidar com a complexidade da alta demanda e da diversidade. Em
contrapartida, as empresas criam soluções e serviços que usam a
tecnologia como recurso e como meio de transmitir tudo aquilo que for
necessário. Os padrões da internet acompanham essas criações.

Entre as características que compõem a rede de computadores, é


possível destacar que ela deve abranger a aplicação e os programas
de redes, além de proporcionar a comunicação de dados, a comutação
de pacotes por meio do uso de tecnologias voltadas às redes de
computadores e o uso de protocolos, como o TCP/IP.

A seguir iremos conhecer o que compõe a infraestrutura de redes, a


qual também abrange como recurso o cabeamento.

1.2.1 Infraestrutura de redes

Uma infraestrutura pode ser vista como um pilar, como o próprio


nome já diz, que fornece uma estrutura para algo. No nosso cotidiano,
podemos nos deparar com vários tipos de estruturas, como a estrutura

12
de um prédio, ou, vendo por outra perspectiva, uma estrutura
organizacional de uma empresa ou o comportamental de certo grupo.

Como uma rede é formada por muitas conexões, dos mais variados
tipos, precisa de uma infraestrutura que proporcione essas conexões
e as adeque às necessidades dos usuários, tanto em questões de
equipamentos quanto de configurações. Assim, podemos dizer que uma
infraestrutura de redes é formada por protocolos, equipamentos físicos
(roteadores, data centers), projetos de redes, entre outros.

Os meios de comunicação acompanham as mudanças e atendem às


demandas; porém, alguns elementos são primordiais para que exista
essa ligação entre, no mínimo, dois dispositivos. Entre eles, podemos
destacar o transmissor, que transmite a mensagem; o receptor, que
irá recebê-la; e o meio pelo qual ela foi enviada. Dentro desse meio
(ou seja, a forma pela qual a mensagem segue de seu transmissor
até o seu receptor), existem os protocolos, que são responsáveis pela
padronização do formato e da sequência em que as mensagens irão ser
trocadas entre os dispositivos envolvidos.

Além dos protocolos, podemos mencionar os sistemas denominados


como clientes e servidores, em que os clientes são aqueles que recebem
os serviços, como nossos computadores pessoais e smarthphones;
e os servidores são aqueles que proporcionam os serviços que
utilizamos, ou seja, possuem uma estrutura profissional e mais robusta,
proporcionando todo o aparato para que possamos utilizar desde sites
de busca, como o Google, a e-mails, como o Yahoo. Conforme Kurose e
Ross (2013, p. 8), “o Google tem 30 a 50 datacenters, com muitos deles
tendo mais de cem mil servidores”. E é certo afirmamos que, a cada dia,
a tendência é que esses números aumentem.

As mensagens enviadas são fragmentadas e transformadas em


dados menores, os quais são chamados de pacotes. Então, entre
a origem e o destino, cada um deles percorre dispositivos que

13
promovem a comunicação. Além disso, existem alguns recursos físicos
que proporcionam essa comunicação, como o comutador (switch),
responsável por proporcionar a conexão dos dispositivos da rede.

A localização geográfica das pessoas e dos locais, como cidades,


países, bairros e até mesmo salas diferentes em um escritório,
influencia diretamente de qual tipo de rede eles podem fazer uso
quando necessitam de conexão de internet. Além disso, outros fatores
também influenciam nessa escolha, como a quantidade de dispositivos
e a respectiva distância entre eles, tipo de conexão, necessidade de
transmissão, entre outros aspectos.

Por isso, existe a rede local (Local Area Network – LAN), que conecta
alguns sistemas finais, ou seja, sistemas receptores, em um único espaço
físico, ou até mesmo em uma sala ou um prédio. Já as redes de longa
distância (Wide Area Network – WAN) abrangem uma possibilidade de
conexão geograficamente maior que a LAN, podendo ligar países ou até
mesmo continentes.

As redes que abrangem as cidades são conhecidas como Metropolitadas


(Metropolitan Area Network – MAN), sendo a televisão a cabo um
exemplo. Existem também as Redes Pessoais (Personal Area Networks –
PANs), que são caracterizadas por uma comunicação que alcança apenas
uma pessoa, como quando um computador é conectado a outros
dispositivos (teclado, monitor, entre outros).

Alguns padrões são definidos para a rede de computadores, e, entre


eles, podemos mencionar o modelo de referência OSI (Open Systems
Interconnection) da ISO (International Organization for Standardization),
que possui as seguintes camadas: aplicação, apresentação, sessão,
transporte, rede, enlace e camada física. Essas camadas podem ser
vistas com mais clareza na Figura 2.

14
Figura 2 – A pilha de protocolos da internet (a) e o
modelo de referência OSI (b)
Aplicação
Transporte
Rede
Enlace
Físico

a. Pilha de protocolos da internet de cinco camadas.

Apresentação
Sessão
Aplicação
Transporte
Rede
Enlace
Físico

b. Modelo de referência ISO de sete camadas.

Fonte: adaptada de Kurose e ROSS. (2013, p. 37).

A divisão em camadas é útil aos que projetam a estrutura de uma


rede de computadores, tendo em vista que é sempre uma mistura de
hardware e software. Nela, cada protocolo de rede faz parte de uma
camada, e cada camada possui seu conjunto de funcionalidades.

Conforme Kurose e Ross (2013, p. 37), “a divisão em camadas


proporciona um modo estruturado de discutir componentes de
sistemas. A modularidade facilita a atualização de componentes de
sistema”.

Abordando as camadas do Modelo de referência ISO, temos as seguintes


funções para cada uma delas:

• Física: proporciona a transmissão de bits normais por um canal de


comunicação.

15
• Enlace: é responsável por interligar os dados; exemplo: Ethernet, WiFi,
PPP (protocolo ponto a ponto).

• Rede: é responsável por controlar todas as operações de rede em si,


como conexão entre pacotes, relacionamento cliente-servidor, entre
outras.

• Transporte: transporta mensagens da camada de aplicação entre o


receptor e o transmissor de uma aplicação; exemplo: TCP e UDP.

• Sessão: fornece a delimitação e a sincronização da troca de dados,


principalmente maneiras para a definição de pontos de verificação e
recuperação.

• Apresentação: fornece serviços que permitem que as aplicações de


comunicação interpretem o significado dos dados trocados.

• Aplicação: onde estão presentes as aplicações de redes e seus


respectivos protocolos, como o HTTP e o FTP.

O modelo OSI propriamente dito não é uma arquitetura de rede, pois


não especifica os serviços de protocolos exatos que devem ser usados
em cada camada. Na verdade, ele informa o que cada camada deve fazer.
No entanto, a ISO também produziu padrões para todas as camadas,
embora esses padrões não façam parte do próprio modelo de referência
(TANEMBAUM; WETHERALL, 2011, p. 26).

O contexto de uma rede de computadores é bem amplo, e citamos


até então os mais relevantes para esta etapa. A seguir, falaremos
especificamente do cabeamento de redes, sendo o objetivo dar uma ideia
mais concisa de como o sinal de rede é transmitido entre os dispositivos
físicos responsáveis por disseminar o sinal de uma rede.

16
1.2.2 Cabeamento de rede

O desenvolvimento do cabeamento ocorre atendendo a algumas


demandas, entre elas a confiabilidade e a qualidade de serviço (QoS). Esses
requisitos são atendidos tendo como base várias exigências, que podem
partir tanto do cliente quanto da equipe responsável pela infraestrutura da
rede. O tráfego que ocorre na rede, para proporcionar que uma informação
saia do remetente ao destinatário, exige que vários pontos sejam
atendidos.

O cabeamento de rede faz parte da infraestrutura geral de uma rede, sendo


possível destacar formas de transmissão e conexão entre dispositivos e
redes distintas que ocorrem por meio de cabos. A transmissão via cabo é
vista como relevante desde a década de 1960. Seus conceitos fazem parte
da camada Física, a primeira camada da arquitetura e infraestrutura da
rede, já que é primordial para proporcionar a grande maioria das conexões
entre dois ou mais dispositivos.

No decorrer dos anos, surgiram vários tipos de cabeamentos, como o


cabo coaxial, o par trançado e o de fibra ótica. Com isso, surgiram também
algumas entidades envolvidas com a padronização e normatização dessas
tecnologias, entre as quais Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT), Eletronic Industries Alliance (EIA), Telecomunications Industry
Association (TIA) e American National Standarts Institute (ANSI).

As principais características dos cabos utilizados para conexões de rede são:

O cabo condutor metálico do tipo coaxial é formado por um fio de


cobre revestido por uma proteção plástica que funciona com dielétrico.
Em seguida, há uma camada de malha de cobre ou uma luva de alumínio
utilizada como blindagem. Por fim, há uma capa física para a proteção
mecânica do cabo (LOUREIRO et al., 2014, p. 82).

17
Já o cabo de par trançado diferencia-se pela quantidade de pares de fio.
Ele contém quatro pares de fios trançados em espiral, dois a dois, fazendo
com que haja uma proteção interna entre os pares de fio e possibilitando a
permanência das propriedades elétricas dos fios.

É importante ressaltar que existem normas voltadas ao cabeamento


estruturado, como a série de normas norte-americanas EIA/TIA-568. A EIA/
TIA-568-A, criada em 1994 e posteriormente atualizada para EIA/TIA-568-B,
possui definições para o sistema genérico de cabeamento para edifício
comercial (EIA/TIA 568-B.1), para componentes do cabeamento metálico
de par trançado em rede de computadores (EIA/TIA 568-B.2) e para
componentes do cabeamento ótico em rede de computadores (EIA/TIA
568-B.3). (Todas as normas apresentadas aqui foram citadas por Loureiro
(2014)).

A norma EIA/TIA 568-C e a ABNT NBR 14.565 (norma brasileira criada em


1994), citadas em Loureiro (2014, p. 107), fazem referência ao cabeamento
estruturado para edifícios comerciais e data centers, e são algumas das
regulamentações que certificam o cabo de par trançado (twisted pair)
para o cabeamento estruturado. Essas normas passam por atualizações
frequentes, dentro de um espaço cinco anos em média; porém, podem ser
alteradas a qualquer momento para atender às demandas de mercado.

Já o cabo de fibra ótica é um tipo de cabo que transmite sinal de luz dentro
de um espectro específico de frequência – o infravermelho –, a partir de
um meio (filamento) ótico formado por sílica ou plástico, com dimensões
próximas de um fio de cabelo humano. Estruturalmente, a fibra é formada
por um núcleo por onde o sinal de luz trafega e que tem dimensões entre 8
ou 9 e 62,5 mm (LOUREIRO et al., 2014, p. 92).

Além desse meio de comunicação, podemos mencionar também o que


ocorre pelo ar, conhecido como “meios não guiados”, já que ocorrem
por meio de difusão ou de forma direcional, como ondas de rádio,

18
infravermelho, micro-ondas, entre outras, tendo o ar como seu principal
meio de transmissão e recepção de sinais. Atualmente, são um dos meios
mais comuns de transmissão de sinais para conexão de internet.

Existem duas tecnologias populares de acesso à internet sem fio: Wi-fi, em


que os usuários recebem e enviam pacotes de estações-base que servem
de ponto de acesso sem fio, como um roteador; e as redes de acesso sem
fio de área ampla 3G e 4G. Nesses sistemas, os pacotes são transmitidos
pela mesma infraestrutura sem fio usada para telefonia celular, sendo
a estação-base gerenciada por um provedor de telecomunicações,
fornecendo acesso sem fio aos usuários em um raio de dezenas de
quilômetros.

Neste Tema, aprendemos que a internet é capaz de proporcionar


muito mais que uma simples conexão entre inúmeros dispositivos
computacionais e tecnológicos. Além disso, para acontecer, a rede de
conexão precisa de uma infraestrutura formada por protocolos e meios de
conexão, sejam eles físicos ou por radiofrequência. Essa estrutura se torna
complexa conforme novos recursos e novos serviços vão sendo criados;
portanto, devemos sempre nos manter atualizados sobre o tema, que é
extremamente interessante.

Referências Bibliográficas
KUROSE, James F.; ROSS, Keith W. Redes de computadores e a internet: uma
abordagem top-down. 6. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2013.
LOUREIRO, César A. H. et al. Redes de computadores III: Níveis de Enlace e Físico.
Porto Alegre: Bookman Companhia, 2014.
MARIN, Paulo S. Cabeamento Estruturado. São Paulo: Érica, 2014.
TANEMBAUM, Andrew S.; WETHERALL, David. Redes de computadores. 5. ed. São
Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011.

19
Cabeamento estruturado
e redes Wi-fi
Autoria: Izabelly Soares de Morais
Leitura crítica: Gustavo de Lins e Horta

Objetivos
• Compreender a infraestrutura da transmissão via
redes.

• Conhecer os tipos de transmissão por tipo de


caminho.

• Conhecer os tipos de transmissão por forma de


energia.

20
1. Conectividade das redes de computadores

A chamada rede de computadores se refere à criação e à existência


de ligações, definidas como conexões, ou seja, são formas como
dispositivos diferentes são capazes de se comunicar. Até mesmo porque,
com o passar dos anos, falar apenas em conexão entre computadores se
tornou obsoleto, tendo em vista que a tendência é conectar vários tipos
de dispositivos ao mesmo tempo, e não só computadores.

Tanto é que existe um termo chamado Internet das Coisas (Internet of


things–IoT), que tem como ideia principal inserir a presença da internet,
ou seja, a capacidade de conexão, em todos os tipos de equipamentos,
como luzes, portões, cortinas e outros itens dos mais variados contextos.
Porém, neste momento, serão abordados os conceitos sobre a
infraestrutura em si das conexões, para que seja possível compreender
como elas ocorrem atualmente e como aconteciam antigamente,
quando foram desenvolvidas.

Na Figura 1, é possível observar os principais meios físicos de


transmissão, os quais são classificados conforme a fonte de energia
utilizada para a transmissão de dados.

21
Figura 1 – A taxonomia dos tipos de meios de acordo
com a forma de energia usada

Fonte: adaptada de Comer (2016, p. 102)

Entre os meios de transmissão apresentados na Figura 1, no próximo


tópico será abordado o cabeamento estruturado, o qual é primordial
para a conexão utilizada até hoje.

Falando em meios de transmissão, é possível dividi-los em duas classes,


que, conforme Comer (2016, p. 102), podem ser:

• Por tipo de caminho: a comunicação pode seguir um caminho exato, tal


como um fio, ou pode não ter nenhum caminho específico, tal como uma
transmissão por ondas de rádio.

22
• Pela forma de energia: a energia elétrica é transmitida por fios, a
transmissão por rádio é realizada sem fios e a luz é utilizada com a fibra
óptica. (COMER, 2016, p. 102)

Esses termos são utilizados para diferenciar as mídias físicas e as mídias


de transmissão via rádio. A seguir são apresentadas as definições
de algumas dessas mídias, começando pelo meio físico, que é o
cabeamento.

1.1 Cabeamento estruturado

A transmissão de dados foi o maior objetivo da criação da internet, já


que, naquela época, essa tecnologia, assim como a do computador,
estava em desenvolvimento. Foi por meio desse primeiro passo que
o investimento na área se tornou um forte aliado a diversos setores,
que vão desde interesses educacionais até interesses estratégicos e
corporativos.

O cabeamento e os demais meios de transmissão são necessários


porque os sistemas receptores e transmissores precisam ser
conectados, não só por esses meios, mas também por todos os demais
elementos que compõem a infraestrutura da rede, como protocolos,
aplicações, entre outros. Esses meios se diferenciam quanto aos seus
canais, à velocidade suportada, à taxa de erros, ao suporte a conexões
(podendo ser ponto a ponto ou multiponto), à confiabilidade, à
disponibilidade, à limitação geográfica e a alguns outros aspectos.

Esses sistemas recebem também a nomeação de cliente-servidor, em


que cliente é uma aplicação que funciona em um sistema final (algum
dispositivo do usuário) e que faz solicitações para receber de um sistema
servidor os seus serviços. Um exemplo é quando o serviço de e-mail
é utilizado; ele é disponibilizado por um servidor, que pertencente
às empresas que disponibilizam o serviço, como Google e Yahoo.

23
Então, para proporcionar o envio e a entrega da mensagem via e-mail,
internamente a infraestrutura da rede se conecta.

Devido à grande variação estrutural que foi sendo definida aos


cabeamentos, foram criadas algumas normas para padronizá-los,
entre as quais é possível citar a EIA/TIA 568 (ANSI, 2009), criada em
1994. Desde então, ela passou por diversas atualizações. No Brasil, o
cabeamento também recebeu definições para sua padronização por
meio das normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)
14565:2000 (ABNT, 2000) (Cabeamento estruturado para edifícios
comerciais e data centers), que também foi sendo atualizada ao longo
dos anos, tendo sido sua última atualização em 2019, com base na ISO/
IEC 11801 (ISSO, 2019).

Par de fios de cobre trançado (cabo de par trançado)

O meio de transmissão via cabo não é algo tão recente; além disso,
possui diversas finalidades que não estão ligadas diretamente apenas
à conexão com a internet, sendo também muito utilizado para
transmissão de canais televisivos. Antigamente, a estrutura de um
cabo era simples, limitando-se apenas a cabos de pares trançados,
sem blindagem, conhecidos como UTP (Unshielded Twisted Pair), mas,
normalmente, esses pares são conjugados dentro de um cabo, para
que seja possível fazer o isolamento e proporcionar certa blindagem e
proteção.

São muito utilizados em redes de computadores de edifícios, em redes


locais (LANs), que possuem uma taxa de transmissão de 10 Mbps a 1
Gbps, já que são consideradas como redes locais aquelas que abrangem
de 10 m a 10 km. A Figura 2 apresenta um exemplo desse cabo, que
inclusive é utilizado para conexões Ethernet.

24
Figura 2 – Fio utilizado para Ethernet

Fonte: iStock–Bet_Noire/iStock.com.

Os cabos são traçados de dois em dois com o objetivo de proporcionar


uma blindagem, a qual reduz ruídos e evita a chamado “ligação
cruzada” (ou diafonia, conhecida também por crosstalk). Eles podem ser
classificados de acordo com:

• Blindagem

A blindagem ocorre porque o campo magnético é anulado, devido à


disposição em que os fios são trançados. De acordo com Loureiro et
al. (2014, p. 89), “o formato é X/YYY, em que X identifica a blindagem
do cabo em relação ao conjunto de seus pares e YYY representa a
blindagem dos pares isoladamente”. A blindagem do cabo pode ser: U
– Unshielded (sem blindagem); F – Foil (quando a blindagem é realizada
com a fita plástica aluminizada); e S – Screened (quando a blindagem é
realizada com a malha de fios metálicos composta por alumínio, cobre e
outros materiais).

• Categoria

As categorias do cabo de par trançado foram definidas pelo American


National Standards Institute (ANSI), pela Telecommunications Industry
Association (TIA) e pela Electronic Industries Alliance (EIA), mas as
considerações quanto a isso podem variar. Por exemplo, de acordo com
Marin (2014):

25
as normas brasileiras reconhecem categorias de desempenho e classes
de aplicação. As normas americanas reconhecem apenas categorias de
desempenho. As normas ISO (internacionais) reconhecem classes de
aplicações e categorias de desempenho. As normas CENELEC (europeias)
reconhecem apenas classes de aplicações. (MARIN, 2014, p. 12)

No Quadro 1, é possível observar as categorias do cabo e suas


respectivas especificações.

Quadro 1–Quadro com as categorias de desempenho especificadas


para sistemas de cabeamento estruturado

Tipos de cabos Largura de


Categoria/classe Normas aplicáveis
reconhecidos banda

Categoria 3/ Classe C TIA/EIA, ISO/IEC, NBR, CENELEC U/UTP E F/UTP 16 MHz

Categoria 5e/ Classe D TIA/EIA, ISO/IEC, CENELEC U/UTP E F/UTP 100 MHz

Categoria 6/ Classe E TIA/EIA, ISO/IEC, NBR, CENELEC U/UTP E F/UTP 250 MHz

Categoria 6A/ Classe E a TIA/EIA, ISO/IEC U/UTP E F/UTP 500 MHz

Categoria 7/ Classe F ISO/IEC, NBR S/UTP E F/UTP 600 MHz

Categoria 7A/ Classe F a ISO/IEC S/UTP E F/UTP 1 GHz

Fonte: adaptado de Marin (2014, p.12).

Além das categorias listadas no Quadro 1, existe também a categoria 8,


descrita por Moraes (2020) da seguinte forme:

cabo que pode ser utilizado para Gigabit Ethernet a 25 Gbps e 40 Gbps.
Trabalha com frequências de até 2.000 MHz. Assim como o cabo categoria
7, o cabo categoria 8 também é blindado para evitar crosstalk, mas, por
conta da alta frequência, permite enlaces de até 30 metros. Devido às
inovações e às capacidades desse cabo, ele também apresenta o maior
custo. (MORAES, 2020, p. 32)

26
• Cabo coaxial

Este tipo de cabo é formado por um fio de cobre revestido por uma
proteção plástica que funciona como um isolador de eletricidade. Em
volta dessa estrutura, existe uma camada de malha composta por cobre
ou luva de alumínio, para blindagem. Por fim, existe uma capa física
utilizada para a proteção mecânica do cabo, como mostra a Figura 3.

Figura 3 – Estrutura de um cabo coaxial

Fonte: iStock – ra3rn\iStock.com.

• Fibra óptica

Este tipo de cabo se diferencia dos demais por transportar sinais


luminosos, os fótons, ao contrário dos demais tipos, que transportam
elétrons. De acordo com Moraes (2020).

As fibras ópticas são compostas por fios muito finos de sílica, vidro ou
plástico, revestidos por uma casca de material com o índice de refração da
luz diferente do miolo da fibra. As fibras utilizam o conceito da reflexão da
luz, ou seja, o raio luminoso é refletido na casca da fibra e fica confinado
em seu núcleo. (MORAES, 2020, p. 33)

A Figura 4 mostra a estrutura de um cabo de fibra ótica, que, apesar de


fazer uso do cabeamento para transmissão de sinal, também pode ser
vista como uma mídia de transmissão por luz.

27
Figura 4 – Estrutura de um cabo de fibra ótica

Fonte: iStock – vinap/iStock.com.

Esse tipo de cabo ainda pode ter duas classificações, as quais se


diferenciam devido ao diâmetro de seu núcleo: fibras multimodo e
monomodo. No Quadro 2, são apresentadas algumas características de
cada uma.

Quadro 2 – Características das fibras multímodo e monomodo

Monomodo Multímodo

Alcance de até 100 km. Alcance do sinal de até 2 km.

Velocidade máxima de transmissão de


Velocidade máxima de 100 Gbps.
1.2 Gbps.

Usa o laser de alta capacidade como fonte Usa led como fonte de luz, o que sig-
de luz uniforme e pontual. nifica dispositivos mais baratos nas
pontas.

A conectorização é um processo mais com-


plexo, necessitando de microscópio. Na
maioria dos casos, para não aumentar muito A conectorização é mais simples nas
a atenuação na emenda, é utilizada a fusão pontas.
em vez da conectorização.

28
Atenuação de 0,25 db/km a 0,45 db/km. Atenuação de 1 db/km a 6 db/km.

Banda 10 a 100 ghz. Banda passante de 20 mhz a 1.2 ghz.

Fonte: adaptado de Moraes (2020, p. 33).

2. Conexões sem fio

Assim como o cabeamento, existe a padronização das redes sem fio.


As redes se diferenciam conforme a sua capacidade de transmissão, e,
por isso, mesmo nos dias de hoje, existem as redes cabeadas, quando
às vezes pode parecer mais moderno utilizar apenas redes sem fio
(wireless). Elas são utilizadas quando outras formas de transmissão
são inapropriadas, seja pela necessidade do usuário, seja pela questão
estrutural para utilizar o cabeamento.

Nesse cenário, é importante verificar vários outros pontos para que


se tenha uma boa conexão. Isso porque a escolha do tipo de rede e
consequentemente do tipo de infraestrutura que deverá ser instalada
no local desejado dependerá da necessidade do cliente ou usuário e
de sua infraestrutura local, como quantidade de paredes, existência de
equipamentos eletrônicos no local, entre outros aspectos importantes.

É preciso ter em vista que o investimento a ser realizado também irá


depender dos pontos mencionados anteriormente. O cliente deve
compreender que o retorno nem sempre é imediato; porém, investir
em uma boa infraestrutura de rede compensa. Até mesmo porque,
atualmente, a grande maioria dos processos faz uso da rede de conexão
da internet para operar em sua totalidade.

29
A seguir serão apresentados alguns tipos de conexões que podem ser
realizadas sem fio.

2.1 Radiofrequência

Por possuir uma infraestrutura diferente, a radiofrequência pode sofrer


algumas interferências. Se a pessoa utiliza o modem em um cômodo
da casa e não consegue sinal ao tentar acessar de um cômodo mais
distante, ou até mesmo da parte externa da casa, é por causa das
interferências. Elas podem ser causadas por alguns fatores que afetam
a propagação dos sinais das redes, entre quais o tipo de construção e a
existência de alguns materiais que contribuem para problemas com a
propagação do sinal.

Além disso, elencamos outras situações em que o sinal da rede pode


ser prejudicado, como a frequência (quanto maior a frequência, maior é
o consumo de energia, sendo o alcance, consequentemente, reduzido);
a potência de transmissão (quanto maior a potência, maior será o
consumo de bateria); e a transmissão de televisão, caso as antenas
estejam com o posicionamento inadequado, pode haver problema na
propagação de sinais.

De acordo com Moraes (2020), as redes que utilizam rádio podem ser de
duas topologias:

• Ponto a ponto: nessa topologia, existe um enlace de rádio ponto a ponto


entre dois locais. Para esses enlaces, é necessário visada das antenas.

• Ponto multiponto: nessa topologia, a partir de um ponto, é possível


transmitir as ondas de rádio para múltiplos pontos. (MORAES, 2020, p. 37)

30
2.1.1 Wi-Fi (Wireless Fidelity)

A implementação de qualquer tipo de rede irá depender da demanda.


Dessa forma, alguns pontos principais são primordiais para garantir
que a escolha do é coerente com as necessidades do cliente. Um desses
aspectos é a viabilidade, devendo ser avaliado o tipo de estrutura do
prédio. Outro ponto que deve ser levado em consideração é o retorno
do investimento.

Diante de várias tentativas na criação desse tipo de rede, o Instituto de


Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (Institute of Electrical and Electronic
Engineers – IEEE) decidiu definir padrões, com o objetivo de amenizar a
interoperabilidade, ou seja, os ruídos presentes nas redes existentes
até então. A padronização tem como objetivo tornar a comunicação
transparente entre os dispositivos.

O conjunto de normas e padrões de transmissão em redes sem fio foi


definido pelo Padrão 802.11 e suas variações:

• 802.11 – Padrão utilizado para redes sem fios locais.

• 802.15 – Padrão utilizado para redes de área pessoal.

• 802.16 – Padrão utilizado para redes metropolitanas.

Para prover seu sinal, esse tipo de rede possui um ponto de acesso,
o qual faz a ligação entre as diversas estações de rede sem fio.
Geralmente, ele possui uma infraestrutura física, ou seja, uma rede
cabeada. O Quadro 3 traz as características dos padrões de transmissão
e redes sem fio.

31
Quadro 3 – Principais características dos padrões de WLAN

802.11 a 802.11b 802.11g 802.11n

Velocidade
54Mbps 11Mbps 54Mbps 150-600Mbps
máxima

Banda ISM 5GHz 5GHz 5GHz 2,4 ou 5GHz

Mundo – 13 (w,4GHz
Mundo –13 -20MHz)

Quantidade de ca- Estados Uni- Mundo – 13 Estados Unidos – 11 (2,4


23 -20MHz)
nais dos – 11 EUA – 11
Japão – 14 24 (5GHz -20MHZ)
12 (5GHz–40MHz)

Canais que não se


- 1, 6, 11, 14 1, 6, 11 1,6,11(2,4GHz -20MHz)
sobrepõem

Sinalização OFDM HR-DSS OFDM MIMO-OFDM

Fonte: adaptado de Loureiro et al. (2014, p. 39).

2.1.2 Micro-ondas por satélite

O satélite desempenha uma função dupla na transmissão de sinais de


uma rede, na qual, ao mesmo tempo que está apto a receber o sinal
em determina frequência, tem a capacidade de fazer a reemissão desse
sinal recebido em outra frequência.

As micro-ondas podem ser transmitidas por satélites de órbitas, como o


MEO (Medium-Earth Orbit – até 5.000 km) e LEO (Low-Earth Orbit – entre
15.000 e 20.000 km). Existe também o satélite geoestacionário, que fica
posicionado de forma fixa em relação à Terra, em altitudes acima de
35.000 km. Esse tipo de transmissores fica posicionado a quilômetros

32
de distância, e, dessa forma, acaba causando um atraso na transmissão.
Além disso, a criptografia se torna primordial para esse tipo de
transmissão (LOUREIRO et al., 2014).

2.2 Infravermelho (IR, InfraRed)

Esta tecnologia não possui requerimentos regulamentados por órgãos


ou instituição dos países, o que agrega uma vantagem, tendo em vista
que não são necessárias licenças para seu uso. Conforme Comer (2016,
p. 109), “uma forma de radiação eletromagnética que se comporta como
a luz visível, mas está fora do intervalo que é visível pelo olho humano.
Como a luz visível, a luz infravermelha se dispersa rapidamente.” Essa
irradiação é classificada como não ionizante, não trazendo malefícios ao
ser humano. É muito utilizada para aplicações mais simples, como em
controles remotos, portões elétricos e celulares.

2.3 Laser

Sob o ponto de vista de Comer (2016),

A tecnologia a laser pode ser utilizada para criar um sistema de


comunicação ponto-a-ponto. Como um laser emite um feixe estreito de luz,
o transmissor e o receptor devem ser alinhados com precisão; instalações
típicas fixam o equipamento a uma estrutura permanente, tal como o
telhado de um edifício. (COMER, 2016, p. 110)

Além disso, é uma mídia de transmissão utilizada para distâncias de 200


metros a 500 metros.

Referências Bibliográficas
ANSI. American National Standards Institute. ANSI/TIA-568: generic
telecommunications cabling for customer premises. Arlington: ANSI/TIA, 2009.

33
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 14565: cabeamento de
telecomunicações para edifícios comerciais. Rio de Janeiro: ABNT, 2000.
COMER, Douglas E. Redes de computadores e internet. 6. ed. Porto Alegre:
Bookman, 2016.
ISO. International Organization for Standardization. ISO/IEC 11801: Tecnologia da
informação–Sistemas de cabeamento genérico para instalações do cliente. 2019.
Disponível em: https://www.abntcatalogo.com.br/norma.aspx?ID=382888. Acesso
em: 3 nov. 2020.
LOUREIRO, César A. H. et al. Redes de computadores III: Níveis de Enlace e Físico.
Porto Alegre: Bookman Companhia, 2014.
MARIN, Paulo S. Cabeamento Estruturado. São Paulo: Érica, 2014.
MORAES, Alexandre Fernandes. Redes de computadores: fundamentos. 8. ed. São
Paulo: Érica, 2020.

34
Arquiteturas e protocolo
Autoria: Izabelly Soares de Morais
Leitura crítica: Gustavo de Lins e Horta

Objetivos
• Compreender a arquitetura de redes.

• Conhecer os protocolos e suas particularidades.

• Diferenciar os protocolos e os itens de uma


arquitetura de redes.

35
1. Arquitetura de redes

Uma rede proporciona conexão, e, independentemente do que faça


parte dessa conexão, existe uma ligação entre elementos diferentes.
Quando se fala em rede de internet, estamos nos referindo a
componentes que podem seguir perspectivas diferentes, e uma delas
são os componentes de hardware e software, como hosts, servidores,
roteadores, comutador da camada de enlace (switch), modens, estações
de transmissão, computadores, smarthphones, entre outros. Além
disso, esses itens também compõem certa infraestrutura, que se torna
responsável pela conexão de internet.

Ainda dentro do contexto que envolve a composição de uma rede


de internet, é possível mencionar que, quando essa tecnologia
surgiu, o foco principal era apenas o de prover a comunicação entre
computadores, que na época eram os tradicionais desktops. Porém,
atualmente, outros dispositivos estão fazendo parte dessa rede, os
chamados sistemas finais ou hospedeiros, os quais são conectados
entre si pelos chamados enlaces, ou links de comunicação, que podem
ser exemplificados por cabos (coaxial, fios de cobre, fibras óticas,
radiofrequência, entre outros), também fazendo parte desse contexto os
comutadores (switches).

1.1 Arquitetura de redes

A arquitetura de um prédio é formada pela organização de seus espaços


sob o ponto de vista físico, e não apenas visual. Ela envolve projeto,
planejamento e análise de toda a estrutura.

Na arquitetura de uma rede de computadores, não é diferente. A


forma como os sistemas finais se comunicam e a escolha dos recursos
utilizados fazem parte da arquitetura de redes, que é responsável

36
por fazer a ponte entre a camada lógica (software) e a camada física
(hardware) de todos os elementos.

Dada a variedade de componentes que compõem uma rede de internet,


faz-se necessária a presença de uma arquitetura de rede em que serão
definidas todas as transações necessárias para que a comunicação
entre sistemas finais, comutadores (switches), mídias em nível de enlace,
pacotes e protocolos seja realizada de forma correta. Seu projeto deverá
ser conforme as necessidades dos usuários.

Fazendo uma observação da evolução dos tipos de redes, podemos


destacar algumas como: LAN (Local Area Network), utilizada em redes
locais; WAN (Wide Area Network), estrutura para redes de longa distância,
como em países diferentes; MAN (Metropolitan Area Network), para
redes utilizadas em regiões metropolitanas; e PANs (Personal Area
Networks), que são utilizadas para as Redes Pessoais, as quais possuem
um menor alcance de transmissão, como o uso do mouse ou teclado
via bluetooth. Além destas, existem algumas outras. Também é notório
que a existência de uma não elimina as funcionalidades da outra, já que
atendem a necessidades diferentes.

Uma rede é extremamente complexa, como já mencionado, uma vez


que é composta por componentes de hardware e software, com o mais
variado tipo de funcionalidade. Dessa forma, para organizá-la da melhor
maneira possível, foi desenvolvida uma pilha de camadas, ou seja, elas
separam em níveis algumas particularidades existentes na rede. Essa
divisão tem o sentido de setorização, em que um nível, ou uma camada,
fornece serviços para sua camada superior a partir de uma comunicação
que ocorre por meio dos protocolos, que podem se enquadrar em
algumas terminologias, como protocolo de comunicação e protocolo de
rede.

Para Kurose et al. (2013), a composição da arquitetura em camadas,

37
[...]provê modularidade, tornando muito mais fácil modificar a execução
do serviço prestado pela camada. Contato que a camada forneça o mesmo
serviço para a que está acima e uso os mesmos serviços da que vem
abaixo dela, o restante do sistema permanece inalterado quando a sua
realização é modificada. (KUROSE et al., 2013, p. 36)

Para compreender melhor, a Figura 1 expressa como a comunicação


entre as camadas pode ocorrer. Essa comunicação entre as mesmas
camadas, mas em sistemas finais diferentes, é chamada de comunicação
em pares (peers).

Figura 1 – Camadas, protocolos e interfaces

Fonte: adaptada de Tanembaum et al. (2011, p. 18)

A modularidade das camadas permite que cada uma tenha suas


particularidades. Dessa forma, possuem recursos específicos para

38
operar, sejam eles de hardware ou software, como os protocolos, que
são responsáveis pela comunicação entre elas. Na Figura 1, é possível
perceber que cada camada se comunica com uma camada igual, ou
seja, do mesmo tipo, mas de hospedeiros diferentes, ou seja, o host 1 é
diferente do host 2. A identificação de máquinas, sejam elas receptoras
ou transmissoras, ocorre devido ao endereçamento. As informações que
são transmitidas entre as redes compõem blocos, que podem possuir
diversas denominações, como pacotes ou datagramas, registros, frame,
entre outros.

Como um protocolo estabelece um padrão, por exemplo, quando um


protocolo de atendimento é estabelecido em um local, quer dizer que
aquele atendimento deverá ser realizado sempre da mesma maneira.
Na conectividade de uma rede, acontece o mesmo, o protocolo define
regras que são empregadas nos pacotes ou nas mensagens trocados
entre os receptores e os transmissores, por meio das camadas. A seguir
veremos o que compõe cada camada.

Primeiro é bom observar como essa arquitetura está organizada, sendo


possível notar que é composta por cinco camadas, como mostra a Figura
2. Ela é chamada de pilha de protocolos TCP/IP: o TCP (Transmission
Control Protocol), que é o protocolo de controle de transmissão, e o
IP (Internet Protocol). Devemos levar em consideração que a primeira
camada é a camada Física, e a camada de aplicação é a quinta camada.

39
Figura 2 – Pilha de protocolos da internet com cinco camadas

Fonte: elaborada pela autora.

Compreender o conceito de aplicação atualmente não é difícil, pois estão


presentes em quase todas as atividades cotidianas. Portanto, a camada
de aplicação foi criada para lidar com o mais variado tipo de aplicação.
Ela é responsável por possibilitar a comunicação entre aplicações
diferentes, criando uma interface que fará a ligação entre o protocolo de
comunicação e os dispositivos em rede.

Quando um desenvolvedor cria uma aplicação, ele deve definir uma


arquitetura que permita o seu uso em diversos tipos de sistemas finais.
As mais comuns são a arquitetura cliente-servidor (como as aplicações
Web, e-mail, entre outras) e a arquitetura peer to peer (ponto a ponto,
que também pode receber a abreviação P2P, tendo como exemplos
BitTorrent, Skype, entre outros). Além disso, deve definir também quais
protocolos de transporte irão atender às demandas da aplicação. Esses
protocolos podem ser analisados conforme suas dimensões:

• Transferência confiável de dados: os dados são disponibilizados


por meio de um socket, que é uma interface entre a camada
de aplicação e de transporte, sendo normalmente conhecido
como API (Application Programming Interface, ou interface de
programação da aplicação). Um exemplo de uma falha na
transferência de dados é quando os vídeos ou áudios não chegam
completos em seus sistemas finais.

40
• Vazão: é a taxa de bits estabelecida para que um sistema receptor
receba as informações ou os arquivos durante a transmissão.

• Temporização: é o prazo estabelecido para que a transmissão


de sinal seja realizada. Em sistemas de tempo real, atrasos são
inaceitáveis.

• Segurança: pode assumir diversas perspectivas, como a


integridade e a autenticação dos dados do ponto terminal e o sigilo
dos dados.

A camada inferior proporciona serviços para sua camada superior, e,


dessa forma, outros serviços são prestados pela camada de transporte,
mas que são utilizados pela camada de aplicação. A camada de
transporte viabiliza serviços de ligação entre diversos processos de
aplicação, que são executados em sistemas finais, ou seja, hospedeiros
diferentes.

O endereçamento de processos ocorre por meio das informações dos


sistemas receptores e transmissores, como nome ou endereço da
máquina. Essa camada, juntamente com a camada de aplicação, utiliza
seus protocolos para prover o endereçamento de processos. Uma
analogia que pode ser realizada é quando enviamos uma carta e nela
inserimos destinatário e endereço (rua, bairro, CEP); o mesmo ocorre
na transmissão dos dados, pois são necessárias as informações do
destinatário.

A comunicação fornecida pela camada de transporte é lógica, ou seja, ela


proporciona a conexão entre hospedeiros, que podem estar localizados
próximos, tendo uma perspectiva geográfica, mas também que estejam
em distâncias consideráveis, como em continentes diferentes. Ou seja,
por meio dessa comunicação lógica, os protocolos proporcionam a
conexão entre roteadores em todo o percurso, entre o sistema receptor
e transmissor do sinal, utilizando, assim, uma variedade de tipos de

41
enlace. Esses protocolos são implementados em sistemas finais, e não
nos roteadores.

Para Kurose et al. (2013, p. 140),

a tarefa de entregar os dados contidos em um segmento da camada de


transporte ao socket correto é denominada demultiplexação. O trabalho
de reunir, no hospedeiro de origem, partes de dados provenientes de
diferentes sockets, encapsular cada parte de dados com informações
de cabeçalho (que mais tarde serão usadas na demultiplexação) para
criar segmentos, e passar esses segmentos para a camada de rede é
denominada multiplexação. (KUROSE et al., 2013, p. 140)

A camada de rede, que pode ser chamada também de camada de


internet, é responsável por proporcionar a comunicação entre os
hospedeiros. Ela deve garantir que os pacotes trafeguem entre uma
rede e outra, o que ocorre por meio da identificação de cada rede, ou
seja, de cada hospedeiro. O ser humano possui algumas documentações
que são únicas e são utilizadas para identificá-lo diante dos demais; e o
mesmo ocorre com as redes, elas possuem endereços.

É nessa camada que o repasse e o roteamento podem acontecer.


O primeiro refere-se à capacidade de transferir um pacote entre
sua interface de chegada e de saída; enquanto o segundo faz
referência a uma perspectiva geral, em que o roteamento apenas
define o caminho a ser percorrido pelo pacote, e não como ele será
conduzido ao sistema receptor. Portanto, algumas de suas funções
são realizar o endereçamento e o roteamento e garantir qualidade
do serviço de transporte dos dados, fazendo também o controle de
congestionamento.

Ainda sob essa perspectiva, a camada de rede possui alguns serviços


específicos, como limitar o tempo de atraso de alguma entrega, ordenar
os pacotes para garantir a sua entrega na ordem correta, disponibilizar
uma largura mínima de banda, entre outros. Possui também o

42
datagrama, que é um pacote de camada de rede, que possibilita o
roteamento independente dos pacotes, os quais possuem informações
de endereçamento adequados para seu transporte entre um
hospedeiro e outro. Isso ocorre porque o pacote recebe uma marcação,
caracterizando esse tipo de serviço como não orientado para conexão.

Outro serviço prestado pela camada de rede é a de circuito virtual.


Nesse caso, os pacotes atuantes dentro do circuito são dependentes; já
este é caracterizado por possuir uma conexão orientada.

A camada de enlace é responsável pela comunicação em conexões


físicas e controle de acesso ao meio, além de ser responsável pela
detecção e pelo tratamento de erros. O enlace é a conexão entre os
canais de comunicação entre os nós. Os protocolos dessa camada
podem oferecer alguns serviços, como enquadramento de dados; acesso
ao enlace (por meio da especificação das regras fornecidas pelo MAC –
medium access control protocol, ou protocolo de controle de acesso ao
meio); entrega confiável; controle de fluxo; detecção e correção de erros;
transmissões half-duplex (quando um nó não executa a ação de enviar
e receber um pacote ao mesmo tempo); e full-duplex (quando os nós de
diferentes enlaces enviam e recebem pacotes ao mesmo tempo).

Já a camada física é responsável por estabelecer meios de transmissão


para que o sinal de rede seja disponibilizado. Além disso, ela o associa
aos hardwares que devem ser utilizados nessa comunicação. De
acordo com Moraes (2020), dentro dessas definições, também são
contemplados

cabeamento, os sinais elétricos e luminosos a serem trocados no meio,


as pinagens e os conectores da rede. Ela também é responsável pela
modulação dos bits zeros e uns em sinais elétricos ou ópticos para
serem transportados pelo meio físico. A camada física determina, ainda,
características mecânicas das placas de rede e dos dispositivos. Exemplos
do que é padronizado pela camada física: cabo UTP categoria 5; fibra
óptica; hubs. (MORAES, 2020, p. 59)

43
Um exemplo que pode ser mencionado sobre essa camada é a Ethernet,
que possui muitos protocolos de camada física, já que utiliza diferentes
meios de transmissão de sinais e, consequentemente, precisa ter uma
comunicação para cada tipo. O que acontece é que os protocolos
utilizados nessa camada são dependentes de outras decisões, que serão
tomadas na camada de enlace, que também abrange a Ethernet.

A Open Systems Interconnection Reference Model (RM-OSI) criou um


modelo de arquitetura de redes, o chamado Modelo de Referência ISO,
que foi criado com o intuito de ser referência aos projetos de protocolos
de rede. A necessidade da criação desse modelo de referência foi a
adição de duas camadas, como mostra a Figura 3.

Figura 3 – Modelo de referência ISO OSI de sete camadas

Fonte: adaptada de Tanembaum et al. (2011, p. 26).

44
A diferença entre as arquiteturas é que nesta foram adicionadas duas
novas camadas. Dessa forma, a nova ordem das camadas ficou: a
camada física sendo a primeira camada e, posteriormente, a camada
de enlace de dados, de rede, de transporte, de sessão, de apresentação
e, por fim, como sétima camada, a de aplicação. Sob uma perspectiva
mais ampla, esse modelo acrescentou as novas camadas na camada de
aplicação; assim, é como se a de apresentação e a de sessão fizessem
parte da camada de aplicação. Porém, podem ser vistas também de
forma individual, já que possuem suas particularidades.

• Camada de apresentação: Conforme Sousa (2013), essa camada

faz a conversão de diferentes códigos ou formatos de dados, como o ASCII1


e o EBCDIC2, serviços de criptografia, MPEG3, MIDI4, JPEG5 e outros tipos
de conversões, codificações e decodificações de dados da aplicação.[...] o
objetivo dessa camada é estruturar os dados de forma legível ao receptor,
caso os dados estejam em um formato diferente do receptor. (SOUSA,
2013, p. 84)

• Camada de sessão: é responsável por criar formas de verificação


e recuperação dos dados, caso seja necessário. Além disso,
delimita e sincroniza a troca de dados, possibilitando que a
transmissão seja interrompida e retomada e tendo como base
os pontos de sincronização que foram definidos. Ela camada
estabelece conexões com outros usuários e retorna relatório de
exceções, caso ocorra algo inesperado.

1
ASCII (American Standard Code for Information Interchange).
2
EBCDIC(Extended Binary Coded Decimal Interchange Code).
3
MPEG (Moving Picture Expert Group).
4
MIDI (Musical Instrument Digital Interface).
5
JPEG (Joint Photographic Experts Group).

45
2. Protocolos

A comunicação está presente na história da humanidade desde seus


primórdios; portanto, o homem vem evoluindo os meios de tornar
essa ação possível, seja utilizando recursos, hoje, computacionais ou
por meio de dialetos ou idiomas diferentes. O importante nesse fluxo
é que todos consigam compreender a mensagem dos diálogos. Com a
rede de internet ocorre o mesmo; portanto, cada camada possui seus
protocolos, os quais são responsáveis por proporcionar a comunicação
entre camadas, que estão presentes em sistemas finais diversos.

Os principais protocolos de cada camada são:

• Camada de aplicação: os protocolos que fazem parte da camada


de aplicação são o FTP (File Transfer Protocol); o HTTP (Hypertext
Transfer Protocol), que é responsável pela transferência de mídias,
já que “determina a sequência e o formato das mensagens que são
passadas entre o browser e o servidor Web” (KUROSE et al., 2013,
p. 71); e o SMTP (Simple Mail Transfer Protocol ).

• Camada de Apresentação: por ser responsável pela formatação


das informações, um exemplo que pode ser mencionado é a
transformação de um texto de EBCDIC para ASCII.

• Camada de Sessão: o protocolo utilizado entre as sessões é


dividido em unidades de dados chamadas UDPS (Unidade de
Dados do Protocolo de Sessão).

• Camada de Transporte: os protocolos atuantes nesta camada


são o UDP (User Datagram Protocol) e o TCP (Transmission Control
Protocol). A diferença ocorre porque o TCP realiza a checagem
de todos os dados antes de enviá-los, ou seja, provê a segurança
durante a transmissão, evitando ao máximo os erros; já o UDP não
utiliza os bits de controle, ou seja, não consegue garantir que os

46
dados chegarão ao sistema receptor e muito menos que estarão
íntegros ou na ordem correta em que foram enviados.

• Camada de Rede: um dos principais protocolos desta camada


é o IP (Internet Protocol), protocolo da internet. Ele estabelece
uma identificação aos dispositivos, fazendo uma analogia, e é
semelhante ao Cadastro de Pessoa Física (CPF), que é um número
de identificação único para cada pessoa.

Figura 4 – Contemplando o interior da camada de rede da internet

Fonte: adaptada de Kurose et al. (2013, p. 245).

A Figura 4 contempla informações importantes sobre a camada de


rede, sendo possível observar quais protocolos fazem parte da camada
e suas respectivas funcionalidades. Dessa forma, o protocolo IP é
responsável pela convenção de endereçamento, formato de datagrama
e convenções de manuseio de pacotes. Essas responsabilidades
fazem com que este seja um protocolo bastante utilizado por outros
componentes da internet. O ICMP (Internet Control Message Protocol–
Protocolo de Mensagens de Controle de Internet) faz parte do IP e

47
tem a responsabilidade de prover a comunicação de erro e sinalização
de roteador. Existem também os protocolos de roteamento, que são
responsáveis pela seleção de caminho, como o RIP (Routing Information
Protocol – Protocolo de Informação de Roteamento), o OSPF (Open
Shortest Path First – Primeiro o Caminho Mais Curto) e o BGP (Border
Gateway Protocol – Protocolo de Gateway de Fronteira).

O IP possui algumas versões, entre elas o IPv4 e o IPv6, que foi


desenvolvido para sanar algumas necessidades deixadas pelo IPv4. A
Figura 5 descreve as características de cada datagrama do protocolo IP,
em suas versões 4(a) e 6(b).

Figura 5 – Formato do datagrama do IPv4 e IPv6

48
Fonte: adaptada de Kurose et al. (2013, p. 246-264).

Conforme apresentado na Figura 5, é possível notar que houve uma


evolução no protocolo. Além disso, cada datagrama contém uma
série de campos, importantes para a identificação do pacote, tais
como: número da versão, comprimento do cabeçalho, tipo de serviço,
comprimento do datagrama, identificador, tempo de vida, protocolo,
entre outros. É notória a diferença entre o formato de cada uma das
versões do IP.

Na década de 1980 foi criada a Versão 4 do Protocolo de Internet, o


IPv4. Para a época, o limite dado por essa versão era suficiente, quando
estimava-se que seria acima de 4 bilhões de endereços. Porém, com
o passar do tempo, a demanda aumentou substancialmente, e, para
atendê-la, foi criado um novo protocolo, com capacidade expandida
de 32 bits, do IPv4, para 128 bits, do IPv6. Além disso, outras melhorias
foram adicionadas no novo protocolo, as quais podem ser visualizados
na Figura 5.

49
• Camada de enlace: os principais protocolos dessa camada são
Ethernet (IEEE802.2.), IEEE802.11 (Rede sem fio – Wi-Fi) e PPP
(protocolo ponto a ponto, ou em inglês point-to-point protocol).

• Camada física: os protocolos desta camada atuam nos meios


de transmissão dos dados, sendo utilizados modens e conexões
Ethernet. Dessa forma, são dependentes dos protocolos da
camada de enlace. Também podem ser mencionados outros meios
físicos, como cabo de par de fio trançado, cabo coaxial, fibra, entre
outros.

Alguns dos protocolos fornecem serviços fundamentais para as demais


camadas Dessa forma, apesar de cada um possuir suas funções, é
possível observar que, para prover os serviços das camadas, o trabalho
é realizado em conjunto, já que a arquitetura de uma rede acaba
envolvendo os componentes de hardware e software.

Referências Bibliográficas
KUROSE, James F.; ROSS, Keith W. Redes de computadores e a internet: uma
abordagem top-down. 6. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2013.
MORAES, Alexandre Fernandes. Redes de computadores: fundamentos. 8. ed. São
Paulo: Érica, 2020.
SOUSA, Lindeberg Barros. Projetos e implementação de redes: fundamentos,
soluções, arquiteturas e planejamento. 3. ed. São Paulo: Érica, 2013.
TANEMBAUM, Andrew S.; WETHERALL, David. Redes de computadores. 5. ed. São
Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011.

50
Switching e roteamento
Autoria: Izabelly Soares de Morais
Leitura crítica: Gustavo de Lins e Horta

Objetivos
• Descrever os conceitos e a aplicação da comutação
(switching).

• Descrever os conceitos e a aplicação do roteamento.

• Diferenciar a aplicação da comutação (switching) e do


roteamento.

51
1. Rede de internet

A rede de internet é formada por uma estrutura complexa, que envolve


recursos de hardware e software. Além disso, houve uma evolução
no seu campo de uso e aplicação, que antes era limitado apenas
aos computadores. Com o passar dos anos, cada aplicação passou a
demandar uma arquitetura e recursos específicos, fazendo com que a
rede também evoluísse.

Uma conexão ocorre entre dois ou mais dispositivos, os quais, no


contexto da internet, podem ser chamados de hospedeiros, sistemas
finais, hosts ou até sistema receptor e transmissor. O importante é
compreender que haverá a transmissão do sinal e que ela pode ser
vista por diversas perspectivas diferentes. Em uma delas, os sistemas
transmissores e os sistemas receptores são conectados pelo chamado
enlace, ou seja, por link, e por comutadores, responsáveis por contribuir
com o processo de transmissão que ocorre na rede.

Olhando sob um ponto de vista macro de uma rede de computadores,


existem elementos que atuam em sua borda, fazendo a ponte entre os
recursos da rede e o ambiente externo, como aplicações e hospedeiros.
Em seu núcleo, é possível destacar roteadores e os meios de
transmissão, ou redes de acesso, como enlaces de comunicação (cabo
coaxial, fios de cobre, fibras, entre outros).

O envio de dados em uma rede de internet é inicializado por meio


de um sistema final, ou host, que, ao realizar essa ação, deve inserir
informações necessárias para que os elementos da rede sejam capazes
de identificar o sistema receptor dos dados. Por esse motivo, há um
endereçamento que ocorre por meio da inserção de bytes de cabeçalho
em cada parte dos dados. Dessa forma, os pacotes com os dados podem
seguir viagem até o sistema final que irá recebê-los.

52
Ainda sobre a arquitetura de uma rede, é possível mencionar a TCP/IP e
a arquitetura do Modelo de referência ISO/OSI, as quais se diferenciam
devido ao modelo de referência ter amplificado a camada de aplicação,
adicionando mais duas camadas, o que totaliza sete camadas. A primeira
camada é a física, posteriormente existem as de enlace de dados, redes,
transporte, sessão, apresentação e aplicação, ocupando o local da
sétima camada. A comunicação ocorre por meio dos protocolos, os quais
são responsáveis por prover serviços às camadas superiores, levando
em consideração a hierarquia entre elas.

Assim como os protocolos, as redes de acesso são de extrema


importância, sendo comumente chamados de enlaces físicos, já que
fazem conexões entre roteadores, modens, comutadores etc. A divisão
em camadas proporciona flexibilidade, tendo em vista que, apesar
de cada uma possuir suas particularidades, suas ações não afetam as
outras. Portanto, é como se as camadas conseguissem adaptar seus
serviços às necessidades de cada demanda, podendo a arquitetura de
uma rede ser moldada conforme sua utilidade.

Dessa forma, a estrutura física de enlace recebe nomenclaturas


conforme seu tipo, podendo ser em barra, quando possui um meio físico
que é utilizado por todos os dispositivos. Por mais simples que pareça,
essa estrutura oferece um ponto que merece atenção. Por exemplo,
caso haja algum rompimento nesse meio físico de transmissão, o que
normalmente é algum tipo de cabeamento, toda a rede se desconectará;
a mesma coisa ocorrerá caso qualquer alteração tenha que ser realizada
na rede.

Já as redes em estrela se diferem de uma rede em barra, pois, em vez


de os dispositivos fazerem parte da mesma rede por meio de uma
única ligação, na rede em estrela todos os dispositivos são conectados
individualmente a um hub. Na realidade, esse equipamento, que era
muito utilizado para permitir que vários sistemas se conectassem
a ele, foi substituído pelos switches, que trazem funcionalidades

53
mais avançadas e conseguem coordenar melhor a comunicação dos
dispositivos, tendo como base as particularidades da camada de enlace.

Por fim, existe a estrutura de rede em anel, que é utilizada em


situações mais particulares. Ela recebe esse nome, pois os sistemas
são conectados em formato de anel, em que cada um recebe o sinal
individualmente e, posteriormente, repassa para o próximo sistema.
Devido a sua estrutura, possui algumas limitações semelhantes à
estrutura em barra, em que, caso ocorra algo em alguns dos sistemas, a
conexão com os demais será afetada.

Essas topologias que podem ser utilizadas para realizar a conexão entre
diversos dispositivos fazem parte da complexidade da rede de internet,
que também é composta por outros elementos. Portanto, nos próximos
tópicos, serão abordados os conceitos sobre comutação, conhecida
também como switching, e roteamento.

1.1 Comutação (switching)

A comutação (switching) compõe a estrutura vista como o núcleo da rede


de internet, que possibilita a transmissão de dados em uma rede. Uma
das funções de um comutador (switch) é fazer o encaminhamento dos
pacotes durante seu fluxo pela rede, ou seja, ele verifica e garante que
o pacote será direcionado à porta adequada, além de ter elação com a
comutação de circuitos.

Os recursos para cada tipo de comutação são diferentes, já que,


durante a comutação de circuitos, a comunicação entre o transmissor
e o receptor ocorre de forma reservada, utilizando buffers e taxas de
transmissão de enlaces. Além disso, em redes de comutação de pacotes,
não há reserva de recursos; dessa forma, não possuem privilégios para
utilizá-los, o que causa possíveis atrasos.

54
1.1.1 Comutação de circuitos

A comutação de circuitos tem como característica principal a


independência entre os sistemas receptores e transmissores de sinais.
Esse tipo de comutação serviu como base para o sistema telefônico mais
tradicional, ou seja, com características que são comuns aos tempos em
que a telefonia foi criada e disseminada. Ela é caracterizada por algumas
propriedades e suas respetivas características, as quais são expostas no
Quadro 1.

Quadro 1 – Propriedades da comutação de circuitos

Característica Descrição

Comunicação ponto a ponto Quando o circuito é formado por mais


de um sistema final, ou seja, possui um
sistema transmissor do sinal e outro
receptor.

Etapas separadas para criação, uso e Diferencia quando as redes possuem


término dos circuitos circuitos permanentes das redes que
possuem o circuito apenas quando
existe a necessidade, ou seja, são
comutadas.

Desempenho equivalente a um Diferencia redes de comutação de


caminho físico isolado circuitos das demais redes existentes.

Fonte: adaptado de Comer (2016, p. 192).

Ainda sob a perspectiva de Comer:

a comutação de circuitos significa que a comunicação entre as duas


partes não pode ser afetada de forma alguma pela comunicação entre
as outras entidades que se comunicam na rede, mesmo que toda a
comunicação seja multiplexada através de um único meio comum. Em

55
particular, a comutação de circuitos deve fornecer a ilusão de um caminho
isolado para cada par de entidades comunicantes. Assim, técnicas como a
multiplexação por divisão de frequências ou a multiplexação síncrona por
divisão de tempo devem ser usadas para multiplexar os circuitos através
de um meio compartilhado. (COMER, 2016, p. 192)

Portanto, esse tipo de comutação estabelece certa conexão entre


os sistemas receptores e transmissores. Além disso, enquanto a
transmissão dos dados ocorre, os recursos ficam alocados, aguardando
a finalização da transmissão. A seguir, serão apresentados conceitos
sobre o outro tipo de comutação, que é a de pacotes, conhecida também
como comutação de sistemas sem conexão.

1.1.2 Comutação por pacotes

Kurose e Ross (2013) fazem uma analogia entre as redes comutadas por
pacotes. Os autores mencionam que é possível fazer um comparativo
com as vias do trânsito de veículos, que possuem cruzamentos,
semáforos e vias de diversos tipos de pavimento, como estradas e
rodovias.

Sob esse ponto de vista inicial, incluem em sua analogia a existência


de uma fábrica que transporta um grande fluxo de cargas para um
depósito em uma localidade geograficamente distante. Essas cargas
são divididas e transportadas por caminhões, que podem ser vistos
como os pacotes utilizados na rede, já que também trafegam de forma
independente por rodovias r estradas, podendo ser comparados aos
enlaces de comunicação, já que fazem a ligação entre o local de saída e o
de chegada. Os cruzamentos, por sua vez, representam os comutadores,
pois são responsáveis por direcionar e indicar a melhor rota para que
os caminhões cheguem ao destino, que é o depósito, podendo também
ser comparado com o sistema final, que na prática, diante do contexto
de uma rede de internet, pode ser visto como o computador pessoal do
usuário.

56
Enquanto a comutação por circuitos foi utilizada na telefonia tradicional,
a comutação de pacotes também tem sua contribuição no ramo, pois
empresas começaram a utilizar seus conceitos para a tecnologia VoIP
(Voz sobre Protocolo de Internet), que utiliza o Protocolo da Internet (IP)
para a conversão de sinais analógicos em digitais e a internet como meio
de transmissão.

Quadro 2 – Propriedades da comutação por pacotes

Característica Descrição

Essa propriedade descreve os


meios de comunicação pertinentes
a esse tipo de comutação, em que
um sistema transmissor pode
Comunicação assíncrona para estabelecer comunicação entre um
receptores arbitrários ou mais sistemas receptores. Essa
comunicação está relacionada tanto
ao fato de transmitir quanto ao de
receber mensagens de um ou vários
transmissores.

O sistema não precisa de uma conexão


pré-estabelecida antes para realizar o
Não é necessário inicialização antes do
envio dos pacotes, dessa forma, fica
início da comunicação
livre para fazê-lo a qualquer momento,
independente do destino.

A multiplexação ocorre entre os


O desempenho varia devido à
pacotes, já que, quando um sistema
multiplexação estatística entre os
transmissor faz a conexão com o canal,
pacotes
o pacote é enviado em sua totalidade.

Fonte: adaptado de Comer (2016, p. 192).

A comutação por pacotes é utilizada em diversos contextos, entre


eles o fator mais presente na caracterização de seu uso é a distância
geográfica. As categorias principais são a Rede local, conhecida também

57
por sua sigla LAN, oriunda do termo em inglês Local Area Nework, que é
utilizada para distâncias consideradas curtas, como em escritórios, sala
e edifícios. Além disso, fazendo um comparativo com as demais redes, é
considerada de baixo custo.

Outro tipo de rede é a MAN, sigla de Metropolitan Area Network, que


em português significa rede de área metropolitana. Ela abrange uma
localização geográfica um pouco mais abrangente que a LAN, podendo
atender a uma cidade ou até mesmo a uma região metropolitana.
Devido ao investimento exigido para a utilização da rede, possui um
custo médio. As redes de longo alcance, conhecidas também como
WAN (Wide Area Network), possuem custos mais elevados devido ao seu
alcance, podendo ser utilizada para fazer a conexão entre várias cidades.

Existem alguns softwares que podem ser utilizados para a simulação


de situações ou projetos de redes, um deles é o Packet Tracer. Ele foi
desenvolvido pela Cisco e é um software de simulação de rede que
permite ao usuário experimentar o comportamento desta. Fornece
recursos de simulação, visualização, autoria, avaliação e colaboração
para facilitar o ensino e a aprendizagem de conceitos de tecnologia.

2. Roteamento

Os roteadores fazem parte do núcleo da rede, diferentemente dos


comutadores de camada de enlace, que são utilizados como meios de
acesso. Fazem parte dos recursos físicos presentes na infraestrutura
de uma rede, sendo sua principal função receber, analisar e determinar
qual caminho cada pacote irá seguir para atingir seu objetivo, que é o de
chegar até o sistema receptor. Todos esses procedimentos ocorrem em
um nó da rede.

Conforme Moraes,

58
Cada nó por onde um pacote vai trafegar, da origem até o destino, é
responsável pela escolha do melhor caminho para o pacote trafegar em
determinado instante. Se um roteador acabou de rotear um pacote para o
endereço 120.1.2.3, caso o roteador receba um segundo pacote vindo do
mesmo destino também para 120.1.2.3, não quer dizer que o pacote será
roteado pelo mesmo caminho, visto que as informações sobre topologia e
rotas podem ter se alterado nesse intervalo de tempo. (MORAES, 2020, p.
115)

Ainda sob ponto de vista do exemplo mencionado pelo autor, é possível


notar que o roteamento deve fazer, antes de tudo, o reconhecimento
da topologia da rede, e cabe a ele definir as demais informações
necessárias para garantir a entrega. Cada tipo apresenta benefícios
e alguns pontos fracos; então, enquanto uma rede que utiliza o
barramento possui uma instalação fácil, também possui limitações em
relação à velocidade, sendo indicado que não ultrapasse 10 Mbps.

Já a topologia em anel traz uma estrutura mais organizada que o


barramento, uma vez que sua conexão ocorre geralmente por meio de
cabo blindado, o que, consequentemente, também eleva um pouco seu
custo de implantação. Permite transmissões entre 4 Mbps e 16 Mbps.

Por último, a topologia estrela faz uso de uma maior quantidade de


cabos, o que acaba aumentando seu custo. Porém, sua arquitetura é
simples, fazendo com que, além dos cabos, sejam utilizados também
switches.

Assim, fica claro que cada tipo de topologia possui suas particularidades,
e, logo, exigem que, ao se elaborar um projeto para uma rede, a forma
como o roteamento será realizado deve conter a perspectiva acerca
das topologias. Essa função é possível graças a sua arquitetura, que, se
for vista de forma ampla, permite listar como parte de sua estrutura as
portas de entrada e de saída (responsáveis por receber e transferir os
pacotes), os elementos de comutação (que fazem conexões entre as
portas do roteador) e o processador de roteamento.

59
O roteador faz parte da camada de rede, e, dessa forma, além de
seus componentes físicos, como cabos, e os que fazem parte de sua
arquitetura (mencionados anteriormente), possui uma tabela de
repasse, mostrada na Figura 1.

Figura 1 – Algoritmos de roteamento determinam valores


em tabelas de repasse

Fonte: adaptada de Kurose e Ross (2013, p. 227).

O algoritmo funciona por meio da determinação das etapas que devem


ser seguidas, podendo, no contexto da computação, ser aplicado
em diversas situações. Na infraestrutura de uma rede de internet, é
chamado de algoritmo de roteamento e tem como função coordenar as

60
tabelas de repasse com o intuito de tomar as decisões de roteamento.
Portanto, pode assumir dois estados: o centralizado, sendo executado
em apenas um local e posteriormente disseminado entre os demais
roteadores que fazem parte da rede; e o descentralizado, quando seu
funcionamento é particionado para cada roteador.

A Figura 1 mostra também, além da função do algoritmo de roteamento,


a da tabela de repasse, a qual contém o valor do cabeçalho do
pacote que está chegando e as informações de enlace de saída. Esses
algoritmos podem receber algumas classificações: estáticos, quando
as mudanças de rota ocorrem gradualmente, ou por meio de edições
na tabela de repasse, que podem ser realizadas manualmente; ou
dinâmicos, que passam por mudanças conforme o tipo de topologia
ou das rotas de tráfego. Além disso, ainda podem ser classificados
como sensíveis à carga, que estão relacionados aos custos com um
enlace, sempre com o objetivo de realizar a escolha pelas rotas sem
congestionamento.

Além destes, o roteamento também pode ser caracterizado como


hierárquico, pois, em algumas situações, a infraestrutura e a arquitetura
da rede se tornam muito extensas, demonstrando a necessidade de
mais recursos físicos para que seja possível proporcionar o envio e
o recebimento de informações via rede. Está presente nesse tipo de
roteamento o domínio, que se caracteriza como sendo as áreas de cada
roteamento. O BGP (Border Gateway Protocol ou Protocolo de Roteador
de Borda) proporciona a troca de informações entre esses domínios.

Entre as atividades desempenhadas por um roteador, Moraes (2020,


p. 117) menciona que ele atua como “filtro isolando protocolos não
roteáveis e o tráfego de broadcast, evitando que eles se propaguem
entre as redes [...] Os roteadores de nova geração trabalham como
um Firewall Statefull Inspection [...]”. Além disso, os roteadores realizam
ações voltadas à segurança no tráfego que ocorre pela rede. O Firewall
Statefull Inspection é utilizado para evitar a invasão da rede, até mesmo

61
porque os roteadores não trabalham apenas com um grupo reduzido de
protocolos, sendo multiprotocolos, uma vez que, em algumas situações,
faz-se necessária a conversão dos pacotes e das demais configurações.

Existem dois tipos de protocolos de roteamento:

• Os protocolos de roteamento interno (Interior Gateway Protocols–


IGPs): utilizados quando há necessidade de troca de informações
referentes ao roteamento. Além disso, utilizam métricas de
roteamento. Entre os protocolos existentes, é possível destacar:

- RIP (Routing Information Protocol): foi criado pela Xerox Corporation, na


década de 1980. Seu objetivo era ser utilizado nos recursos da própria
empresa, mas, com o passar dos anos, passou a ser utilizado por outras
empresas, devido a sua configuração simples e ao uso reduzido dos
recursos físicos dos roteadores. Além disso, possui outros atributos,
como roteamento interno a um sistema autônomo; métrica de contagem
de saltos (hops); transporte inseguro (já que utiliza o UDP para transferir
mensagens entre roteadores); suporte para CIDR (Classless Inter-Domain
Routing) do IPv4 e das sub-redes. Possui, ainda, extensão para IPv6, realiza
o envio em multicast ou broadcast, possui algoritmo de vetor de distância,
entre outros.

O quadro a seguir apresenta um exemplo de uma mensagem de


atualização RIP com IPv4:

62
Quadro 3 – O formato de uma mensagem de atualização RIP
(versão 2 usado com IPv4)

Fonte: adaptada de Comer (2016, p. 398).

De acordo com Comer,

cada entrada do exemplo acima, contém o endereço IPv4 de um destino e


uma distância para esse destino. além disso, para permitir que o RIP possa ser
utilizado com CIDR ou subredes, um dos campos contém a máscara de rede
com 32 bits. Cada entrada tem também um endereço next-hop e dois campos
de 16 bits que identificam a família do endereço (normalmente IP) e fornecem
uma tag usada para agrupar as entradas. ao todo, cada entrada contém 20
octetos. Diante destas informações o autor conclui que o RIP é um protocolo
do tipo IGP que usa um algoritmo de vetor de distância para propagar as
informações de roteamento. (COMER, 2016, p. 398)

63
- OSPF (Open Shortest Path First): foi criado pela IETF (Internet Engineering
Task Force), com o objetivo de trazer ações capazes de agregar as
atividades disponibilizadas pelo RIP. Conforme Comer,

O formato da mensagem RIP mostra uma desvantagem dos protocolos de


vetor de distância: o tamanho de uma mensagem é proporcional ao número
de redes que podem ser alcançadas. O envio de mensagens RIP introduz
atraso, e o processamento das mensagens RIP consome muitos ciclos de
CPU. O atraso significa que mudanças de rota se propagam lentamente,
um roteador de cada vez. Assim, embora o RIP funcione bem com alguns
roteadores, ele não escala bem. (COMER, 2016, p. 399)

O autor ainda elenca algumas características do protocolo, como:


roteamento dentro de um sistema autônomo; suporte a CIDR; troca de
mensagens autenticadas; uso de algoritmo de estado de enlace (link-state);
suporte a métricas; além de extensão para IPv6; suporte para redes de
acesso múltiplo; entre outros.

- IGRP (Interior Gateway Protocol): foi criado pela Cisco System, também
na década de 1980, e, assim como o OSPF, teve como objetivo sanar
algumas necessidades deixadas pelo RIP. Entre elas, está a conversão em
uma velocidade maior que a do RIP, trazendo vantagens a sua aplicação
em redes mais complexas (formadas por diferentes topologias).

Seguindo o fluxo de inovações no que diz respeito à criação de novos


protocolos para suprir as necessidades uns dos outros, é possível citar
também o EIGRP (Enhanced IGRP), que pode ser considerado uma evolução
do IGRP, sendo seu objetivo tornar-se útil para redes cada vez maiores.
Porém, por serem de propriedade da Cisco, acabam tendo seu uso limitado
apenas a equipamentos da marca.

• Os protocolos de roteamento externo (Exterior Gateway Protocols–


EGPs): não utilizam métricas de roteamento, e, dessa forma, acabam
agindo de maneira diferente dos protocolos de roteamento interno

64
(IGPs), fazendo a escolha para cada destino separadamente. O BGP
pode ser citado como exemplo desse tipo de protocolo.

Os protocolos RIP, OSPF e BGP, ao serem utilizados pelos algoritmos, são


considerados como insensíveis à carga, já que “o custo de um enlace não
reflete explicitamente seu nível de congestionamento corrente (nem o de
congestionamento mais recente)” (KUROSE; ROSS, 2013, p. 270).

É interessante mencionar que existem também roteamento broadcast


(roteamento por difusão) e multicast (roteamento para um grupo), que,
ainda conforme Kurose e Ross,

No roteamento por difusão a camada de rede provê um serviço de entrega


de pacote enviado de um nó de origem a todos os outros nós da rede; o
roteamento para um grupo habilita um único nó de origem a enviar a cópia de
um pacote a um subconjunto de nós das outras redes. (KUROSE; ROSS, 2013,
p. 270).

O algoritmo escolhido deverá ser coerente com as expectativas impostas


à rede de internet. Além disso, a escolha por qual recurso físico ou de
software que será utilizado deverá ter o mesmo objetivo de suprir as
demandas. Em alguns momentos, é possível realizar algumas comparações
entre os roteadores e os comutadores, mas os dois podem ser muito
úteis e necessários para que as informações possam percorrer a rede em
segurança e para que possam ser entregues aos seus sistemas finais.

Referências Bibliográficas
COMER, Douglas E. Redes de computadores e internet. 6. ed. Porto Alegre:
Bookman, 2016.
KUROSE, James F.; ROSS, Keith W. Redes de computadores e a internet: uma
abordagem top-down. 6. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2013.
MORAES, Alexandre Fernandes de. Redes de computadores: fundamentos. 8. ed.
São Paulo: Érica, 2020.

65
BONS ESTUDOS!

66

Você também pode gostar