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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas e Formação Humana-PPFH

Os Brasileiros Pardos e as Africanas Pretas: Diferenças de


Gênero entre Escravos no Rio de Janeiro, 1830-1850.

Edmeire Exaltação

Introdução

O período de escravidão negra no Brasil (1559 – 1888), ainda é um dos temas mais
densos e inesgotáveis da historiografia deste país. Muito ainda tem por se conhecer deste
tempo em que a compra e a venda de seres humanos eram consideradas como ações de
rotina do mercado econômico. Um ponto que chama a minha atenção na bibliografia
referente a este período, é a pequena quantidade de estudos abordando as relações e as
diferenças de gênero1. É de se supor que as escravas além de enfrentarem as dificuldades
comuns a toda à população cativa, tinham em adição muitos outros desafios por conta das
especificidades do ser mulher.
Este artigo observa as diferenças por gênero apresentadas na estrutura das relações
sociais da população escrava durante o século XIX na cidade do Rio de Janeiro. Pretendo
aqui refletir e contribuir com aportes que tragam compreensão sobre a situação e o papel
das mulheres negras naquele contexto histórico. O livro de Mary Karasch, A vida dos
Escravos no Rio de Janeiro (1808 – 1850)2 será a principal fonte deste estudo. A obra de
Karasch com quase 700 páginas é exaustivamente rica de informações documentais sobre a
escravidão urbana no Rio de Janeiro. O trabalho de Karasch tem o mérito de pôr o(a)
escravo(a) como o(a) desvendador(a) da sua própria história na trama urbana carioca.
A chegada ao Rio de Janeiro, o processo de venda, as condições da escravidão, a
reinvenção de identidades, e a relação destas mulheres com o espaço urbano serão os

1 Quanto a esta crítica ver também Flávio Gomes e Marcelo Paixão em Histórias das Diferenças e das Desigualdades Revisitadas: Notas
sobre Gênero, Escravidão, Raça e Pós-Emancipação, Estudos Feministas, Florianópolis, 16(3): 424, setembro-dezembro/2008. Os
autores oferecem uma ampla bibliografia sobre diferenciais de gênero durante o período escravo.
2 KARASCH, Mary C. A vida dos escravos no Rio de Janeiro (1808-1850). Säo Paulo, Companhia das Letras, 2000

1
principais pontos abordados neste trabalho. A autora concentra a sua pesquisa de 1808 a
1850 por considerar este tempo um marco na historiografia sobre escravidão no Brasil.
Embora a escravidão estivesse oficialmente proibida a partir de 1830, este foi o período de
maior apogeu do comércio escravo no Rio de Janeiro:

“Em 1808, a chegada da corte portuguesa, fugindo dos exércitos de Napoleão,


transformou o tranqüilo posto avançado colonial no centro de um império. O
porto abriu-se para os navios do mundo, a cidade prosperou e cresceu em
população. A fim de dar seguimento à nova situação, o príncipe regente D.
João VI, os nobres e comerciantes portugueses e o europeus atraíram para a
corte do Brasil toda a mão-de-obra necessária. A demanda por escravos
estimulou a renovação do tráfico. Enquanto o declínio das minas de ouro nas
Minas Gerais tinha diminuído a importação de escravos para uma média de 10
mil ao ano antes de 1808, a chegada da corte imperial logo empurrou a média
para acima de 20 mil, com o próprio soberano participando do negócio. Em
consequência, a data de 1808 marcou também o começo do significativo tráfico
africano para o Rio de Janeiro, que trouxe muitos negros do Centro-Oeste
Africano para a cidade”3.

O acordo entre Brasil e Inglaterra em 1830 proibindo o tráfico de escravos nunca foi
levado a sério, pelo contrário, o comércio de seres humanos foi intensificado para suprir a
demanda dos senhores de escravos. A grande oferta e preços relativamente baixos,
permitiram que não somente a elite, mas inclusive aqueles(as) considerados(as) pobres como
os libertos, pudessem ter escravos. O comércio de escravos no Brasil só foi encerrado com
a Lei Euzébio de Queirós em 1850.
Neste trabalho tenho como premissa a concepção de vários pesquisadores que vêem
o escravo como uma pessoa consciente da falta de liberdade e que oportuna e
estrategicamente lutava por recuperá-la ainda que numa condição jurídica – o escravo era
considerado “peça”, propriedade do senhor 4.

Mulher, Negra e Escrava

No início do século XIX, o Rio de Janeiro tinha a maior população urbana


de escravos das Américas. Entre 1850-1830 inúmeros navios aportaram no
porto do Rio, transportando mais de um milhão de escravos e escravas, a
Escrava Crioula, maioria adolescentes, sobreviventes de uma dura e longa travessia
RUGENDAS, 1830
marítima. Quem foram os escravos e as escravas que vieram para o Rio de
Janeiro?

3KARASCH, pg. 29
4Ver além de Mary Karasch , Sidney Challoub (2003), Douglas Cole Libby (2000) , Stuart Schwartz (2001), Eduardo
França Paiva (1995); Flávio Gomes (1996).

2
Entre as diversas etnias africanas que chegaram ao Rio, alguns grupos se
distinguiram quer pela quantidade quer pela cultura, como aqueles vindos de Cabinda, do
Congo Norte, Benguela, Moçambique, Luanda e de Angola. Os africanos se distinguiam
dos muitos escravos nascidos no Brasil que, na visão dos negociantes, atendiam melhor às
exigências do mercado do que os recém chegados. Podia-se diferenciar um escravo
brasileiro de um africano simplesmente pelo nome complementar: Antônio Crioulo ou
Maria Parda indicavam a gradação de cor como resultado da mestiçagem no Brasil que os
diferenciavam da pele mais preta dos africanos Antônio Angola ou Maria Moçambique.
Crioula, Parda e Cabra eram as designações mais comuns atribuídas aos escravos
nascidos no Brasil. Croulos eram negros nascidos no Brasil ou em alguma colônia
portuguesa. Os Pardos eram os filhos de africanos com europeus, em maioria de
portugueses. Os pardos se diferenciavam dos crioulos e de outros grupos étnicos
organizando-se em irmandades religiosas próprias, em regimentos militares específicos e
na menção parda nos documentos oficiais. É interessante a observação do viajante alemão
Meyen, citada por Karasch de que “os orgulhosos pardos da cidade desprezavam os negros
e sentiam-se iguais aos brancos”5. Já os Cabras eram as outras misturas como os cafuzos, os
“cabocos” e os índios.
Apesar da grande perda de vida dos africanos em alto mar e em terra, e do orgulho
dos pardos, o censo de 1832 demonstrava que os brasileiros compunham apenas 9,8% da
população escrava, enquanto os africanos eram responsáveis por 73,3%6.
Mesclados à paisagem exuberante de montanhas, mar e mata do século XIX,
circulavam em 1849 pelas estreitas ruas do Rio de Janeiro cerca de 89.587 negros(as),
como escravos ou libertos. O Rio tinha a maior população escrava das Américas
superando cidades como Salvador e Nova Orleans7. Para uma cidade que totalizava quase
206 mil habitantes, isto significava que quase metade da população (43.51%) era preta.
O gráfico 1 revela pistas interessantes em relação à presença das mulheres que
viviam na província do Rio de Janeiro no século XIX. Havia muito mais mulheres entre os
escravos nascidos no Brasil (brasileiros), do que homens. Enquanto isto, entre os escravos
estrangeiros - aqueles(as) vindos(as) da África - , as mulheres eram um pouco mais da
metade.

5 KARASCH, pg. 39.


6 Idem, pg. 41
7 KARASCH, pg. 28

3
Gráfico 1
%

Fonte: Mary Karasch, pg. 112, apud Herman Burmeister, Viagem ao Brasil através das províncias do Rio de Janeiro e Minas Gerais, São Paulo, 1952, pg. 325 e n. 21

Mais interessante ainda é perceber que entre a população liberta ou alforriada,


apesar do pequeno índice notificado pelo censo, as mulheres, tanto as nascidas no Brasil
quanto as nascidas na África, eram maioria em relação aos homens. Da mesma forma,
entre a população livre que residia no Rio de Janeiro, o número de mulheres era bem
próximo ao dos homens.
Os(as) escravos(as) expostos(as) à venda eram classificados(as) pelos
negociantes como mercadoria “nova” ou “usada”. Os negociantes de escravos atuavam
mediante licença conseguida do governo para comprar e vender cativos nos armazéns do
Valongo8. Mesmo depois da proibição da venda de escravos no Brasil, mais de um milhão
de escravos passaram pelos armazéns do Valongo onde eram comercializados através de

8 “Em 1770 o marquês do Lavradio, vice-rei do Brasil, decidiu transferir o desembarque dos navios negreiros e o comércio de escravos
da área central do Rio de Janeiro para a região mais afastada conhecida como Valongo. O mercado de escravos funcionava, então, na rua
Direita, próximo à rua de São José, além de nas outras ruas estreitas do centro da cidade. Sua intenção ao promover a mudança do
mercado para uma área praticamente rural, de chácaras e sítios, entre as atuais regiões da Saúde e da Gamboa, e de estabelecer o novo
mercado de escravos na rua do Valongo (atual Camerino), era de evitar, principalmente aos olhos dos estrangeiros, nobres e recém-
chegados que desembarcavam no Rio de Janeiro por onde atualmente é a Praça XV, um espetáculo triste de homens, mulheres e crianças
seminus, em sua grande maioria fracos e doentes, em exposição à venda pelas ruas do centro. Logo que o porto e o mercado foram
transferidos para o Valongo, a população da área adensou, trapiches, armazéns, mercados, pequenos comércios e residências dos
negociantes e traficantes de escravos cresceram nos arredores, pântanos foram aterrados e ruas abertas. Ao desembarcar dos navios, os
negros africanos eram conduzidos aos armazéns e mercados onde eram alimentados, minimamente vestidos, recebiam cuidados de saúde
e higiene (para se recuperarem da viagem das doenças e não morrerem), e separados, por idade, nacionalidade e sexo, homens de
mulheres e crianças, sendo a maioria dos escravos do Valongo homens entre 13 e 24 anos. A região começa a sofrer um pequeno
declínio após a primeira tentativa de interrupção do tráfico em 1831, que se intensifica depois da lei de 1850 que efetivamente extingue o
tráfico. Posteriormente, essa região ficou conhecida por ser habitada pela população mais pobre da cidade, que foi ao longo dos anos
subindo os morros em busca de moradia, e pela grande concentração de negros (ex-escravos e seus descendentes), que mantinham vivas
as tradições da cultura africana, até mesmo os dias de hoje”.
http://www.historiacolonial.arquivonacional.gov.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=849&sid=103&tpl=printerview

4
licenças concedidas pelo governo. Havia licença para os “novos” (recém chegados) que se
diferenciava da licença para os “ladinos ou capacitados” (aqueles que já trabalhavam como
escravos). Entre os “novos” havia os bebês que eram classificados como “cria do peito”
(os que ainda não andavam) e “cria de pé”(aqueles que já andavam)9.

Gráfico 2
IDADE DOS AFRICANOS IMPORTADOS PARA O RJ, 1838 - 1852
Embarcação Brilhante

Fonte: Mary Karasch, pg. 69, apud Arquivo Histórico do Itamaraty, Coleções Especiais 33, Lata 4, Maço 3.

Os dados da embarcação Brilhante apontam que a maioria dos(as) escravos(as) que


chegavam ao Rio de Janeiro era composta de homens na faixa etária de 10 a 24 anos, com
pico na faixa de 10 a 19 anos. Perceba no Gráfico 2 que entre as mulheres, o maior índice
localizava-se na faixa de 10 a 14 anos, o que demonstra que a maioria dos(as)
escravizados(as) era adolescentes ou muito jovens. A diferença de importação entre
homens e mulheres sugere duas hipóteses: 1) Os senhores preferiam comprar mais
homens – diga-se meninos – do que mulheres; 2) Os traficantes da África evitavam a
vender as mulheres e ofereciam mais homens aos compradores10.
Havia diversos mecanismos para a venda e compra de escravos no Rio de Janeiro.
Aqueles(as) que não eram comprados diretamente pelos senhores nos armazéns do
Valongo, eram comprados por leiloeiros, casas de consignação, e até por lojas de varejo.
Isto significava para o(a) escravo(a) mais tempo de exposição e de constrangimento. Os
meninos eram oferecidos em leilões públicos. As mulheres, também meninas em sua
maioria, eram geralmente vendidas em privacidade, e muitas já tinham destino certo:
amigos e parentes do senhor. Conforme Karasch, “ Em reconhecimento das diferenças
entre escravos, os proprietários e negociantes arranjavam várias estruturas comerciais

9 KARASCH, pg 68
10 Idem, pg. 71

5
informais, ilegais ou autorizadas para comprar e vender escravos novos e ladinos na cidade
do Rio e nas províncias”11.
Nos leilões, os(as) escravos(as) mais procurados para os serviços domésticos eram
aqueles(as) que tinham o padrão de beleza similar ao do europeu. Karasch registra que
Weech, um abastado e experiente senhor de escravos, deixou escrito a sua observação de que
a sorte de um(a) escravo(a) dependia da sua aparência física:
“Os de boa aparência e boa compleição eram os mais caros e
comprados por cariocas abastados a fim de completar o número
de seus criados domésticos. Mas se fossem „feios‟ ou
„desagradáveis‟ de olhar, então seu destino era provavelmente de
dificuldades e dureza. Uma vez que custavam barato, eram
comprados por pobres, donos de minas ou fazendeiros e tinham
de trabalhar a vida inteira” 12.

Além disto, o que determinava também o status de um(a) escravo(a) na pirâmide


social dos cativos era a posição econômica da família em que tinha nascido ou do senhor(a)
que o(a) comprava:
“Se uma escrava fosse comprada por uma família e tivesse um
filho de seu senhor, a criança, embora escrava, compartilharia um
pouco da posição social atribuída à família. Graças a suas
conexões, as crianças escravas pardas de uma família de elite
tinham certas formas de mobilidade social abertas a elas que eram
interditadas a negros livres e brancos pobres” 13.

Assim, a condição de nascimento e a nacionalidade –nascidos no Brasil, escravos de


família rica – e a cor da pele, quanto mais clara, maior o prestígio, contribuíram para a
sorte do(a) escravo(a).
****
O trabalho dos escravos urbanos – do mesmo modo que acontecia com os
escravos das fazendas – era extremamente exaustivo, com jornadas de 12 a 18 horas
ininterruptas, por todos os dias da semana. Aqueles(as)
que reclamavam eram mal vistos e punidos pelos
senhores. Poucos escravos(as) tinham a sorte de ter um
dia de descanso. As escravas eram em maioria destinadas
aos trabalhos domésticos, principalmente como
cozinheiras, como babás, carregadora de água e de lenha
ou vendedoras de rua. As escravas que trabalhavam para
atender às senhoras dentro de casa tinham mobilidade física muito limitada. Uma escrava

11 KARASCH, pg. 72.


12 Idem, pg. 83
13 Idem, pg. 113.

6
obediente e “decente” jamais deixava a sua „sinhá‟. Quando esta saía era para acompanhá-la
à missa com a sua senhora. Por outro lado, as escravas que trabalhavam como cozinheira
geralmente também trabalhavam como vendedoras de ruas. As suas habilidades culinárias
eram utilizadas como um ganho extra para o senhor e em alguns casos, para ela mesma14.
Enquanto crianças, era permitido às meninas brincar com as outras filhas de
escravas e também com os/as filhos/as dos senhores. A chegada à adolescência, porém,
representava para as escravas meninas a entrada em um mundo inseguro e arriscado. A
ameaça de abuso sexual era constante tanto por parte dos senhores quanto por parte de
estrangeiros e de outros escravos que as viam-nas como objetos sexuais à disposição.
Equivocadamente alguns pensadores da elite intelectual interpretaram a „suposta
afetividade‟ entre o senhor e a escrava como uma característica positiva da escravidão
brasileira. Gilberto Freyre, por exemplo, um dos precursores deste pensamento, interpreta
a coação das escravas - o que as feministas consideram como abuso sexual e o estupro -
aos caprichos do senhor como um comportamento rotineiro e aprovado pela sociedade:
“O que sempre se apreciou foi o menino que cedo estivesse metido
com raparigas. Raparigueiro, como ainda hoje se diz. Femeeiro.
Deflorador de mocinhas. E que não tardasse a emprenhar negras,
aumentando o rebanho e o capital paternos. Se esse foi sempre o
ponto de vista da casa-grande, como responsabilizar-se a negra da
senzala pela depravação precoce do menino nos tempos patriarcais?
O que a negra da senzala fez foi facilitar a depravação com a sua
docilidade de escrava , abrindo as pernas ao primeiro desejo do
sinhô-moço. Desejo não, ordem"15

Semelhante a Freyre, Gonzaga (1985) analisa o abuso sexual contra as escravas,


muito comum na escravidão patriarcal, como um comportamento aceitável pela sociedade
e consentido pela escrava:

"Filhos, quase todos, de senhores de engenho, tinham à


disposição o corpo das escravas - tidas como coisas, e assim
obrigadas a aceitar o furor sexual dos grandes proprietários e
seus descendentes. Algumas delas requintavam a sensualidade,
buscando fugir à brutalidade do trabalho servil pelo
reconhecimento de um senhor mais generoso".16

A Cultura que não se Desprende... Se Reaprende.


Ao analisar a cultura negra no Brasil, Muniz Sodré aponta para o jogo estratégico
utilizado pelos africanos chegados ao Brasil. Ele diz que “nos espaços permitidos pelos

14 KARASCH, pg. 284


15 FREYRE, Gilberto. Casa-Grande & Senzala. Editora Record, Rio de Janeiro, 1998, cap. IV, 34ª edição, pág. 372.
16 GONZAGA, Sergius. Manual de Literatura Brasileira. Mercado Aberto, Porto Alegre, 1985, capítulo II, página 16.

7
brancos, os negros reviviam clandestinamente os ritos, cultuavam deuses e retomavam a
linha do relacionamento comunitário, numa estratégia africana de jogar com as
ambigüidades do sistema (...)17. Ainda, atento à idéia de superioridade e de uma verdade
única que as culturas ocidentais incrementaram no processo de formação social brasileiro,
Sodré define cultura da seguinte forma:
“Cultura é a metáfora do movimento do sentido, não entendido
como uma verdade mística do além ou oculta em profundidades a
serem sondadas, mas como busca de relacionamento com o real,
lugar de extermínio do princípio de identidade. É o que implica
experiência de limites, vazio do sujeito, aquilo que, retraindo-se à
maneira do segredo e provocando ao modo do desafio, atrai para
outras direções, para a singularidade misteriosa do real”18. p.41

Pela definição de Sodré pode-se concluir que as tradições culturais trazidas pelos
negros para o Brasil não se perderam – portanto não se tem o que resgatar - , mas se
reinventaram na “busca de relacionamento com o real” em um novo contexto, em um
novo lugar. Neste sentido o trabalho de Karasch critica os autores que analisaram os
escravos como vítimas passivas da cultura européia absorvendo tudo que os senhores
tentaram lhes impor. De acordo com a autora,
“Mesmo dentro dos constrangimentos da vida urbana e apesar de
seu labor constante, os escravos eram participantes ativos da
evolução de uma nova cultura, com linguagem, etiqueta, comidas,
roupas, artes, recreação, religião, vida em comum e estrutura
familiar próprias”19

Roupas, jóias, culinárias, rituais religiosos e fúnebres foram traços culturais de ampla
percepção pública e com uma diferenciação de gênero bastante marcada. Mary Karasch
descreve com minúcias diversas expressões culturais do período estudado, dos quais
escolhi para ilustrar este trabalho dois, que têm marcadamente diferenciais de gênero :
Roupas e acessórios: O vestuário das escravas variavam de acordo com a nação e com o
período. Muitas escravas urbanas fizeram questão de manter o
estilo africano no vestir, com relatos de algumas que só
vestiam branco. Turbantes, xales, tecidos para amarrar seus
filhos às costas, eram itens que indicavam o poder aquisitivo
do senhor ou da própria escrava. As escravas urbanas tinham
mais oportunidades para ganhar e acumular dinheiro.
As peças e acessórios do vestuário feminino podiam
diferenciar as escravas das libertas. As cestas, tabuleiros, potes de água indicavam os

17 SODRÉ, Muniz. A verdade seduzida. Rio de Janeiro. Francisco Alves, 1983, pg. 41
18 Idem, pg. 41
19 KARASCH, pg. 392.

8
ofícios das escravas de ganho ou carregadora de água. Os pés
descalços ou calçados também apontavam para o status jurídico da
escrava. A liberdade usufruída pelas escravas libertas permitia-lhe
comprar seus sapatos e chinelos. O modelo de turbante identificava
uma escrava africana de uma brasileira20.
Ritos Funerários: Apenas mulheres iam ao enterro de outra
mulher. Os rituais mudavam de nação para nação com a utilização
de cantos africanos ou cristãos. Quando morria uma escrava muito pobre, que não deixava
recursos para o seu enterro, parentes e amigas carregavam o corpo enrolado numa rede e
iam em cortejo pelas ruas pedir auxílio para o enterro. Karasch notifica que embora muito
dos seus compatriotas tivessem a mesma situação financeira daquela morria, estes eram o
que mais ajudavam. “na havia uma „pobre moçambique‟que não ivsse sido enterrada por
falta de dinheiro”21

Fé e Territorialização
Há uma fonte de importantes dados para a compreensão das relações de gênero na
escravidão: trata-se das irmandades religiosas criadas no âmbito das igrejas católicas. Embora
não mencionado por Karasch, outros estudos dão conta do papel fundamental que as
mulheres negras, escravas e libertas, desempenharam nas irmandades. Muitas irmandades
religiosas foram lideradas por mulheres e eram estas quem organizavam as missas, as festas,
as procissões e rituais funerários22.
Entre os séculos XVII e XIX foram construídas muitas igrejas católicas no Rio de
Janeiro: Igreja da Candelária, do Carmo, Nossa Senhora da Lapa, São José, Santa Rita,
Santo Antônio dos Pobres, apenas para citar algumas. A igreja preferida da família real era
a da Nossa Senhora do Outeiro da Glória.
Os católicos foram muito eficientes na construção de espaços para o culto e
disseminação da sua religião. Muitas igrejas católicas foram construídas no pico de morros
altos para ficarem mais visíveis e ao mesmo tempo se beneficiarem do ar arejado. Embora
a elite branca do Rio de Janeiro não impedisse oficialmente que a população escrava

20 Ver: www.desafio.ufba.br/gt3-006.html.3
21 KARASCH, pg. 339.

22QUINTÃO, Antonia Aparecida . Lá vem meu parente : As irmandades de pretos e pardos no Rio de Janeiro e em Pernambuco.(Século
XVIII). 1. ed. São Paulo: ANNABLUME, 2002 ; SANTOS, Maykon R. dos. Entre secos e molhados: a participação das mulheres Mina
no pequeno comércio e a construção de identidades. Vila Rica, 1773-1794. Mariana, ICHS/UFOP, 2008; SILVA, Cristiane dos Santos.
Irmãos de fé, Irmãos no poder: a irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos na Vila Real do Senhor Bom Jesus do Cuiabá
(1751-1819). Universidade Federal de Mato Grosso, Dissertação de mestrado, 2001.

9
freqüentasse as suas igrejas, esta não era tratada de forma igual. Os(as) escravos(as) não
eram convidados(as) para rituais importantes e não lhes eram atribuídos cargos
hierárquicos dentro da igreja.
As irmandades foram criadas dentro das igrejas para suprir a ausência de padres,
dando aos leigos autoridade para levantar dinheiro, construir outras igrejas e capelas,
realizar procissões e enterrar os mortos.
“No Rio do século XIX, as irmandades eram hierárquicas e socialmente
estratificadas e exclusivas de determinados grupos. Embora houvesse
um lugar para todos dentro da igreja, algumas irmandades eram
„superiores‟ a outras... as irmandades negras eram de status mais baixo...
Acima delas, em status estavam as irmandades de pardos e, no topo, as
irmandades brancas”23.
Para a população escrava as irmandades significaram não apenas o espaço de
práticas religiosas,
estas eram também o espaço de rearranjos de identidades, de interação, da
mediação, organização e de articulação. As irmandades foram instituições que oficialmente
dignificaram a morte dos escravos, assegurando rituais como a missa e o enterro para os
seus mortos. Os escravos que não conseguiam se associar a uma irmandade, tinham como
certo serem enterrados em valas coletivas na Santa Casa da Misericórdia24.
“... muitas irmandades de pardos e negros se separaram das igrejas dos
brancos. Com grande sacrifício de parte de escravos, libertos e gente
livre de cor, elas levantaram dinheiro, muitas vezes por meio de loterias
para construir suas próprias capelas ou igrejas: Nossa Senhora do
Rosário e São Benedito na rua Uruguaiana; Nossa Senhora da
Lampadosa, na rua da Lampadosa (atual Luis de Camões); São Gonçalo
Garcia na rua da Alfândega; Santa Ifigênia e Santo Elesbão, na quadra
entre a avenida Passos e a rua Gonçalves Ledo; São Domingos que foi
derrubada quando a Avenida Presidente Vargas foi aberta; a capela de
Santa Ana, no Campo de Santana; Santo Antônio dos Pobres, na rua
dos Inválidos e a igreja do Hospício, na rua do Rosário” 25.

A Dor Das Chibatadas: Por Que As Mulheres Eram Mais Castigadas?

Esta é uma pergunta que Mary Karasch apresenta os números mas não responde.
Os dados de Karasch revelam uma tendência secular do sistema prisional brasileiro: apesar
de serem minorias nas prisões as mulheres são até hoje mais duramente punidas do que os
homens. Além de receberem penas mais duras pelo mesmo „crime‟ cometido, estas são
moralmente mais culpabilizadas pela sociedade e pela família26.

23 KARASCH, pg. 131.


24 Idem, pg. 133
25 KARASCH, pg. 132.
26 SOARES e MESUMECI, p. 93.

10
No início do século XIX, havia cerca de trinta prisões no Rio de Janeiro, porém
quatro se destacavam: Aljube, Santa Bárbara, Ilha das Cobras e o Calabouço do Castelo.
As prisões se dividiam para receber os „infratores‟ entre aqueles que cometiam faltas
consideradas graves e aqueles que cometiam faltas brandas e „necessitavam‟ apenas de
algum correção:
“Em 1825, um relatório da polícia revela que os escravos então
alojados no Calabouço eram... escravos mandados para serem
açoitados, geralmente por fuga...escravos que deveria ser corrigidos
com uma temporada na prisão. Embora a prisão fosse mantida
relativamente limpa, a falta de janelas fazia com que muitos morressem
sufocados pelo calor do verão. Em 1832, os investigadores
recomendaram que a prisão fosse fechada porque havia prisioneiros
demais27.

Ao ser fechado, o Calabouço do Castelo foi substituído pelo Calabouço da Casa de


Correção na rua Matacavalos, atual rua Riachuelo. As chibatadas que antes eram dadas em
público nos pelourinhos, passaram a ser dadas por policiais dentro das dependências da
prisão, longe do espetáculo público. O castigo variava de um mínimo de cinqüenta a um
máximo de 300 acoites. Era da responsabilidade do senhor pagar pelo castigo: 160 réis por
cada 100 açoites.

Gráfico 3
ESCRAVOS AÇOITADOS NO CALABOUÇO, 1826

27 KARASCH, pg. 182.

11
A polícia pegava o(a) escravo(a) a ser castigado(a) em casa e o(a) levava para o
Calabouço. As mulheres eram castigadas em menor número, contudo, quando caíam no
Calabouço por alguma „infração‟ , levavam mais açoites do que os homens28. (Gráfico 5).
Por outro lado, há uma abrupta diminuição no número de açoites atribuído às mulheres,
quando estes eram designados acima de 250.

A Morte Precoce
Mary Karasch apresenta dados intrigantes sobre as taxas de mortalidade da
população escrava. Grande parte dos africanos que chegou ao Rio de Janeiro entre 1808-
1850 morreu jovem. Homens e mulheres morriam muito jovens, mas as mulheres de
determinadas faixas etárias morriam muito mais. Elas chegavam muito jovens, entre 10-24
anos e morriam antes de completarem 30 anos29 (Gráfico 3). A autora atribui às
complicações de parto uma das principais razões para o grande índice de morte
prematura das mulheres escravas neste período.

Gráfico 4
ESCRAVOS ENTERRADOS PELA SANTA CASA DA
MISERICÓRDIA ENTRE 1833-1849

Fonte: Mary Karasch,, Tabela 4.4, pg. 150,

Fonte: Mary Karasch,, Tabela 5.1, pg. 182,

28 Idem.
29 Estes dados são referentes a escravos(as) com idade conhecida. A grande maioria que chegava à Santa Casa da Misericórdia, não tinha
a idade notificada nos livros de óbitos

12
Quanto ao grande índice de mortalidade entre as escravas jovens Karasch adiciona a
hipótese de que esta deve ter tido grande impacto nos níveis de reprodução da população
negra e escrava no século XIX. De acordo com a autora,
“A porcentagem de mortes femininas antes dos trinta anos na Santa
Casa também pode ajudar a explicar por que a população escrava tinha
dificuldades para se reproduzir. Uma vez que havia uma preferência do
mercado pelo sexo masculino, menos mulheres eram importadas, e
elas simplesmente não viviam tempo suficiente para ter os filhos
necessários para substituir a elas mesmas e aos pais, ainda mais que de
metade a três quartos dos filhos de escravos podem ter morrido antes
dos seis anos de idade”30.

Além disto, os dados do Gráfico 3 trazem à reflexão os níveis de exploração do


trabalho escravo infantil. A partir dos 10 anos, a criança era considerada adulta e sujeita às
mesmas regras de tratamento dispostas aos adultos.
Mais ou tão intrigante quanto a morte prematura de mulheres negras jovens, são as
taxas de mortalidade dos bebês e crianças (Gráfico 4). Os bebês e crianças escravas eram
consideradas um estorvo para muitos senhores. Era grande o número de bebês
abandonados pelas ruas ou deixado na roda dos expostos, muitos ,em condições precárias
de saúde. Os senhores consideravam um grande prejuízo investir no tempo de espera de
10-15 anos até os(as) filhos(as) das escravas começarem a produzir31.

Gráfico 5

PERCENTUAL DE CRIANÇAS ENTERRADAS PELA


SANTA CASA DA MISERICÓRDIA ENTRE 1833-1849

Fonte: Mary Karasch,, Tabela 4.4, pg. 150,


Nota: “Inocente” refere-se a bebês e crianças com idade desconhecida mas que presumidamente teriam até 5-6 anos.

30 KARASCH pg. 149


31 MATTOSO, 1990, p. 126

13
Se a vida foi breve para uma grande parte de bebês nascidos durante o período
escravo, também o fora para muitos(as) daqueles(as) que chegaram à idade adulta.
Escravos(as) com 30 ou 40 anos já eram considerados(as) decrépitos(as).

Alforria Sem Euforia


A busca por liberdade entre os escravos no Brasil foi constante. As fugas, as
rebeliões, os acordos e as estratégias utilizadas para serem tratados com respeito e dignidade
pelo senhor fizeram parte da rotina dos(as) escravizado(as) no Brasil. As manumissões ou
alforrias eram instrumentos jurídicos através dos quais, o senhor transferia o título de
propriedade para o próprio escravo. Era através destes que o(a) escravo(a) conseguia a sua
suposta liberdade.
Os achados de Karasch no Rio de Janeiro deixam claro que não se deve confundir
alforria com liberdade. Ser forro ou liberto, não significava que o ex-escravo gozasse de
todos os direitos humanos atribuíveis a uma pessoa livre. Havia diversos tipos de alforria e
cada categoria podia indicar a extensão da liberdade conseguida pelo(a) escravo(a).
A carta de alforria era um instrumento jurídico através do qual o senhor(a) concedia
liberdade ao escravo ou escrava. O processo de libertação de um escravo ou escrava era
sempre longo e difícil. Poucos senhores queriam vender alforria a qualquer escravo. Os
escravos urbanos tinham mais chances de conseguirem liberdade do que os escravos rurais
porque estes obtinham mais oportunidades para acumular dinheiro e comprar a sua própria
carta 32.
Há uma grande diferença no número de concessões dadas a homem e a mulheres
quando se fala em alforria tanto por parte de quem concedia quanto de quem recebia.
Proporcionalmente, mais mulheres do que homens libertavam mais escravas do que
escravos.
Era o tipo de relação que o(a) escravo(a) mantinha com o senhor que iria
estabelecer o grau de tensão no momento da negociação. Dentro de período estudado
por Karasch (1830-1850), apenas o proprietário tinha autoridade para permitir a liberdade
de um escravo. Ou seja, esta era uma relação que envolvia apenas estas duas partes. Só a
partir de 1870, com a intervenção do Estado, associações abolicionistas e o próprio

32 KARASCH, pg. 446

14
Estado podiam comprar a alforria de um senhor para um escravo33. Ainda com todo o
aparato jurídico, a venda e acompra desta eram determinadas por relações familiares, de
amizade e de compadrio.

Gráfico 6
TIPOS D CARTA DE ALFORRIA

Conforme demonstrado no Gráfico 5, havia 6 tipos de carta de alforria:


1) Leito de Morte - A carta de alforria era concedida por ocasião da morte do
senhor(a). No leito de morte este escolhia quais escravos(as) seriam libertados(as).
2) Condicional - esta exigia que o(s) escravo(a) só fosse libertado(a) mediante
condições previamente estabelecidas. Somente após o cumprimento das condições o
escravo seria libertado. Geralmente as condições ditavam prestação de serviços longas e
pesadas, mantinham o(a) escravo(a) obediente na espera da liberdade definitiva34. As
narrativas encontradas por Pires(2006 ) retratam a intenção das cartas condicionais as quais
ironicamente beneficiavam muito mais ao senhor do ao escravo:
“Na carta de Catharina, escrava de Manoela Sofia de Castro, constava
que deveria „criar os filhos que tiver minha filha... Se porem faltar a
referida escrava à condição estipulada, recomendo à todos os meos
herdeiros que considerem sem nenhum effeito esta alforria...‟ a carta
de Rosa, de 37 anos: „ de servir minha mulher 7 annos com respeito e
obediência sob pena de ficar sem effeito se não for cumprida‟. A
escrava Maria Isabel, de D. Luiza Maria da Trindade, deveria „me
servir em quanto viva eu for, e se por ventura casar durante a minha
existência, fica sem efeito a carta‟35.

33 CHALHOUB (2003), pg. 27

34KARASCH, pg. 461


35PIRES, Maria de Fátima. Cartas de Alforria:Para não ter o desgosto de ficar em cativeiro. Revista Brasileirade Historia, vol 26, no. 52,
São Paulo.2006. pg. 144

15
3) Incondicional - Nesta o senhor faiz uma declaração dizendo que o(a) escrava nada
precisava pagar pela obtenção de liberdade. Esta carta mais comum nos casos em que o(a)
escravo(a) era filho(a) do senhor.
4) Autocomprada – o(a) escravo(a) comprava a própria liberdade.
5) Comprada – esta se dividia em comprada por desconhecido e por terceiros. Karasch
notifica que “as irmandades religiosas de negros e pardos realizavam freqüentemente
coletas, ou pediam esmolas nas ruas a fim de libertar seus membros escravos, em especial,
os que estavam sendo brutalizados por donos cruéis.36”
6) Ratificada – a alforria deixa de ser condicionada e passa a ser plena e definitiva.

Há uma forte relação entre a concessão de alforrias e gênero. Alguns estudiosos tentam
explicar o por que das escravas receberem mais cartas do que os escravos. Uma das
explicações mais freqüentes é o fato de serem atribuídas às escravas tarefas de interesse aos
senhores, principalmente às senhoras, como cozinheiras e cuidadoras de pessoas.

Conclusão

O objetivo deste trabalho foi mostrar, utilizando como fonte o trabalho de Mary
Karasch, a estreita relação existente entre diferenças de gênero e padrões da escravidão no
cotidiano da cidade do Rio de Janeiro no período do século XIX. Os dados aqui
apresentados comprovam o papel fundamental e marcante das negras escravas na
caracterização destes padrões.

REFERÊNCIA BLIBLIOGRÁFICA

CHALLOUB, Sidney. Visões da liberdade: uma história das últimas décadas da escravidão na
corte. São Paulo : Cia das Letras, 2003,

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edição.

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GONZAGA, Sergius. Manual de Literatura Brasileira. Mercado Aberto, Porto Alegre, 1985

KARASCH, Mary C. A vida dos escravos no Rio de Janeiro (1808-1850). São Paulo,
Companhia das Letras, 2000

36 KARASCH 466

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LIBBY, Douglas Cole, PAIVA, Eduardo França. Escravidão no Brasil: Relações Sociais,
Acordos e Conflitos. 2. ed. São Paulo : Moderna, 2000.

MATTOSO, Kátia M. de Queiroz. Ser escravo no Brasil. 3 ed. São Paulo: Brasiliense, 1990.

PAIVA, Eduardo França. Escravos e libertos na Minas Gerais do século XIII : estratégias de
resistências através dos testamentos. São Paulo : Anna Blumme, 1995.

PIRES, Maria de Fátima. Cartas de Alforria:Para não ter o desgosto de ficar em cativeiro.
Revista Brasileirade Historia, vol 26, no. 52, São Paulo.2006.

PRIORE, Mary Del.(org) História das crianças no Brasil.São Paulo: Contexto,1999.

QUINTÃO, Antonia Aparecida . Lá vem meu parente : As irmandades de pretos e pardos no Rio de
Janeiro e em Pernambuco.(Século XVIII). 1. ed. São Paulo: ANNABLUME, 2002.

SANTOS, Maykon R. dos. Entre secos e molhados: a participação das mulheres Mina no
pequeno comércio e a construção de identidades. Vila Rica, 1773-1794. Mariana,
ICHS/UFOP, 2008.

SOARES, Bárbara Musumeci; ILGENFRITZ, Iara. Prisioneiras – Vida e violência atrás das grades.
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Rosário dos Pretos na Vila Real do Senhor Bom Jesus do Cuiabá (1751-1819). Universidade Federal
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WEBIBLIOGRAFIA

http://www.historiacolonial.arquivonacional.gov.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=849&sid=1
03&tpl=printerview

www.desafio.ufba.br/gt3-006.html.3

Curso: Memórias e Cultura Negra no Rio de Janeiro (Profa. Denise Barata)


Autora: Edmeire Exaltação – doutoranda do PPFH (edmeire.exaltacao@gmail.com)
Data: Dezembro 2010.

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