Você está na página 1de 124

ANGELOLOGIA

FATESB- Faculdade de Educação


Teológica Fonte de Belém

EDITORA FATESB

1
INDICE CATALOGRÁFICO

Todos os direitos autorais


2021 Por
Pertencem expressamente
FATESB
A FATESB . A reprodução de
qualquer parte desta publica-
ção seja por qual meio for sem
Direção Executiva: a permissão escrita ou autori-
Cleber N. Tojo Santos zação ou por citação desta
obra, expressa nos moldes da
lei, é ilegal e configura apropri-
Capa: ação indébita de Direitos indé-
Cleber N. Tojo Santos bita de Direitos Intelectuais de
Direitos Intelectuais e Patrimo-
niais (Artigo 184 do Código
Penal – Lei nº. 9.610 de 19 de
Diagramação: fevereiro de 1.998).

Cleber N. Tojo Santos Todos os direitos reservados


M.H.I._116/2021 nesta Edição 2015 – FATESB.
As ideias, comentários e os
conteúdos expressos neste
3ª. Edição: Junho de 2021 livro são de total e exclusiva
Acabamento e Impressão responsabilidade de seu autor
(FATESB).
Editora FATESB São Paulo
fatesb@gmail.com.br

FATESB

ANGELOLOGIA 2
3º Edição. São Paulo : Editora FATESB. 2021.124 p
3
4
Pr. Cleber Nascimento Tojo Santos – ThB

 Ministro do Evangelho
 Leciona Teologia desde 2006
 Pastor Presidente da AD – Chácara São Silvestre
 Reitor da FATESB
 Presidente do Conselho de Pastores Copel São Paulo SP
 COMADESP - CGADB
 Escritor e Conferencista

A FATESB ministra os seguintes cursos:

 Básico em Teologia
 Médio em Teologia
 Bacharelado em Teologia

5
 Direitos reservados por FATESB – Faculdade de Educação
Teológica “FONTE DE BELÉM”

FONES: (11) 9.7421-9639

 Fundada em 1996 por:

 Pr. Aldemário Alves Brandão – Th,B; Th,M

 Fundador da FATESB em 1996

 Escritor , Colunista e Conferencista

 Presidente do Conselho de Educação e Cultura

6
7
Sumário
ANGELOLOGIA .............................................................................. 10

INTRODUÇÃO ................................................................................ 10

SUA ORIGEM, NATUREZA E POSIÇÃO ...................................... 14

SUAS CAPACIDADES E PODERES .............................................. 16

ANJOS MAUS .................................................................................. 20

A EXISTÊNCIA DOS ANJOS ......................................................... 29

A ORIGEM DOS ANJOS ................................................................. 38

A NATUREZA DOS ANJOS ........................................................... 39

O CARÁTER DOS ANJOS .............................................................. 44

A CLASSIFICAÇÃO DOS ANJOS OU ........................................... 49

HIERARQUIA ANGELICAL .......................................................... 49

A ORGANIZAÇÃO DO MUNDO ESPIRITUAL ............................ 56

OS ANJOS COMO AGENTES DE DEUS ....................................... 61

OS ANJOS EXECUTORES DE JUÍZOS DIVINOS ........................ 65

OS ANJOS MAUS ............................................................................ 68


8
A ORIGEM E QUEDA DE LÚCIFER ............................................. 71

SATANÁS, O AGENTE DA TENTAÇÃO ...................................... 76

OS ANJOS CAÍDOS ........................................................................ 86

OS DEMÔNIOS................................................................................ 87

OS ANJOS DE DEUS NA CONSUMAÇÃO ................................... 94


DOS SÉCULOS ................................................................................ 94

CONCLUSÃO .................................................................................. 98

BIBLIOGRAFIA............................................................................. 100

9
ANGELOLOGIA

( DOUTRINA DOS ANJOS )

INTRODUÇÃO

A Doutrina dos Anjos chama-se “Angelologia”. O vocá-


bulo “Anjo”, tal qual aparece nas versões correntes, vem e uma
raiz hebraica “Mala” (Lê-se maluque). No grego da Septuaginta
(LXX), os tradutores traduziram o vocábulo “Anjo” por “anelos”
e, com tal sentido, o vocábulo “ logia”, que significa “estudo” ou
“tratado”, forma-se o termo “ANGELOLOGIA”. Segundo a
Bíblia, os anjos são parte de uma criação especial de Deus.
Quanto à natureza, os anjos são apresentados nas Escritu-
ras como Seres criados, superiores ao homem em inteligência e
conhecimento, mais gloriosos e poderosos que qualquer sobera-
no terreno em toda a sua pompa e força. Quanto à sua multipli-
cidade de ações, os anjos são apresentados na bíblia como agen-
tes de Deus, ministrando o bem e o conforto àqueles que hão de
ser salvos, guardando o povo de Deus, comunicando as boas
novas dos céus aos crentes e, por fim, são elementos que estarão
envolvidos com os acontecimentos proféticos do porvir. De a-
cordo com as Escrituras, existem anjos bons e anjos maus.

10
Os anjos bons se mantêm obedientes e a serviço de Deus,
enquanto os anjos maus e caídos vivem a serviço dos interesses
de Satanás. O estudo da Angelologia é uma divisão da Teologia
Sistemática sempre proeminente nas Páginas Bíblicas em ambos
os Testamentos. Muitas passagens das Escrituras ensinam que há
uma ordem de seres celestes totalmente distintos da humanidade
e da Divindade, que ocupam uma posição exaltada acima da
atual posição do homem. A crença em tais mensageiros angeli-
cais é de caráter universal! Filósofos, Poetas, Historiadores, Teó-
logos etc., frequentemente falaram do ministério dos anjos.
A importância dos anjos, no estudo da Teologia, se faz
necessário por diversas razões: Uma delas é que desde a criação
do Universo, lá estavam eles! E continuaram presentes pela eter-
nidade. Ao nosso redor há um mundo de espíritos, muito mais
populoso, mais poderoso e de maiores recursos do que o nosso
próprio mundo visível de seres humanos. Bons e maus espíritos
movimentam-se em nosso meio. Passam de um lugar para outro
com a rapidez de um relâmpago e com movimentos imperceptí-
veis. Eles habitam os espaços ao redor de nós. Sabemos que al-
guns deles se interessam pelo nosso bem-estar; outro, porém
estão empenhados em fazer-nos o mal.
Os escritores inspirados revelam-nos uma visão deste
mundo invisível, a fim de que possamos ser tanto confortados
quanto admoestados. Os anjos estão sujeitos ao governo divino;
e o importante papel que tem desempenhado na história do ho-
mem, torna-os merecedores de referencia especial e de um estu-
do especial.
11
Nas escrituras, sua existência é sempre considerada maté-
ria pacífica e incontestável. O termo “anjo”, em seu sentido lite-
ral, sugere a ideia de oficio (o oficio de mensageiro), e não a
ideia da natureza do mensageiro. Por isso é que lemos em Lucas
7.24: “Tendo-se retirado os mensageiros”; no original, “anjos”.
Parece-nos que quando a Bíblia foi escrita era comum que algum
ser espiritual superior fosse divinamente enviado como mensa-
geiro aos homens; e que esse ser, com o decorrer do tempo, pas-
sou a ser chamado “anjo”, ou seja, “mensageiro”.
Os anjos são os habitantes dos céus, a inumerável companhia
dos servos invisíveis de Deus. “Não são porventura todos eles
espíritos ministradores, enviados para servir a favor daqueles
que hão de herdar a salvação?” (Hb 1.14).

12
AGENTES ESPECIAIS DE DEUS: OS ANJOS

ANJOS BONS

Termologia- O principal termo hebraico equivalente a


anjo mal’ak, a palavra grega corresponde é angelos; em ambos
os casos, o significado básico é “mensageiro”. Os dois termos
são usados tanto para mensageiros humanos como para anjos.
Quando usados para anjos, os termos salientam sua fun-
ção de levar mensagens. Outros termos do Antigo Testamento
para anjos são “santos” (Sl 89.5-7) e “vigilantes” (Dn 4.13, 17-
23). Coletivamente, são tratados por “o conselho” (Sl 89.7), “a
assembléia” (Sl 89.5), e “exército” ou “exércitos”, como na ex-
pressão muito comum “Senhor [ou Senhor, Deus] dos exérci-
tos”, que é encontrada mais de 60 vezes, só no livro de Isaías. As
expressões do Novo Testamento que se creem referir-se a anjos
são “milícia celestial” (Lc 2.13), “espíritos” (Hb 1.14) e, em
várias combinações, “principados” m “poderes”, “tronos”, “do-
mínios” e “soberania” (veja esp. Cl 1.16; Rm 8.38; 1Co 15.24;
Ef. 6.12; Cl 2.15).
O termo arcanjo parece em duas passagens, 1 Tessaloni-
censes 4.16 e Judas 9. Nesta, Miguel é denominado arcanjo.

13
SUA ORIGEM, NATUREZA E POSIÇÃO

Não se afirma claramente na Escritura que os anjos foram


criados e o relato da criação não menciona (Gn. 1-2). Que foram
criados, no entanto, infere-se claramente do Salmo 148.2,5:
“Louvai-o, todos os seus anjos; louvai-o, todas as suas legiões
celestes [...] Louvem o nome do Senhor, pois mandou ele, e fo-
ram criados”.

Judeus e cristãos vêm há muito acreditando e ensinando


que os anjos são seres imateriais ou espirituais. Aqui, assim co-
mo na questão de sua criação, não há provas explicitas em abun-
dância. Aliás, pode-se concluir que os anjo e espíritos estão sen-
so distinguidos entre si em Atos 23.8,9, embora os anjos possam
estar contidos no gênero dos espíritos.

A afirmação mais clara com respeito a natureza dos anjos


encontra-se em Hebreus 1.14, onde o autor, numa óbvia referen-
cia a eles (veja v5,13), diz:

“Não são todos eles espíritos ministradores, enviados pa-


ra serviço a favor dos que hão de herdar a salvação?” Parece
seguro concluir que os anjos são seres espirituais; eles não pos-
suem corpo físico ou material. As manifestações físicas registra-
das nas Escrituras devem ser consideradas aparências assumidas
na ocasião (angelofanias).

14
Às vezes existe a tendência de exaltar demasiadamente
os anjos, dando-lhes oi louvor e referencia só devidos à Deidade.
No entanto, a passagem mais longa que trata dos anjos, Hebreus
1.5-2.9. faz questão de estabelecer que Cristo é superior a eles.
Embora, por um breve período, estivesse um pouco abaixo deles,
Jesus é em todos os aspectos superiores. E embora seja, por sua
vez, superiores aos homens em muitas de suas habilidades e qua-
lidades, os anjos ainda fazem parte da classe seres criados e,
portanto, finitos.
Há um grande número de anjos. As Escrituras têm varias
maneiras de indicar a quantidade eles: “miríades” (Dt. 33.2);
“vinte mil, milhares de milhões” (Sl 68.17); “doze legiões” (36
000 a 72 000 – o tamanho da legião romana variava de 3 000 a 6
000) (Mt. 26.53); “incontáveis hostes de anjos” (Hb 12.22); “mi-
lhares de milhares e milhões de milhões” (Ap. 5.11, NVI). A-
pensar de não haver motivo para considerar exato qualquer um
desses números, especialmente por causa do significado simbó-
lico dos números usados (12 e 1 000), fica claro que existe um
grupo muito grande de anjos.

15
SUAS CAPACIDADES E PODERES

Os anos são apresentados como seres pessoais. É possí-


vel interagir com eles. Eles têm inteligência e vontade (2 Sm
14.20; Ap 22.9). São criaturas morais, algumas sendo caracteri-
zados como santos (Mt. 25.31; Mc 8.38; Lc 1.26; Ap. 14.10),
enquanto outros, os que decaíram, são como seres que mentem e
pecam (Jo. 8.44; 1 Jo 3.8-10).

Em Mateus 24.36 Jesus insinua que os anjos possuem


conhecimento sobre humano, mas, ao mesmo tempo, afirma ex-
pressamente que esse conhecimento não é ilimitado: “Mas a res-
peito daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus,
nem o Filho, senão o Pai”. Assim como os anjos possuem gran-
de conhecimento, mas não onisciência, também possuem um
poder grande e sobre-humano, mas não onipotência. Esse grande
poder deriva de Deus, e os anjos continuam dependendo de sua
boa vontade para exercê-lo.

A ação deles está restrita aos limites por ele determina-


dos. Isso se aplica também a Satanás, cuja capacidade de afligir
Jó foi circunscrita pelo Senhor (Jó 1.12; 2.6). Os anjos de Deus
só agem para cumprir as ordens de Deus. Não há exemplos de
anjos agindo independentemente. Só Deus faz milagres (Sl
72.18). Sendo criaturas, os anjos estão sujeitos a todas as limita-
ções das criaturas.

16
Suas Atividades

 Os anjos louvam e glorificam continuamente a Deus (Jó


38.7; Sl.; 103.20; 148.2; Ap. 5.11,12; 7.11; 8.1-4). Em-
bora essa atividade em geral se dê na presença de Deus,
em pelo menos uma ocasião aconteceu na terra – no nas-
cimento de Jesus, os anjos cantaram: “Glória a Deus nas
maiores alturas” (Lc. 2.13,14).

 Os anjos revelam e comunicam a mensagem de Deus pa-


ra os homens. Essa atividade está mais de acordo com o
significado da palavra anjo. Os anjos estavam particu-
larmente envolvidos na mediação das leis (At. 7.53; Gl
3.19; Hb 2.2). Apensar de não serem mencionados em
Êxodo 19. Deuteronômio 33.2 afirma; “O Senhor veio de
Sinai [...] veio das miríades de santos”. Essa passagem
obscura pode ser uma alusão à mediação dos anjos. Em-
bora não se diga que tenha desempenhado função seme-
lhante em relação à nova aliança, o Novo Testamento os
apresenta com frequência como portadores das mensa-
gens de Deus. Gabriel aparece a Zacarias (Lc 1.13-20) e
Maria (Lc 1.26-38). Os anjos também falam com Felipe
(At 8.26), Cornélio (At 10.3-7), Pedro (At 11.13; 12.7-
11) e Paulo (At. 27.23).

17
 Os anjos ministram os crentes. Isso inclui sua proteção
contra danos. Na igreja primitiva, foi um anjo que livrou
da prisão os apóstolos (At 5.19) e, mais tarde, Pedro (At.
12.6-11). O salmista experimentou o cuidado dos anjos
(Sl 34.7; 91.11). Entretanto, o maior ministério é no su-
primento de necessidades espirituais. Os anjos têm gran-
de interesse na batalha espiritual dos crentes, regozijan-
do-se em sua conversão (Lc 15.10) e servindo-os em suas
necessidades (Hb 1.14). Os anjos são espectadores de
nossa vida (1 Co 4.9; I Tm 5.21) e estão presentes na i-
greja (1 Co 11.10). Na morte, os crentes são transporta-
dos pelos anjos para um lugar bençãos (Lc. 16.22).

 Os anjos executam julgamentos sobre os inimigos de


Deus. O anjo do Senhor levou morte a 185 000 assírios
(2 Rs 19.35), e aos filhos de Israel até que o Senhor lhe
disse para retirar a mão que estava sobre Jerusalém (2
Sm 24.26). Foi um anjo do Senhor que matou Herodes
(At. 12.23). O livro de Apocalipse está cheio de profecias
a respeito do julgamento que será efetuado pelos anjos
(8.6 – 9.21; 16.1-17; 19.11-14).

 Os anjos estão envolvidos na segunda vinda. Eles acom-


panharão o Senhor em sua volta (Mt 25.31), assim como
estavam presentes em outros acontecimentos significati-
vos da vida de Jesus, incluindo seu nascimento, tentação
e ressurreição.

18
Eles separarão o trigo do joio (Mt 13.39-42). Cristo envi-
ará seus anjos com um grande som de trombetas para re-
unir, dos quatro ventos, os eleitos (Mt. 24.31; Ts
4.16,17).

E quanto aos conceitos de anjos da guarda, a idéia de que


todas as pessoas ou, pelo menos, as que creem, possuem um anjo
especialmente destacado para cuida delas e acompanha-las ao
longo da vida? Essa idéia fazia parte da crença popular judaica
nos tempos de Cristo e foi transferida para o pensamento cristão.
Dois textos bíblicos são citados com provas de que há an-
jos da guarda. Ao chamar uma criança e coloca-la entre os discí-
pulos, Jesus disse: “Vede, não desprezeis a qualquer destes pe-
queninos; porque eu vos afirmo que os seus anjos nos céus vêem
incessantemente a face do meu Pai Celeste” (Mt 18.10). Quando
a criada, Rode, disse aos outros na casa que Pedro estava junto
ao portão, disseram: “É seu anjo” (At. 12.15). Esses versículos
parecem indicar que os anjos são especialmente designados para
os indivíduos.
Devemos notar, entretanto, que, em outra parte da Bíblia,
lemos não apenas de um, mas de muitos anjos acompanhando,
protegendo e suprindo os crentes. Eliseu foi circundado por mui-
tos cavalos e carros de fogo (2Rs. 6.17); Jesus poderia ter cha-
mado doze legiões de anjos; vários anjos carregam a alma de
Lázaro para o seio de Abraão (Lc 16.22).

19
Além disso, a referência de Jesus aos anjos dos pequeni-
nos especifica que eles estão na presença de Deus. Não anjos
que cuidam de indivíduos neste mundo. A resposta a Rode refle-
te a tradição judaica de que os anjos da guarda são semelhantes à
pessoa a quem são atribuídas. Mas um relato indicando que cer-
tos discípulos acreditavam em anjos da guarda não investe a
crença de autoridade. Alguns cristãos ainda mantinham crenças
erradas ou confusas em vários pontos. Na falta de um material
didático definido, precisamos concluir que as provas são insufi-
cientes para confirmar o conceito de anjos da guarda.

ANJOS MAUS

A Origem Dos Demônios

A Bíblia pouco diz a respeito de como os anjos maus


passaram a ter o caráter moral que possuem agora, e ainda me-
nos sobre a origem deles. Podemos inferir alguma coisa a respei-
to de sua origem observando o que diz a respeito de seu caráter
moral. Há duas passagens estreitamente relacionadas que nos
informam sobre a queda dos anjos maus. Diz-se em 2 Pedro 2.4
que “Deus não poupou anjos quando pecaram, antes, precipitan-
do-os no inferno os entregou a abismo de trevas, reservando-os
para juízo.
20
Judas 6 afirma: “a anjos, os que não guardam o seu esta-
do original, mas abandonaram o seu próprio domicilio, ele tem
guardado sob trevas, em algemas eternas, para o juízo do grande
dia”. Os seres descritos nesses dois versículos são claramente
identificados como anjos que pecaram e caíram em julgamento.
Devem ser, portanto, como todos outros anjos, criaturas.
Um problema apresentado por esses versículos é o fato
de afirmarem que os anjos maus foram lançados nas trevas para
serem ali mantidos até o julgamento. Isso tem levado alguns a
teorizar que já duas classes de anjos caídos, a dos que estão apri-
sionados e a dos que estão livres para difundir seu mal no mun-
do. Outra possibilidade é que esses dois versículos descrevam a
condição de todos os demônios. Existe uma indicação de que a
segunda posição é a correta no restante de 2 Pedro 2. No versí-
culo 9, Pedro diz que “o Senhor sabe livrar da provação os pie-
dosos e reservar, sob castigo, os injustos para o dia do juízo”.
Esse linguajar é idêntico ao usado no versículo 4.

Observe que o restante do capítulo (v. 10-22) é uma descrição da


atividade pecaminosa contínua das pessoas que estão sendo
mantidas sob punição. Concluímos que, da mesma forma, embo-
ra lançados às trevas, os anjos caídos têm liberdade suficiente
para desempenhar suas atividades más.
Os demônios, portanto, são anjos criados por Deus e, por
conseguinte, eram originalmente bons; mas eles pecaram e assim
tornaram-se maus.

21
Não sabemos o momento exato em que Deus declarou
“boas” todas as coisas, e a tentação e a queda da humanidade
(Gn. 3).

O Chefe Dos Demônios

Diabo é o nome dado pelas escrituras par ao chefe desses


anjos caídos. Ele também é conhecido por Satanás, que significa
ser adversário ou agir como tal. A palavra grega mais comum
para ele é diabolôs (diabo, adversário, acusador). Vários outros
termos são usados como referencia a ele com menos frequência;
tentador (Mt. 4.3; 1 Ts.3.5), Belzebu (Mt. 12.24,27; Mc. 3.22;
Lc. 11.15, 19), inimigo (Mt. 13.39), maligno (Mt 13.19, 38;
3.12; 5.18), Belial (2 Co. 6.15), adversário (1 Pe. 5.8), enganador
(Ap 12.9), grande dragão (Ap. 12.3), pai da mentira (Jo. 8.44),
homicida (Jo. 8.44), pecador (1 Jo. 3.8). Todos eles transmitem
um pouco do caráter e da atividade do diabo.
O diabo está, como indica seu nome, empenhado na opo-
sição a Deus e à obra de Cristo. Ele faz isso especialmente ten-
tando os homens. Isso é demonstrado na tentação de Jesus, na
parábola do joio (Mt. 13.24-30) e no pecado de Judas (Lc 22.3;
2.11; Ef. 6.11; Tm. 2.26).
Um dos meios básicos usados por Satanás é o engano.
Paulo nos diz que Satanás se disfarça em anjo de luz e que seus
ministros se disfarçam em ministros de justiça (2 Co 11.14,15).

22
Seu uso do engano também é mencionado em Apocalipse
12.9 e 20.8, 10. Ele “cegou o entendimento dos incrédulos, para
que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo,
o qual é imagem de Deus” (2 Co 4.4). Ele se opõe aos cristãos
em seu serviço, os atrapalha (1 Ts 2.18), chegando a suar doen-
ças físicas (assim provavelmente 2 Co 12.7).
Apesar de todo o poder, Satanás é limitado. Como já
mencionamos, ele não podia fazer contra Jó nada que Deus não
tivesse permitido expressamente. É possível ser bem-sucedido
na resistência a ele, provocando, com isso, sua fuga (Tg. 4.7; Ef.
4.27). Entretanto, ele só pode ser colocado em fuga, não por nos-
sa força, mas pelo poder do Espírito Santo (Rm. 8.26; 1Co 3.16).

Atividades Dos Demônios

Como súditos de Satanás, os demônios realizam seu tra-


balho no mundo. Pode-se entender, portanto, que se engajam em
todas as formas de tentação e engano por ele empregadas. Os
demônios infligem doenças. Mudez (Mc. 9.17), mudez e surdez
(Mc. 9.25). cegueira e surdez (Mt. 12.22), convulsões (Mc. 1.26;
9.20; Lc. 9.39), paralisia ou aleijamento (At. 8.7). E, mais espe-
cificamente, opõem-se ao progresso espiritual do provo de Deus
(Ef. 6.12).

23
Possessões Demoníacas

Incidentes de possessões demoníacas receberam atenção


especial nos relatos bíblicos. A expressão técnica é “ter um de-
mônio” ou “estar endemoniado”. Às vezes encontramos expres-
sões como “espíritos imundos” (At. 8.7) ou “espíritos malignos”
(At. 19.12).
As manifestações das possessões demoníacas são varia-
das. Já destacamos algumas das doenças físicas infligidas pelos
demônios a pessoa pode ter força incomum (Mt. 5.2-4) pode agir
de forma estranha, não usando roupas ou vivendo entre túmulos
em vez de morar numa casa (Lc. 8.27); ou pode adotar um com-
portamento autodestrutivo (Mt. 17.115; Mc. 5.5). É evidente que
há graus de gravidade, já que Jesus falou do espírito maligno que
“vi e leva consigo outros sete espíritos, piores do que ele” (Mt.
12.45). Em todos os casos existe o elemento comum; o fato de
que pessoa afetada está sendo destruída no campo físico, emo-
cional ou espiritual.
Parece que os demônios eram capazes de falar, prova-
velmente usando recursos vocais da pessoa possessa (Mt. 8.29,
31). Parece que os demônios também podem habitar em animais
(veja os relatos paralelos de incidente envolvendo suínos – Mt.
8; Mc. 5; Lc. 8).

24
Vale notar os autores bíblicos não atribuíam todas as do-
enças à possessão demoníaca. Em numerosos casos de curas, não
se faz menção de demônios. Em Mateus, por exemplo, não se
faz menção de expulsão de demônios no caso da cura do servo
do centurião (8.5-13) ou no da mulher que sofria de hemorragia
havia doze anos (9.19,20).
Jesus expulsou demônios sem pronunciar uma fórmula
elaborada. Ele apenas ordenou que saíssem (Mc. 1.25; 9.25). Ele
atribuiu o exorcismo ao Espírito de Deus (Mt. 12.28) ou ao dedo
de Deus (Lc. 11.20), Jesus investiu seus discípulos da autoridade
para expulsar demônios (Mt. 17.19,20). A oração é também
mencionada como um requisito para o exorcismo (Mc. 9.29). Às
vezes, exigia-se a fé por parte de uma terceira pessoa (Mc.
9.23,24; cf 6.5,6). Às vezes, os demônios eram expulsos de al-
guém que não expressava desejo de ser curado.
Não há motivo para crer que possessões demoníacas este-
jam restritas ao passado. Há casos, especialmente, mas não ex-
clusivamente, em culturas menos desenvolvidas, que, ao que
parece, só podem ser explicadas dessa forma. O cristão devia
estar alerta para a possibilidade de haver possessão demoníacas
hoje. Ao mesmo tempo, não se deve atribuir prontamente os
fenômenos físicos e psíquicos anormais à possessão demoníaca.
Assim como Jesus e os autores bíblicos distinguiram casos de
possessões de outras enfermidades, nós também devemos distin-
gui-los, testando os espíritos.

25
Em anos recentes, tem havido uma explosão de interesse
no fenômeno de possessão demoníaca. Por conseguinte, alguns
cristãos podem passar a considerar que essa seja a principal ma-
nifestação das formas malignas. Na realidade, Satanás, o grande
enganador, pode estar incentivando o interesse pela possessão
demoníaca na esperança de que os cristãos deixem de se preocu-
par com outras formas sutis de influencia empregadas pelos po-
deres do mal.

O Lugar da Doutrina Dos Anjos

Por mais que essa crença em anjos bons e maus possa


parecer obscura e estranha para alguns, ela desempenha um pa-
pel importante na vida do cristão. Há vários benéficos que po-
dem ser obtidos de nosso estudo desse tópico:

 Para nós, é um consolo e um incentivo saber que


há numerosos e poderosos agentes invisíveis à
disposição para nos ajudar nas necessidades. Os
olhos da fé farão pelos que creem o que a visão
dos anjos fez pelo servo de Eliseu (2Rs. 6.17).

26
 O louvor e o serviço dos anjos a Deus nos dão um
exemplo de como devemos nos conduzir agora e
de como será nossa atividade na vida do além, na
presença de Deus.

 Ficamos alertas quando percebemos que até os


anjos, que estavam perto de Deus sucumbiram à
tentação e caíram. Isso é um aviso para nós: “A-
quele, pois, que pensa estar em pé veja que não
caia” (1 Co. 10.12).

 O Conhecimento acerca de anjos maus serve para


nos alertar contra o perigo e sutileza da tentação
que se pode esperar das forças satânicas e nos faz
perceber algumas estratégias do diabo. Precisa-
mos nos guardar contra dois extremos. Não po-
demos trata-lo com muita leviandade, par anão
subestimar seus perigos. Por outro lado, também
não podemos nos interessar demais por ele.

 Ganhamos confiança ao perceber que, por mais


poderosos que sejam Satanás e seus cúmplices, há
limites definidos com respeito ao que podem fa-
zer. Podemos, portanto, pela graça de Deus, resis-
tir a ele com sucesso.

27
E podemos saber que sua derrota final é certa,
pois Satanás e seus anjos serão lançados no lago
de fogo e enxofre para sempre (Mt. 25.41; Ap.
20.10).

28
A EXISTÊNCIA DOS ANJOS

As mitologias de quase todas as nações antigas falam em


tais seres. A mitologia babilônica pintava-os como deuses, que
transmitiam mensagens dos deuses aos homens. A mitologia
grega e romana tinha seus gênios, semideuses, faunos, ninfas e
náiades, que visitavam a terra. Hesíodo, depois que Homero, o
poeta grego mais antigo, escreveu: “Milhões de criaturas espiri-
tuais andavam pela terra”.
No Egito e nas nações orientais, acreditava-se em tais
criaturas sobre-humanas e invisíveis. Essa crença é quase uni-
versal. As mitologias são ecos débeis e distorcidos de um conhe-
cimento primevo comum possuído pela raça humana. “Do Gêne-
sis ao Apocalipse, os anjos de Deus são mencionados com des-
taque; 108 vezes no Antigo Testamento e 175 vezes, no Novo
Testamento. São vistos por toda a história sagrada. Suas ativida-
des, no céu e sobre a terra, no passado, são registradas em ambos
os Testamentos, como também suas futuras manifestações são
profeticamente reveladas”.

29
A Existência dos Anjos, Provada no Antigo Testamento

A palavra de Deus é a nossa única fonte de informação


digna de confiança. Responde a Bíblia a nossa pergunta acerca
de outros seres inteligentes nesses imensos espaços, a que cha-
mamos de Céus? A Bíblia não faz silêncio sobre a existência dos
anjos; fornece-nos respostas positivas.

No antigo Testamento, os anjos são mencionados 108


vezes e sempre em missões específicas.

Vejamos:

 “E foi também Jacó o seu caminho, e encontra-


ram-no os anjos de Deus. E Jacó disse, quando os viu: Este é o
exército de Deus” (Gn. 32.1,2).

É significativo que a frase “o exército do céu” descreve


tanto as estrelas materiais quanto os anjos, sendo que ambos não
podem ser contados (Agn. 15.5; Ap. 5.11; 12.4). A alusão ao
número destes ministros de Deus é um dos superlativos da Bí-
blia. Eles foram descritos em multidões que ultrapassavam nossa
imaginação. Temos razões para concluir que há tanto seres espi-
rituais em existência no Universo quanto seres humanos vão
existir em toda a história da Terra.

30
 Micaias, profeta da corte acabiana, afirma ter vis-
to o contingente celestial à “mão direita e à esquerda de Deus”
(1Rs. 22.19b).

 O Salmista Davi fez similar declaração na poesia


inusitada: “Os carros (de combate) de Deus são vinte milhares,
milhares de milhares. O Senhor está entre eles, como em Sinai,
no lugar santo” (Sl. 68.17).

 O profeta Elizeu viu um destacamento de anjos,


enviados para sua proteção pessoal “Eis que o monte estava
cheio de cavalos e carros de fogo, em redor de Elizeu” (2 Rs.
6.17b).

 Daniel, um dos profetas do cativeiro babilônico,


contemplou um exército de anjos que serviam e adoravam a
Deus, tudo ao mesmo tempo: “Um rio de foto manava e saía de
diante dele; milhares de milhares o serviam, e milhões de mi-
lhões estavam diante dele” (Dn. 7.10).

 Hagar, a empregada doméstica de Sara, foi aten-


dida pelo anjo de Deus, que lhe chamou pelo nome: “E o anjo de
Deus chamou do céu a Hagar e lhe disse: Que tens Hagar? Não
temas; porque Deus ouviu a voz do menino daí onde estás” (Gn.
21.17).

31
A angelologia do Antigo Testamento atingiu seu alto de-
senvolvimento no livro de Daniel. Ali os anjos são, pela primeira
vez, em toda a extensão das Escrituras, pelo menos em referên-
cia específica, dotados de nomes (Dn. 8.16; 10.21).

VEJAMOS muitas outras referências de anjos


no Antigo Testamento:

1) GÊNESIS: 16.7, 9-11; 19.1,15; 22.11,15; 24.7,40; 28.12;


32.1 etc;

2) ÊXODO: 3,2; 14.9; 23.20,23; 32.34; 33.2;

3) NÚMEROS: 20.16; 22.22-27; 31.32,34,35;

4) JUÍZES: 2.1,4; 5.23; 6.11,12,20-22; 13.3,6,13,15 –


17,19,20;

5) I SAMUEL: 29.9;

6) II SAMUEL: 14.17; 19.27;

7) I REIS: 13.18; 19.5,7;

8) II REIS: 1.3,15; 19.35;

32
9) I CRÔNICAS: 21.12,15,16,18,20,27,30;

10) II CRÔNICAS: 32.21;

11) JÓ: 4.18;

12) SALMOS: 8.5; 34.7; 35.5,6; 91.11; 103.20; 148.2;

13) ECLESIASTES: 5.6;

14) ISAÍAS: 37.36; 63.9;

15) DANIEL: 3,28; 6.22 etc.;

16) OSÉIAS: 12.4;

17) ZACARIAS: 1.9; 11.14,19; 2.3; 3.3,5,6; 4.1,4,5; 5.10;


6.4,5; 12.8;

18) MALAQUIAS: 2.7; 3.1.

33
A Existência Dos Anjos, Provada No Novo Testamento

No Novo Testamento, as criaturas angelicais são men-


cionadas sempre servindo aos santos, por 175 vezes. E, da mes-
ma maneira que no Antigo Testamento, eles também são men-
cionados no Novo Testamento como sendo milhares. Veja:

1ª. “No mesmo instante, apareceu com o anjo uma mul-


tidão dos Exércitos celestiais, louvando a Deus, e dizendo: Gló-
ria a Deus nas alturas, Paz na Terra, boa vontade para com os
homens” (Lc.2.13,14).

2ª. “Ou pensas tu (Pedro) que eu não poderia agora orar


a meu pai, e que Ele não me mandaria mais de doze legiões de
anjos” (Mt. 26.53). Nosso Senhor falou que o Pai poderia man-
dar mais de “doze legiões de anjos”, isto é, 72.000 (setenta e
dois mil) anjos, e chegar até Ele para defesa, numa fração de
segundos.

3ª. “Mas chegastes ao monte de Sião, e a Cidade do Deus


Vivo, à Jerusalém celestial, e aos muitos milhares de anjos” (Hb.
12.22).

34
Assim, no Antigo Testamento, a Angelologia atinge o
seu melhor desenvolvimento no livro profético de Daniel; a An-
gelologia, no Novo Testamento, atinge o0 seu alto desenvolvi-
mento no livro profético de Apocalipse. No Apocalipse de João,
há anjos por todas as partes: Ap 1.1, do começo ao fim, em
22.16.

Veja a Doutrina do Anjos ao longo do Novo Testamento:

1) MATEUS: 1.20,24; 2.13,19; 4.6,11; 11.10; 13.39,41,49;


16.27; 18.10 etc;

2) MARCOS: 1.2,13; 8.38; 12.25; 13.27,32;

3) LUCAS: 1.11,13,18,19,26,28,30; 2.9,10; 4.10; 7.27; 9.26;


15.10; 16.22 etc;

4) JOÃO: 1.51; 5.4; 12.39; 20.12;

5) ATOS: 5.19; 6.15; 7.35,53; 8.26; 10.3,7,22; 12.7-11,15,23;


23.8,9 etc;

6) ROMANOS: 8.38;

7) 1 CORÍNTIOS: 4.9; 6.3; 11.14;

35
8) GÁLATAS: 1.8; 3.19; 4.14;

9) COLOSSENSES: 2.18;

10) II TESSALONICENSES: 1.7;

11) I TIMÓTEO: 3.16; 5.21;

12) HEBREUS: 1.4-7; 2.2,7,9,16; 12.22; 13.2;

13) I PEDRO: 1.12; 3.22;

14) II PEDRO: 2.4,11;

15) JUDAS: 1.6;

16) APOCALIPSE: 1.1,20; 2.1,8,12,18; 3.1,7,14; 5.1.11;


7.1,2,11; 8.2-8; 9.1,11,13,14,15; 10.1,5,7-10; 11.1,15; 12.7;
14.6,8-10; 15.1,6,8; 16.1, 3-5,8,10,12,17; 17.1,17; 18.1,21;
19.17; 20.1; 21.9,12,17; 22.6,8,16.

A Existência dos anjos é claramente demonstrada pelo


ensino, tanto no Antigo como do Novo Testamento. Algumas
vezes encontramos a expressão: “filhos de Deus”; no Antigo
Testamento (Jó 1.6; 2.1 e 38.7) esta expressão se refere aos an-
jos.

36
Segundo Gaebelein “Deve ser observado, porém, que a-
pesar de serem os anjos chamados filhos de Deus, nunca são
chamados filhos do Senhor. No hebraico, sempre aparecem co-
mo Benai Elohim (Elohim é o nome de Deus como Criador) e
nunca Benai Jeová. Os Benai Jeová são os pecadores redimidos
e trazidos à relação filial com Deus, por meio da redenção.
Os Benai Elohim são seres caídos, filhos de Deus em vir-
tude de criação. Os anjos são os filhos de Deus da primeira cria-
ção; os pecadores, salvos pela graça, são os filhos de Deus da
nova criação”. Que o título “filhos de Deus” se restringe a anjos,
no Antigo Testamento, é a posição tomada por Josefo, Filo Ju-
deus e os autores do “Livro de Enoque” e do “Testamento dos
Doze Patriarcas”, de fato era a posição geralmente aceita pelos
Judeus eruditos dos primeiros séculos da érea cristã.
Quanto à Septuaginta, todos os manuscritos traduzem o
hebraico “filhos de Deus” por “anjos de Deus” em Jó. 1.6 e 2.1,
e, por “meus anjos”, em Jó. 38.7; passagens em que não havia
qualquer razão dogmática para que o texto fosse corrompido.
Segundo Pember, “Na genealogia de nosso Senhor, no
evangelho de Lucas, Adão é chamado de filho de Deus. Também
é dito que Cristo dá aos que o recebem o direito de se tornarem
filhos de Deus. Pois esses são de novo gerados pelo Espírito de
Deus, quanto ao seu homem interior, mesmo nesta vida presente.
E, por ocasião da ressurreição, os homens redimidos se-
rão revestidos de um corpo, um edifício formado por Deus; pelo
que serão em todos os aspectos. Iguais aos anjos, sendo uma
criação inteiramente nova”.

37
A ORIGEM DOS ANJOS

Os anjos são seres celestiais que Deus criou no princípio,


antes da catástrofe que tornou a terra sem forma e vazia (Gn. 1.2
e Jó. 38.7).
A Bíblia diz que “Nele (Jesus) foram criadas todas as
coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis... tudo foi
feito por ele e para ele” (Cl. 1.16). “Sem Ele nada do que foi
feito se fez” (João 1.3). Os anos foram criados pela palavra de
Deus (Sl. 33.6). “Mandou e logo foram criados” (Sl. 148.2,5).

São Seres Criados

Os anjos não são eternos como Deus nem auto-


existentes; porém, criados. Quando foram os anjos criados? A
Bíblia não fornece qualquer resposta clara a essa pergunta. Mas,
há pelo menos uma passagem pela qual podemos saber, por infe-
rência, que foram criados no “Princípio”, quando Deus criou os
céus e a terra. Quando foi esse princípio, nenhum cientista ja-
mais descobrirá por suas pesquisas.
Talvez milhões de anos antes de o home ter sido posto
sobre a face da terra, esta existia noutra forma (Gn. 1.2), diferen-
te da que existe atualmente.

38
Deve ter sido por ocasião desta criação original, que
Deus criou essa classe de seres que chamamos anjos. Tudo foi
criado por Deus na pessoa de seu Filho, e para Ele, inclusive as
coisas invisíveis e visíveis, os tronos, os domínios, os principa-
dos e os poderes invisíveis (Cl. 1.16).
“Nas belas palavras, com as quais Jeová respondeu a Jó,
do meio do redemoinho, encontramos numa indicação quanto ao
tempo em que os anjos vieram à existência: “Onde estavas tu,
quando eu lançava os fundamentos da terra... Quando as estrelas
da alva juntas alegremente cantavam, e rejubilavam-se todos os
filhos de Deus?” (Jó. 38.4-7). Que Jeová se refere aqui a criação,
está perfeitamente claro. Portanto, já existiam os anjos quando
Deus lançou os fundamentos da terra, quando ele a criou no
princípio. E ao contemplarem as maravilhas de sua criação, cla-
maram eles de júbilo”.

A NATUREZA DOS ANJOS

São Seres Espirituais

A Bíblia afirma que os anjos como os homens foram cri-


ados por Deus. E, por essa razão, é evidente que tenham em
Deus a sua origem. Houve um tempo em que não existiam; na
verdade, havia unicamente o Deus Trino e Uno: o Pai, O Filho e
o Espírito Santo.

39
Os anjos, em sua forma comum, são espíritos sem corpo
físico. Isso, entretanto, não nega a possibilidade de sua materia-
lização. E isso faz com que eles sejam um pouco superiores ao
homem (Sl. 8.4,5 e Hb. 2.6,7).
“Não são todos eles espíritos ministradores enviados para
serviço, a favor dos que hão de herdar a salvação” (Hb. 1.14).
Alguns escritores renomados, especialmente da Idade Média,
discutiram bastante quanto a forma corpórea dos anjos. Chega-
ram a fazer perguntas entre si: “Os anjos são espirituais a ponto
de serem absolutamente imateriais como Deus?” “Ou estão re-
vestidos de uma refinada estrutura material?”.
As opiniões, tanto dos antigos quanto dos modernos co-
mentadores, estão muito divididas neste assunto; porém, as Es-
crituras mostram, à luz de cada contexto, que os anjos são de
fato seres espirituais. Este fato, entretanto, não impede sua trans-
figuração quando se faz necessária; pois, os espíritos humanos
no estado eterno, embora desincorporados, têm seu relaciona-
mento com o homem em forma humana material: Moisés, no
monte Santo; e também Elias, foram vistos assim. Os anciãos,
que apareceram a João no apocalipse, tinham também forma
humana (Ap. 5.5).
Martinho Lutero, grande reformador protestante, define
os anjos da seguinte forma: “O anjo é uma criatura espiritual
sem corpo (físico), criada por Deus para o serviço da cristandade
e da Igreja”.

40
Os anjos foram criados com um corpo espiritual. Pois há
“corpo Espiritual” e corpo material (1 Co. 15.44); quando se fala
dos homens se diz que são “carne” Gn. 6.3; Jo. 3.6. Os anjos não
possuem um corpo material, carnal, com forma, mas um corpo
espiritual, que é acompanhado de luz e de glória celestial (Sl.
104.4; Ez. 1.13).

São Seres Pessoais

Como aprendemos no tópico anterior, os anjos são des-


critos como espíritos, porque diferente dos homens, eles não
estão limitados às condições naturais físicas. Aparecem e desa-
parecem à vontade, e movimentam-se com uma rapidez incon-
cebível sem usar meios naturais. Apesar de serem puramente
espíritos, têm o poder de assumir forma de corpos humanos a
fim de tornar visível sua presença aos sentidos do homem (Gê-
nesis 19.1-3 e Gênesis 18.1-8). Portanto, não são simplesmente
“mitos”; são seres pessoais.
Por seres pessoais, entende-se o ser que tem personalida-
de; e os anjos são seres com características pessoais: são inteli-
gentes, dotados de vontade e atividade (Veja 2 Sm. 14.20: 2 Tm.
2.26 e Ap. 22.8,9 e 12.12).

41
Quanto à aparência dos anjos, veja a descrição bíblica:
“Então a mulher entrou e falou a seu marido, dizendo: Um ho-
mem de Deus veio a mim, cuja vista era semelhante à vista dum
anjo de Deus, terribilíssima” (Jz. 13.6). O evangelista Mateus diz
que o anjo que presenciou a ressurreição do Nosso Senhor tinha
“... o seu aspecto... como um relâmpago...” (Mt. 28.3). Billy
Granham diz em seu livro “Anjos, os agentes secretos de Deus”
que, segundo parece, os anjos têm a capacidade de mudar a apa-
rência e de se transportarem num relâmpago da suprema corte do
Céu para a Terra, e retornar numa fração de segundos.
Quanto à estatura, a Bíblia não fornece maiores detalhes;
mas nos leva a entender que há uma certa categoria “maior” que
a estatura humana (Salmos 8.5) e outra “menor” que a estatura
humana (Ap. 21.17)

São Seres Que Não Se Casam – Não se Reproduzem

Os anjos sempre são descritos como varões; porém na re-


alidade, não têm sexo; não propagam a sua espécie (Lc.
20.34,35). Os anjos não caídos, no céu, nem e casam nem são
dados em casamento. As Escrituras em parte alguma ensinam
que os anjos sejam seres assexuados. O ensino que se infere nas
Escrituras é antes o contrário: que há gênero sexual na ordem
angélica, e que eles pertencem ao sexo masculino. Essa inferên-
cia se baseia no uso de pronomes do gênero masculino em refe-

42
rência aos anjos (Dn. 8.16,17; Lc. 1.12,29,30; Ap. 12.7; 20.1 e
22.8,9). Os nomes dos anjos são poucos e limitados nas Escritu-
ras, mas os que são dados parecem ser nomes masculinos: Ga-
briel, Miguel, Satanás, Abadon, Apolion. As Escrituras, não obs-
tante, ensinam que o casamento não é da ordem ou do plano de
Deus para os anjos. Portanto, fica subentendido que há sexo, no
sentido de gênero. Ou seja, quanto ao gênero, são masculinos.

São Seres Imortais

Os anos não estão sujeitos à morte. Em Lucas 20.34-36,


Jesus explica aos saduceus que os santos ressuscitados serão
como os anjos, no sentido de que não podem mais morrer. Os
anjos não estão sujeitos a dissolução; portanto, nunca morrem. A
imortalidade dos anjos e dos homens se deriva de Deus e depen-
de de sua vontade. Os anjos são isentos da morte, porque Deus
assim os fez. Nunca morrerão nem cessarão de existir, porque
não é da vontade divina que retornem a sua não-existência origi-
nal, ou deixem de viver a sua vida espiritual. É claro que a i-
gualdade, referida em Lucas 20.34-36, é especialmente a impos-
sibilidade de morrer. Por essa razão, os homens redimidos, em
seu estado glorificado, são iguais aos anjos e, à semelhança dos
anjos, incapazes de morrer.

43
O CARÁTER DOS ANJOS

“Porque qualquer que de mim e das minhas palavras se


envergonhar, dele se envergonhará o Filho do Homem quando
vier na sua glória e na do pai e dos santos anjos” (Lc. 9.26).
As Escrituras nos são a entender que, antes da queda dos
anjos, em um passado remoto, eles eram santos apenas no seu
caráter, mas não o eram no seu ser. Porém, aqueles anjos que se
mantiveram fiéis a Deus durante a grande revolta de Satanás,
guardando o seu estado original, Deus os confirmou em santida-
de, tanto no seu caráter como no seu ser. Declarando-os “santos
anjos”. Pois a Bíblia menciona “anjos que não são santos” (Jd.
1.6).
As Escrituras não usam termo atual sobre o pecado dos
anjos tais como: “aos anhos que pecam” ou “anjos que estão
pecando”, mas usam sim “aos anjos que pecaram” (2 Pd. 2.4; Jd.
1.6). A partir desta época, que marcou uma “cisão” na compa-
nhia angelical, evidentemente o Criador declarou “santos anjos”
àqueles “anjos” que escaparam ilesos da sedução de Satanás.
A partir daí, a santidade dos anjos, à semelhança da San-
tidade de Deus, não é apenas a isenção de toda impureza moral,
mas sim, o conjunto de todas as excelências morais. Os anjos
possuem um senso de apreciação da Santidade do Criador; sen-
tem por essa Santidade intensa admiração, e assim os anjos, que
permaneceram fiéis a Deus são seres santos em qualquer signifi-
cado do pensamento.
44
Os homens estão também passando por essa prova de
santidade, e só serão aquilo que Deus quer que eles sejam, quan-
do alcançarem a perfeição, mediante a consumação de sua re-
denção, efetuada por Cristo.

Os Anjos São Santos e Puros

(At. 10.22; Mc. 8,38; Ap. 14.10). Eles são cercados da


Glória de Deus (Lc. 9.26), e quando se manifestam, aparecem
sempre com algo da glória celestial – (Lc. 2.9).

Os Anjos São Inteiramente Sujeitos a Deus e a Cristo

(Ef. 1.22,23; 1 Pd. 3.22), na sua completa submissão a


Deus, os anjos servem como “espíritos ministradores enviados
para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação” (Hb.
1.14; Dn. 8.16,17). Os anjos dedicam-se a adorar a Deus e a can-
tar-lhe louvores (Ap. 5.9-14; Sl. 148.2; 103.32; Lc. 2.13,14). São
reverentes: Os Serafins clamavam uns aos outros: “Santo, Santo,
Santo é o Senhor dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua
glória” (Is. 6.3).

45
Enquanto faziam isto, com duas asas voavam, com duas
cobriam o seu rosto em reverência, e com duas cobriam os pés,
para esconder o próprio trabalho (Is. 6.2). Os anjos não aceitam
para si nenhuma forma de louvor e de adoração (Ap. 19.10;
22.8,9); pois sabem que só Deus deve ser adorado (Ap. 22.10).
Por isso, todo tipo de culto aos anjos é totalmente errado (Cl.
2.18). Os anjos ainda usam uma linguagem própria, que a Bíblia
chama de “língua dos anjos” (1 Co. 13.1).

Os Anjos Possuem Autoconsciência

Eles conhecem a autoridade que Deus lhes delegou. O


arcanjo Gabriel disse: “eu sou Gabriel que assisto diante de
Deus” (Lc. 1.16).

Os Anjos Possuem Autodeterminação

Eles têm livre arbítrio. Assim como Jesus foi aprovado,


os anjos também o foram. Quando Lúcifer se rebelou nos céus,
muitos anjos “não guardaram o seu principado, mas deixaram a
sua própria habitação” (Jd. 1.6). Um grande número de anjos,
muito mais do que os que se rebelaram, escolheu mostrar a sua
fidelidade a Deus na submissão, e por isso são chamados “anjos
eleitos” (1 Tm. 5.21).

46
Os Anjos São Sábios

(2 Samuel 14.20) – Os anjos, apesar de serem mais sá-


bios que os homens, não são contudo, oniscientes. Eles não co-
nheciam os eternos planos de Deus a nós revelados (Ef. 3.9),
nem conheciam o ministério da salvação – (1 Pd. 1.12); os anjos
não conhecem as coisas de Deus, pois só o Espírito Santo as
conhece – (1 Co. 2.11), nem sabem o que está no coração do
homem, o que só Deus conhece – (1 Rs. 8.39).

Os Anjos São Poderosos

São magníficos em poder (Sl. 103.20). Os anjos são mai-


ores do que os homens em força e poder (2 Pd. 2.11), porém o
poder que eles possuem, lhes é delegado por Deus (2 Ts. 1.7; 2
Sl. 24.16).

47
Os Anjos Têm Emoções

A Bíblia diz que os anjos podem até “alegrar-se” (Lc.


15.10). E, quando o Criador lançava os fundamentos da terra, lá
estavam os anjos se emocionando a ponto de rejubilarem-se
(Leia Jó. 38.7).

Os Anjos Têm a Sua Habitação Nos Céus

A Bíblia diz: “os anjos do céu” (Lc. 22.43; Mt. 18.10).


Eles sempre veem a face de Deus, e fazem a guarda das portas
do Céu (Ap. 21.12).

48
A CLASSIFICAÇÃO DOS ANJOS OU
HIERARQUIA ANGELICAL

Visto que “A ordem é a primeira das leis do céu”, acredi-


ta-se que os anjos estejam classificados segundo o seu posto e
atividade. Esta classificação hierárquica é implícita em 1 Pedro
3.22, onde lemos: “Os anjos, as autoridades, e as potências”
(Leia ainda Cl. 1.16, Ef. 1.20,21).

Anjo do Senhor

A maneira pela qual o “Anjo do Senhor” é descrito dis-


tingue-o de qualquer outro anjo. É-lhe atribuído o poder de per-
doar ou reter pecados, conforme diz o Antigo Testamento. O
Nome de Deus está nele (Ex. 23.20-23). Em Êxodo 32.34 se diz:
“Meu Anjo irá adiante de ti”; em Êxodo 33.14 há esta variação:
“Minha presença (literalmente, meu rosto) irá contigo pa-
ra te fazer descansar”. As duas expressões são combinadas em
Isaías 63.9; “Em toda angústia deles foi ele angustiado, e o anjo
da sua face os salvou”. Duas coisas importantes são ditas acerca
deste anjo: primeiro, que o Nome de Jeová, isto é, o rosto de
Jeová pode ser visto nele. Por isso tem o poder de salvar (Isaías
63.9), de recusar o perdão (Ex. 23.21).

49
Veja também a identificação que Jacó fez do Anjo com o
Próprio Deus (Gn. 32.30; 48.16). Não se pode evitar a conclusão
de que este anjo misterioso não é outro senão o Filho de Deus, o
Messias, o Libertador de Israel, e que seria o Salvador do Mun-
do. Portanto, o “Anjo do Senhor” não é um ser criado.

Arcanjo

O termo “arcanjo” representa a mais elevada posição an-


gelical. O prefixo “arc’ do grego Arch sugere tratar-se de um
chefe, um superior ou príncipe. A Bíblia apresenta Miguel como
um anjo acima de todos os anjos. O seu nome enaltece a Deus,
pois significa “Quem é como Deus”? Sua missão está identifica-
da com o povo de Israel (Daniel 10.13,21; e Daniel 12.1). Ele é
uma espécie de administrador da parte de Deus, par afazer valer
os interesses divinos a favor de Israel e para exercer o juízo so-
bre os inimigos do seu povo (Judas 139; Daniel 12.1). O livro de
Enoque (considerado “Apócrifo”) dá os nomes de sete Arcanjos:
“URIEL, RAFAEL, RAQUEL, SARACAEL, MI-
GUEL, GABRIEL e REMIEL”. Segundo é dito neste citado
livro, a cada um deles Deus entregou uma província sobre a qual
reina. A província de Miguel seria “Autoridade sobre a melhor
porção da humanidade e sobre o caos”. Os escritos judaicos fa-
zem dele um protetor de Israel como nação. Em I Tessalonicen-
ses 4.16, Miguel, o arcanjo, virá aos brados, acompanhando Je-
sus no arrebatamento da Igreja.

50
No Antigo Testamento, Miguel aparece como Príncipe de
Israel (Daniel 12.1). Já no Novo Testamento, Miguel aparece
discutindo com o Diabo e dizendo-lhe: “ O Senhor te repreenda”
(Judas 1.9); e, posteriormente, trava uma grande batalha com o
dragão e vence o Diabo nesta peleja (Ap. 12.7).

Gabriel

Assim como Miguel, Gabriel é mencionado tanto no An-


tigo quanto no Novo Testamento (Daniel 8.16; 9.21 e Lucas
1.19,26). Provavelmente ele seja o mesmo “anjo” das seguintes
passagens bíblicas: Mateus 1.20,24; 2.13,19; Atos 8.26; 12.7,11
e 27.23. Seu nome em hebraico é “Gabhri’êm” e significa “o
herói de Deus” ou “varão de Deus”. Segundo a tradição Judaica,
Gabriel era o Guardião do tesouro Sagrado, e Miguel era o des-
truidor do mal, agende de Deus contra qualquer força contrária à
vontade divina.
Gabriel é também o mensageiro da paz e da restauração.
No livro de Tobias (Apócrifo), Gabriel é pintado como um dos
sete arcanjos que estão na presença de Deus. Embora a Bíblia só
mencione por nome um arcanjo, chamado Miguel, a maneira
especial pela qual Gabriel também é tratado na Bíblia, indicando
também que ele é de uma classe muito elevada.

51
Gabriel é primordialmente o mensageiro da misericórdia
e da promessa Divina. E a ele é confiada a entrega das mensa-
gens mais elevadas e importantíssimas em relação ao reino de
Deus (Daniel 9.21 e Lucas 1.19,26).

Quando chegarmos no céu, conheceremos melhor a fun-


ção hierárquica deste “assistente direto de Deus”.

Anjos Eleitos

Esses anjos são todos que permaneceram fiéis a Deus du-


rante a rebelião de Satanás (1 Timóteo 5.21; Mateus 25.41).
Como já aprendemos nesta apostila, existem os anjos que
abandonaram a sua própria habitação e seguiram o Diabo (Apo-
calipse 12.4-9). Segundo este texto, a terça parte dos anjos se-
guiu a Satanás.
Isto significa que 33,33% (trinta e três virgula trinta e
três por cento deixaram a sua habitação (os céus) e seguiram o
chefe da rebelião (o Diabo).
Mas, graças a deus que 67,67% (sessenta e sete virgula
sessenta e sete por cento) dos anjos permaneceram fiéis a Deus,
e por isso foram declarados por Deus “anjos eleitos”. Como já
aprendemos, o número deles é incontável (Apocalipse 5.11 e
Hebreus 12.22 etc). Quanto às suas atividades e funções, são
também diversificadas.

52
Anjos das Nações

Segundo Daniel 10.13,20, parece que cada nação tem


seu anjo protetor, que zela pelo seu bem-estar. Era tempo de os
judeus regressarem do cativeiro (Daniel 9.1,2), e Daniel se dedi-
cou a orar e a jejuar pela sua volta do cativeiro. Depois de três
semanas, um anjo apareceu-lhe e deu, como razão da demora, o
fato de o príncipe ou anjo da Pérsia, ter se oposto ao retorno dos
judeus.
O anjo lhe disse que a sua petição para o regresso dos ju-
deus não tinha apoio à não ser o de Miguel, o príncipe da nação
hebraica (Daniel 10.21). O príncipe dos gregos também não es-
tava a favorecer a volta dos judeus (Daniel 10.20). A palavra do
Novo Testamento “principados” pode referir-se a esses príncipes
angélicos das nações; e o termo é usado tanto para os anjos maus
quanto para os anjos bons (leia Efésios 3.10 e Colossenses 2.15).

53
Querubins

Os Querubins parecem ser de uma classe elevada de an-


jos relacionados com os propósitos ligados retribuição (Gênesis
3.24) e ligados a redenção (Êxodo 25.22) de Deus para com os
homens.
Eles são descritos como tendo rostos de Leão, de Ho-
mem, de Boi e de Águia, e isto sugere que representam uma per-
feição de criaturas – Força do Leão, Inteligência do Homem,
Rapidez de Águia e serviço, semelhante ao que o Boi presta,
pois pacientemente dia e noite não descansam dizendo: “Santo,
Santo, Santo é o Senhor Deus Todo-Poderoso” (Apocalipse 4.8).
No original hebraico, o vocábulo “querub” é um verbo
com sentido de “guardar, cobrir”. Porém, o vocábulo tem sua
raiz no termo hebraico “karabu” que significa “orar e abençoar”.
Esse termo era usado no mundo pagão para referir-se a deuses
menores. Na Bíblia, a palavra “Querubim” nada tem a ver com
deuses pagãos menores, visto que temos: “Um só Deus e Pai de
todos” (Ef. 4.6).
O vocábulo Querubim designa uma alta posição na corte
celestial diretamente ligada ao trono de Deus. A Bíblia diz que
Deus habita entre os Querubins (1 Samuel 4.4; 2 Reis 19.15;
Salmos 80.1; 99.1; Isaías 37.16), e Deus também se serve deles
(Salmos 18.10).

54
Leia estas passagens bíblicas: Ezequiel 1.5,15 e 10.1; Gn.
3.24; Êxodo 25.20; 26.1,31; Hebreus 8.5; 9.5,23. Alguns dos
escritores paralelos do pós-exílio concebiam os “Querubins”
como sendo “animais mitológicos”, que servem de cavalgadura a
Jeová (Salmos 18.10,11) e sentinelas, que vedam o acesso dos
mortais à divindade (Gênesis 3.24). Guardiões.

Os Serafins

O Vocábulo Serafim deriva do hebraico “saraph”, cujo


significado é “ardente”, “refulgente” ou “brilhante”. Os Serafins
são uma classe de anjos especificamente designados para o ser-
viço de adoração ao Deus Todo-Poderoso. O Único texto bíblico
que fala sobre os Serafins é Isaías 6.1-3.
No serviço de adoração, esta classe de anjos não somente
louva a Deus, mas também promove a sua Santidade, procla-
mando-a e mantendo-a. Na visão do profeta Isaías, os serafins
aparecem em forma humana, com seis asas cada um. Com duas
asas cobriam os rostos, com duas cobriam os pés e com duas
asas voavam (Isaías 6.2,3).
O doutor C.I Scofield observa que, embora alguns afir-
mem que os Serafins são os mesmos Querubins, por terem al-
gumas coisas em comum, todavia veremos que à luz do contex-
to, os Serafins contrastam com os Querubins: “Os querubins
contrastam com os serafins.

55
Embora expressem a santidade divina, que requer que os
pecadores se aproximem de Deus somente por meio de um sacri-
fício, que realmente vindique a santidade de Deus (Rm. 3.24-
26), e que o crente seja primeiro purificado antes de servir; Gê-
nesis 3.22-24 mostra a existência dos primeiros e Isaías 6.1-6 a
dos segundos”.
Os serafins cultuam a Deus nos umbrais eternos, porém,
como os demais anjos, são sujeitos à autoridade de Cristo (He-
breus 1.6). A Ele, e por Ele, estão sujeitas todas as autoridades e
potências. As especulações humanas não compreendem muitas
vezes o vasto mundo espiritual e invisível, onde se movimentam
inúmeros exércitos organizados e preparados, à disposição do
seu Criador (Salmos 103.20). Seja como for, os mensageiros de
Deus estão por toda parte!

A ORGANIZAÇÃO DO MUNDO ESPIRITUAL

Há pelo menos três ordens principais na obra da criação:


Primeiro a Criação Espiritual; segundo, a Criação Material e
Terceiro, a Criação da vida sobre a terra.

56
A Criação Espiritual

Esta ordem da Criação refere-se ao mundo espiritual, a


começar pelas hostes espirituais, isto é, os anjos.

A Criação Material

A Criação Material é imensa e abrange todo o sistema so-


lar e outros sistemas porventura existentes, ainda não descober-
tos pelo homem. A extensão dos corpos celestes espalhados no
espaço sideral, fazendo parte da Via-Láctea, com muitos sóis,
planetas e satélites, nos dá uma visão iluminada de toda a gran-
deza da Criação de Deus (Neemias 9.6).

A Criação da Vida Sobre a Terra

Na Criação da terra, Deus criou a vida física numa com-


binação do imaterial com o material (Gn. 1.11,20-22). Nesta
ordem da Criação se acham incluídos o homem, os animais e as
demais coisas do reino animal e vegetal.

57
Porém, no momento o que nos interessa é a primeira Or-
dem da Criação; ou seja, a Criação Espiritual. Em Colossenses
1.16, o apóstolo Paulo, falava da Organização do mundo espiri-
tual, apresenta quatro classes de seres espirituais, das quais fa-
zem parte os querubins e os serafins.

Tronos

– No grego “Thronoi” refere-se a uma classe de anjos,


sobre a qual Deus se assenta como Rei dos reis e Senhor dos
senhores. A figura utilizada é para mostrar uma relação mais
elevada com Deus. Esses tronos celestiais podem ser identifica-
dos como os “Querubins”, este os quais Deus está assentado e
reinando (1 Samuel 4.4; Salmos 80.1 e 99.1; 2 Reis 19.14,15).

Dominações

– No grego o termo “kuriotes” tem o sentido de sobera-


nias ou domínios (Colossenses 1.16; Efésios 1.21). As “Domi-
nações” refere-se a uma classe de anjos com funções executivas,
e que reinam sob a autoridade de Cristo. Toda a criação visível e
invisível está sob a autoridade suprema de Cristo; e, nos versícu-
los acima mencionados, subentende-se que certas classes de an-
jos reinam e governam sobre determinadas esferas espirituais.

58
Principados

– No grego é “archai” e refere-se a uma classe de anjos


que tem a dignidade de “príncipes de um reino”. Pode referir-se
também a territórios que estão sob a liderança de príncipes ange-
licais. Voltemos nossas mentes para a história de Lúcifer, que foi
estabelecido como “querubim ungido para proteger”, e estava no
monte santo de Deus. Supõe-se que ele governava a terra como
um “principado”, e só a perdeu por causa de seu pecado de rebe-
lião contra o Criador (Isaías 14.13; Ezequiel 28.16; Apocalipse
12.9). É interessante analisar que Miguel é chamado “um dos
príncipes” de Deus (Daniel 10.13), o que o coloca entre outros
príncipes.

Esses “principados” podem existir em organização tanto


no “reino da luz” quanto no “reino das trevas”, pois a Bíblia diz
que “a nossa luta não é contra a carne nem contra o sangue, mas
sim contra os principados e potestades” (Ef. 6.12). Ali o “reino
das trevas” é chamado de “mundo tenebroso”. Não só a Igreja
luta diariamente contra estes “principados e potestades” como
até mesmo os principados do reino da luz estão sempre em bata-
lha contra os principados do reino das trevas. Veja atentamente
essas guerras espirituais em: Daniel 10.12-21 e Apocalipse 12.7-
9.

59
Potestades

– Refere-se a poderes angelicais delegados para exerce-


rem atividades especiais. Não se trata de anjos com poderes iso-
lados para fazerem o que quiserem, mas são chamados de “po-
testades”, porque foram investidos de uma autoridade especial.
A Bíblia apresenta vários exemplos da manifestação dessa classe
de anjos, Um destes anjos foi enviado por Deus para destruir a
cidade de Jerusalém, e só parou quando Deus ordenou-lhe que
guardasse a sua espada (1 Crônicas 21.15-27). Veja ainda Apo-
calipse 7.14,15; 16.1-17 etc. O salmista Davi diz que esses anjos
são “magníficos em poder” (salmos 103.20). A magnitude do
poder dessa classe de anjos não os torna capazes de fazer aquelas
cosias que só a Divindade é capaz.

60
OS ANJOS COMO AGENTES DE DEUS

Ainda que nem sempre percebamos, os anjos de Deus es-


tão em constante ação em benefício dos santos (Gênesis: 16.7-
13; 18.2-3; 17-22; 19.1; 22.11,12,15 – 18; 28.12; 32.1 e 48.16).
Existem inúmeras referências aos anjos na bíblia, e a maioria
dessas referências alude a atividades angélicas como a serviço de
Deus. Os anjos são servos e agentes de Deus, como bem definiu
Billy Granham ao seu livro “Anjos, agentes secretos de Deus”.
As duas principais atividades, destacadas na Bíblia, de-
sempenhadas pelos anjos são: o louvor e o serviço a Deus.

O Ministério dos Anjos no Antigo Testamento

No Antigo Testamento, vemos os anjos ajudando, orien-


tando, provando e protegendo os servos de Deus. Podemos cons-
tatar esses fatos em vários textos, conforme expomos a seguir:

 O anjo, como já citamos, apareceu a Hagar, a escrava


egípcia, quando ela peregrinava com o seu filho em
pleno deserto, facilitou a vida e proveu água para
ambos (Gn. 16.7-12);

61
 Os anos viajantes que apareceram na tenda de Abra-
ão e sua mulher, anunciaram que Sara teria um filho
(Gn. 18.1-13);

 Os anjos que salvaram Ló e suas filhas da destruição


de Sodoma e Gomorra (Gn. 19.); d) O anjo enviado
para proteger Moisés na sua volta ao Egito para liber-
tar o eu povo da escravidão (Ex. 33.2); e) O anjo que
guiou Israel no deserto (Ex. 14.19; 23.20); f) O anjo
que falou a Josué quando estava diante da muralha de
Jericó (Js, 5.13-15); g) O anjo que comissionou Gide-
ão a libertar o povo de Deus das mãos dos midianitas
(Jz. 6.11); H) O anjo que cuidou de Elias, o profeta,
quando ele chegara ao deserto, fugindo de Jezabel (I
Reis 19.5-8) e i) O anjo que ajudou a Zacarias, o pro-
feta, na redenção do seu livro (Zc. 1.9; 2.3; 4.5).

O Ministério dos Anjos no Novo Testamento

No Novo Testamento, podemos começar pelo ministério


pessoal dos anjos atuando no ministério terrestre de Jesus:

62
 No seu nascimento (Lc. 2.13);

 Em sua tentação no deserto (Mt. 4.11);

 Em sua agonia no Gestsêmane (Lc. 22.43);

 Em sua ressurreição (Lc. 24.4-6_;

 Em sua ascensão aos céus (At. 1.10,11);

 Em seu estado de Glória no Céu (Ap. 4.6-9);

 No arrebatamento da Igreja em sua vinda (1 Ts.


4.16) e

 Na sua volta Pessoal a terra (2 Ts. 1.7,8 e Mt.


24.30,31).

No Ministério Dos Apóstolos

– No ministério dos apóstolos, a ação dos anjos também


evidenciam-se de forma maravilhosa:

 Na ascensão de Cristo, dois anjos anunciaram a


Sua volta à terra aos apóstolos (At. 1.10,11);

63
 Um anjo abriu as portas da prisão para Pedro e
João (At. 5.19);

 Um anjo transladou Filipe até o Eunuco etíope,


para explicar-lhe a escritura de Isaías (At. 8.26-
28);

 Um anjo soltou as cadeias e abriu as portas da


prisão para Pedro em Jerusalém (At. 12.7-9);

 Um anjo ordenou a Cornélio que convidasse Pe-


dro par avir a sua casa (At. 10.3)

 Um anjo esteve com Paulo na viagem para Roma


(At. 27.23).

O Ministério dos Anjos a Favor dos Santos

A Bíblia chama os anjos de “espíritos ministradores”


(Hb. 1.14), isto indica que eles se interessam pelo bem-estar da-
queles que servem a DEUS. Na Bíblia, como já mostramos te-
mos muitas evidencias da proteção dos anjos aos servos de Deus.
Dentre esses, destacamos: Elias (1 Rs. 19.5-7) Eliseu (2 Rs.
6.14-17)), Daniel (Dn. 6.22) e Paulo (At. 27.23-25).

64
Os anjos vigiam os interesses de Deus na nossa vida. O
escritor C. Leslie Miller diz, em seu livro Tudo sobre os an-
jos”, que o texto de Hebreus 1.14 significa “um serviço especial
de entregas do céu”, como uma das atividades mais comuns dos
anjos de Deus. O autor da carta aos hebreus chega a aconselhar:
“Não vos esqueçais da hospitalidade, porque por elas alguns, não
o sabendo, hospedaram anjos” (Hb. 13.2). Ora, esse texto mostra
que os anjos de Deus estão interessados em nós e vigiam nossos
passos com especial cuidado, pois somos filhos de Deus (Salmos
34.7).

OS ANJOS EXECUTORES DE JUÍZOS DIVINOS

A execução de juízos divinos, aplicados pelos anjos de


Deus, é feita conforme a vontade e justiça de Deus. Existem
princípios estabelecidos pelo próprio Deus, que estão livres de
erros e injustiça. A vontade soberana de Deus é baseada no co-
nhecimento prévio e perfeito de Deus acerca de todas as coisas.
Para a execução desses juízos, a Bíblia diz que Deus “de seus
anjos faz ventos e de seus ministros labareda de fogo” (Hb. 1.7).
Percebe-se na linguagem figurada usada para “labareda de fogo”
e “ventos”, a extensão do juízo operado através dos anos.

65
No Antigo Testamento

As Escrituras registram a atividade dos anjos na aplica-


ção dos juízos divinos sobre várias nações, sistemas de governo
e civilizações. Vejamos alguns exemplos:

 O castigo anunciado pelos anjos a Abraão e Ló, aplicado


sobre Sodoma e Gomorra (Gn. 18.17-22; 19.1, 24,25).

 O anjo que aplicou juízo de Deus sobre o exército Assírio


e sobre o rei que pretendeu afrontar o Senhor, humilhar o
rei Esquias e invadir Jerusalém (2 Reis 19);

 Por causa do pecado de Davi, um anjo de Deus recebeu


ordem para aplicar juízo contra Jerusalém. Davi viu o an-
jo de Deus, que estava entre o céu e a terra, com uma es-
pada desembainhada estendida contra Jerusalém. O rei
Davi orou, fez um sacrifício ao Senhor e o seu sacrifício
foi aceito, por isso, Deus ordenou ao anjo da destruição
que retirasse a sua mão de juízo sobre o povo, mas já ha-
via sido mortas 70.000 pessoas (veja 2 Sem. 24.15,16; 1
Cr. 21.14-17).

66
No Novo Testamento

Vemos, no Novo Testamento, os anjos aplicando, com


diligência, os juízos de Deus.

Exemplos:

 Vemos a ação de um anjo contra o rei Herodes Agripa I,


que não deu Glória a Deus, mas teve a presunção de ima-
ginar-se um deus. A sua autolatria e blasfêmia receberam
o imediato juízo divino, porque Deus não se deixa zombar
(At. 12.22,23).

 Os anjos terão grande participação na aplicação dos juízos


divinos na consumação dos séculos, mui especialmente no
período da Grande Tribulação, quando a Igreja de Cristo
não mais estiver na terra. O livro do Apocalipse é o livro
profético que trata dos juízos de Deus relativos ao povo
de Israel, ao mundo e ao sistema satânico liderado pelo
anticristo (Apocalipse 7.1-8; 8.11; 12.7-9; 14.6,7,9-11;
20.1-3 etc.).

67
OS ANJOS MAUS

Os Anjos Maus – 2 Pedro 2.4

“Ora, se Deus não poupou a anjos quando pecaram, antes


os precipitando no Tártaro, os entregou a abismo de trevas, re-
servando-os para juízo” (2 Pe. 2.4; Judas 1.6). Existem numero-
sos anjos que se identificaram com Satanás na desobediência e
no pecado contra Deus, que são chamados “anjos de Satanás”.
Como já aprendemos, originalmente os anjos eram santos
em sua natureza; alguns se tornaram santos em seu caráter atra-
vés da obediência, ao passo que outros se tornaram pecaminosos
em seu caráter através da desobediência.
Anjos maus são empregados na execução dos propósitos
de Satanás, que são diametralmente opostos aos propósitos de
Deus, e estão envolvidos nos obstáculos e danos contra a vida
espiritual e bem-estar do povo de Deus.

Vejamos:

 Opõem-se aos propósitos de Deus (Zc. 3.1; Dn.


10.10-14);

 Afligem o povo de Deus (2 Co. 2.7; Lc. 13.16).


68
 Causam impedimentos aos santos e aos servos de
Deus (1 Ts 2.18; Ef. 6.11,12).

“Os santos anjos prestam assistência a Deus em seu ser-


viço aos homens, ao passo que os anjos maus ajudam Satanás
em seu serviço, tanto contra Deus como contra o homem”. Nesta
segunda parte da Angelologia, trataremos sobre a origem e que-
da de Lúcifer, e a queda do mundo angelical, provocada pelo
maior “cisma” da história do Universo. Na primeira parte da
Angelologia, falamos sobre a Criação dos anjos de um modo
geral, e as particularidades desta criação espiritual e destes seres
criados por Deus.
Agora vamos, nesta segunda seção, falar sobre a origem
de Satanás e dos anjos caídos e demônios. Para evitarmos criar
mais uma “logia”, que seja: “Diabologia, Satanalogia ou Demo-
niologia”, vamos incluir na Angelologia o outro mundo espiritu-
al, que originou o “reino das trevas”, derivado da rebelião de
Satanás contra Deus.
Assim como na “Antropologia Teológica” não podemos
deixar de mostrar a origem de seu pecado e, consequentemente,
de sua queda. Todas as duas Criações de Deus foram submetidas
a uma prova, tanto a Criação Angelical quanto a Criação Huma-
na. Ambas falharam na prova de Deus. Porém, a grande singula-
ridade a ao mesmo tempo semelhança, é que, para ambas as Cri-
ações, Deus apresentou o remédio.

69
O remédio que Deus apresentou, quando houve a queda
do mundo angelical, foi condenar os rebeldes perpetuamente
(Judas 1.6 e 2 Pedro 2.4). Porém, para os que “permaneceram
fiéis a Deus” e mantiveram sua integridade pessoal e lealdade a
Deus, foram confirmados em santidade perpetuamente, e decla-
rados por Deus “anjos eleitos” (1 Timóteo 5.21). Mas, faltava
ainda a semelhança de condenação do “chefe da rebelião”. Isso
não tardou, pois quando Deus fez a segunda Criação (a Huma-
na), lá estava “ele” novamente incitando aquela nova criação
contra Deus.
Porém, Deus apresentou também o remédio: Para o ho-
mem caído, Deus apresentou um Salvador (“O Descendente da
Mulher”); mas, para Satanás (o “agente da tentação”), Deus la-
crou a sua sentença e apresentou o remédio: “O Descendente da
Mulher lhe ferirá a cabeça” (Gênesis 3.1-15).

70
A ORIGEM E QUEDA DE LÚCIFER

O assunto Satanás nos leva ao terreno do espírito ou espi-


ritual, tirando-nos do terreno material. Isso torna impossível a
investigação ou pesquisa pelos métodos usados nas ciências na-
turais.
O Dr. George Soltau faz a pergunta: “Existe Satanás?”, e
responde como segue: “Multidões de eruditos e intelectuais ne-
gam a sua existência e que ele jamais tenha existido, exceto na
imaginação dos antigos e iletrados. O que quer dizer que essas
pessoas desconhecem a sua presença e se poder. Como pode ser
resolvida a questão? Somente através do estudo e exame cuida-
doso das Escrituras, que devem constituir o tribunal supremo em
todas as questões semelhantes. Quaisquer evidências, que sejam
encontradas, precisam ser cuidadosamente pesadas, e as especu-
lações em vista disso têm de cessar”.

Sua Existência

No Antigo Testamento, Satanás é mencionado em sete


livros, sob diferentes nomes. No Novo Testamento, ele é citado
por todos os escritores com referencia a sua existência, que es-
creveram durante um período de 1600 anos? Certamente que não
(Soltau).
71
De conformidade com as Santas Escrituras, existe um ser
chamado o Diabo ou Satanás, um ser com existência real (João
13.11,12; Mateus 13.19 etc).

Seu Estado Original

Parece ser ensinado nas Escrituras que o Diabo foi criado


perfeito em seus caminhos como pessoa de grande beleza e bri-
lho, exaltado em posição e honra, que, por causa do orgulho pela
sua própria superioridade, ele procurou desviar para si a adora-
ção devida exclusivamente a Deus. Em consequência desse pe-
cado, ele foi rebaixado em sua pessoa, posição e poder, tornan-
do-se o grande adversário de Deus e inimigo do homem. Uma
grande questão diz respeito a Ezequiel 28.1-19: Tratar-se-ia de
uma descrição do estado original de Satanás?

Dois personagens estão em foco: Primeiro, o príncipe de


Tiro Ez. 18.1-10. Parece que o príncipe de Tiro se refere primei-
ramente a Etebaal II; e os versículos 1-10 foram cumpridos no
cerco de Tiro por Nabucodonosor, que se prolongou por 13 anos
(598-585 a.C.).

72
Provavelmente, o Segundo personagem do texto, o rei de
Tiro (Ez. 28.11-19), se refere em parte a um monarca ilustre e,
parcialmente, a um personagem sobrenatural, é geralmente acei-
to pela maioria dos teólogos, que o rei de Tiro deve ser represen-
tado e reputado como tipo de encarnação de Satanás, e que os
versículos 11-19 são uma descrição do caráter, da posição e da
apostasia originais de Satanás.
Segundo o comentador Fat: “ Apesar de que essas pala-
vras tenham sido dirigidas ao rei Tiro, sem dúvidas elas visavam
Satanás, o instigador do pecado do rei de Tiro. O rei de Tiro
nunca esteve no Éden, nem qualquer outro homem, desde que ali
Adão foi expulso. Também se pode notar que o Éden, aqui des-
crito, já existia antes do Éden de Adão, sendo notório por sua
beleza mineral, ao passo que o Éden de Adão era notório por sua
beleza vegetal, onde Deus criou toda árvore bela para olhos e
boa para produzir fruto.
Satanás não apenas esteve no Éden, mas esteve ali na
qualidade de “querubim ungido”, o querubim investido de auto-
ridade, e por isso a nomeação divina: “te estabeleci”. O versículo
15 não poderia ser aplicado a homem algum, e estar ao mesmo
tempo em harmonia com o resto das Escrituras. Pois desde a
queda, “todos os homens tem sido concebidos em pecado, e
formados em iniquidade”. Dentre as características originais de
Lúcifer, podemos:

73
 Criado perfeito em sabedoria e beleza (Ezequiel
28.12). A grande verdade dessa expressão é que
Lúcifer é um ser criado por Deus; e que a presun-
ção dessa criatura em querer elevar-se acima do
Todo-Poderoso, jamais o colocaria em igualdade
com seu Criador.

 Estabelecido no Monte Santo como Querubim de


Guarda, ou seja, Diretor da Adoração (Ezequiel
28.14). O que aprendemos, nessa passagem, é que
Lúcifer regia a adoração a Deus, e com isso nas-
ceu o desejo de ser adorado como o seu Criador, a
ponto de ele ainda continuar com esta obstinação
de ser adorado (Mateus 4.8-10).

 Era Impecável em sua Conduta (Ezequiel 28.15).


Isso mostra que Deus fez tudo perfeito, e com is-
so Satanás, hoje em dia, procura desvirtuar aquilo
que Deus fez perfeito; porque, no dia em que se
achou iniquidade em Lúcifer, ele perdeu sua per-
feição original e desfigurou-se (Ezequiel 28.16).

74
Cauda da Queda de Lúcifer

Ezequiel 28.16 fala do pecado de Satanás, e o versículo


17 do capítulo 28 fala da causa do pecado de Lúcifer que foi a
vaidade; ele se ensoberbeceu devido a sua própria beleza. Paulo
atribui a condenação a Satanás a essa causa (1 Timóteo 3.6).

Segundo o grande comentarista bíblico Scofield, “Lúci-


fer, a estrela da alva” de Isaías 14.12-14, não pode ser outro a
não ser Satanás. Essa tremenda passagem Bíblica marca o come-
ço do pecado no universo. Quando Lúcifer disse: “Eu subirei”,
teve inicio o pecado.

A Queda de Lúcifer causou a maior tragédia espiritual do


Universo. Tal queda aconteceu em função de seu livre-arbítrio,
que o levou, por sua própria gloria angelical e com a posição de
superioridade sobre os demais anjos, a pretender tomar o lugar
do Criador, para ser adorado e glorificado como um “deus”.

Com o coração cheio de presunção, Lúcifer predispôs-se


a destronar Deus. Sua deliberada e consciente decisão é enfati-
zada através de suas cinco afirmativas:

75
 “Eu subirei ao céu”;

 “Acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono”;

 “No monte da congregação me assentarei”;

 “Subirei acima das mais altas nuvens”;

 Serei semelhante ao Altíssimo”.

Pelo testemunho das Escrituras e da história, constatamos


que Lúcifer, desde o princípio, quando se achou iniquidade no
eu coração (Ez. 28.15; João 9.44; 1 João 3.8), não tem deixado
de pecar contra Deus. Ele é, sem dúvida, o primeiro pecador e o
instigador de todo o pecado no mundo (Rm. 7.13). Lúcifer, por
causa de seu pecado, foi destituído de suas funções celestiais, e
condenado à execração eterna.

SATANÁS, O AGENTE DA TENTAÇÃO

Conforme Ezequiel 28.15, descobrimos que o pecado, ou


seja, a “iniquidade”, originou-se e nasceu no coração de Satanás;
e, por isso, ele se tornou a partir daí, o “agente da tentação”.

76
Como agente da tentação, Satanás passou a ser também
toda a “expressão do mal”.

Sua Natureza

As Escrituras tratam Satanás como sendo uma “pessoa”,


e por isso, a sua personalidade é demonstrada por pronomes pes-
soais, e pelo trato que o próprio Deus lhe faz como uma pessoa
(Jó. 1.8; Jó. 2.1,2; e Zacarias 3.2).
E, por isso, os pronomes pessoais aplicados a Satanás,
claramente revelam personalidade.

Vejamos:

Por características pessoais (1 Timóteo 3.6); caracterís-


ticas de personalidade são claramente atribuídas a Satanás.

Por ações pessoais (João 8.44). Ações, que só podem ser


realizadas por uma pessoa, são atribuídas a Satanás (1 João 3.8;
Hebreus 2.14; 1 Crônicas 21.1; Salmos 109.6; Zacarias 3.1).

77
Seu Caráter

O caráter do diabo é demonstrado de várias formas. Ve-


jamos:

Sua astúcia e estratégias (2 Coríntios 2.11). Satanás tem


muitos estratagemas sutis, a respeito dos quais não devemos ser
ignorantes.

Sua astúcia e ciladas (Efésios 4.14 e 6.11,12). Satanás é


um grande estrategista, e usa de tantas ciladas, isto é, efetua tan-
tos assaltos sutis, que necessitamos de toda a armadura de Deus
para poder resistir-lhe.

Seu poder miraculoso (2 Ts. 2.9; Mt. 24.24; Ap.


13.11,14). Satanás exibe tal poder com sinais de maravilhas fal-
sas, que o identificam como um ser sobre-humano.

Seus enganos (2 Coríntios 11.14). O poder enganador de


Satanás é tão grande que iludem todos aqueles, que não tem a-
mor à verdade. Em personalidade e caráter, Satanás é a materia-
lização e a expressão do mal.

78
Sua Posição Atual

A posição de Satanás era tão exaltada que o tornava isen-


to de críticas e de condenação, por parte das criaturas, suas se-
melhantes. Veja a expressão: “o arcanjo Miguel... não se atreveu
a proferir juízo infamatório contra ele; pelo contrário, disse: O
Senhor te repreenda” (Judas 1.9).

Veja alguns títulos de Satanás:

– Príncipe das Potestades do Ar – A Satanás é dado o tí-


tulo de Príncipe das Potestades do Ar; é considerado como pos-
suidor de um reino, o que indica sua autoridade e poder em rela-
ção às regiões celestes (Efésios 2.2; Mateus 12.26; Atos 26.18;
Colossenses 1.13).

– Príncipe deste Mundo – Disse Jesus: “porque aí vem o


príncipe do mundo; e ele nada tem em mim” (João 14.30; 12.31;
16.11). Nas três passagens bíblicas apresentadas, Jesus por três
vezes se refere a Satanás como o Príncipe deste sistema satânico.
Também o reconheceu como tal, na tentação do deserto (Lucas
4.5-7), onde Satanás lhe ofereceu todos os reinos do mundo e
sua glória, com a condição de que Jesus se prostasse e o adoras-
se.

79
Segundo o comentador bíblico Chafer “Tem-se afirmado
às vezes que a presunção de possuir a terra era mentira, uma vez
que as Escrituras desmascaram Satanás como mentiroso. Essa
conclusão é inadmissível, pelo menos por duas razões: Se ele
não possuísse os reinos que oferecia, não haveria essa oferta-
tentação; ademais, se a presunção não tivesse base, o filho de
Deus não teria desmascarado em seguida”.
Quando Deus criou o homem (Gênesis 1.26-28), deu-lhe
o domínio deste mundo. Porém, após a queda, o homem perdeu
este domínio, a partir do momento que ele preferiu obedecer ao
Diabo e desobedecer a Deus (Gênesis 3.1-17). Mas graças a
Deus que “por meio da obediência de um (Jesus), muitos se tor-
naram justos” (Romanos 5.19). E, por isso, existe uma grande
“expectativa da criação” de voltar ao seu estado original (Roma-
nos 8.19-22). Quando então o “príncipe deste mundo será expul-
so” (João 12.31).

– O Deus deste Século – Satanás é o deus deste século: o


autonomeado objeto de adoração por parte do mundo (2 Corín-
tios 4.4). Satanás ainda que tenha sido deposto de sua alta posi-
ção, para a qual foi originalmente nomeado, ainda mantém um
lugar de reconhecido poder.

80
1. Sua Presente Habitação

De acordo com as Escrituras, Satanás parece não estar


restrito a qualquer lugar particular do universo. Porém, as Escri-
turas ensinam que ele habita nas regiões celestes, e a terra é o
campo especial de suas atividades (Efésios 6.11,12; Ap. 12.7-9).

Satanás e os principados, as potestades, os dominadores


deste mundo tenebroso, os exércitos espirituais da maldade, ha-
bitam nos lugares celestiais. Essa região infestada por Satanás,
provavelmente, será coincidente com o arrebatamento da Igreja
(compare essas passagens bíblicas: Ap. 12.7-9 e 1 Ts 4.16, 17).

Por causa desse lugar celestial estratégico, Satanás tem


acesso à presença de Deus (Jó. 1.6; e Apocalipse 12.10). As Es-
crituras ensinam que, por algum motivo não revelado, Satanás
tem o direito de acesso à presença de Deus. Ali comparece na
condição de “acusador”.

Daí a necessidade da obra intercessória de Cristo, à direi-


ta de Deus. Satanás rodeia e passeia pela terra, procurando a
quem possa devorar (1 Pedro 5.8). Satanás, embora não seja oni-
presente, tem acesso a todos os lugares, fazendo dos lugares ce-
lestiais sua habitação, ainda que a terra seja o palco especial de
suas atividades (Jó. 1.7).

81
Sua Obra

A origem do pecado no universo deve-se a ajuda daquilo


que já existia, a saber, personalidade e poder de livre arbítrio.
Deus criou esse ser, não como “diabo”, mas como um anjo san-
to; dele, porém, originou-se o pecado, por causa de sua desobe-
diência; transformando-se assim no perverso diabo que conhe-
cemos hoje, por causa de suas obras e ações. E, por essas obras
de Satanás, podemos destacar:

 Ocasionou o pecado na raça humana (Gn. 3.1-13 e 2 Co


11.3).

 Causa sofrimentos na raça humana (Atos 10.38; Lucas


13.16).

 Causa a morte *Hebreus 2.14).

 Atrai o mal (1 Ts. 3.5; 1 Cr.21.1; 1 Co. 7.5; Mt. 4.1-9).

 Ilude e incita os homens ao pecado (2 Tm. 2.26; 1


Tm.3.7).

 Inspira pensamentos e propósitos iníquos (João 13.2; A-


tos 5.3).

82
 Apossa-se dos homens (João 13.27; Efésios 4.27).

 Cega a mente dos homens (2 Co. 4.4).

 Dissipa a verdade (Marcos 4.15; Lc. 8.12 e Mt. 13.19).

 Produz os obreiros da iniquidade (Mt. 13.25, 38,39).

 Fornece energia a seus ministros (2 Co. 11.13-15; Ap.


3.9; Ef. 2.2,3).

 Opõe à prova os crentes (Lucas 12.31; Ap. 2.10)

 Põe à prova os crentes (Lucas 12.31; Ap. 2.10).

 Acusa os crentes (Apocalipse 12.10).

 Dará energia ao anticristo (2 Ts 2.9,10; Ap. 13.1.27).

O Destino de Satanás

Desde sua rebelião no céu até o juízo final, satanás já


passou por vários julgamentos; e em todos foi condenado.

83
– Julgado no Éden – No jardim do Éden, foram aplica-
dos dois juízos ao diabo: O primeiro foi um juízo redentivo. Esse
juízo redentivo está na ação da “Semente da mulher” (Jesus),
que, depois de pisar a cabeça da serpente (o Diabo) e de ser feri-
do por ela, conquistou, pela sua obra no calvário, a redenção do
homem sob o domínio do pecado (Gn.3.15 e Gl. 4.). O segundo,
foi um juízo vingativo. Esse juízo vingativo foi decretado contra
Satanás, personificado na serpente, com sentença inapelável:
“esta te ferirá a cabeça”. A execução dos juízos divinos contra
Satanás teve início na obra do Calvário, através de Jesus (“a mu-
lher da serpente”).

– Julgado no Calvário – O juízo vingativo contra a “an-


tiga serpente” (Gn. 3.15; Ap. 20.2,10; 12.9) é mencionado pelo
Profeta Isaías, quando é confirmado o juízo proferido no Éden e
executado no Calvário O Profeta Isaías apresenta “O valente, o
Diabo” vencido, abatido e despojado pela “MAIS VALENTE”
que é JESUS (Compare as passagens bíblicas de Lucas 11.21;22;
Isaías 49.24,25; e 53.4-11, 15). Vejamos ainda Mateus (12.29).

– Julgado no Arrebatamento da Igreja – No arrebata-


mento da igreja, Satanás será arrojado de sua habitação, quando
Miguel com os seus anjos pelejará e expulsará Satanás dos Céus,
ou seja, dos lugares celestiais (Ap. 12.7-9 e 1 Ts. 4.16,17). Per-
ceba que pela expressão “voz de arcanjo” (1Ts. 4.16), notamos a
presença de Miguel para pelejar contra o Diabo e expulsá-lo das
regiões celestes, para que a Igreja encontre com Cristo nos ares.

84
– Julgado Na Segunda Vinda Pessoal De Cristo – Nes-
se período, Satanás sofrerá uma “dupla derrota”: a primeira será
durante a Batalha do Armagedom quando os seus dois associa-
dos (a Besta e o Falso Profeta) serão lançados no “lago de fogo”
(Ap. 19.20). E a segunda derrota é quando o próprio Satanás (a
“antiga serpente”) será lançado no abismo e aprisionado por mil
anos (Ap. 20.1-3).

– Julgado e Derrotado Definitivamente na sua Única


Rebelião – Ao final dos mil anos (Milênio), diz a Bíblia que o
diabo “será solto por um pouco de tempo” (Ap, 30.3,7). Nesse
período, será reprisado na íntegra, como foi que Lúcifer se rebe-
lou na primeira vez. Diz o ditado que “quem fez uma vez, tam-
bém fará duas vezes”. E é isso mesmo que acontecerá. Satanás
promoverá sua ultima revolta contra Deus, mas será derrotado
definitivamente por um ato de vingança do próprio Deus, que o
lançará no “lago de fogo e de enxofre” e será atormentado pelos
séculos dos séculos (Ap. 20.7-10), da mesma maneira que ele
tem atormentado o homem já há vários séculos.

85
OS ANJOS CAÍDOS

Como já aprendemos, na rebelião promovida por Lúcifer


nos céus, ele arrastou comigo uma grande multidão de seres an-
gelicais (Mt. 25.41; Ap. 12.4). E, depois organizou sua própria
corte de anjos caídos, distinguindo-os em “principados, potesta-
des e príncipes das trevas e hostes espirituais”. (Ef. 6.12). Esses
são os que estão sob a liderança de seu chefe principal (Satanás),
o único que recebe menção especifica na Bíblia.
A ele são atribuídos a liderança e os títulos que o identi-
ficam como “Belzebu”, príncipes dos demônios (Mt. 12.24),
Diabo e seus anjos (Mt 25.41), “o dragão e seus anjos” (Apoca-
lipse 12.7). Esses anjos foram rebaixados a “espíritos malignos”
em relativa liberdade, estão sujeitos ao domínio de Satanás (Mt.
12.26).
Eles são tão numerosos e atuantes que chegam a dar ideia
de onipresença. Por serem espirituais, esses seres possuem um
poder de locomoção ultra-rápido e dão a entender com isso, que
estão em todo lugar ao mesmo tempo. Entretanto é apenas o nú-
mero eles que é incontável.

86
OS DEMÔNIOS

Os anjos caídos receberam um nome que se tornou popu-


lar, tanto na linguagem bíblica como na secular, que é palavra
“demônio”.

Sua Origem

Os demônios tem várias origens nas interpretações bíblicas e


judaicas.

 Espíritos da natureza, remanescentes da chamada con-


cepção animista do mundo;

 Divindades pagas rebaixadas ao nível de demônios como


Belzebu ou como deuses helênicos.

 Espíritos maus de Satanás que, segundo esta interpreta-


ção, teriam sido rebaixados de anjos para demônios.

 Anjos caídos num grande cataclismo, em Gênesis 1.2,


num passado remoto, durante a queda do mundo angeli-
cal.

87
Seja como for, tanto no Antigo Testamento quanto ao
Novo Testamento, a Bíblia fala da existência dos demônios, são
outros seres espirituais do mundo tenebroso (Lv. 17.7; 2 Cr.
11.15; Dt. 32.17; Sl. 106.37). O termo no original é “as’ir” que
significa “cabeludo” e aponta para os demônios como sátiro (A-
pocalipse 9.8; 16.11; Mt. 4.22; 8.16., 28, 33; Mc. 1.32;
5.15,16,18; Lc. 6.18; 9.39; At. 8.7; 16.16; 1 Co. 10.20; Tg. 2.19
etc.).

Sua Natureza

Indiscutivelmente, o melhor testemunho, acerca da natu-


reza dos demônios, está nos evangelhos. O ministério terrestre
de Jesus, exposto nas Escrituras, é a maior demonstração da pre-
sença e realidade dos demônios (Mt. 8.16 e Lc. 10.17). Esses
demônios são identificados como “espíritos imundos” (Mc.
9.25). Lucas relata que alguns milhares foram curados de “espí-
ritos maus” (Lc. 8.2). Portanto, os demônios são espíritos (Lc.
10.17,20), bem como os anjos de Deus também são espíritos
(Hb. 1.13,14).

88
A natureza intelectual dos demônios.

Até Platão, filósofo grego, considerou a etimologia a pa-


lavra “DAIMON” como advinda de um adjetivo que significa
“conhecer” ou “inteligente”. As Escrituras comprovam a inteli-
gência dos demônios, quando afirma que os mesmos reconhece-
ram a Jesus (Mc. 1.24), chamou Jesus de “Filho do Altíssimo”
(Mc. 5.6,7), distinguem entre os selados de Deus e os não-
selados (Ap. 9.4), e então conscientes de sua inevitável condena-
ção futura (MT. 8.29). A Bíblia diz que os demônios creem e
estremecem (Tg. 2.190.

A natureza moral dos demônios

(Mt. 10.1; Mc. 1.27; Lc. 4.36; At. 8.7 e Ap. 16.13). Ha-
verá algum princípio de moral dos demônios? Há um fato que
devemos analisar: os demônios, em seu estado original, antes da
queda, foram criados santos e para o serviço de Deus. Porém,
por seu livre arbítrio, rejeitaram a luz e proferiram Satanás. Con-
sequentemente viraram inimigos de Deus e de sua obra.
Como anjos decaídos, a Bíblia atesta a total depravação e
baixeza moral deles, pelas suas obras más produzidas no mundo
dos homens. Sua decadência moral é identificada na Bíblia, a
ponto de eles serem chamados “espíritos imundos”.

89
Suas Obras

Eis algumas das obras dos demônios em relação a Deus e


aos homens:

Os demônios se opõem a Deus. Satanás e seus demônios


odeiam a humanidade e, por isso, querem destruí-la ou jogá-la
contra o Criador. Portanto, Satanás é o oponente, principal de
Deus, e em seguida do homem (Zc. 3.1 e 1 Pe. 5.8). O termo
“diabo” significa “acusador”, e o termo “Satanás” significa “ad-
versário”; e, por isso, ele é adversário e acusador dos homens
diante de Deus (Jó. 1.9,11; 2.4,5; Ap. 12.10). A apostasia origi-
nal surgiu da oposição contra a vontade Divina (Is. 14.13,14).

Os demônios podem tomar posse das pessoas. O Diabo


oprime também a mente através de imaginações fantasiosas de
pecado, ou de doenças emocionais e físicas. Na Bíblia, temos o
exemplo de Jó, ferido com tumores malignos. Isto não significa
que Jó ficou endemoniado (Jó. 2.7). De maneira que só vivemos
em um mundo influenciado pelos demônios (1 João 5.19). E, por
isso, devemos distinguir entre o que é influencia demoníaca e
possessão demoníaca.

Os demônios podem tomar posse das pessoas. No grego,


a expressão “DAIMONIZOMAI” implica em estar sob o contro-
le de um espírito mau.
90
A possessão demoníaca é aquela em que a personalidade
de uma pessoa é dividida e invadida, o corpo é habitado; e o
demônio tem o controle total da pessoa, seu espírito, alma e cor-
po. Até mesmo a aparência física de uma pessoa possessa pode
ser afetada. Atitudes irracionais são assumidas de modo assusta-
dor. Mas, Jesus se manifestou para libertar os oprimidos do Dia-
bo (Atos 10.38).

A autoridade Sobre os Demônios

A fonte de autoridade espiritual sobre todo o mal é reve-


lada na Bíblia Sagrada, O crer e o viver em Cristo dão ao crente
o poder necessário, pelo Espírito Santo, para ter vitória sobre o
mal. A manifestação do mal procede do Diabo e seus anjos; e,
portanto, não temos que temer o seu ataque. Devemos, sim, to-
mar posse da autoridade outorgada por Cristo para resistir o mal,
repreender e expelir os demônios (Mc. 16.17 e Mc. 3.14,15 etc.).
O poder de Jesus Cristo é maior do que o poder do Diabo
e seus anjos (Fp. 2.9-11). Tomou posse da autoridade sobre os
poderes do mal (Lc. 10.17-20). É preciso usar as armas corretas
para expulsão dos demônios (Mc. 16.17) A principal destas ar-
mas é o “Nome de Jesus”, e as demais podem ser vistas em Efé-
sios 6.10-18 e 2 Coríntios 10.4.

91
O Senhor Jesus Cristo prometeu estar conosco todos os
dias até a consumação dos séculos, e confirmar a ´palavra por
meio de sinais (Mc. 16.20 e Mt. 28.20). Esses sinais foram con-
firmados no ministério dos Apóstolos (At. 5.15,16 e At.
16.17,18). Ele quer confirmar estes sinais ainda hoje (Hb. 13.8).

O Destino dos Demônios

Quanto ao destino dos demônios, não poderia ser diferen-


te do destino do chefe deles, o Diabo (Mt. 25.41). Pelo que as
Escrituras nos ensinam, os anjos caídos estão divididos em duas
categorias: A primeira é “anjos que pecaram” (2 Pe.2.4). “Por-
que, se Deus não perdoou aos anjos que pecaram, mas, havendo-
os lançado no inferno, os entregou às cadeias da escuridão, fi-
cando reservados para o juízo” (Judas 1.6). A segunda categoria
é a dos “demônios”, que são seres rebaixados de “anjos” a “espí-
ritos imundos” (Mc. 1.23,24).

Esses estão soltos a serviço de Satanás, enquanto os pri-


meiros, mencionados acima, estão “aprisionados para o dia do
juízo”. Porém, o que dá a entender Apocalipse 9.1-11, é que es-
ses “anjos aprisionados” serão soltos por um curto período de
tempo para atormentar os homens durante a Grande Tribulação.

92
Porém, o Senhor Jesus afirmou que o inferno foi prepa-
rado para o eterno castigo dos anjos maus (Mt. 25.41). Tanto a
primeira categoria de anjos caídos, como a segunda categoria
estão conscientes de sua condenação eterna (2 Pe. 2.4 e Jd. 1.6).
E, conforme Mateus 8.28,29 e Marcos 1.23,24, percebemos os
demônios conscientes de que serão destruídos e lançados no A-
bismo.
Portanto, eles já sabem qual será o seu destino e a sua
condenação futura. Provavelmente, os anjos caídos e os demô-
nios serão lançados no lago de fogo e enxofre, no mesmo dia que
o “chefe deles” será lançado, por ocasião da última revolta de
Satanás (Ap. 20.7-10).

93
OS ANJOS DE DEUS NA CONSUMAÇÃO
DOS SÉCULOS

Nós já aprendemos que, enquanto os anjos maus estão


trabalhando para nosso mal, os anjos bons, ao contrário dos an-
jos maus, estão trabalhando para o nosso bem. E, na consumação
dos séculos, os anjos de Deus terão serviços dobrados. Vejamos:

No Tratado Das Almas Dos Salvos Para o Paraíso

É um dos trabalhos mais belos dos anjos, trasladar as al-


mas e espíritos dos que dormem no Senhor para o Paraíso (Lc.
16.22 e Sl. 116.15). O “paraíso”, que ante da morte de Cristo,
ficava em um departamento separado dentro do “Sheol” ou “Ha-
des”, chamado de “Seio de Abraão” (Lc. 16.22-28), agora se
encontra no terceiro céu, abaixo do altar de Deus (2 Co. 12.1-4;
Ap. 6.9).
O que depreendemos dos ensinos de Efésios 4.8-10 é
que, com a morte de Cristo, o Paraíso foi transladado para a pre-
sença de Deus; e são os anjos que conduzem as almas e espíritos
dos justos para esse lugar onde ficam aguardando o dia da res-
surreição.

94
Na Ressurreição dos Mortos em Cristo

Sem dúvidas, os anjos de Deus foram os condutores das


almas e espíritos dos salvos até o Paraíso, participação do evento
glorioso da ressurreição dos mortos em Cristo, por ocasião do
Arrebatamento da Igreja, em 1 Ts. 4.16,17 e 1 Co. 15.51,52, que
ali são mencionados “som de trombeta” e “voz de arcanjo”. Se
você ler o livro de Apocalipse, verá que a função de “tocar
trombeta” é sempre dos anjos; e, quanto à voz do arcanjo, veja a
presença de Miguel pelejando em Ap. 12.7-9.

No Arrebatamento dos Vivos na Vinda de Cristo

É indubitável a participação angelical no arrebatamento


da igreja. “E ele enviará os seus anjos com rijo clamor de trom-
beta, os quais ajuntarão os seus escolhidos desde os quatro ven-
tos (“norte, sul, leste e oeste”), de uma outra extremidade dos
céus” (Mt. 24.31).

95
Na manifestação Pessoal de Cristo

No dia da ascensão de Cristo, os anjos confirmaram aos


discípulos a promessa de que Ele voltaria gloriosamente (At.
1.9-12). Na vinda Pessoal de Cristo, os anjos virão com ele em
exércitos celestiais (Apocalipse 19.14). Na multidão dos exérci-
tos, um anjo receberá a incumbência de proclamar o juízo divino
sobre as nações confederadas do Anti-Cristo. Cada anjo de Deus
terá uma função específica nesta ocasião. Um outro terá a grande
incumbência de prender o Diabo numa grande cadeia por mil
anos (Ap. 20.1-3). Quem será esse anjo? Com certeza é um anjo
muito forte, escalado por Deus para essa finalidade.

Na Consumação dos Séculos

Após o julgamento das nações e final da Grande Tribula-


ção, Cristo instalará o seu reino messiânico. E, sem dúvida, ha-
verá grande participação dos anjos de Deus durante o milênio e,
possivelmente, podendo ser visto até a olho nu pelos habitantes
terrenos durante o Milênio; pois, nesse período, a terra se enche-
rá da glória e do conhecimento de Deus (Ap. 20.1-6; Is. 32.1; Zc.
14.16-19; Is. 35.1,2; Is. 11.9; Jr. 31.34 etc.).

96
Na Eternidade

“Porque na ressurreição nem casam nem se dão em ca-


samento; são, porém, como os anjos no céu” (Mateus 22.30).
Sabemos que, entre os habitantes do céu ou da “Nova Jerusa-
lém”, só estarão “homens redimidos” e “anjos não-caídos”. Na
eternidade, haverá naturalmente os seres angelicais, entre os
quais encontraremos os “querubins”, os “serafins” e “arcanjos”,
além dos anjos propriamente ditos (Ap.5.14; Is. 6.1,2; Mt.
22.30).
Naturalmente que, em posição proeminente entre os habi-
tantes do céu, encontramos Deus sore o seu trono e o cordeiro
(Ap. 22.3,14; 21.2,7). Inclusive, as medidas da Nova Jerusalém
são “medidas de anjo”. Isso significa que as medidas da Nova
Jerusalém são infinitas em comparação às medidas utilizadas
pelos homens.

97
CONCLUSÃO

Igreja vive numa batalha de proporções gigantescas. Os


inimigos avançam estarrecedoramente e utilizam estratégias que
pretendem impedi-la de marchar. Eles lutam de uma maneira
direta, apontando canhões de poder moral.
Procuram vencer a qualquer custo através de sutis inves-
tidas contra a igreja. O diabo e os demônios são os inimigos
principais; e, ativamente procuram agir com golpes fatais, seme-
lhantes disposição e disciplina de um lutador de boxe ou como
um militante de linha de frente no combate, com suas experiên-
cias e estratégias.
Em meios aos desafios, a Igreja se firma “na força do Seu
poder” (Ef. 6.10), para vencer as astutas e ciladas de seus inimi-
gos. Ela não se dispõe apenas de armas para essa batalha, mas ao
seu redor, os anjos figuram também com papel importante de
atuação nesta batalha, auxilia-a em todos os ataques do maligno.
A Bíblia fala dos anjos, indicando-os como uma compa-
nhia inumerável, como seres espirituais que agem diariamente a
serviço de Deus e do Seu Reino. Nem sempre podemos ter cons-
ciência da presença dos anjos, ainda que eles estejam ao nosso
redor. Nem sempre podemos predizer como eles aparecerão.
Diz-se, todavia, que os anjos são nossos vizinhos bem chegados.
Com frequência, podem ser nossos companheiros em circuns-
tâncias nas mais diversas, sem, contudo, nos apercebermos de
sua presença.
98
Pouco é o que sabemos acerca da sua constante assistên-
cia. A Bíblia nos garante, entretanto, que um dia as escamas se-
rão retiradas dos nossos olhos, para que possamos ver e reconhe-
cer em toda a plenitude as coisas que desconhecemos, inclusive
a atenção que os anjos nos dedicam.
Eles atuam nas circunstâncias mais diversas, nos livrando
e nos assistindo em todas as ocasiões. Mesmo nas batalhas da
vida, podemos contar com o auxílio dos anjos.

99
BIBLIOGRAFIA

ANDRADE, Claudionor Corrêa de. “Dicionário Teoló-


gico”. Rio de Janeiro – RJ: CPAD, 1996.

DAGG, John L., “Manual de Teologia”. São José dos


Campos – SP: Editora Fiel, 1989.

BERKHOF, Louis, “Teologia Sistemática”. Campinas –


SP: Editora LPC, 1990.

PEARLMAN, Myer, “Conhecendo as Doutrinas da Bí-


blia”. Miami, Florida, EUA: Editora Vida, 1996.

ERICKSON, Millard, “Introdução à Teologia Sistemáti-


ca”. São Paulo, SP: Edições Vida Nova, 1997.

100
PESOS E MEDIDAS BÍBLICAS

Na Bíblia temos várias referências sobre pesos e medidas


utilizados naquele tempo. Outras referências também trazem
valores monetários, isto é, as moedas da antiguidade, que geral-
mente, em alguns casos e períodos, eram derivados das unidades
de pesos.

Muitas pessoas, diante de alguns versículos bíblicos que


descrevem pesos, medidas e moedas, possuem dúvidas de como
interpretar tais referências. Neste texto, abordaremos os princi-
pais pesos e medidas presente nos relatos bíblicos.

Pesos bíblicos

 Gera (Êxodo 30:13): correspondia a 1/10 do Beca ou 1/20 do


Siclo. A equivalência atual é de 0,571 g.

 Beca (Êxodo 38:26): correspondia a 10 Geras ou 1/2 do Siclo.


A equivalência atual é de 5,712 g.
101
 Siclo (Gênesis 24:22 – unidade básica): correspondia a 20
Geras ou 2 Becas. A equivalência atual é de 11,424 g.

 Mina ou Arrátel (Esdras 2:69): correspondia a 50 Siclos. A


equivalência atual é de 571,2 g. Vale saber que a Mina em
Ezequiel 45:12 correspondia a 60 Siclos, e equivale atualmen-
te a 685,44 g. Já o nome Arrátel, também é usado para
a Libra Romana (João 12:3; 19:39) que equivale atualmente
a 325 g.

 Talento (2 Samuel 12:30): correspondia a 3000 Siclos ou 60


Minas. A equivalência atual é de 34,272 kg. Em Apocalipse
16:21, o Talento equivalia a 40 kg.

Moedas bíblicas

Aqui precisamos fazer uma separação mais detalhada en-


tre o Antigo e o Novo Testamento. Também escolhemos não
tentar atribuir um valor monetário atual para as unidades mone-
tárias consideradas, pelo fato de haver muita discordância entre
os estudiosos, e uma grande discrepância de valores.
102
Moedas no Antigo Testamento

 O Siclo, a Mina e o Talento eram peças ou barras de metal


(prata e ouro) usadas como meio de pagamento (2 Reis
18:41).

 Como moeda, aparece o Dárico, uma moeda de ouro que


pesava 8,4 g (1 Crônicas 29:7; Esdras 2:69; 8:27; Neemias
7:70; em algumas versões o Dárico é chamado de “Dracma” –
não confundir com a Dracma do Novo Testamento).

 A Peça de Dinheiro ou Quesita, tem valor ignorado ou inde-


terminado (Gênesis 33:19).

Moedas no Novo Testamento

 Lepto (Marcos 12:42 – ou “Pequenas Moedas“): era uma


moeda de cobre ou de bronze, e correspondia a 1/2 do Qua-
drante ou a 1/128 do Denário.
103
 Quadrante (Marcos 12:42 – em algumas versões “Cinco
Réis“): era uma moeda de cobre romana, e correspondia a 1/4
do Asse ou 1/64 do Denário.

 Asse (Mateus 10:29 – ou “Cetil“): era uma moeda romana de


cobre, e correspondia a 1/16 Denário.

 Denário (Mateus 20:2 – unidade básica): era uma moeda


romana de prata, e correspondia ao salário de um dia de traba-
lho. Em algumas traduções, o Denário aparece como “Di-
nheiro“

 Dracma (Lucas 15:8 – unidade básica): era uma moeda grega


de prata com valor igual a 1 Denário.

 Didracma (Mateus 17:24 – aparece apenas em algumas ver-


sões): era uma moeda grega de prata, e equivalia a
2 Dracmas ou 2 Denários.

104
 Tetradracma (Mateus 26:15 – ou “Moedas de Prata“): era
uma moeda grega de prata, e correspondia a 4 Dracmas ou 4
Denários.
 Estáter (Mateus 17:27): era uma moeda grega de prata, e
correspondia a 2 Didracmas ou 4 Denários.

 Mina (Lucas 19:13): era uma moeda grega de ouro, e equiva-


lia a 100 Denários.

 Talento (Mateus 25:15): era de prata ou ouro, e equivale a,


pelo menos, 6.000 Denários.

Medidas bíblicas

Quanto às medidas, precisamos fazer uma separação en-


tre as medidas de capacidade (classificando tais medidas para
sólidos e líquidos), e as medidas de comprimento e área.

105
Medidas de Capacidade para Secos

 Cabo (2 Reis 6:25): correspondia a 1/18 do Efa ou 1/16 da


Medida, e o equivalente atual é de 1 litro.
 Gômer (Êxodo 16:16): correspondia a 1/10 do Efa, e o equi-
valente atual é de 1,76 litros.

 Alqueire ou Seá (2 Reis 7:1), Chaliche (Isaías 40:12) e Me-


dida (Gênesis 18:6 – em Apocalipse 6:6 a Medida, choinix, é
igual a 1 litro): correspondia a 1/3 do Efa, e o equivalente a-
tual é de 5,87 litros.

 Efa (Levítico 19:36 – unidade básica): 10 Gômeres ou 1/10


do Ômer, e o equivalente atual é de 17,62 litros.

 Leteque (Oseias 3:2 – em algumas versões “um Ômer e


meio“): 5 Efas ou 1/2 do Ômer, e o equivalente atual é de
88,1 litros.

106
 Coro (Esdras 7:22) ou Ômer (Ezequiel 45:11): 10 Efas, e o
equivalente atual é de 176,2 litros.

Medidas de Capacidade para Líquidos

 Sextário ou Logue (Levítico 14:10): correspondia a 1/12 do


Him, e o equivalente atual é de 0,29 litros.

 Him (Levítico 19:36): correspondia a 1/6 do Bato, e o equiva-


lente atual é de 3,47 litros.

 Bato (Isaías 5:10 – unidade básica) ou Cado (Lucas 16:6):


correspondia a 1/10 Coro, e o equivalente atual é de 20,82 li-
tros. Alguns consideram que a Metreta (João 2:6) como sen-
do igual ao Bato, porém é mais provável que a Metreta tives-
se de 30 a 40 litros. Outros entendem também que o Bato ti-
nha entre 30 e 34 litros.

107
 Coro (1 Reis 5:11): correspondia a 10 Batos, e o equivalente
atual é de 208,2 litros.

Medidas de Comprimento

 Dedo (Jeremias 52:21): correspondia a 1/4 de Quatro Dedos,


e o equivalente atual é de 1,8 cm.

 Quatro Dedos (Êxodo 37:12): correspondia a 1/3 do Palmo


ou 1/6 do Côvado, e o equivalente atual é de 7,4cm. Essa uni-
dade é a medida da palma da mão, na base dos quatros dedos.

 Palmo (Êxodo 28:16): correspondia a 1/2 Côvado, e o equi-


valente atual é de 22,2 cm. Essa medida é a distância entre a
ponta dos dedos extremos com a mão espalmada.

108
 Côvado (Gênesis 6:15 – unidade básica): correspondia a 2
Palmos, e o equivalente atual é de 44,4 cm. Essa medida é a
distância entre o cotovelo e a ponta do dedo médio. Em al-
gumas referências bíblicas o Côvado possui outras medidas,
como em Ezequiel 43:13, onde o Côvado equivale a 51,8 cm,
pois se soma um Côvado mais Quatro Dedos. Em consequên-
cia, a Cana em Ezequiel 41:8 equivale a 3,11 m, pois é igual a
6 Côvados de Ezequiel.

 Braça (Atos 27:28): correspondia a 4 Côvados, e o equiva-


lente atual é de 1,80 m.

Medidas de Distância

 Tiro de Pedra
(Lucas 22:41): o equivalente atual é de 20 a 30 m.

 Tiro de Arco
(Gênesis 21:16) o equivalente atual é de 100 a 150 m.
109
 Jornada de um Sábado
(Atos 1:12): correspondia a 2.000 Côvados, e o equivalente atual
é de 888 m.

 Jornada de um Dia

(Gênesis 31:23): o equivalente atual é de 30 a 40 km.

 Estádio Romano
(Lucas 24:13): o equivalente atual é de 185 m.

 Milha Romana
(Mateus 5:41): correspondia a 8 Estádios, e o equivalente atual é
de 1.479 m.

110
Medida de Área

 Jeira (1 Samuel 14:14): área que uma junta de bois podia arar
em um dia, e equivale mais ou menos um quarteirão quadrado
com 50 m de lado, o que representa 2.500 m².

Medida de Tempo

 Hora: 1/12 do dia e 1/12 da noite. Uma curiosidade é que a


extensão da hora variava de acordo com a estação do ano, pe-
lo fato de que as horas do dia eram contadas a partir do nascer
do sol e as noites, a partir do pôr do sol (Mateus 20:3).

 Vigília: Os israelitas dividiam a noite em 3 vigílias, sendo


cada vigília 4 horas (Juízes 7:19). Os romanos a dividiam em
4 vigílias, com 3 horas cada vigília (Mateus 14:25).

111
 Noite: 12 horas, contadas do pôr do sol até o seu nascer (Gê-
nesis 7:4).
 Dia: 12 horas, contadas do nascer ao pôr do sol (Gênesis 7:4),
ou, dependendo da referência, 24 horas, de um pôr do sol até
outro (Êxodo 20:8-11).

 Semana: 7 dias, terminando com o sábado (Êxodo 20:10).

 Mês: 29:30 dias, iniciando com a lua nova (Números 28:14).

 Ano: 12 meses lunares, totalizando 354 dias (1 Crônicas


27:1-15). De 3 em 3 anos, acrescentava-se um mês (pela repe-
tição do último mês) para tirar a diferença entre os 12 meses
lunares e o ano solar. Saiba mais sobre como funcionava
o Calendário Judaico.

112
113
ANOTAÇÕES

114
ANOTAÇÕES

115
ANOTAÇÕES

116
ANOTAÇÕES

117
ANOTAÇÕES

118
ANOTAÇÕES

119
ANOTAÇÕES

120
ANOTAÇÕES

121
ANOTAÇÕES

122
123
GRADES DE MATÉRIAS POR CURSO

124

Você também pode gostar