Você está na página 1de 17

“VEDE, NÃO DESPREZEIS ALGUM DESTES PEQUENINOS, PORQUE EU

VOS DIGO QUE OS SEUS ANJOS NOS CÉUS SEMPRE VÊEM A FACE DE
MEU PAI QUE ESTÁ NOS CÉUS” (MT 18.10)

SUA PARTICIPAÇÃO E INTERATIVIDADE RELACIONADA AO


MUNDO FÍSICO
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO............................................................................................................03
2. ANGELOLOGIA..........................................................................................................04
3. OS ANJOS NA BÍBLIA...........................................................................................06
4. OS ANJOS NA HISTÓRIA....................................................................................09
5. A POSSÍVEL HIERARQUIA ANGELICAL.........................................................12
6. OS POSSÍVEIS MINISTÉRIOS DOS ANJOS.................................................16
7. OS ANJOS MAUS.....................................................................................................00

2
INTRODUÇÃO

Como cristãos temos um profundo respeito pelas escrituras sagradas, e não


temos a pretensão, com este trabalho de formatar uma ampla discussão sobre
o tema “anjos”. Pretendemos defender aquilo que acreditamos ser necessário
para a fé cristã e claramente apresentado pela Palavra do Senhor.
O mundo de hoje é cada vez mais desafiador, e isso não é diferente no mundo
evangélico. Todo assunto que alguém pretender debater com outrem, deve
estar certo que, precisará pesquisar em muitas fontes, pois que, enfrentará
questionamentos quentes, afinal, vivemos na sociedade moderna e avançada
tecnologicamente. Qualquer informação, que seja divulgada do outro lado do
mundo, estará a disposição do indivíduo por intermédio do computador.
Levando em conta estes aspectos apresentados, entendemos que a angelologia
é um assunto importante, porque estará disponível ao leigo a qualquer preço.
Assim, a Igreja de Cristo é desafiada a aprender o máximo sobre a Bíblia, a
fim de ser uma fonte da águas puras ao que tem sede, e uma fonte de saber
para quem tem dúvidas. Como obreiros, devemos nos encaixar no perfil
apresentado pelo apóstolo Paulo, que disse: “procura apresentar-te a Deus
aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a
palavra da verdade” (2 Tm 2.15)
Aqui você irá receber informações adquiridas em anos lecionando em alguns
seminários evangélicos. Esta apostila é um apanhado de textos, autores, frases
ouvidas, livros, artigos, e hermenêutica desenvolvida ao longo de algum tempo.
Espero que esse material possa colaborar com o enriquecimento teológico de
cada aluno .

Israel Leocádio da Silva


Pastor/ autor da apostila

3
ANGELOLOGIA

A angelologia é a matéria que trata dos anjos, e analisa as questões de


sua função, hierarquia e as possibilidades bíblicas quanto ao surgimento dos
anjos e seu destino. Falar de anjos não é uma missão das mais fáceis. Há os que
rejeitam esta doutrina até entre os judeus, que são os formadores desta
doutrina na Bíblia. Certo escritor deixou evidente a responsabilidade que nos
foi passada, dizendo:
“A angelologia é tão bela em seu sentido hermenêutico e simbólico que
impressiona aquele que a examina. É necessário ao estudioso da doutrina
trabalhar de forma crítica, transformando dogmas em dúvidas, respostas em
questionamentos, pontos de chegada em pontos de partida, e, a partir daí,
exercer sua função criativa, dando sentido a história dos anjos para o homem
de hoje, como fez Karl Barth, teólogo protestante responsável pela
restauração da angelologia moderna” ( Tácito., Anjos p.8)
Em nossos dias, alguns têm tentado demonstrar que a angelologia é uma
herança das religiões orientais, principalmente babilônica e persa. Nossa
opinião é que muitos conceitos são comuns a muitos povos, porém em cada um
com seu sentido peculiar. Um exemplo é o próprio conceito de Deus. Não existe
um povo ou cultura sequer sem uma forma prática de culto a Deus, porém, com
base na Revelação, a diferença é notória.
Aqui pretendemos demonstrar o esclarecimento com base nas fontes
bíblicas e as prováveis análises exegéticas oferecidas por autores sérios na
área.

1. Conceito:

A palavra “anjo” deriva da palavra do latim angelus, do grego ággelos e


do hebraico mal’ak; malah. Nas três formas apresentadas as palavras
significam “mensageiro”, “enviado”. Embora nossa discussão se dará em âmbito
espiritual, tratando dos “mensageiros” como seres celestiais, esta palavra, no
hebraico (mal’ak) não têm caráter celestial, principalmente no que se refere ao
Pentateuco. Será necessário uma pesquisa dos textos vetero-testamentários
para podermos determinar o caráter celestial em cada caso.
O termo Mal’ak provavelmente se originou da raiz árabe la aka, que
significa “mandar alguém com recado”. Do abstrato, envio e mensagem, saiu o

4
conceito, enviado e mensageiro. Na Bíblia esse sentido geral de enviado é,
geralmente, aplicado:
 Ao sacerdote: “Porque os lábios do sacerdote guardarão a ciência, e da sua
boca buscarão a lei, porque ele é o anjo do Senhor dos Exércitos” (Ml 2.7);
 Ao rei: “Dizia mais a tua serva: Seja agora a palavra do rei me senhor para
descanso; porque como o anjo de Deus, assim é o rei, meu senhor, para ouvir
o bem e o mal; e o Senhor teu Deus será contigo” (2 Sm 14.17)
 Aos pastores: “ Escreve ao anjo da igreja que está em Éfeso: Isto diz
aquele que tem na sua destra as sete estrelas, que anda no meio dos sete
castiçais de ouro” (Ap 2.1)
Em um dicionário de termos contidos no Primeiro Testamento (V.T.), a
definição do termo “Mal’ak” é usada para descrever um mensageiro humano
enviado por um rei ou líder para executar missão humana. Ocasionalmente, a
frase Malah Adonai, mensageiro de Deus, é também uma referência a um
mensageiro humano. Contudo, essa mesma expressão serve para indicar um ser
celeste. Segundo este dicionário (de autoria rabínica) há um termo específico
para designar anjos que apresentam-se de forma humana, os malahim, e
executam, inclusive missões práticas.

2. O conceito da Qabalah

A Qabalah é uma escola surgida nos dias do cativeiro babilônico, onde se


desenvolveu também outra escola mais reverenciada entre os judeus, o talmud.
A forma de análise da Qabalah é o que pode ser chamado “visão
espiritualística”, que se traduz por misticismo. Provavelmente surgida na região
da Babilônia que recebe o mesmo nome (Qabalah), esse estudo conceituou os
anjos e até os classificou e os hierarquizou. Foram estabelecidas ordens
angelicais, líderes, os mais próximos do homem e os mais distantes. A Qabalah
até desenvolve formas de comunicação e atrativos para cada tipo de serviço
angelical. Vale a pena dizer que não há base bíblica para esta escola, mas muito
do que dizemos sobre este assunto condiz com o ensino cabalístico.
Os judeus guardaram algumas orações qabalísticas, embora tenham
eliminado a maioria das referências cabalísticas, mas retiveram orações como a
Kedushá, na qual os anjos são retratados como cantando louvores a Deus, no
céu.
“A qabalah – tradição oral, misticismo hebraico, interpretação da Torah e
os livros dos profetas. A palavra qabalah quer dizer tradição, assim como
Caibalion. O caibalion é um livro que supostamente foi escrito por adeptos e

5
que contém as regras para se conhecer o universo . Qabalah também quer
dizer aquilo que foi recebido e é transmitido , que na verdade corresponde a
palavra tradição que antigamente queria designar a Lei (Torah) que foi
implementada por Moisés.” (Curso breve de Qabalah – círculo iniciático de
Hermes. P.1)

3. O conceito do Talmud

O talmud surgiu durante o cativeiro babilônico, era uma forma que os


judeus encontraram de manter viva a fé judaica, uma vez que estavam
distantes da terra santa. O talmud é um estudo clássico, uma escola de
profetas, que é chamada, usualmente, como lei oral. Há, até os dias de hoje os
que estudam estas obras, e gastam horas em debates sobre o que a Tohá
(pentateuco) afirma sobre os pontos doutrinários judaicos. No talmud
encontraremos a discussão sobre os malahim. A posição se dará dentro do
conceito bíblico do termo. Vale a pena dizer que os fariseus eram detentores
do conhecimento talmudico.
A crença em anjos jamais foi considerada básica ou indispensável ao
judaísmo. Hoje os judeus renunciaram, definitivamente, à crença em anjos, e
voltaram ao ponto de vista racionalista de alguns dos filósofos judeus
medievais. Os anjos constituem assunto de preocupação intelectual ou
espiritual.

NOTAS
 FERREIRA., Ebenézer Soares. Angelologia. Edição autor, p.11
 Citado por CHAFER, Lewis Sperry, em Teologia sistemática, tomo I, vol 11, p.425
 DICIONÁRIO DO JUDAÍSMO. Termo Malah.
 LEOCADIO., Israel da Silva. Angelologia. Bacharel em Teologia. Edição do autor. p.4,5

OS ANJOS NA BÍBLIA

O assunto anjos desperta curiosidades, não podemos negar. Já em 1978,


Billy Graham lançava no Brasil o livro “Anjos – agentes secretos de Deus” e foi
um campeão de vendas entre os evangélicos do país.

6
Mas, com tanto tempo de pesquisas e divulgação na nação brasileira o que
sabemos sobre eles que é afirmado pela bíblia? Vejamos alguns pontos bíblicos
a respeito:
(a) São pessoas – Por mais estranho que pareça, pois que, vemos em algumas
passagens os anjos aparecendo de formas animalescas, podemos afirmar
que “os anjos são pessoas”. O que caracteriza uma pessoa não é o corpo
físico, mas as três capacidades fundamentais de uma pessoa: pensar,
agir, sentir por si mesmo. Os anjos apresentam-se como seres capazes
de, ouvindo uma ordem, cumprí-la sem erros. Sinal de inteligência
pessoal.

(b) São inteligentes – Sendo pessoas, são inteligentes. Mas poderíamos


afirmar que sua inteligência é superior a nossa, são altamente
inteligentes. Exercem funções junto ao homem e a Deus. Isso fica claro
quando observamos a forma como agiram em situações especiais na
Bíblia. Veja: Quando apareceram a Abraão, comportaram-se como se
soubessem o que fazer, demonstraram controle da situação. Assim
também com a família de Ló, e em todas as outras ocasiões em que
falaram ou agiram.
O raciocínio dos anjos não é semelhante ao de Deus, mas é superior ao
dos homens. Não possuem onisciência sem presciência, atributos
exclusivos de Deus. Possuem consciência beatífica, ou seja, vêem a face
de Deus, e tem conhecimento dEle ( Mt 18.10)

(c) São moralmente livres – Está provado pela queda dos anjos, onde muitos
optaram por não seguir ao Diabo. Eles escolheram, por si mesmos, seguir
a Deus. O relato dessa rebelião, por parte de Lúcifer, está em Ez 28.14-
16 e Is 14; 2 Pd 2.4. Pedro diz que eles pecaram. Ora, o pecado é um ato
volitivo da pessoa, que expressa sua escolha.
Ao abordar o tema moralidade, pensamos naqueles anjos que caíram de
sua santidade original sem uma tentação exterior. Os anjos foram
criados com livre-arbítrio, entretanto, “a possibilidade de cometer o
mal de maneira alguma era uma necessidade”. A queda dos anjos foi
individual, cada um possuía uma relação pessoal com Deus.
As criaturas foram criadas para serem teocêntricas. Quando colocam
seu próprio ser acima do Criador surge a figura do pecado. Assim os
anjos maus não perseveraram na santidade original e sua vontade cada
vez mais está dirigida para o mal.

7
A vontade angelical não muda. Uma vez feita a escolha, com o pleno
conhecimento do bem e do mal , e da verdade, sua vontade permanece,
confirmada pelo conhecimento de Deus.

(d) São espíritos – Embora apareçam aos homens em forma corpórea, os


anjos são espíritos, desprovidos de corpos humanos. Entende-se que um
espírito esteja acima da matéria e não é de se estranhar que possam
executar atos próprios de homens limitados pela carne. Leiamos Hb 1.14.
Vale a pena ressaltar a impossibilidade bíblica para a relação sexual
entre anjos e mulheres. A tradição Hermética da qabalah é que
possibilita essa relação. Vale a pena frisar que a tradução que Hermes
têm é rejeitada pelo judaísmo, que o considera blasfemador da Tarah.

(e) São poderosos – Esta é uma das razões porque desperta tanto
interesse. O Senhor disse que se Ele “quisesse pediria ao Pai e Ele lhe
enviaria doze legiões de anjos.” Que poderiam fazer tantos anjos? Veja,
quando o exército assírio cercou Jerusalém, o Senhor não permitiu que
Senaqueribe atirasse uma seta contra a cidade santa. A bíblia declara
que o Senhor enviou UM ANJO, e esse matou, em UMA NOITE,
185.000 (cento e oitenta e cinco mil homens). Leiamos 2 Pd 2.11.
É justamente a inteligência e a vontade dos anjos que os tornam
poderosos. Agostinho afirmou: “Deus comanda os anjos, os anjos
comandam os homens, os homens os animais”. Penso que Agostinho não
condicionou a vontade do homem, ou de Deus aos anjos, mas sim disse
que há uma interação entre os dois mundos, o espiritual e o natural, e
nestes a escala de poder é a que fora apresentada.
Devido a esse poder, a força ou poder dos anjos maus só poderá ser
interrompida pela autoridade e força do Senhor, que está acima deles.

(f) São criaturas – Embora existindo diversas opiniões em torno da


natureza dos anjos, não pode restar dúvida, dentro de um
questionamento racional, de que foram criados por Deus (Sl 148 2-5; Cl
1.16). O único eterno é Deus e é Ser pela própria essência. Não há
outros seres eternos comparáveis ao Altíssimo. Somente Deus é
incriado e eterno.
Os anjos foram criados por Deus, como todos os outros seres
existentes, mas não no tempo que é característico da matéria, dos
astros e de outros entes materiais – pois os anjos são substâncias

8
espirituais. O tempo é para a matéria, para os corpos. Os anjos, no
entanto não estão fora do tempo, como afirmou Agostinho : “Deus move
a criatura espiritual no tempo”. Estão dentro do tempo no sentido que
houve um momento em que foram criados, em que passaram a existir.
Tomás de Aquino, em concordância com a posição teológica, reafirma a
opinião mais provável, que os anjos teriam sido criados simultaneamente
com o Universo, mas não precedendo o Universo. São assexuados e não
se multiplicam, são imortais.

NOTAS
 BARROS., Manuel Correia. Filosofia tomista. 2ª ed., p.246
 MUELLER., John. Dogmática cristã. Vol. I., p. 203
 CHAFER., L. S. Teologia sistemática., tomo I, 1974., p. 449
 Citado por CHAFER., L.S. Op. Cit. ., p.449
 Citado por CHAFER., L. S. Op. Cit. P. 436, 437
 Curso Breve de Qabalah. Círculo iniciático de Hermes. P.1
 Apostila de Angelologia SEBEMGE – 1999.
 Leocádio., Israel da Silva. Bacharel emTeologia. Edição do autor. p. 10

OS ANJOS NA HISTÓRIA

Ao estudarmos a história da Igreja e da teologia, verificamos que os


cristão primitivos experimentaram os efeitos da revelação paulatina, ou seja,
não tiveram a mesma idéia sempre. Na maioria das vezes, encontraremos, na
igreja pós-apostólica, os conflitos doutrinários a respeito das ações dos anjos
na vida regular de cada cristão. A princípio todas as catástrofes parecem ser
atribuídas a ação ou participação do Diabo.
Só mais tarde, com Clemente de Alexandria (150- 213 d.C.), é que surgiu a
idéia da hierarquia dos anjos. A adoração aos anjos era considerada um erro
pelos pais da igreja (primeiros líderes após os apóstolos)
Nos primórdios, a teologia indicava a tendência de atribuir a esses seres
finos corpos etéreos, visando a demonstrar que eram sujeitos a limitações
especiais. Aos poucos, no entanto, crescia a incerteza de que os possuíssem.
A igreja experimentou momentos de pura especulação e até, pode-se
dizer, estupidez teológica (mas, vale dizer que tudo isso faz parte do processo
do conhecimento. Ninguém é grande antes de experimentar o pequeno).

9
Citaremos o caso do concílio da igreja onde se discutiu, entre outras coisas
assuntos banais como cita o pastor Ebenézer Soares Ferreira: “Eis algumas das
sutilezas que se encontram quando focalizam o assunto: Quantos anjos
poderiam permanecer na ponta de uma agulha?; Um anjo poderia estar em dois
ligares ao mesmo tempo?; O pecado do primeiro anjo causou o pecado dos
demais?; Nossa atmosfera é lugar de punição dos demais?; Os anjos da guarda
vigiavam as criancinhas desde o nascimento? Depois de batizadas? Ou já no
embrião?”
A doutrina dos gnósticos, nos primeiros séculos, alavancou uma discussão
forte sobre o tema, quando afirmavam serem os anjos emanações de Deus é
não criaturas dEle. Foram combatidos por diversos teólogos, como Irineu de
Lião, Clemente de Alexandria, Origenes, Gregório – o taumaturgo. Todos
afirmavam que os anjos foram criados por Deus. Foi Orígenes que desenvolveu
uma apreciação da possibilidade de haver uma hierarquia celestial.
Na idade de ouro da Patrística (325-451 d.C.) observamos uma grande
idolatria aos anjos, crendo-se que os anjos poderiam entrar em comunhão com
os homens pela oração. Cresce a idéia do anjo da guarda ( presente na cultura
judaica e qabalistica). João Crisóstomo afirmava que os anjos serviam aos
homens assim como o fizeram com os profetas e Cristo. Cirilo de Alexandria
afirmava que foram criados a imagem de Deus e são superiores aos homens.
Dionísio defendia três classes de anjos, a saber: Os que gozavam da
presença de Deus, os iluminados de primeira classe e os iluminados de Segunda
classe.
Entre os séculos VI e XIII diversos concílios visaram corrigir idéias
errôneas, esclarecer dúvidas, orientar sobre as práticas e a devoção em torno
dos anjos.
Algumas idéias foram condenadas pela igreja nos concílios, como:
1. Afirmar que o sol, as estrelas, lua, astros em geral fossem espécies de
anjos;
2. Afirmar que os anjos e Deus são constituídos de “uma mesma
substância”;
3. O demônio não foi nem anjo bom nem mal, e nem formado por Deus;
4. Invocar Uriel, Raguel, Admis, Tofoas, Sabaoth e simiel ( que foram
considerados demônios pelo concílio);
5. Foi permitido a imagem de anjos e santos nos ícones e imagens da
igreja.

10
Durante a era da escolástica muitos foram aqueles que contribuíram para
a angelologia, como Tomás de Aquino, Boaventura, Alberto Magno, que
afirmavam a existência de anjos e sua participação na criação de Deus, sua
liberdade moral, sua intelectualidade, como sua participação na vida do homem.
Estaremos assistindo toda uma evolução no pensamento teológico sobre
anjos. Na reforma, com os protestantes, os evangélicos evangelizadores do
novo mundo, mas nada muda na doutrina dos anjos, apenas algumas variantes
quanto a sua função junto ao homem.

NA HISTÓRIA JUDAICA

Pode-se dizer que tudo o que a história registrou sobre anjos tem como
fonte inspirativa a evolução desta revelação que ocorreu em meio aos judeus,
ou seja, sem os registros históricos dos judeus, que foram escolhidos por Deus
para apresentar-se ao mundo habitado, não poderíamos ter apresentado um
esboço do que foi a evolução da angelologia. Mas vale a pena ressaltar que os
judeus também receberam essa revelação de forma paulatina, ou seja, foi
gradativa a idéia que a Lei e os profetas apresentam os anjos.
Podemos dizer, de maneira bem simplória e resumida, que essa evolução
de entendimento judaico sobre os anjos se deu em três momentos históricos
de Israel, que seriam:
1. Influência dos Caldeus. – Sabemos que o patriarca de Israel, Abraão,
fora chamado por Deus em meio a uma terra que posteriormente,
dentro do traçado geográfico(Ur dos Caldeus), seria a sede do mundo
pagão, a Babilônia. Sendo filho de fabricante de ídolos, Abraão
experimentou a revelação inicial do Deus de Israel em meio a idolatria
e influencia de uma época primária teologicamente.
Vemos, com os olhos na história, que a idéia que está presente no povo
descendente do patriarca Abraão é de que tudo provém do Senhor,
tanto o bem quanto o mal . A visão teológica a esse respeito é do
Teocentrismo, tudo está relacionado a Deus, até o mal. A idéia angelical
é, até certo ponto, difícil de ser identificado. Os anjos aparecem de
forma humana e dificilmente com características celestiais
2. Influência do Egito - Sabemos que o povo de Israel viveu um grande
período no Egito. Ali, o povo aprendeu a cultura e os hábitos do povo
egípcio. Até mesmo as questões religiosas foram absolvidas pelo
hebreu. O Egito foi o centro cultural do mundo durante longa data. A
ciência se fazia avançada no Egito, bem como o sistema administrativo,

11
político e social. No Egito descobrimos uma figura central do nosso
estudo, talvez o maior responsável pela influência política social de sua
época, Moisés.
Preparado para ser príncipe egípcio, Moisés foi instruído em toda
cultura Egípcia. Ali aprendeu a arte da política, da administração, da
sociabilização. Moisés conhecia a cultura hebréia e egípcia como
ninguém mais de sua época.
Tempos depois, vemos Moisés trabalhando como pastor dos rebanhos
de seu sogro Jetro. A Palavra de Deus diz que Jetro era de família
sacerdotal. Isso nos soa estranho, pois Deus ainda não tinha instituído
seus sacerdotes, mas o termo aplica-se a sacerdotes do Egito, Midiã
era terra de sacerdotes.
Temos, então um homem instruído por quarenta anos na cultura
egípcia, e outros quarenta aprendendo junto a cultura cúltica egípcia.
Não é de se admirar que Moisés relate, mais claramente a participação
celestial no processo de libertação do Egito. Deus já falava com
Moisés em níveis mais altos de revelação.
3. Influência Babilônica. – Com tudo, o que falamos sobre influência, é
fato inquestionável, e que nada se compara ao que fez a Babilônia com a
fé dos hebreus. Lá eles se desenvolveram financeiramente, socialmente
se tornaram independentes, prósperos, e criaram duas escolas que
marcaram o que se sabia das coisas de Deus, a saber : o Talmud e a
Qabalah.
Essas duas escolas formataram o que sabemos hoje de anjos que é
relatado nas escrituras. O talmud é um estudo mais clássico da Lei, que
é chamado de Lei Oral. É, ainda hoje, uma escola respeitada em Israel.
E a Qabalah, é o estudo místico da Lei, e que, consequentemente,
mistificou todo conhecimento da lei oral. Toda a discussão que
apreendemos da Lei a fazemos com base no que estas escolas
discutiram. Da escola do Talmud destaca-se Hilel, e da escola da
Qabalah destaca-se Hermes.

 LEOCÁDIO., Israel da Silva. Apostila de Teologia Bíblica do Antigo Testamento –


SEBEMGE. Belo Horizonte, 1997
 MACINTYRE., Archibald Joseph. OS ANJOS, uma realidade admirável. 2ª edição. Edições
Louva-a-Deus, 1986, p.122.
 LEITE, Tácito da Gama. ANJOS, mensageiros de Deus aos homens. 2ª edição. CPAD. Rio
de Janeiro, 1984, p.35

12
A POSSÍVEL HIERARQUIA ANGELICAL.

Como estamos percebendo, o assunto anjos e sua função não é tão


simples como pensávamos. Há pensamentos diferentes do mesmo assunto. Para
alguns pensadores os anjos sempre foram assunto de segundo plano nas
Escrituras Sagradas. Para outros, entendê-los é importante para compreender
a ação do próprio Deus.
Apesar de não se multiplicarem, os anjos são uma espécie distinta. Eles
são individualizados por sua essência e por sua inteligência. Os anjos não se
multiplicam porque não se deterioram e porque foram criados de maneira
individual, e não possuem corpos físicos capazes do ato humano da
multiplicação.
Embora não se multipliquem, como já afirmamos, os anjos são em número
muito grande, e foram criados neste número. A Bíblia não apresenta esse
número exato, mas diz que constituem exércitos: exército do céu ou exército
de Deus, ou multidão das hostes celestiais ( um número em grandes proporções,
como aparece em 1 Rs 22.19; 2 Rs 6.17; Lc 2.13, etc.). Moisés referiu-se a dez
milhares de santos (Dt 33.2). Na visão de Daniel, ele registrou milhares
servindo a Deus (Dn 7.10). O autor de Hebreus referiu-se a muitos milhares de
anjos (Hb 12.22). E outras ocasiões...
Observa-se também que os anjos não formam uma raça, mas multidões,
companhias – todos individualmente personalizados.
Além do mais, a palavra anjo não é um nomem naturae e sim um nomem
officil.
Alguns teólogos discutem como se organizam os anjos. Muitos deles
afirmam haver uma hierarquia angelical. Não creio assim, mas acredito que
Tomás de Aquino equivocou-se quando afirmou a existência de anjos mais
perfeitos, que detém um maior conhecimento de Deus, e anjos menos
perfeitos, de categorias mais baixas, e que detém conhecimentos mais
humanos, particulares do homem.
Entendo, sim , que por motivo de organização, ou até, apenas vontade do
Senhor, os seres celestiais exerçam uma hierarquia que chamo de hierarquia
funcional. Algo que exista em caráter de organização e não por haver algum ser
do Senhor melhor ou pior diante dEle. Acredito na Palavra que diz : “todos são
iguais perante Deus...”
Na Bíblia encontramos referência a esta organização. Os querubins,
serafins, arcanjo e anjos aparecem agindo organizadamente. Uns mais

13
próximos, outros mais distantes, mas todos igualmente importantes no serviço
ao Senhor.
Dionísio, o aeropagita, classificou os anjos em nove coros pertencentes a
três hierarquias ou ordens. Não podemos ser tão extremistas, levando os
termos apresentados na Bíblia a este ponto. Podemos concordar com o teólogo
Berkhof em que as designações principados, potestades, poderes, tronos,
dominações, não indicam diferentes classes angelicais, mas , simplesmente
diferenças na autoridade ou dignidade entre os anjos.
Entendendo como o pregador do evangelho Billy Graham, poderemos ver
os anjos como que detendo poder em limite a sua função expressa do Senhor.
Assim, cada um está limitado ao poder recebido por Deus para realizar sua
função estabelecida.

1) Querubins ( Qerubim – Guardião) - Mencionado diversas vezes


nas Escrituras, aparecem em Ezequiel com descrições bem peculiares.
Aparece também a expressão seres viventes, referindo-se aos
querubins. Estes são relacionados a glória de Deus.
a) Guardam o jardim do Édem - Gn 3.24 (Deus dá a entender que os
querubins eram responsáveis por guardar a tudo que representa a
vontade de Deus)
b) Foram incorporados ao plano da Arca da Aliança e do Tabernáculo,
estavam ligados ao propiciatório, contemplando o Senhor; no
templo, suas figuras foram utilizadas na decoração. – Êx 25.18; 1
Rs 6.23-28; Sl 80.1; Hb 9.5; Ap 4; Ez 1. (Aqui vemos os querubins
aparecendo como que aqueles responsáveis por levar as palavras
de Deus no Tabernáculo, e também protegerem a presença de
Deus)
c) Receberam a função de revelar a majestade e a glória de Deus .
Segundo Tácito da Gama esta função aparece claramente nos
seres viventes descritos em Ezequiel 1 e Apocalípse 4.

2) Serafins (Saraph = ardente) - São mencionados apenas em Isaías


6. 1-3, onde aparecem ao redor do trono de Deus, prontos para
cumprirem suas ordens. Concordam os estudiosos em considerá-los os
mais nobres. L. Berkhof assim se expressa em relação aos serafins:
enquanto os querubins se mostram poderosos, os serafins podem ser
chamados dos mais nobres dentre os anjos”.

14
Dionísio, Tomás de Aquino e outros aceitam que eles estão mais
próximos de Deus do que qualquer outro anjo, contemplam e vivem do
amor divino, abrasando-se cada vez mais nesse fogo celestial. Amam a
Deus sem limites, sem medidas e sem fim. Segundo Dionísio sua
função os tornam mais próximos de Deus, mas para Agostinho os
querubins é que estão mais próximos, pois que guardam a presença do
Senhor.

3) Arcanjo (archángelos = príncipe de anjos) A Bíblia só apresenta um


arcanjo, embora nos apócrifos apareçam mais seis. Segundo o livro de Judas
esse título é dado a Miguel. Seu nome significa “quem é como Deus”. Miguel
também é mencionado no livro de Daniel 12.1. O arcanjo Miguel aparece
como um dos primeiros príncipes angelicais. Ele é responsável pelo povo e
território de Israel. Em apocalípse vemos a vitória final de Miguel, pelo
sangue do Cordeiro (Ap 12.7-12).
Há uma curiosidade ocorrida em Israel que foi registrado em um livro que
relata a guerra de Israel contra a ocupação dos seus territórios naquela
que ficou conhecida como “guerra dos seis dias”. Um soldado judeu viu um
anjo do Senhor voando sobre o território de Israel em um momento em que
eram sufocados por bombardeiros inimigos. Ele avisou ao general que
mandou espalhar a notícia e o quadro da guerra se reverteu, Israel sufocou
o exército inimigo. Isso ocorreu no século vinte, bem próximo dos nossos
dias.

4) Anjos (heb. Malach; grego. Aggelós= mensageiro) Sabemos o nome de um


anjo que é revelado no Bíblia, que é Gabriel. Mencionado em Dn 8.15-27;
9.20-27; Lc 1.19-26, Gabriel foi incumbido de missões extraordinárias, para
revelar mistérios acima da compreensão humana. Gabriel significa “Deus é
forte”. Ele não é chamado de arcanjo na Bíblia, embora tenha tido uma
participação tão grande em meios as circunstâncias adversas da história do
povo de Deus.
Aceitamos a idéia de que cada anjo possua uma missão específica, quer seja
a de glorificar, guardar a presença de Deus, como de anunciar sua vontade e
lutar por ela. É fato que a Bíblia mostra-nos uma organização muito grande
da parte do Senhor, fazendo com que cada parte do Seu Reino funcione
organizadamente.

 BERKHOF., L. Teologia Sistemática, versão espanhola, 1974, p.172

15
 GRAHAM., Billy. Anjos: os agentes secretos de Deus. P. 45
 CHAMPLIN., R. N. o Novo Testamento interpretado versículo por versículo. Vol 5. P.96
 FILHO., Tácito da Gama Leite. Anjos – Juerp. P. 47
 LEOCÁDIO., Israel Da Silva. Pesquisa de funções angelicais. - steb

O POSSÍVEL MINISTÉRIO DOS ANJOS

16
17

Você também pode gostar