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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO
1. O QUE É DOUTRINA
2. CONCEITO DE ANGELOLOGIA
3. QUEM CRIOU OS ANJOS E QUANDO ELES FORAM CRIADOS
4. A NATUREZA DOS ANJOS
5. ONDE ESTÃO OS ANJOS E QUAL POSIÇÃO OCUPAM
6. OS ANJOS, SUAS FUNÇÕES E MINISTÉRIO
7. O CARÁTER DOS ANJOS
8. A CLASSIFICAÇÃO DOS ANJOS
9. ALGUNS PENSAMENTOS ACERCA DA ANGELOLOGIA
10. QUEM SÃO OS FILHOS DE DEUS (Gênesis 6)
11. SATANALOGIA
12. DEMONOLOGIA
CONCLUSÃO

2
INTRODUÇÃO

Diversos pensamentos e ideias sobre os anjos surgem com frequência sem


haver preocupação com o que a Palavra de Deus realmente esclarece sobre eles. A
falta de compreensão e entendimento deste assunto, provoca à todo instante, o
surgimento de idéias e pensamentos equivocados, podendo, de forma mais grosseira,
apoiar o surgimento de heresias, credos e até mesmo seitas, distantes da doutrina
encontrada na Palavra de Deus. A Bíblia Sagrada relata, de forma sucinta, acerca dos
anjos, em especial, quanto à sua origem, natureza e atividades.
Foi de Tomás de Aquino a tentativa de organizar e sistematizar um estudo
mais aprofundado, sistematizado e completo sobre os anjos em 1215 d.C. Após sua
morte, foi proclamado Doutor da Igreja em 1567 d.C. com o título de “Doutor Angélico”.
Este período caracterizou-se pelo profundo interesse das pessoas em ouvir grandes
professores. Em seu comentário sobre este interesse popular, a Bíblia de Estudo de
Genebra afirma que “o povo estava grandemente interessado em anjos e, em quinze
palestras proferidas em uma semana, Aquino tentou transmitir tudo o que sabia sobre
eles. Respondeu também às perguntas feitas pelo auditório. As suas palestras foram
escritas e tornaram-se a base na apresentação de sua obra-prima, Summae
Theologiae (Suma Teológica), a mais brilhante especulação sobre anjos jamais
escrita. Ele tomou como base a Bíblia, a cultura e a tradição de sua época, mas como
as Sagradas Escrituras não respondem muitas indagações sobre anjos, ele adicionou
suas próprias conjecturas.”
“Suma Teológica” foi a obra mais conhecida de Tomás de Aquino. Foi dividida
em 2 seções, subdivididas em 3 partes, onde 512 questões resumiam os diversos
assuntos que tratavam da teologia cristã. Desde a origem da organização dos estudos
sobre os anjos, há muito do pensamento humano, sem existência da fundamentação
bíblica. Fenômenos dos mais extraordinários surgem a cada instante, numa
velocidade que desafia os mais atentos, tentando explorar este assunto, para que
interesses dos mais variados sejam atingidos. Como o assunto é fascinante, a

3
oportunidade sempre está aberta, para que todo o tipo de mente, interprete, a seu
modo, a ação angelical. No comentário sobre o fascínio causado pelo tema, a Bíblia
de Estudo de Genebra lembra que:

Um dos mais proeminentes filósofos americanos, Mortimer J. Adler, editor da


obra Os Grandes Clássicos do Mundo Ocidental, publicado pela Enciclopédia
Britânica, em 1943, afirmou que os anjos são um assunto mais fascinante que
a ficção científica ou a idéia de seres extraterrestres. Ao pregar uma
mensagem sobre anjos, o renomado pastor norte-americano Billy Graham,
mostrou-se surpreso pela escassez de literatura existente sobre o assunto. Foi
então que resolveu escrever o livro Anjos, Agentes Secretos de Deus, no ano
de 1975. De lá para cá, o interesse pelos anjos, aumentou
extraordinariamente. O interesse por anjos tem tomado as páginas das
revistas internacionais mais lidas no mundo, bem como nos best-sellers da
literatura mundial. A revista americana Time, edição de 27/12/1993, página 58,
em sua reportagem de capa, assim se expressou: “Se existe alguma coisa
semelhante a uma idéia universalmente aceita, comum às culturas e através
dos séculos, a crença nos anjos é a que mais se aproxima disso”. A citada
revista semanal, ao destacar que dentre os dez livros mais lidos no seguimento
religioso, cinco versavam sobre anjos. O artigo dizia, ainda, que a crescente
fascinação pelos anjos era mais popular do que teológica, uma vez que as
pessoas, pela primeira vez na vida, estavam descobrindo razões das mais
diversas, para obterem respostas sobre os anjos.1

De forma preocupante, estamos observando um distanciamento do ser


humano da Palavra de Deus. O apóstolo Paulo, na sua primeira carta à Timóteo,
adverte sobre a apostasia nos últimos tempos, e o encoraja a viver em fidelidade e
diligência no seu ministério, conforme registro de 1 Timóteo 4.1: “Mas o Espírito
expressamente diz que, nos últimos tempos, apostatarão alguns da fé, dando ouvidos
a espíritos enganadores e a doutrinas de demônios.” Em 1 Timóteo 4.16, o apóstolo
dá instrução do cuidado que se deve ter da doutrina: “Tem cuidado de ti mesmo e da
doutrina; persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo
como aos que te ouvem.”

1
Bíblia de Estudo de Genebra – Versão Revista e Atualizada – Cultura Cristã/SBB: 1999.

4
Neste estudo, nossa procura é entender, à luz das Sagradas Escrituras, o
papel destes seres na vida do ser humano e da Igreja, não negligenciando o que ela
nos diz. Segundo Lúcio Pires, três aspectos da negligência da doutrina são
evidenciados neste caso:

[a] Desde a antigüidade, os gnósticos prestavam adoração aos anjos (Cl 2.18);
depois então, na Idade Média, com as crenças absurdas dos rituais de
bruxarias com culto aos anjos, e agora em nossos dias, os estudos cabalísticos
personalizados no meio esotérico e místico, ensinam novamente o culto aos
anjos, por meio de bruxos sofisticados e modernos. Sabendo que antes de
tudo, a existência e ministério dos anjos são fartamente ensinados nas
escrituras, por isso, não podemos negligenciar os ensinamentos sagrados. [b]
A evidência de possessão demoníaca e adoração a demônios de forma
veemente em nossos dias. O apóstolo Paulo parece travar grande luta com a
grande idolatria que considerava adoração a demônios (1Co 10.19-21). Nos
últimos dias, esta adoração aos demônios e a ídolos deve aumentar bastante
(Ap 9.20-21). A negligência deixa de existir para dar lugar à um crescente
pensamento sobre o assunto, especialmente do lado do mal. Não podemos
negligenciar tal doutrina. [c] A prática acentuada do espiritismo que crescerá
assustadoramente nos últimos dias, conduzindo homens, mulheres e crianças
a profundos caminhos de trevas e cegueira espiritual (1Tm 4.1-2). E ainda a
obra de satanás e dos espíritos maléficos, atrapalhando o progresso da graça
em nossos próprios corações e a obra de Deus no mundo (Ef 6.12).2

É importante ter em mente que, o propósito principal do texto sagrado é


anunciar Cristo. A Angelologia não é tratada, portanto, na mesma intensidade. Porém,
é na Bíblia Sagrada que encontraremos as informações que respondem às nossas
questões. Angelologia, é uma doutrina que atesta a existência de um mundo espiritual.
O entendimento desta realidade espiritual, fortalece nossa fé, mostrando assim à
providência de Deus em nosso favor.

2
PIRES, Lúcio. Angelologia – A doutrina dos anjos. Disponível em http://solascriptura-
tt.org/Angelologia/AngelologiaDoutrinaAnjos-CursoLucio.htm. Acesso: 05.06.2010.

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1. O QUE É DOUTRINA

Angelologia é uma doutrina. Como tal, é importante compreender o significado


deste termo. Doutrina é o ensino que se dá sobre qualquer matéria. Trata-se do
conjunto de princípios em que se baseia um sistema religioso, político ou filosófico.
Entende-se também como uma opinião dada em assuntos específicos. O termo
“instrução” está sempre associado à “doutrina”. Michaelis define instrução como a
ação de instruir, de ensinar, de explicar ou esclarecer, de educar intelectualmente.
Alguns aspectos interessantes contribuem para o entendimento da aplicação do termo
“doutrina” em sua aplicação bíblica. Deusimar Barbosa, em Manancial das Doutrinas
bíblicas, observa alguns destes aspectos:

[1] A palavra doutrina vem do hebraico “legach” que significa “ensino,


instrução”. É traduzida por ensino em outras versões bíblicas (TB, NTLH,NVI).
[2] Do grego é “didaché” significa” ensinamento”, aquilo que é ensinado. (Mt
7.28; Tt 1.9; Ap 2.14,15,24), o ato de ensino, instrução (Mc. 4-2; Rm. 16-17).
“Didaskalia” significa “aquilo que é ensinado”, “doutrina, ensino, instrução”(Mt
15.9; Mc 7.7; Ef 4.14; Cl 2.22; 1Tm 1.10; 4.1,6; 6.1,3; Tt 1.9; 2.1,10; Rm 12.7;
15.4; 1Tm 4.13,16; 5.17; 2Tm 3.10,16; Tt 2.7). O termo didaché é usado
apenas duas vezes nas epistolas pastorais (2Tm 4.2; Tt 1.9), enquanto o termo
didaskalia é empregado 15 vezes. Os dois termos são usados nos sentidos
ativos e passivos, ou seja, o ato de ensinar e o que é ensinado. A voz passiva
é predominante em didaché, e a voz ativa, em didaskalia. O primeiro coloca
em relevo a autoridade, o ultimo, o ato. A parte do apostolo Paulo, os outros
escritores só usam o termo didaché, exceto em Mt 15.9 e Mc 7.7, que usa
didaskalia. [3] Do latim é “doctrina”, do verbo “docio”, que significa “ensinar,
instruir, educar”. Portanto a palavra doutrina é o “conjunto coerente de idéias

6
fundamentais a serem transmitidas, ensinadas”. Ressalto que doutrina do latim
doctrina, significa “ensino, instrução dada ou recebida, arte, ciência, doutrina,
teoria, método.” [4] Quando falamos de doutrina bíblica estamos falando do
ensino das Sagradas Escrituras. A Bíblia Sagrada é a palavra de Deus e,
portanto, o ensino das Sagradas Letras, nada mais é que o puro ensino da
Bíblia, o ensino da palavra de Deus, o ensino de Deus ao homem, acerca da
salvação do homem, de Jesus Cristo, o Senhor e Salvador, do Espírito Santo,
o consolador, da Criação dos céus e da terra, do pecado, da origem, queda,
restauração e destino final do homem, missão e destino da Igreja e do porvir.
Portanto, doutrina é o ensino que Deus concede ao homem a partir da sua
poderosíssima palavra da revelação de Deus à humanidade caída em pecado,
que está inserida nas Sagradas Escrituras. [5] É um conjunto de princípios
que, tendo como base as Sagradas Escrituras, orienta o nosso relacionamento
com Deus, com a Igreja e com os nossos semelhantes. 3

Diversos textos bíblicos revelam a importância da doutrina para a vida do ser


humano, como Atos 2.42: “E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na
comunhão, e no partir do pão, e nas orações.”, Mateus 7.24-27: “Todo aquele, pois,
que escuta estas minhas palavras e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente,
que edificou a sua casa sobre a rocha. E desceu a chuva, e correram rios, e
assopraram ventos, e combateram aquela casa, e não caiu, porque estava edificada
sobre a rocha. E aquele que ouve estas minhas palavras e as não cumpre, compará-
lo-ei ao homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia. E desceu a chuva,
e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e caiu, e foi grande
a sua queda”, e, Efésios 2.20: “edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos
profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina”.
A teologia, conseqüentemente, a doutrina bíblica, torna-se de fácil
compreensão quando dividida em áreas específicas. Basicamente a teologia divide-
se da seguinte maneira: [a] Teologia própria: O estudo de Deus; [b] Hamartiologia: O
estudo do pecado; [c] Soteriologia: O estudo salvação; [d] Pneumatologia: O estudo
dos espíritos; [e] Paracletologia: O estudo do Espírito Santo; [f] Escatologia: O estudo
das últimas coisas; [g] Angelologia: O estudo dos anjos; [h] Antropologia: O estudo

3
BARBOSA, Deusimar. Manancial das Doutrinas Bíblicas - Fortalecendo e edificando a nossa
fé sobre o fundamento dos apóstolos e de Cristo. Disponível em:
http://profdeusimarbarbosa.blogspot.com/2009/07/deusima
r-barbosa-manancial-das.html. Acesso: 02.01.2014.

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dos homens; [i] Cristologia: O estudo de Jesus Cristo; [j] Bibliologia: O estudo da
Bíblia.

EXPLORANDO O TEMA NA WEB

Um bom texto sobre a importância da doutrina bíblica para a vida cristã pode ser
verificada em http://www.estudantesdabiblia.com.br/licoes_cpad/2006/2006-04-
01.htm

QUESTÕES PROPOSTAS

1. O que você entende por doutrina?

2. Cite dois textos bíblicos que tratam sobre doutrina na Bíblia Sagrada e comente
sobre eles.

3. Qual a relação entre instrução e doutrina?

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2. CONCEITO DE ANGELOLOGIA

Angelologia é o estudo dos anjos, ou seja, um tratado acerca dos anjos.


Entende-se também como sendo a crença na intervenção dos anjos. Este termo tem
sua origem no vocábulo hebraico “mal’akh” e tem o significado de “mensageiro” e
“enviado”. Mensageiro é o responsável em anunciar uma mensagem, ou seja,
anunciador, e, enviado, aquele que é mandado, ou, remetido. São os anjos, por
definição, mensageiros à serviço de Deus.
No Antigo Testamento a palavra hebraica para anjo é “mal’akh”. No Novo
Testamento a palavra grega é “aggelos”. Ambas significam mensageiro, uma das
tarefas mais verificadas exercidas pelos mesmos. No Novo Testamento, embora
utilizada poucas vezes, o termo “aggelos” é usado para designar mensageiros
humanos (1Reis 19.2; Lucas 7.24; 9.52; Tiago 2.25; Lucas 9.52). Na maioria das
vezes, a palavra refere-se aos mensageiros de Deus, que habitam o mundo celeste e
assistem em sua presença.
“Aggelos” é usado tanto para anjos de Deus quanto para os anjos maus. A
palavra “anjo”, tem na Bíblia Sagrada, o sentido de uma ordem de seres celestes, cujo
objetivo é de atuar como mensageiros, ou, anunciadores de Deus aos homens.
Jerônimo, ao traduzir as Escrituras para o latim, usou o termo “aggelos”, para
especificar os entes angélicos, e, “núntios” para designar os mensageiros humanos.

No grego clássico, o termo “aggelos” tinha o significado de mensageiro, razão


pela qual os tradutores da Septuaginta (a primeira tradução da Bíblia – Antigo
Testamento – do hebraico para o grego, em Alexandria, no Egito, cerca de 285
a.C., conhecida como a tradução dos LXX) utilizaram a palavra para traduzir o
hebraico “mal(e)ak” ou “mal’akh” , cujo significado primário era o mesmo. Da
forma latina provém o termo português anjo, do século XV, precedido de uma

9
forma arcaica “angeo”. Derivado importante para o uso da palavra anjo é
angelologia, “tratado sobre anjos”, da linguagem teológica.4

A Bíblia apresenta uma série de passagens que citam os anjos de forma direta,
e distribui estas referências da seguinte maneira:

a) Antigo Testamento

i) Pentateuco: Gn 16.7; Gn 16.9; Gn 16.10; Gn 16.11; Gn 19.1; Gn 19.15; Gn 19.17;


Gn 21.17; Gn 22.11; Gn 22.12; Gn 22.15; Gn 24.7; Gn 24.40; Gn 28.12; Gn 31.11; Gn
31.12; Gn 32.1; Gn 48.16; Êx 3.2; Êx 14.19; Êx 23.20; Êx 23.23; Êx 32.34; Êx 33.2;
Nm 20.16; Nm 22.22; Nm 22.23; Nm 22.24; Nm 22.25; Nm 22.26; Nm 22.27; Nm
22.31; Nm 22.32; Nm 22.34; Nm 22.35.

ii) Livros Históricos: Jz 2.1; Jz 2.4; Jz 5.23; Jz 6.11; Jz 6.12; Jz 6.20; Jz 6.21; Jz
6.22; Jz 13.3; Jz 13.6; Jz 13.9; Jz 13.13; Jz 13.15; Jz 13.16; Jz 13.17; Jz 13.18; Jz
13.19; Jz 13.20; Jz 13.21; 1Sm 29.9; 2Sm 14.17; 2Sm 14.20; 2Sm 19.27; 2Sm 24.16;
2Sm 24.17; 1Rs 13.18; 1Rs 19.5; 1Rs 19.7; 2Rs 1.3; 2Rs 1.15; 2Rs 19.35; 1Cr 21.12;
1Cr 21.15; 1Cr 21.16; 1Cr 21.18; 1Cr 21.20; 1Cr 21.27; 1Cr 21.30; 2Cr 32.21.

iii) Livros Poéticos: Jó 4.18; Jó 5.1; Jó 33.23; Jó 33.24; Sl 8.5; Sl 34.7; Sl 35.5; Sl
35.6; Sl 78.25; Sl 78.49; Sl 91.11; Sl 103.20; Sl 104.4; Sl 148.2; Ec 5.6.

iv) Profetas Maiores: Is 37.36; Is 63.9; Dn 3.28; Dn 6.22.

v) Profetas Menores: Zc 1,9; Zc 1.11; Zc 1.12; Zc 1.13; Zc 1.14; Zc 1.19; Zc 2.3; Zc


3.1; Zc 3.2; Zc 3.3; Zc 3.5; Zc 3.6; Zc 4.1; Zc 4.4; Zc 4.5; Zc 5.2; Zc 5.5; Zc 5.8; Zc
5.10; Zc 6.4; Zc 6.5; Zc 12.8; Ml 2.7; Ml 3.1.

b) Novo Testamento

i) Evangelhos: Mt 1.20; Mt 1.24; Mt 2.13; Mt 2.18; Mt 4.6; Mt 4.11; Mt 11.10; Mt 13.39;


Mt 13.41; Mt 13.49; Mt 16.27; Mt 18.10; Mt 22.30; Mt 24.31; Mt 24.36; Mt 25.31; Mt
25.41; Mt 26.48; Mt 26.53; Mt 28.2; Mt 28.5; Mc 1.2; Mc 1.13; Mc 8.38; Mc 12.25; Mc
13.27; Mc 13.32; Lc 1.11; Lc 1.13; Lc 1.18; Lc 1.19; Lc 1.26; Lc 1.28; Lc 1.30; Lc 1.34;

4
Bíblia de Estudo de Genebra – Versão Revista e Atualizada – Cultura Cristã/SBB: 1999.

10
Lc 1.35; Lc 1.38; Lc 2.9; Lc 2.10; Lc 2.13; Lc 2.15; Lc 2.21; Lc 4.10; Lc 7.27; Lc 9.26;
Lc 12.8; Lc 12.9; Lc 15.10; Lc 16.22; Lc 20.36; Lc 22.43; Lc 24.23; Jo 1.51; Jo 5.4; Jo
12.29; Jo 20.12.

ii) Atos dos Apóstolos: At 5.19; At 6.15; At 7.30; At 7.35; At 7.38; At 7.53; At 8.26;
At 10.3; At 10.4; At 10.7; At 10.22; At 11.13; At 12.7; At 12.8; At 12.9; At 12.10; At
12.11; At 12.15; At 12.23; At 23.8; At 23.9; At 27.23.

iii) Epístolas Paulinas: Rm 8.38; 1Co 4.9; 1Co 6.3; 1Co 11.10; 1Co 13.1; 2Co 11.14;
2Co 12.7; Gl 1.8; Gl 3.19; Gl 4.14; Cl 2.18; 2Ts 1.7; 1Tm 3.16; 1Tm 5.21.

iv) Epístolas Gerais: Hb 1.4; Hb 1.5; Hb 1.6; Hb 1.7; Hb 1.13; Hb 2.2; Hb 2.5; Hb 2.7;
Hb 2.9; Hb 2.16; Hb 12.22; Hb 13.2; 1Pe 1.12; 1Pe 3.20; 2Pe 2.4; 2Pe 2.11; Jd 6.

v) Apocalipse: Ap 1.1; Ap 1.20; Ap 2.1; Ap 2.8; Ap 2.12; Ap 2.18; Ap 3.1; Ap 3.5; Ap


3.7; Ap 3.14; Ap 5.2; Ap 5.11; Ap 7.1; Ap 7.2; Ap 7.11; Ap 8.2; Ap 8.3; Ap 8.4; Ap 8.5;
Ap 8.6; Ap 8.7; Ap 8.8; Ap 8.10; Ap 8.12; Ap 8.13; Ap 9.1; Ap 9.11; Ap 9.13; Ap 9.14;
Ap 9.15; Ap 10.1; Ap 10.5; Ap 10.7; Ap 10.8; Ap 10.9; Ap 10.10; Ap 11.1; Ap 11.15;
Ap 12.7; Ap 12.9; Ap 14.6; Ap 14.8; Ap 14.9; Ap 14.10; Ap 14.15; Ap 14.17; Ap 14.18;
Ap 14.19; Ap 15.1; Ap 15.6; Ap 15.7; Ap 15.8; Ap 16.1; Ap 16.3; Ap 16.4; Ap 16.5; Ap
16.8; Ap 16.10; Ap 16.12; Ap 16.17; Ap 17.1; Ap 17.7; Ap 18.1; Ap 18.21; Ap 19.17;
Ap 20.1; Ap 21.9; Ap 21.12; Ap 21.17; Ap 22.6; Ap 22.8; Ap 22.16.

EXPLORANDO O TEMA NA WEB

Um bom texto sobre Angelologia pode ser verificado em http://teologar.com.br/serie-


anjos-definicoes-e-conceitos-historicos/

QUESTÕES PROPOSTAS

1. Qual a diferença entre aggelos e núntios?

2. O que você entende por Angelologia?

3. Nas epístolas paulinas os anjos são citados por 14 vezes. Escolha uma dessas
referências e comente sobre ela, enfatizando a intervenção dos mesmos.

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3. QUEM CRIOU OS ANJOS E QUANDO ELES FORAM CRIADOS

Nada existia antes da criação do mundo a não ser o próprio Deus, conforme
relata João 1.1-3: “No princípio, era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo
era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e
sem ele nada do que foi feito se fez”. Deus é um ser eterno, infinito, que não pode ser
medido no tempo. Nada existe antes dele, o que nos leva ao entendimento que os
anjos foram criados por Ele. Em Colossenses 1.17, a Bíblia afirma que: “E ele é antes
de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele”.
A Bíblia não dá uma resposta explícita sobre o tempo da criação dos anjos.
Eles foram criados por Deus. Os textos bíblicos de Neemias, Salmos e Colossenses
demonstram essa realidade: [a] Neemias 9.6: “Tu só és Senhor, tu fizeste o céu, o
céu dos céus e todo o seu exército, a terra e tudo quanto nela há, os mares e tudo
quanto neles há; e tu os guardas em vida a todos, e o exército dos céus te adora”; [b]
Salmo 148.2-5: “Louvai-o, todos os seus anjos; louvai-o, todos os seus exércitos.
Louvai-o, sol e lua; louvai-o, todas as estrelas luzentes. Louvai-o, céus dos céus, e as
águas que estão sobre os céus. Que louvem o nome do Senhor, pois mandou, e logo
foram criados”; [c] Colossenses 1.16: “Porque nele foram criadas todas as coisas que
há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam
principados, sejam potestades; tudo foi criado por ele e para ele”.
Um argumento admitido por vários pensadores é que os anjos foram criados
imediatamente após Deus ter criado os céus e antes de ter criado a terra, de acordo
com Jó 38.4-7, quando afirma que eles, os anjos, assistiram à criação da terra. Os
anjos foram criados bons e santos, todos eles. À característica de “bom” entende-se
como quem possui qualidades que convêm à sua natureza ou destinação, e, “santo”,
aquele que é essencialmente puro, soberanamente perfeito. Gênesis 1.31: “E viu

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Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom; e foi a tarde e a manhã: o dia
sexto”.

De acordo com Billy Graham, tanto as Escrituras quanto as experiências de


todos os tempos e de todas as partes do planeta testificam que os anjos são seres
reais.

EXPLORANDO O TEMA NA WEB

Um bom texto sobre a origem dos anjos pode ser verificado em http://www.os-
puritanos.com/#!Os-Anjos-%C2%BB-Joel-Beeke/c21v1/5624c9c60cf2c3576e65
ec7d

QUESTÕES PROPOSTAS

1. Cite um texto bíblico e explique com suas palavras como os anjos foram criados.

2. Qual o significado de os anjos terem sido criados bons e santos?

3. Qual é a base bíblica para afirmar que os anjos foram criados por Deus?

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4. A NATUREZA DOS ANJOS

Agostinho afirmou que: "Só conheceremos a natureza dos anjos de modo


perfeitamente claro, quando estivermos, para sempre, unidos a eles na vida eterna”.
Natureza é a essência ou condição própria de um ser. Trata-se do conjunto de
propriedades de um ser organizado. Estas propriedades são verificadas no texto
sagrado da seguinte forma:

a) Anjos são seres criados

Criatura, do latim “creatura”, é todo ser criado. Como já vimos, os anjos foram
criados por Deus, e, como tal, não aceitam adoração. Em Colossenses 2.18, a Bíblia
diz: “Ninguém vos domine ou prive da vossa recompensa a seu bel-prazer, com
pretexto de humildade e culto dos anjos, metendo-se em coisas que não viu; estando
debalde inchado na sua carnal compreensão”. Em Apocalipse 22.8,9, a Bíblia diz: “E
eu, João, sou aquele que vi e ouvi estas coisas. E, havendo-as ouvido e visto, prostrei-
me aos pés do anjo que mas mostrava para o adorar. E disse-me: Olha, não faças tal,
porque eu sou conservo teu e de teus irmãos, os profetas, e dos que guardam as
palavras deste livro. Adora a Deus”.
O problema da adoração aos anjos tem sua origem no profundo respeito à eles
no judaísmo. A experiência de ver um anjo era considerada tão importante quanto ver
o próprio Deus (Gênesis 16.13; Gênesis 31.13; Êxodo 3.4; Juízes 6.14; Juízes 13.22).
É certo, porém, afirmar que alguns desses casos fossem a manifestação do próprio
Deus (teofania).
Também no judaísmo, encarava-se os anjos como mediadores entre Deus e
os homens (Ezequiel 40.3 e Zacarias 3), e a posição tão elevada naturalmente fez
com que alguns os adorassem. No texto de Colossenses, capítulo 2, versículo 18,

14
existia uma doutrina denominada de “culto aos anjos”. Ensinava-se que era
necessário adorar e reverenciar os anjos, pois eles eram mediadores entre Deus e os
homens.
Para o gnosticismo, filosofia religiosa que surgiu no início do cristianismo, Deus
era um ser distante, por isso, a necessidade da reverência aos anjos como
mediadores. Para os verdadeiros cristãos esta prática não era aceitável, de acordo
com Apocalipse 19.10: “E eu lancei-me a seus pés para o adorar, mas ele disse-me:
Olha, não faças tal; sou teu conservo e de teus irmãos que têm o testemunho de
Jesus; adora a Deus; porque o testemunho de Jesus é o espírito de profecia”.
Adoração é prestação de culto, e deve ser uma atitude exclusiva para Deus,
conforme Deuteronômio 6.13 que diz: “O Senhor, teu Deus, temerás, e a ele servirás,
e pelo seu nome jurarás”, e, Mateus 4.10: “Então, disse-lhe Jesus: Vai-te, Satanás,
porque está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a ele servirás”. Um problema
verificado também é a oração aos anjos. Não se trata de adoração, mas de falar com
anjos através da oração, Jesus ensinou os seus discípulos orarem, apresentando um
modelo, que está descrito em Mateus 6.9-13: “Portanto, vós orareis assim: Pai nosso,
que estás nos céus, santificado seja o teu nome. Venha o teu Reino. Seja feita a tua
vontade, tanto na terra como no céu. O pão nosso de cada dia dá-nos hoje. Perdoa-
nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores. E não nos
induzas à tentação, mas livra-nos do mal; porque teu é o Reino, e o poder, e a glória,
para sempre. Amém!”
A oração deve ser dirigida a Deus. Orar a qualquer pessoa que não seja Deus
não encontra base bíblica. Se alguém ora para um anjo, atribui-se a este anjo uma
posição de igualdade com Deus. Em Hebreus 1.4, Cristo é apresentado como superior
aos anjos: “... feito tanto mais excelente do que os anjos, quanto herdou mais
excelente nome do que eles”.

b) Anjos são seres celestes

Celeste é um termo de origem latina “caeleste”, que significa aquilo que é


proveniente do céu, ou seja, sobrenatural. A constituição dos anjos é diferente do
homem. Eles possuem um corpo diferente do nosso. A Bíblia Sagrada afirma
que existe diferença entre corpo espiritual e celestial. 1 Coríntios 15.40: “E há corpos
celestes e corpos terrestres, mas uma é a glória dos celestes, e outra, a dos
terrestres”.
No livro de Hebreus, capítulo 1, versículo 14, os anjos são descritos como
“espíritos ministradores”, ou seja, são “espíritos”. Espírito, do latim “spiritus”, é um ser

15
de princípio imaterial. Trata-se de algo incorpóreo e inteligente. Efésios 6.12 evidencia
a característica incorpórea dos anjos, ao dizer: “porque não temos que lutar contra
carne e sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os
príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos
lugares celestiais”.

A ideia básica da palavra "espírito", por incrível que possa parecer, vem de
"vento, ar". Realmente, tanto na língua hebraica quanto na grega, os vocábulos
que se traduzem por "vento, ar, hálito, alento, respiração, fôlego e espírito" são
os mesmos. Tanto faz dizer ruach, que é a palavra hebraica, quanto dizer
pneuma, que é grega. Sim; o ar é algo muito real, mas não podemos vê-lo a
olhos vistos, com perdão da redundância. Podemos? Mas ele é real: sabemos
que ele nos circunda, mas não o vemos. Assim são os espíritos, e assim são
os anjos: reais, mas não os vemos, puros espíritos. Filon de Alexandria os
chamava de "incorpóreos" (apesar de poderem aparecer em certas ocasiões
com corpos humanos). Mas a Bíblia prefere chamá-los de "espíritos", como
em hebreus 1.14, "espíritos ministradores".5

Diversos pensamentos divergem sobre este assunto quando se analisa o fato


do aparecimento dos anjos descritos na Bíblia, descreverem a forma humana que se
apresentaram.

É verdade que, no aparecimento dos anjos aos homens, eles assumiram uma
forma humana visível. Este fato, entretanto, não prova a sua materialidade;
pois os espíritos humanos no estado intermediário, embora desincorporados,
tem em seu relacionamento com o corpo aparecido em forma humana
material: como Moisés, no Monte da Transfiguração, também Elias foi
reconhecido como homem; e os anciãos que apareceram e conversaram com
João no Apocalipse, também tinham forma humana (Apocalipse 5.5; 7.13).
Mas tais aparições não podem absolutamente decidir. Teologicamente não há
nenhuma incongruência ou improbabilidade de uma natureza material
refinada. O céu sem dúvida é adequado para habitação de tais seres. Enoque
e Elias foram levados ao céu em corpo e alma pela transladação; a
humanidade glorificada de nosso Senhor está entronizada ali; e os anjos,

5
BAPTISTA, Walter Santos. Espíritos Ministradores. Disponível em
http://www2.uol.com.br/bibliaworld/igreja/estudos/anjos002.htm. Acesso: 26.09.2010.

16
embora revestidos de uma estrutura material, podem habitar na presença
divina esplendorosa... Mas, como existe uma lei de adaptação, a grosseira
materialidade da ”carne e sangue” não pode penetrar naquela região de bem-
aventurança. Deduzimos, então, que se os anjos estão revestidos de uma
natureza que exclui tudo o que envolve a possibilidade da deterioração e
qualquer relacionamento com os apetites e desejos animais”. Charles Hodge
lembra que ficou decidido no Concílio reunido de Nice, em 784 a.D., que os
anjos possuíam corpos compostos de éter ou luz; opinião considerada e
apoiada pelos textos de Mateus 28.3 e Lucas 2.9, além de outros que se
referem à sua aparência luminosa, bem como da glória que os acompanha. Já
o Concílio de Laterano, em 1215 a.D., decidiu que os anjos eram incorpóreos,
decisão essa aceita pela Igreja. A Bíblia Sagrada, a inerrante Palavra de Deus
não lhes atribui nenhuma espécie de corpo, portanto, nada diz sobre a
substância desses espíritos angélicos. Entretanto, pelo fato de serem seres
espirituais, os anjos podem assumir forma humana que pode tocar e ser
tocada, bem como comer alimentos sólidos como os três anjos que
apareceram a Abraão (Gn 18.1-8). Semelhante experiência teve Ló, seu
sobrinho: “E vieram os dois anjos a Sodoma à tarde, e estava Ló assentado à
porta de Sodoma; e vendo-os Ló, levantou-se ao seu encontro e inclinou-se
com o rosto à terra...E porfiou com eles muito, e vieram com ele, e entraram
em sua casa; e fez-lhes banquete, e cozeu bolos sem levedura, e
comeram...Aqueles homens porém estenderam as suas mãos e fizeram entrar
a Ló consigo na casa, e fecharam a porta”.6

No livro de Daniel, capítulo 9, versículo 21, os anjos são apresentados como


possuidores de incomparável poder e inimaginável agilidade, deslocando-se de um
lado para outro com hiper-velocidade.

c) Anjos são seres imortais

Imortal é o que não tem fim, ou, que não está sujeito à morte. Os anjos foram
criados (Neemias 9.6; Colossenses 1.16). Jesus falou acerca da imortalidade dos
anjos, em 1 Coríntios 15.40: “E, respondendo Jesus, disse-lhes: Os filhos deste
mundo casam-se e dão-se em casamento, mas os que forem havidos por dignos de
alcançar o mundo vindouro e a ressurreição dos mortos nem hão de casar, nem ser

6
Bíblia de Estudo de Genebra – Versão Revista e Atualizada – Cultura Cristã/SBB: 1999.

17
dados em casamento; porque já não podem mais morrer, pois são iguais aos anjos e
são filhos de Deus, sendo filhos da ressurreição”.
Os conceitos de imortalidade e eternidade são distintos. Imortalidade é a
continuidade no tempo, ou seja, algo que teve um princípio determinado e não terá
fim, significa, “sem morte”. Eternidade significa aquilo que não tem começo e nem fim.
De acordo com Lucas 20.34-36, são os anjos imortais, ou seja, não são sujeitos à
dissolução, ou putrefação (estado de decomposição que sofrem os corpos orgânicos
depois de mortos, deteriorização), tendo em vista que seus corpos são imateriais.

d) Anjos são seres numerosos

Não é possível determinar a quantidade de anjos criados. A Bíblia Sagrada


nos mostra tão somente tratar-se de um número grandioso e suficiente. Algumas
expressões são verificadas no texto sagrado quando se referem à quantidade de
anjos:

i) Legião

Era o Corpo da milícia antiga romana, composto de cavalaria e infantaria;


multidão; corpo de um exército. Mateus 26.53: “Ou pensas tu que eu não poderia,
agora, orar a meu Pai e que ele não me daria mais de doze legiões de anjos?”

ii) Miríade ou miríada

Número de dez mil, ou, uma quantidade indeterminada. Deuteronômio 33.2:


“Disse, pois: O Senhor veio de Sinai e lhes subiu de Seir; resplandeceu desde o monte
Parã e veio com dez milhares de santos; à sua direita havia para eles o fogo da lei”.

iii) Multidão

É um grande número de pessoas. Lucas 2.13,14: “E, no mesmo instante,


apareceu com o anjo uma multidão dos exércitos celestiais, louvando a Deus e
dizendo: Glória a Deus nas alturas, paz na terra, boa vontade para com os homens!”

iv) Milhares

18
Um grande número indeterminado. Daniel 7.10: “Um rio de fogo manava e saía
de diante dele; milhares de milhares o serviam, e milhões de milhões estavam diante
dele; assentou-se o juízo, e abriram-se os livros.” Hebreus 12.22: “Mas chegastes ao
monte Sião, e à cidade do Deus vivo, à Jerusalém celestial, e aos muitos milhares de
anjos.” Apocalipse 5.11: “E olhei e ouvi a voz de muitos anjos ao redor do trono, e dos
animais, e dos anciãos; e era o número deles milhões de milhões e milhares de
milhares”.

v) Exército

Uma grande quantidade, multidão, reunião de grande número de tropas. 1 Reis


22.19: “Então, disse ele: Ouve, pois, a palavra do Senhor: Vi o Senhor assentado
sobre o seu trono, e todo o exército do céu estava junto a ele, à sua mão direita e à
sua esquerda.” Jó 25.3: “Porventura, têm número os seus exércitos? E para quem não
se levanta a sua luz?”

e) Anjos são seres assexuados

São desprovidos de sexo, não podem propagar sua espécie. Desde que foram
criados, mantém o mesmo número, e isto está evidenciado em Lucas 20.34-36: “E,
respondendo Jesus, disse-lhes: Os filhos deste mundo casam-se e dão-se em
casamento, mas os que forem havidos por dignos de alcançar o mundo vindouro e a
ressurreição dos mortos nem hão de casar, nem ser dados em casamento; porque já
não podem mais morrer, pois são iguais aos anjos e são filhos de Deus, sendo filhos
da ressurreição”.
Os anjos foram criados de uma única vez e de forma simultânea. Esta criação
está descrita em Colossenses 1.16: “porque nele foram criadas todas as coisas que
há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam
principados, sejam potestades; tudo foi criado por ele e para ele”. Por essa razão são
imutáveis, não podendo aumentar, nem diminuir o seu número, uma vez criados, os
seres celestiais jamais morrem, conforme afirmou o Senhor Jesus.
Embora seus nomes indiquem o gênero masculino, verifica-se por intermédio
da semântica que eles não possuem gênero. A semântica é uma parte da lingüística
que estuda os significados das palavras e dos signos (imagens), ou seja, a relação
dos signos com aquilo que eles significam numa determinada língua. É o estudo do
significado, em todos os sentidos do termo. Tal discussão ocorre, pelo fato da Bíblia
mencionar aparições de anjos, em alguns casos, na forma humana. Por isso muitos

19
vinculam estes seres celestes, os anjos, à homens e associam suas características
como semelhantes às humanas.
O uso da expressão “mal’akh”, que traduzida significa anjo, indica uma
criatura. Esta criatura não é deste mundo natural. A escritura, no seu original, cita a
essência destes seres, indicando suas qualidades e características. Em Zacarias 5.9,
são representados na figura de mulheres. Embora sejam os anjos seres pessoais,
apenas dois são revelados possuindo um nome designativo de pessoalidade e que
representa suas funções: Gabriel (gabri’el), que quer dizer, “herói de Deus”, conforme
Daniel 8.16 e Lucas 1.26, e, Miguel (mika’el), que significa, “quem é como Deus?”, de
acordo com Daniel 8.13, Daniel 8.21 e Judas 9.

f) Anjos são seres sábios

Sabedoria é a capacidade de acúmulo de conhecimentos. Os anjos possuem


mais sabedoria do que os sábios humanos, porém, não são oniscientes. Onisciência
é um atributo divino, que permite conhecer todas as coisas.
Emery Brancoft, em “Teologia Elementar”, afirma que “sem dúvida, os anjos
foram criados espíritos inteligentes, cujo conhecimento teve início em sua origem,
continuando a se ampliar até os nossos dias. As oportunidades de observação que os
anjos têm, e as muitas experiências que, nesse sentido, conforme podemos supor,
devem ter tido, juntamente com as revelaçòes diretas da parte de Deus, devem ter-se
adicionado grandemente ao acúmulo de sua inteligência original”.
Usam o seu conhecimento para o nosso bem. Eles sabem de alguns
acontecimentos futuros quando informados por Deus, conforme relato de Lucas 1.13-
16: “Mas o anjo lhe disse: Zacarias, não temas, porque a tua oração foi ouvida, e
Isabel, tua mulher, dará à luz um filho, e lhe porás o nome de João. E terás prazer e
alegria, e muitos se alegrarão no seu nascimento, porque será grande diante do
Senhor, e não beberá vinho, nem bebida forte, e será cheio do Espírito Santo, já desde
o ventre de sua mãe. E converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor, seu Deus”.
Conhecem também o plano de Deus para o mundo, conforme Apocalipse 17
e 18. Algumas vezes sabem os motivos e os propósitos das pessoas sem que isso
lhes sejam contado, Mateus 28.5: “Mas o anjo, respondendo, disse às mulheres: Não
tenhais medo; pois eu sei que buscai a Jesus, que foi crucificado”. A Bíblia Sagrada
informa que duas situações não são de conhecimento e entendimento dos anjos:
A primeira é que não sabem o dia nem a hora da segunda vinda de Cristo,
conforme Mateus 24.36: “Porém daquele Dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos
céus, nem o Filho, mas unicamente meu Pai”. A segunda, é que eles não

20
compreendem plenamente: os sofrimentos de Cristo e a nossa salvação, conforme 1
Pedro 1.12: “Aos quais foi revelado que, não para si mesmos, mas para nós, eles
ministravam estas coisas que, agora, vos foram anunciadas por aqueles que, pelo
Espírito Santo enviado do céu, vos pregaram o evangelho, para as quais coisas os
anjos desejam bem atentar”.

g) Anjos são seres poderosos

O Salmo 103.20 informa que os anjos são magníficos em poder: “Bendizei ao


Senhor, anjos seus, magníficos em poder, que cumpris as suas ordens, obedecendo
à voz da sua palavra”. Neste salmo, os anjos são descritos como “magníficos em
poder”, ou, “valorosos em poder”. Eles obedecem e executam as ordens divinas.

EXPLORANDO O TEMA NA WEB

Um bom texto sobre a doutrina dos anjos pode ser verificado em


http://palavraprudente.com.br/biblia/capitulo-11-a-doutrina-dos-anjos/

QUESTÕES PROPOSTAS

1. Qual o pensamento de Agostinho sobre a natureza dos anjos?

2. Qual a base bíblica para afirmar que anjos são seres incorpóreos e inteligentes?

3. Fale sobre a imortalidade dos anjos.

21
5. ONDE ESTÃO OS ANJOS E QUAL POSIÇÃO OCUPAM

Em Marcos 13.32, a Bíblia relata que os anjos estão no céu: “Mas, daquele Dia
e hora, ninguém sabe, nem os anjos que estão no céu, nem o Filho, senão o Pai.”
Este texto sugere o céu propriamente dito como habitação dos anjos. Porém, outros
textos bíblicos informam que os anjos desempenham atividades em todo o universo,
não se limitando apenas ao céu, conforme Isaías 6.1; Daniel 9.21; Apocalipse 7.2 e
Apocalipse 10.1.
“Céu” é um vocábulo de origem grega “ouranos” e de origem hebraica
“shamayim”, que denotam vários significados. Basicamente refere-se este vocábulo
“céu”, do ponto de vista bíblico, como sendo o céu natural e o local da habitação de
Deus e seus anjos santos.
Em Efésios 3.10, outra passagem bíblica nos informa que os anjos habitam o
céu: “... para que, agora, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus seja conhecida
dos principados e potestades nos céus,” Em Gálatas 1.8, Paulo fala de um anjo vindo
do céu: “Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho
além do que já vos tenho anunciado, seja anátema”.
Os anjos habitam as regiões celestiais. Para Russell Norman Champlin, quatro
pontos destacam as regiões celestiais. São elas: [i] Efésios 1.20 – Habitação de Deus
Pai e de Deus Filho; [ii] Efésios 2.6 – Moradas dos remidos, os quais são descritos
como quem está assentado nas regiões celestiais em companhia de Cristo; [iii]
Efésios 3.10 – Habitações dos seres angelicais de todas as ordens; [iv] Efésios 6.12
– Habitações de seres espirituais decaídos que se encontram nas regiões celestiais.
Em relação aos anjos caídos, temos também informações importantes na
Bíblia Sagrada sobre onde estão:

A Bíblia indica claramente dois grupos de anjos caídos: um que consiste


daqueles que têm um pouco de liberdade para levar a cabo os planos de
Satanás, e o outro constituído por anjos que estão confinados. Desses que

22
estão confinados, alguns estão temporariamente assim, enquanto outros estão
confinados permanentemente no Tártaro (2 Pedro 2.4 e Judas 6). Os gregos
pensavam no Tártaro como um lugar de castigo mais baixo do que o hades.
Aqueles temporariamente confinados estão no abismo (Lucas 8.31;
Apocalipse 9.1-3, 11), aparentemente alguns foram destinados para lá a fim
de esperar o julgamento final enquanto que os outros serão soltos para agirem
na terra (vv. 1-3, 11, 14; 16:14). Judas também fala de uma habitação dos
anjos: Judas 1.6: “E os anjos que não mantiveram o seu principado, mas
abandonando a sua própria habitação, Ele os manteve em prisões eternas sob
as trevas até o julgamento daquele grande dia”. Ao debater o significado desta
passagem, vemos que os anjos não só têm um domínio ou área de domínio
designada para eles, mas um lugar de habitação.7

Embora sejam os anjos mais inteligentes e poderosos em relação ao homem,


Hebreus 1.14 informa que servem aos homens como “espíritos ministradores”.
Hebreus 2.7 informa que o homem é inferior aos anjos: “Tu o fizeste um pouco menor
do que os anjos, de glória e de honra o coroaste e o constituíste sobre as obras de
tuas mãos”. Em 1 Coríntios 6.3, a Bíblia informa que os anjos serão julgados pelo
homem: “Não sabeis vós que havemos de julgar os anjos? Quanto mais as coisas
pertencentes a esta vida?”
Neste texto, Paulo faz alusão à passagem de Apocalipse 20.4,11,15: “E vi
tronos; e assentaram-se sobre eles aqueles a quem foi dado o poder de julgar. E vi
as almas daqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus e pela palavra de
Deus, e que não adoraram a besta nem a sua imagem, e não receberam o sinal na
testa nem na mão; e viveram e reinaram com Cristo durante mil anos. E vi um grande
trono branco e o que estava assentado sobre ele, de cuja presença fugiu a terra e o
céu, e não se achou lugar para eles. E aquele que não foi achado escrito no livro da
vida foi lançado no lago de fogo”. Estes anjos julgados serão os que caíram com
Lúcifer, ou seja, os demônios.
Como criador, Deus é superior aos anjos, conforme Hebreus 1.1-4: “Havendo
Deus, antigamente, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos
profetas, a nós falou-nos, nestes últimos dias, pelo Filho, a quem constituiu herdeiro
de tudo, por quem fez também o mundo. O qual, sendo o resplendor da sua glória, e
a expressa imagem da sua pessoa, e sustentando todas as coisas pela palavra do

7
RYRIE, Charles Caldwell. Teologia Básica ao Alcance de Todos. São Paulo: Mundo Cristão,
2004.

23
seu poder, havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-
se à destra da Majestade, nas alturas; feito tanto mais excelente do que os anjos,
quanto herdou mais excelente nome do que eles”.
Em Colossenses 1.16,17, a Bíblia nos mostra novamente esta superioridade:
“... porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e
invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades;
tudo foi criado por ele e para ele. E ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas
subsistem por ele”. Em Hebreus, a superioridade de Cristo em relação aos anjos, é
verificada por diversas vezes, conforme Hebreus 1.4-14; 2.1-18.

O autor da carta aos Hebreus, iniciando seu escrito, fala acerca de três tipos
de emissários que Deus enviou ao mundo para transmitir a sua revelação: os
profetas, os anjos e o Filho. Comparando-se os profetas e os anjos, deve se
deixar claro que os primeiros foram muito usados por Deus, falando com
autoridade e convicção. Entretanto, seus oráculos, mesmo sendo da parte de
Deus, nem sempre eram bem recebidos. A rebeldia dos ouvintes fez com que
diversos profetas fossem assassinados, desprezados e passassem por
adversidades. No caso dos anjos, não há relatos de terem sido desprezados
ou apedrejados, pois eram tidos em grande temor por serem figuras
sobrenaturais. (Note que as diversas aparições dos seres celestes causavam
muito medo, motivo este que levava os anjos a começarem seus diálogos com
a expressão “Não temas”.) Comunicações que exigiam decisão de uma
pessoa eram transmitidas por anjos (veja os exemplos de Abraão, Gideão e
Ló). Se o povo ouvia os anjos com certo grau de temor, mais temor deveriam
ter diante do Filho de Deus, por ser este maior do que os anjos. Ele criou todas
as coisas, inclusive os anjos. Se o povo reverenciava os mensageiros celestes,
estes, por sua vez, reverenciavam o Filho. O mundo vindouro não foi deixado
sob os cuidados dos anjos, mas de Jesus. Eles são “espíritos ministradores”,
que labutam em prol dos que “hão de herdar a salvação”, enquanto o Filho é
o próprio executor da salvação. Até na forma de tratamento, a designação
“anjos” é inferior ao “Filho”, pois são eles servos, criaturas, e Jesus é Senhor
e Criador. Partindo desses argumentos, o escritor anuncia a superioridade de
Jesus tanto sobre os profetas como sobre os anjos. O autor conclui que, se as
palavras ditas pelos anjos foram firmes e, no caso de transgredidas,

24
receberam punição, maior responsabilidade haverá para os que rejeitarem as
palavras do Filho de Deus, sem o qual não há salvação.8

Um aspecto questionado por muitos, é se os anjos podem pecar. De acordo


com Orlando Fedeli, “os anjos não se arrependem, porque sua compreensão é
completa, não como a nossa que é deficiente, e nos permite retroceder de uma
escolha”. Para Agostinho, os anjos que não acompanharam Lúcifer na grande
rebelião, foram galardoados por Deus com perseverança. Vários teólogos são
partidários deste pensamento. Esta idéia demonstra que os anjos que não se
rebelaram contra o Senhor, tornaram-se imunes ao pecado e jamais poderão cair em
semelhante erro. Eles, no entanto, conservam o livre arbítrio.

EXPLORANDO O TEMA NA WEB

Um bom texto sobre a superioridade de Cristo em relação aos anjos pode ser
verificado em http://www.revistafidelidade.com.br/Estudo%202%20-
%20%20SUPREMACIA%20DE%20CRISTO.pdf

QUESTÕES PROPOSTAS

1. De acordo com as Sagradas Escrituras, qual o espaço de atuação dos anjos?

2. Qual a base bíblica para fundamentar a superioridade de Cristo em relação aos


anjos?

3. Explique a ideia de Agostinho sobre a possibilidade de os anjos pecarem.

8
LIMA, Elinaldo Renovato. Cristo, Superior a Moisés. Lição Bíblica de Jovens e Adultos -
HEBREUS. – CPAD, Rio de Janeiro: p.15,16. 3o trimestre, 2001.

25
6. OS ANJOS, SUAS FUNÇÕES E MINISTÉRIO

a) Função

Por função, entendemos ser o exercício de uma atividade. Basicamente, os


anjos possuem 2 funções: uma ordinária, ou seja, habitual e outra extraordinária, de
natureza especial.

Função ordinária

Em sua função ordinária, sua principal atividade é de louvar e adorar à Deus.


Por louvor entendemos ser a atividade de enaltecer alguém, fazer apologia, elogiar.
Adoração é sentimento de amor extremo, de devoção, reconhecimento de autoridade
suprema. Os anjos prestam louvores e adoração de forma contínua, e os textos
bíblicos abaixo confirmam esta atividade:

[i] Salmo 148.1: “Louvai ao Senhor! Louvai ao Senhor desde os céus, louvai-o nas
alturas”.

[ii] Isaías 6.3: “E clamavam uns para os outros, dizendo: Santo, Santo, Santo é o
Senhor dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória”.

[iii] Hebreus 1.6: “E, quando outra vez introduz no mundo o Primogênito, diz: E todos
os anjos de Deus o adorem”.

[iv] Apocalipse 5.11-13: “E olhei e ouvi a voz de muitos anjos ao redor do trono, e dos
animais, e dos anciãos; e era o número deles milhões de milhões e milhares de
milhares, que com grande voz diziam: Digno é o Cordeiro, que foi morto, de receber
o poder, e riquezas, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e ações de graças. E ouvi

26
a toda criatura que está no céu, e na terra, e debaixo da terra, e que está no mar, e a
todas as coisas que neles há, dizer: Ao que está assentado sobre o trono e ao
Cordeiro sejam dadas ações de graças, e honra, e glória, e poder para todo o sempre”.

Função extraordinária

Na função extraordináira, o texto de Hebbreus 1.14 informa que os anjos zelam


pelo bem-estar daqueles que hão de herdar a vida eterna: “Não são porventura todos
eles espíritos ministradores, enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar
a salvação?” Para Lutero, as palavras do escritor aos hebreus, foram parafraseadas
da seguinte maneira: “O anjo é uma criatura espiritual sem corpo, criada por Deus
para o serviço da Cristandade e da Igreja”.
Ministério é uma palavra que tem sua origem no termo grego “huperetes”, que
significa “aquele que rema”, ou, “membro da tripulação de uma embarcação”, porém,
este termo refere-se também à prestação de um serviço. Como já vimos
anteriormente, este ministério, ou seja, este serviço, é evidenciado na adoração que
prestam continuamente à Deus, e, ao serviço que ministram em prol dos santos,
conforme Hebreus 1.14.
Em 1 Reis 19.5-7, encontramos um anjo ministrando em favor de Elias: “E
deitou-se e dormiu debaixo de um zimbro; e eis que, então, um anjo o tocou e lhe
disse: Levanta-te e come. E olhou, e eis que à sua cabeceira estava um pão cozido
sobre as brasas e uma botija de água; e comeu, e bebeu, e tornou a deitar-se. E o
anjo do SENHOR tornou segunda vez, e o tocou, e disse: Levanta-te e come, porque
mui comprido te será o caminho”.
É importante no estudo dos anjos, identificar a relação específica que os anjos
têm em relação ao próprio Deus, a Cristo, à igreja e aos salvos. Não são em todas as
situações e circunstâncias que temos consciência que estamos sendo auxiliados
pelos anjos. Não podemos afirmar de antemão quando eles aparecerão para
trabalharem em nosso favor, muitos menos, podemos orar diretamente à eles para
nos atenderem.

O Salmo 91.11,12 expressa a realidade da atuação dos anjos em favor dos


salvos: “Porque aos seus anjos dará ordem a teu respeito, para te guardarem em
todos os teus caminhos. Eles te sustentarão nas suas mãos, para que não tropeces
com o teu pé em pedra”. A Bíblia Sagrada descreve várias atribuições aos anjos.
Champlin, resume estas atribuições da seguinte maneira:

27
[1] Anunciar e avisar de antemão (Gn 18.9; Jz 3.2-4; Lc 1.13,30; Lc 2.8-15; Ap
1.22); [2] Guiar e instruir (Gn 24.7,20; Gn 28.12-15; Ex 14.19; Ex Ex 23.20; Nm
20.16; At 7.38,53; Gl 3.19); [3] Interpretar visões (Zc 1.9,19; Dn 7.16; Ap 17.7);
[4] Guardar e defender, o que explica os anjos guardiões e seus serviços (Sl
34.7; Gn 32.24; Ex 14.19; Nm 22; 2Rs 6.17; 1Cr 12.22; Dn 3.28; Dn 6.22; Sl
91.11; Dn 10.13-11.1; Mt 18.10 e Ap 2 e 3 – onde a igreja é assessorada,
guiada, guardada e instruída por agentes angelicais especiais); [5] Ministrar
aos necessitados (Gn 21.17; Ex 3.7; 1Rs 19.5-7; Mc 1.13; Lc 22.43; Mt 28.2;
At 5.19; At 12.6-11); [6] Ajudar os homens atingirem seu destino (Hb 1.14); [7]
Assessorar no julgamento, tanto o temporal quanto o escatológico (At 12.23;
Mt 16.27; Mt 25.31; Lc 9.26; Lc 12.8,9; Mc 13.27) e [8] Adoração celeste, tanto
agora quanto no estado eterno (Is 6.3; Lc 2.13; Ap 19.1-3).

A Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal afirma que os anjos “servem os crentes


(Hebreus 1.14), protegem os desamparados (Mateus 18.10), proclamam as
mensagens de Deus (Apocalipse 14.6-12) e executam os juízos de Deus (Atos 12.1-
23; Apocalipse 20.1-3)”.

EXPLORANDO O TEMA NA WEB

Você pode ler também sobre o ministério dos anjos em http://www.bible-


facts.info/artigos/ministeriodosanjos.htm

QUESTÕES PROPOSTAS

1. Explique a diferença entre as funções ordinárias e extraordinárias dos anjos.

2. Cite quatro atribuições dos anjos.

3. Qual é a principal atividade dos anjos?

28
7. O CARÁTER DOS ANJOS

Caráter é um conjunto de qualidades que distinguem, ou seja, que diferenciam.


Trata-se da formação moral, da índole. É importante notar que os anjos são dotados
de personalidade, e, isso fica evidenciado, por exemplo, em Lucas 15.10 quando suas
emoções são manifestadas: “Assim vos digo que há alegria diante dos anjos de Deus
por um pecador que se arrepende”. Este caráter, esta índole é verificada nos anjos da
seguinte maneira:

a) Os anjos são obedientes

O verbo “obedecer” tem sua origem no latim “oboedire” e tem o significado de


“ouvir alguém”, “dar crédito”, “crer”. Na obediência há submissão à vontade de
alguém. Os anjos obedecem em quem eles crêem, ou seja, o próprio Deus. Não se
trata de servidão, mas de crédito à palavra e vontade divina.
Eles obedecem ordens divinas e não as questionam. 1 Pedro 3.20: “O qual
está à destra de Deus, tendo subido ao céu, havendo-se-lhe sujeitado os anjos, e as
autoridades, e as potências”. O salmo 103.20 expressa à obediência destes seres,
dizendo: “Bendizei ao Senhor, todos os seus anjos, vós que excedeis em força, que
guardais os seus mandamentos, obedecendo à voz da sua palavra”.

Nenhum personagem bíblico exerceu autoridade e domínio sobre os anjos, ou


deu alguma ordem, nem mesmo Jesus (como homem), conforme Mt 26.53,54.
Pela escritura somente Deus tem autoridade sobre os seu anjos e não a
estende para mais ninguém, conforme Sl 91.11 e Hb 1.14. Só temos
autoridade, pelo nome de Jesus, sobre demônios ou anjos maus. O homem
não saberia como dar ordem aos anjos, por isso não lhe foi dada essa

29
capacidade. Não temos autoridade para afrontar demônios. A Palavra nos diz
para resistí-los e eles fugirão.9

b) Os anjos são reverentes

Reverência é respeito profundo, elevada consideração. Em Neemias 9.6


verifica-se que esta reverência dos anjos é evidenciada na adoração à Deus: “Tu só
és Senhor, tu fizeste o céu, o céu dos céus e todo o seu exército, a terra e tudo quanto
nela há, os mares e tudo quanto neles há; e tu os guardas em vida a todos, e o exército
dos céus te adora”.

c) Os anjos são santos

São essencialmente puros, de conduta irrepreensível, exemplar e virtuosa. Os


anjos possuem caráter elevado e sem mácula, ou seja, sem pecado e impureza.
Apocalipse 14.10 diz: “... também o tal beberá do vinho da ira de Deus, que se deitou,
não misturado, no cálice da sua ira, e será atormentado com fogo e enxofre diante
dos santos anjos e diante do Cordeiro”.

d) Os anjos são mansos

Os anjos são pacíficos, brandos, não guardam rancor nem ressentimentos


pessoais contra seus opositores. Também, não os injuriam, nem lhes lançam
impropérios, mas os combatem com o poderoso nome do Senhor, conforme Judas 9:
“Mas o arcanjo Miguel, quando contendia com o diabo e disputava a respeito do corpo
de Moisés, não ousou pronunciar juízo de maldição contra ele; mas disse: O Senhor
te repreenda”.

EXPLORANDO O TEMA NA WEB

Você pode ler um bom texto sobre a alegria dos anjos quando um pecador se
arrepende em http://www.ultimato.com.br/comunidade-conteudo/festa-no-ceu

QUESTÕES PROPOSTAS

9
GARDNER, Paul. Quem é quem na Bíblia Sagrada. São Paulo: Vida. 2005.

30
1. O que a Bíblia fala sobre a emoção dos anjos?

2. O que a Bíblia fala sobre a obediência dos anjos?

3. Como se evidencia o caráter de santidade na vida dos anjos?

31
8. A CLASSIFICAÇÃO DOS ANJOS

A Bíblia nos apresenta poucas informações sobre como os anjos estão


organizados e como se classificam, porém, evidencia que os mesmos são
organizados em diversos grupos, prova disso, ao mencionar Miguel, em Judas 9,
como arcanjo, ou seja, chefe dos anjos. De acordo com Charles Caldwell Ryrie “a
Bíblia fala da "assembléia" e "concílio" dos anjos (Sl 89.5,7), da organização deles
para a batalha (Ap 12.7), e de um rei sobre os demônios-gafanhotos (Ap 9.11). A eles
também são dadas classificações governamentais que indicam organização e fileiras
(Ef 3.10 anjos bons e Ef 6.12, anjos maus). Inquestionavelmente, Deus organizou os
anjos eleitos, e Satanás, organizou os anjos maus”.
Encontramos no texto sagrado, informações que demonstram uma
classificação dos anjos. Colossenses 1.16 diz: “... porque nele foram criadas todas as
coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam
dominações, sejam principados, sejam potestades; tudo foi criado por ele e para ele.”
e Efésios 1.21: “... acima de todo principado, e poder, e potestade, e domínio, e de
todo nome que se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro”.
Do ponto de vista clássico, os seres angelicais são assim classificados: Anjo
do Senhor, Arcanjo Miguel, Gabriel, Querubins, Serafins, Anjos Eleitos e Anjos das
Nações.

a) O arcanjo Miguel

Literalmente, a expressão “arcanjo” significa “anjo principal”. O prefixo grego


"arch" deriva de “arché” e refere-se à “começo” ou “princípio”. Na língua portuguesa é
“aquilo que está na frente”, ou seja, “superior”, de “maior importância” e “o que

32
governa”. Tem o significado de “principal” ou “mais importante”, sugerindo assim um
“anjo-chefe”, “principal” ou “poderoso”.

Significa também um “anjo de ordem superior”, ou “primeiro dentre os anjos”.


Daniel 10.13,21: “Mas o príncipe do reino da Pérsia se pôs defronte de mim vinte e
um dias, e eis que Miguel, um dos primeiros príncipes, veio para ajudar-me, e eu fiquei
ali com os reis da Pérsia. Mas eu te declararei o que está escrito na escritura da
verdade; e ninguém há que se esforce comigo contra aqueles, a não ser Miguel, vosso
príncipe”.
A Bíblia Sagrada cita por duas vezes apenas à expressão “arcanjo”. Cita
nestes dois casos no singular, demonstrando assim que só há um arcanjo. 1
Tessalonicenses 4.16: “Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com
voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão
primeiro” , e, Judas 9: “Mas o arcanjo Miguel, quando contendia com o diabo e
disputava a respeito do corpo de Moisés, não ousou pronunciar juízo de maldição
contra ele; mas disse: O Senhor te repreenda”.
No livro de Tobias (apócrifo) aparece um arcanjo Rafael, contrariando desta
forma o significado da expressão. Existe só um arcanjo, conforme nos mostra Judas
9; Daniel 10.13,21; Daniel 12.1; Lucas 1.19; 1 Tessalonicenses 4.16 e Apocalipse
12.7. No livro do profeta Ezequiel, capítulo 28, vemos que Lúcifer era um arcanjo;
“cabeça de todos os anjos”. Miguel significa “o que é semelhante à Deus”. Seu nome
aparece 4 vezes nas escrituras:

i) Daniel 10.13: “Mas o príncipe do reino da Pérsia se pôs defronte de mim vinte e um
dias, e eis que Miguel, um dos primeiros príncipes, veio para ajudar-me, e eu fiquei ali
com os reis da Pérsia”.

ii) Daniel 12.1: “E, naquele tempo, se levantará Miguel, o grande príncipe, que se
levanta pelos filhos do teu povo, e haverá um tempo de angústia, qual nunca houve,
desde que houve nação até àquele tempo; mas, naquele tempo, livrar-se-á o teu povo,
todo aquele que se achar escrito no livro”.

iii) Judas 9: “Mas o arcanjo Miguel, quando contendia com o diabo e disputava a
respeito do corpo de Moisés, não ousou pronunciar juízo de maldição contra ele; mas
disse: O Senhor te repreenda”.

33
iv) Apocalipse 12.7: “E houve batalha no céu: Miguel e os seus anjos batalhavam
contra o dragão; e batalhavam o dragão e os seus anjos”.

Miguel possui um ministério relacionado com o povo de Israel, na qualidade


de “guerreiro”, e com a “ressurreição dos mortos”. Em Daniel 12.1 e 19.21 protege em
especial o povo de Deus.

b) Gabriel

Apesar de sua importância, ele não é descrito como arcanjo. Em hebraico,


Gabriel significa “Herói de Deus” ou “Homem de Deus”, ou ainda, “Deus é grande”. A
ele são confiadas as mensagens de mais elevada importância com relação ao reino
de Deus. Por isso ser entendido como o “Porta-voz de Deus”. Por 4 vezes é
mencionado na Bíblia Sagrada:

i) Daniel 8.16-27 – trazendo boas novas à Daniel: “E ouvi uma voz de homem nas
margens do Ulai, a qual gritou e disse: Gabriel, dá a entender a este a visão”.

ii) Daniel 9.21 – incumbido de revelar as sete semanas e dar-lhe entendimento do


significado: “... estando eu, digo, ainda falando na oração, o varão Gabriel, que eu
tinha visto na minha visão ao princípio, veio voando rapidamente e tocou-me à hora
do sacrifício da tarde”.

iii) Lucas 1.11,19 – anunciando o nascimento de João Batista à Zacarias: “E,


respondendo o anjo, disse-lhe: Eu sou Gabriel, que assisto diante de Deus, e fui
enviado a falar-te e dar-te estas alegres novas”.

iv) Lucas 1.26-33 – anunciando o nascimento de Jesus à Maria: “E, respondendo o


anjo, disse-lhe: Eu sou Gabriel, que assisto diante de Deus, e fui enviado a falar-te e
dar-te estas alegres novas”.

c) Querubins

Do hebraico “keruv” ou “keruvim” no plural, “querubins” significam aqueles que


“guardam” ou “cobrem”. Dada a sua posição como guardas à porta do Jardim do Éden,
sobre o lugar expiatório da Arca da Aliança (Êxodo 25.17-20), e, em (Apocalipse 4.6-

34
8 e Ezequiel 1) como criaturas viventes, o ministério dos querubins é o de vindicar
(exigir em nome da lei, reclamar, exigir) a santidade de Deus.
No livro de Ezequiel, capítulo 10, versículo 14, os querubins representam uma
perfeição de criaturas: “E cada um tinha quatro rostos: o rosto do primeiro era rosto
de querubim, e o rosto do segundo era rosto de homem, e do terceiro era rosto de
leão, e do quarto, rosto de águia”. Representam como tendo a força de um leão, a
inteligência de um homem, a rapidez de uma águia e um serviço semelhante ao
prestado por um boi.
O querubim representa a glória de Deus. No Jardim do Éden, a glória, a justiça
e a santidade de Deus guardavam o local. Em Gênesis 3.24, Deus utilizou-se na
guarda do jardim de querubins: “E, havendo lançado fora o homem, pôs querubins ao
oriente do jardim do Éden e uma espada inflamada que andava ao redor, para guardar
o caminho da árvore da vida”.
No confronto entre Ezequiel 1.10 e Apocalipse 4.7, observamos que são eles
que lideram todos os seres na adoração à Deus. 68 passagens bíblicas fazem
referência aos querubins: Gn 3.24; Êx 25.18; Êx 25.19; Êx 25.20; Êx 25.22; Êx 26.1;
Êx 26.31; Êx 36.8; Êx 36.35; Êx 37.8; Êx 37.9; Nm 7.89; 1Sm 4.4; 2Sm 6.2; 1Rs 6.23;
1 Rs 6.24; 1Rs 6.25; 1Rs 6.27; 1Rs 6.28; 1Rs 6.29; 1Rs 6.32; 1Rs 6.35; 1Rs 7.29;
1Rs 7.36; 1Rs 8.6; 1Rs 8.7; 2Rs 19.15; 1Cr 13.6; 1Cr 28.18; 2Cr 3.7; 2Cr 3.10; 2Cr
3.11; 2Cr 3.12; 2Cr 3.13; 2Cr 3.14; 2Cr 5.7; 2Cr 5.8; Sl 80.1; Sl 99.1; Is 37.16; Ez 10.1;
Ez 10.2; Ez 10.3; Ez 10.4; Ez 10.5; Ez 10.6; Ez 10.7; Ez 10.8; Ez 10.9; Ez 10.14; Ez
10.15; Ez 10.16; Ez 10.18; Ez 10.19; Ez 10.20; Ez 11.22; Ez 41.18; Ez 41.20; Ez
41.25; Hb 9.5.

d) Serafins

Do hebraico “saraf”, tem o significado de “queimar”ou “incendiar”. De acordo


com Francis Davidson, talvez trate-se de “uma alusão a tradições bíblicas onde Deus
é comparado a um "fogo" ou mesmo a um "fogo consumidor". O nome serafim significa
“nobres”ou “afogueados”, e este termo “seraphim” está no plural. Em português,
porém, costuma-se dizer “serafim” (singular) e “serafins” (plural). São anjos
possuidores de seis asas.
Entendemos, conforme Isaías 6.7,8, que os serafins são usados pelo Senhor
para prepararem os homens a fim de receberem o toque divino e a preparação para
a obra de Deus: “... e com ela tocou a minha boca e disse: Eis que isto tocou os teus
lábios; e a tua iniqüidade foi tirada, e purificado o teu pecado. Depois disso, ouvi a voz

35
do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Então, disse eu: eis-
me aqui, envia-me a mim”.

e) Anjos Eleitos

São provavelmente aqueles que permaneceram fiéis a Deus durante a rebelião


de Satanás, conforme 1 Timóteo 5.21: “Conjuro-te, diante de Deus, e do Senhor Jesus
Cristo, e dos anjos eleitos, que, sem prevenção, guardes estas coisas, nada fazendo
por parcialidade”.

f) Anjos das Nações

Combatem, no plano espiritual, os demônios perturbadores das nações. Cada


nação tem seu anjo protetor, o qual se interessa pelo bem-estar dela, conforme
descreve Daniel 10.13,20: “Mas o príncipe do reino da Pérsia se pôs defronte de mim
vinte e um dias, e eis que Miguel, um dos primeiros príncipes, veio para ajudar-me, e
eu fiquei ali com os reis da Pérsia. E disse: Sabes porque eu vim a ti? Eu tornarei a
pelejar contra o príncipe dos persas; e, saindo eu, eis que virá o príncipe da Grécia”.

g) Tronos

Do grego “thronoi”, literalmente “tronos”, indica qualquer espécie de trono físico


ou simbólico, qualquer forma de reino ou governo. Paulo diz em Efésios 1.21 em
poderes, domínios, potestades e principados: “... acima de todo principado, e poder,
e potestade, e domínio, e de todo nome que se nomeia, não só neste século, mas
também no vindouro”. Paulo não procura alistá-los na ordem de sua suposta
autoridade.
Há também, de acordo com R. N. Champlin uma aproximação da expressão
“tronos” à elevados espíritos que ocupam tronos que circundam o trono de Deus.

h) Dominações ou soberanias

Do grego “kuriotes”, tem o significado de “senhorios” e “domínios”. Possuem


grande poder sobre vastas esferas sobre as quais governam

i) Principados

36
Os vocábulos principados e potestades são empregados para indicar seres
bons e seres espirituais malignos. R. N. Champlin supõe um governo de reinos,
províncias ou governantes sobre nações.

j) Potestades

Do grego “eksousia”: indica “autoridade”, “portador de autoridade”, “oficial”,


“governante”. Pode designar seres bons, conforme Efésios 3.10: “... para que, agora,
pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e
potestades nos céus,”, e, para seres malignos, de acordo com Efésios 6.12: “... porque
não temos que lutar contra carne e sangue, mas, sim, contra os principados, contra
as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes
espirituais da maldade, nos lugares celestiais”; e Colossenses 2.15: “E, despojando
os principados e potestades, os expôs publicamente e deles triunfou em si mesmo”.

k) Anjo do Senhor

Teofania é uma palavra de origem grega “theophánia”, que é a junção da


expressão “théos” , que significa “Deus” e “phainei” , que significa “aparecer”. É a
manifestação de Deus em algum lugar, coisa ou pessoa. Trata-se, portanto, da
manifestação visível de Deus, na forma que ele quiser. Este termo é diferente da
manifestação divina permanente em Jesus Cristo (encarnação João 1).
Angelofania é a forma visível e corpórea em que os anjos se manifestam. A
angelofania é o modo de aparição dos anjos e o indicativo da sua natureza. A natureza
Angélica é capaz de manifestar-se de forma compreensível e visível aos homens.
Pode-se ver um anjo em sonho, Mateus 2.13: “E, tendo-se eles retirado, eis que o
anjo do Senhor apareceu a José em sonhos, dizendo: Levanta-te, e toma o menino e
sua mãe, e foge para o Egito, e demora-te lá até que eu te diga, porque Herodes há
de procurar o menino para o matar”, e, em visões fora do tempo e do espaço,
conforme Daniel 10.7 e Atos 12.9-16 e 10.3.
No texto sagrado os anjos são descritos manifestando-se em forma humana,
de tal forma que, às vezes, são quase imperceptíveis como seres celestiais aos
homens, conforme relata Daniel 10.16; Atos 12.10 e Hebreus 13.2. Geralmente
deixam transparecer algo de sua terrível majestade e de sua natureza transcendente,
refletida no seu aspecto, de acordo com Mateus 28.4,5,8; Marcos 16.5-8 e Lucas 1.11
e 2.9.

37
Quase todos os casos de teofania são encontrados no Antigo Testamento,
embora existam casos no Novo Testamento. São eles:

i) Mateus 3.16,17

Voz Celeste e pomba no batismo de Jesus: “E, sendo Jesus batizado, saiu
logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo
como pomba e vindo sobre ele. E eis que uma voz dos céus dizia: Este é o meu Filho
amado, em quem me comprazo”.

ii) Mateus 17.5

Voz ouvida durante a transfiguração: “E, estando ele ainda a falar, eis que uma
nuvem luminosa os cobriu. E da nuvem saiu uma voz que dizia: Este é o meu Filho
amado, em quem me comprazo; escutai-o”.

iii) João 12.28

Voz do céu na semana da paixão: “Pai, glorifica o teu nome. Então, veio uma
voz do céu que dizia: Já o tenho glorificado e outra vez o glorificarei”.

iv) Atos 2.2,3

Espírito Santo: “... e, de repente, veio do céu um som, como de um vento


veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados. E foram
vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada
um deles”.

v) Atos 9.3

Aparição de uma luz à Paulo: “E, indo no caminho, aconteceu que, chegando
perto de Damasco, subitamente o cercou um resplendor de luz do céu”.
A expressão “Anjo do Senhor” é verificada diversas vezes no Antigo
Testamento: Gn 16.7; Gn 16.9; Gn 16.10; Gn 16.11; Gn 22.11; Gn 22.15; Gn 24.7; Gn
24.40; Ex 3.2; Nm 20.16; Nm 22.22; Nm 22.23; Nm 22.24; Nm 22.25; Nm 22.26; Nm
22.27; Nm 22.31; Nm 22.32; Nm 22.34; Nm 22.35; Jz 2.1; Jz 2.4; Jz 6.11; Jz 6.12; Jz
6.20; Jz 6.21; Jz 6.22; Jz 13.3; Jz 13.13; Jz 13.15; Jz 13.16; Jz 13.17; Jz 13.18; Jz

38
13.19; Jz 13.20; Jz 13.21; 1Sm 29.9; 2Sm 14.17; 2Sm 14.20; 2Sm 19.27; 2Sm 24.16;
1Rs 13.18; 1Rs 19.7; 2Rs 1.3; 2Rs 1.15; 2Rs 19.35; 1Cr 21.12; 1Cr 21.15; 1Cr 21.16;
1Cr 21.18; 1Cr 21.27; 1Cr 21.30; 2Cr 32.21; Sl 34.7; Sl 35.5; Sl 35.6; Sl 89.5; Sl
103.20; Sl 138.1; Is 37.36; Zc 1.9; Zc 1.11; Zc 1.12; Zc 1.14; Zc 3.1; Zc 3.2; Zc 3.3; Zc
3.5; Zc 3.6; Zc 6.4; Zc 6.5; Zc 12.8; Ml 2.7.

É mister fazer menção especial ao “Anjo do Senhor” (às vezes, “o Anjo de


Deus”), um anjo incomparável que aparece no AT e no NT. [1] Seu primeiro
aparecimento foi a Agar, no deserto (Gn 16.7); outros aparecimentos incluíram
pessoas como Abraão (Gn 22.11,15), Jacó (Gn 31.11-13), Moisés (Êx 3.2),
todos os israelitas durante o êxodo (Êx 14.19) e mais tarde em Boquim (Jz
2.1,4), Balaão (Nm 22.22-36), Josué (Js 5.13-15, onde o príncipe do exército
do Senhor é mais provavelmente o Anjo do SENHOR), Gideão (Jz 6.11), Davi
(1Cr 21.16), Elias (2Rs 1.3-4), Daniel (Dn 6.22) e José (Mt 1.20; 2.13). [2] O
Anjo do Senhor realizou várias tarefas semelhantes às dos anjos, em geral. Às
vezes, simplesmente trazia mensagens do Senhor ao seu povo (Gn 22.15-18;
31.11-13; Mt 1.20). Noutras ocasiões, Deus enviava o seu anjo para suprir as
necessidades dos seus (1Rs 19.5-7), para protegê-los do perigo (Êx 14.19;
23.20; Dn 6.22) e, ocasionalmente, destruir os seus inimigos (Êx 23.23; 2Rs
19.34,35; Is 63.9). Quando o próprio povo de Deus rebelava-se e pecava
grandemente, este anjo podia ser usado para destruí-lo (2Sm 24.16,17). [3] A
identidade do anjo do Senhor tem sido debatida, especialmente pelo modo
como ele freqüentemente se dirige às pessoas. Note os seguintes fatos: (a)
em 2.1, o anjo do Senhor diz: Do Egito Eu vos fiz subir, e Eu vos trouxe à terra
que a vossos pais Eu tinha jurado, e Eu disse: Eu nunca invalidarei o meu
concerto convosco (o grifo dos pronomes foi acrescentado). Comparada esta
passagem com outras que descrevem o mesmo evento, verifica-se que eram
atos do Senhor, o Deus do concerto dos israelitas. Foi Ele quem jurou a
Abraão, a Isaque e a Jacó que daria aos seus descendentes a terra de Canaã
(Gn 13.14-17; 17.8; 26.2-4; 28.13); Ele jurou que esse concerto seria eterno
(Gn 17.7), Ele tirou os israelitas do Egito (Êx 20.1,2) e Ele os levou à terra
prometida (Js 1.1,2). (b) Quando o anjo do Senhor apareceu a Josué, este
prostrou-se e o adorou (Js 5.14). Essa atitude tem levado muitos a crer que
esse anjo era uma manifestação do próprio Senhor Deus; do contrário, o anjo
teria proibido Josué de adorá-lo (Ap 19.10; 22.8-9). (c) Ainda mais
explicitamente, o anjo do Senhor que apareceu a Moisés na sarça ardente
disse, em linguagem bem clara: “Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão,

39
o Deus de Isaque e o Deus de Jacó” (Êx 3.6; ver Gn 16.7 nota; Êx 3.2 nota).
[4] Porque o anjo do Senhor está tão estreitamente identificado com o próprio
Senhor, e porque ele apareceu em forma humana, alguns consideram que ele
era uma aparição do Cristo eterno, a segunda pessoa da Trindade, antes de
nascer da virgem Maria.10

Ao contrário dos outros anjos, o “Anjo do Senhor” aceita adoração e tem poder
para comutar pecados (Êxodo 23.20-23).

EXPLORANDO O TEMA NA WEB

Você pode ler um bom texto sobre teofania em


http://www.teologiaexpressa.com/2012/10/teofanias-no-antigo-testamento.html

QUESTÕES PROPOSTAS

1. O que é teofania?

2. Qual o pensamento de Russell Norman Champlin sobre “principados”?

3. Faça uma breve interpretação de Colossenses 1.16.

10
Bíblia de Estudo Pentecostal – Rio de Janeiro: CPAD, 1995.

40
9. ALGUNS PENSAMENTOS ACERCA DA ANGELOLOGIA

a) Escolástica

Na divisão da História da Filosofia grega, a escolástica encontra-se no


chamado Período Socrático. Foi neste período que se evidenciou os ensinamentos
de Sócrates, Platão e Aristóteles. No escolasticismo as discussões divagavam e a
essência da função dos anjos não era estudada. Algumas das preocupações do
escolasticismo referente aos anjos foram:

- Quantos anjos poderiam permanecer na ponta de uma agulha?


- Um anjo poderia estar em dois lugares ao mesmo tempo?
- Os anjos da guarda vigiam as crianças desde o nascimento? Depois de
batizadas? Desde o embrião?

b) Saduceus

Os saduceus eram membros de uma seita judaica (fim do século II a.C. até o
século I d.C.). Em sua maioria, eram sacerdotes e ricos aristocratas.
Eles negavam a existência do mundo espiritual, conforme Atos 23.8: “Porque
os saduceus dizem que não há ressurreição, nem anjo, nem espírito; mas os fariseus
reconhecem uma e outra coisa”; não criam na ressurreição dos mortos nem na vida
futura, conforme Mateus 22.23: “No mesmo dia, chegaram junto dele os saduceus,
que dizem não haver ressurreição, e o interrogaram” , e aceitavam como canônicos
apenas os livros de Moisés.

c) Racionalismo

41
É um pensamento filosófico que enfatiza a capacidade humana em responder
questões através da razão. Vê a crença nos anjos como uma forma de politeísmo
primitivo que teve sua evolução no judaísmo.

d) Materialismo

Basicamente, o materialismo acredita que todas as coisas são compostas de


matéria e todos os fenômenos são o resultado de interações materiais. Negam a
existência de um mundo espiritual; por isso também nega a existência de anjos.

EXPLORANDO O TEMA NA WEB

Você pode ler um texto sobre os saduceus em


http://www.ebdareiabranca.com/2011/1trimestre/licao04ajuda06.htm

QUESTÕES PROPOSTAS

1. O que pensam os racionalistas sobre os anjos?

2. O que foi a escolástica?

3. Qual foi o pensamento dos saduceus sobre os anjos?

42
10. QUEM SÃO OS FILHOS DE DEUS (Gênesis 6)

O capítulo 6 de Gênesis relata a corrupção humana, as condições degradantes


que haviam chegado. Gênesis 6.1-7: “E aconteceu que, como os homens começaram
a multiplicar-se sobre a face da terra, e lhes nasceram filhas, viram os filhos de Deus
que as filhas dos homens eram formosas; e tomaram para si mulheres de todas as
que escolheram. Então, disse o Senhor: Não contenderá ou permanecerá o meu
Espírito para sempre com o homem, porque ele também é carne; porém os seus dias
serão cento e vinte anos. Havia, naqueles dias, gigantes na terra; e também depois,
quando os filhos de Deus entraram às filhas dos homens e delas geraram filhos; estes
eram os valentes que houve na antiguidade, os varões de fama. E viu o Senhor que
a maldade do homem se multiplicara sobre a terra e que toda imaginação dos
pensamentos de seu coração era só má continuamente. Então, arrependeu-se o
Senhor de haver feito o homem sobre a terra, e pesou-lhe em seu coração. E disse o
Senhor: Destruirei, de sobre a face da terra, o homem que criei, desde o homem até
ao animal, até ao réptil e até à ave dos céus; porque me arrependo de os haver feito”.
Uma das interpretações deste texto, força um entendimento que os “filhos de
Deus” citados aqui são anjos. Não há evidências em todo o texto bíblico que sustente
esta idéia. Paulo César Lima, em “Os temas mais difíceis da Bíblia”, apresenta ao
menos seis interpretações que se dão a respeito de quem são os “filhos de Deus”.

[a] Descendentes de Adão: Esta teoria admite a origem da raça humana de


2 pontos distintos: uma criação direta de Deus e uma criação evolucionista
(protoplasma, macaco, homem). Crêem que estas mulheres foram os seres
intermediários entre o homem e o macaco. Este pensamento ainda se divide
em 2 partes: o teísta, que admite a criação da matéria por Deus e o ateísta,
que nega a existência de Deus e sua criação. Em resumo, as “filhas dos

43
homens” seriam o produto da evolução, e os “filhos de Deus” são os
descendentes de Adão e Eva. [b] Anjos: Segundo alguns manuscritos da
Septuaginta (versão da Bíblia hebraica para o grego “koiné”), “anjos” está
traduzido no lugar de filhos de Deus. [c] Homens em geral: Closem explicava
que por esta expressão se entende “os homens em geral”, que assim se
designam por terem sido feitos à imagem e semelhança de Deus. O pecado,
segundo Closem, não residia no fato do matrimônio, porém na desordem em
que viviam e que degenerou na poligamia. [d] Magnatas ou Príncipes: A
versão de Símaco (uma das versões gregas do Velho Testamento) traduz a
expressão “filhos de Deus” por magnatas ou príncipes. Fazem o mesmo o
Targum de Onkelos e Jonatã. [e] Homens piedosos: Eram os homens
piedosos, que pelo voto de castidade se consagraram a Deus. Isso vai contra
a cultura judaica. Era uma benção e alegria ter muitos filhos. A idéia de que o
estado de solteiro seria mais agradável surgiu muitos séculos depois com o
catolicismo romano. [f] Homens comuns: Entende como sendo uma
referência do casamento entre a linhagem de Sete e a linhagem de Caim.11

Sobre Targum, Borges diz:

Quando os judeus voltaram do cativeiro de Babilônia, o idioma hebreu de seus


antepassados deixou de ser a linguagem ordinária do povo. O aramaico, ou
pseudo caldaico, tomou o seu lugar. Em breve foi necessário que a leitura das
Escrituras feitas em público fosse oralmente explicada pelo leitor, ou por seu
assistente, a fim de que o povo a pudesse compreender. O costume de explicar
as palavras e frases obscuras quando se liam nas Escrituras em público, já
estava em voga no tempo de Esdras, Ne 8.8. Esta passagem tem sido citada
como prova evidente de que as palavras que se liam precisavam de tradução.
Isto, porém, diz mais do que a letra afirma, dependendo de uma resposta à
pergunta: Teria os hebreus adotado outra língua durante o exílio? O Targum
oral, isto é, a interpretação ou tradução, que se tornou necessária, foi a
princípio uma simples paráfrase em aramaico. Mas eventualmente foi
elaborado, e a fim de dar-lhe forma definitiva e servir de padrão autorizado
para ensino do povo, e por isso reduziram-no a escrito. Estes Targuns são de
grande auxílio para se determinar o texto como era lido nas sinagogas antigas

11
LIMA, Paulo César. Os temas mais difíceis da Bíblia. Rio de Janeiro: Casa Publicadora das
Assembléias de Deus – CPAD, 1982.

44
e para ter-se o sentido que os judeus davam às passagens difíceis. Os Targuns
principais eram os de Onkelos sobre o Pentateuco e o de Jônatas ben Uzziel
sobre os profetas. Segundo o Talmude, Onkelos era amigo de Gamaliel e
companheiro de Paulo nos estudos, e, portanto, viveu pelo ano 70. O seu
Targum deveria antedatar o princípio do segundo século; mas geralmente se
diz que pertence a data posterior, isto é, ao princípio do segundo século. É um
Targum puramente literal. O de Jônatas Uzziel é, pelo contrário, perifrástico e
deve ser de data posterior. Os Targuns sobre o Hagiógrafo datam do undécimo
século.12

Para Russell P. Shedd, no comentário do capítulo 6 de Gênesis, na Bíblia


Shedd, ele afirma que “é muito provável que esta seja uma referência à linha de Sete
que, até então, se caracterizava por”: [i] Devoção para com Deus, conforme Gênesis
4.25. [ii] Consagração a Deus, conforme Gênesis 4.26. [iii] Comunhão com Deus,
conforme Gênesis 5.22. [iv] Testemunho de Deus, conforme Hebreus 11.5. [v] Serviço
a Deus, conforme Gênesis 5.29. [vi] Graça recebida de Deus, conforme Gênesis 6.8.
Descendentes de Sete, ou seja, a linhagem piedosa e obediente a Deus. “As
filhas dos homens”, as mulheres da descendência de Caim. Em Gênesis 5.3, Adão
gerou Sete, à sua imagem e semelhança, transmitindo-lhe uma dignidade que
recebera do Criador. Deuteronômio 14.1; Sl 73.15; Oséias 1.10, esta afinidade com
Deus, especialmente realçada no texto, deve ter perdurado entre os setistas, pois o
escritor os apresenta dotados de notável piedade. Em Gênesis 4.1-24, fala-se da
linhagem dos cananitas, representados em Gênesis 6.1-4 pelas ditas “filhas dos
homens”.

EXPLORANDO O TEMA NA WEB

Você pode ler um bom texto sobre as várias interpretações de Gênesis 6 em


revistas.fflch.usp.br/vertices/article/download/1459/1928

QUESTÕES PROPOSTAS

1. O que é um Targum?

12
BORGES, Daniel. Versões da Bíblia. Disponível em
http://www.dannybia.com/danny/cur_bibl/versões_bíblia.htm. Acesso: 17.03.2009.

45
2. O que caracterizava a linha de Sete de acordo com Champlin?

3. Justifique, com suas palavras, a impossibilidade de serem anjos os “filhos de Deus”


mencionados em Gênesis 6.

46
11. SATANALOGIA

Satanalogia é um termo de origem grega, da união de dois vocábulos,


“satanás”, que significa “caluniador” ou “acusador”, e, “logia”, que significa “estudo” ou
“tratado”. É portanto, o estudo da natureza, caráter e atividade de Satanás. Em
hebraico, “sätän”, tem o significado de “adversário”. Sua origem é descrita pelos
profetas Isaías e Ezequiel, nos textos de Isaías 14 e Ezequiel 28. É Satanás um ser
de qualidades malignas que se opõe aos justos e à obra de Deus, têm um caráter e
natureza hostil a Deus e aos homens.
Seu caráter é de orgulho e presunção (Isaías 14.12-15), feroz e cruel (Lucas
8.29; Lucas 9.39,42; 1 Pedro 5.8; Apocalipse 12.4,7) e maligno (1 João 2.13 e 1 João
5.18). Em relação à sua queda, a Bíblia não informa de maneira explícita quando isso
ocorreu. O que é possível entendermos é que ocorreu antes da queda do homem, no
período entre a criação dos céus e da terra. Uma pergunta intrigante é: Como um ser,
criado em perfeição total pode pecar? Não podemos esquecer que os anjos foram
criados com livre arbítrio, eles tinham vontade própria. O texto de Ezequiel 28.11-19
o compara ao rei de Tiro, enquanto Isaías 14.13,14 o compara ao rei da Babilônia.
Em Ezequiel 28.11-19, a profecia contra o rei de Tiro faz referência à Satanás
como sendo o verdadeiro governante e como o deus deste mundo. A Bíblia de Estudo
Pentecostal, em comentário do versículo 12, do capítulo 28, afirma que “o rei é
descrito como um visitante que estava no Jardim do Éden, que fora um anjo, um
“querubim ungido”, e uma criatura perfeita em todos os seus caminhos, até que nela
se achou iniqüidade. Por causa do seu orgulho pecaminoso foi precipitado do “monte
de Deus”.
Para Shedd, o texto de Isaías 14,12, compara o rei da Babilônia à pessoa de
Satanás. “Naqueles tempos já existia a história de um anjo perfeito, dos mais
gloriosos, que, querendo elevar-se acima do seu nível, foi precipitado à destruição. A
Bíblia não dedica muitas linhas aos fatos ocorridos nos Céus; da mesma forma, só o

47
primeiro versículo de Gênesis se refere à criação do universo inteiro, daí a narrativa
se limitar às origens da terra, e depois à história da raça humana. Compreende-se,
porém, que há uma alusão à pessoa de Satanás e que a soberba entrega a pessoa
nas mãos dele”.

a) Nomes e títulos de Satanás

Ele é mencionado de diferentes maneiras 177 vezes na Bíblia. Alguns de seus


nome e títulos, bem como as referências bíblicas, são apresentados por Paul Enns,
na obra The Moody Handbook of Theology. São eles:

i) Satanás

Literalmente significa “adversário” (Zacarias 3.1): “E me mostrou o sumo


sacerdote Josué, o qual estava diante do anjo do Senhor, e Satanás estava à sua
mão direita, para se lhe opor”.

ii) Abadom

Termo hebraico que significa “destruição” ou “ruína” (Apocalipse 9.11): “E


tinham sobre si rei, o anjo do abismo; em hebreu era o seu nome Abadom, e em grego
Apoliom”.

iii) Acusador de nossos irmãos

Opõe-se aos crentes diante de Deus (Apocalipse 12.10): “E ouvi uma grande
voz no céu, que dizia: Agora chegada está a salvação, e a força, e o reino do nosso
Deus, e o poder do seu Cristo; porque já o acusador de nossos irmãos é derribado, o
qual diante do nosso Deus os acusava de dia e de noite”.

iv) Adversário

Opositor (1 Pedro 5.8): “Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário,
anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar”.

v) Anjo do Abismo

48
(Apocalipse 9.11): “E tinham sobre si rei, o anjo do abismo; em hebreu era o
seu nome Abadom, e em grego Apoliom”.

vi) Antiga Serpente

Enganador do Éden (Apocalipse 12.9): “E foi precipitado o grande dragão, a


antiga serpente, chamada o Diabo, e Satanás, que engana todo o mundo; ele foi
precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele”.

vii) Apoliom

Destruidor (Apocalipse 9.11): “E tinham sobre si rei, o anjo do abismo; em


hebreu era o seu nome Abadom, e em grego Apoliom”.

viii) Assassino

(João 8.44): “Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de
vosso pai: ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não
há verdade nele; quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é
mentiroso, e pai da mentira”.

ix) Belzebu

O senhor das moscas (Mateus 12.24): “Mas os fariseus, ouvindo isto, diziam:
Este não expulsa os demônios senão por Belzebu, príncipe dos demônios”.

x) Belial

Imprestável (2 Coríntios 6.15): “E que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou


que parte tem o fiel com o infiel?”

xi) Deus deste mundo

(2 Coríntios 4.4): “... nos quais o deus deste século cegou os entendimentos
dos incrédulos, para que não lhes resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo,
que é a imagem de Deus”.

49
xii) Diabo

Caluniador, acusador (Apocalipse 20.2): “Ele prendeu o dragão, a antiga


serpente, que é o diabo e Satanás, e amarrou-o por mil anos”.

xiii) Dominador deste mundo tenebroso

Satanás juntamente com uma multidão de demônios (Efésios 6.12): “... porque
não temos que lutar contra carne e sangue, mas, sim, contra os principados, contra
as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes
espirituais da maldade, nos lugares celestiais”.

xiv) Espírito que atua nos filhos da desobediência

(Efésios 2.2): “... em que, noutro tempo, andastes, segundo o curso deste
mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que, agora, opera nos
filhos da desobediência”.

xv) Grande dragão vermelho

Criatura destruidora (Apocalipse 12.3): “E viu-se outro sinal no céu, e eis que
era um grande dragão vermelho, que tinha sete cabeças e dez chifres e, sobre as
cabeças, sete diademas”.

xvi) Inimigo

Opositor (Mateus 13.39): “O inimigo que o semeou é o diabo; e a ceifa é o fim


do mundo; e os ceifeiros são os anjos”.

xvii) Maligno

Intrinsicamente mau (Mateus 13.19): “Ouvindo alguém a palavra do Reino e


não a entendendo, vem o maligno e arrebata o que foi semeado no seu coração; este
é o que foi semeado ao pé do caminho”.

xviii) Mentiroso

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Perverte a verdade (João 8.44): “Vós tendes por pai ao diabo e quereis
satisfazer os desejos de vosso pai; ele foi homicida desde o princípio e não se firmou
na verdade, porque não há verdade nele; quando ele profere mentira, fala do que lhe
é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira”.

xix) Príncipe deste mundo

Governa no sistema do mundo (João 12.31): “Agora, é o juízo deste mundo;


agora, será expulso o príncipe deste mundo”.

xx) Serpente

(Apocalipse 12.9): “E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente,


chamada o diabo e Satanás, que engana todo o mundo; ele foi precipitado na terra, e
os seus anjos foram lançados com ele”.

xxi) Tentador

Incita as pessoas à pecar (1 Tessalonicenses 3.5): “Portanto, não podendo eu


também esperar mais, mandei-o saber da vossa fé, temendo que o tentador vos
tentasse, e o nosso trabalho viesse a ser inútil”.

b) Descrição de Satanás

i) Sutil (Gêneis 3.1): “Ora, a serpente era mais astuta que todas as alimárias do campo
que o Senhor Deus tinha feito. E esta disse à mulher: É assim que Deus disse: Não
comereis de toda árvore do jardim?”

ii) Provocador (1 Crônicas 21.1): “Então, Satanás {ou um adversário} se levantou


contra Israel e incitou Davi a numerar a Israel”.

iii) Senhor dos reinos e da glória do mundo (Mateus 4.8): “Novamente, o transportou
o diabo a um monte muito alto; e mostrou-lhe todos os reinos do mundo e a glória
deles”.

iv) Cheio de todo engano e de toda malícia, inimigo de toda justiça, aquele que
perverte os retos (Atos 13.10): “Ó filho do diabo, cheio de todo o engano e de toda a

51
malícia, inimigo de toda a justiça, não cessarás de perturbar os retos caminhos do
Senhor?”

v) Tem poder, sinais e prodígios (2 Tessalonicenses 2.9): “... a esse cuja vinda é
segundo a eficácia de Satanás, com todo o poder, e sinais, e prodígios de mentira”.

vi) Pecador desde o princípio (1 João 3.8): “Quem comete o pecado é do diabo, porque
o diabo peca desde o princípio. Para isto o Filho de Deus se manifestou: para desfazer
as obras do diabo”.

vii) Sedutor de todo o mundo (Apocalipse 12.9): “E foi precipitado o grande dragão, a
antiga serpente, chamada o diabo e Satanás, que engana todo o mundo; ele foi
precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele”.

viii) Aparece como anjo de luz (2 Coríntios 11.14): “E não é maravilha, porque o próprio
Satanás se transfigura em anjo de luz”.

ix) Conduz seus seguidores (1 Timóteo 5.15): “Porque já algumas se desviaram, indo
após Satanás”.

x) Seus filhos são chamados de joio (Mateus 13.38): “... o campo é o mundo, a boa
semente são os filhos do Reino, e o joio são os filhos do Maligno”.

c) Atividades de Satanás

i) Incitar (1 Crônicas 21.1): “Então, Satanás se levantou contra Israel e incitou Davi a
numerar a Israel”.

ii) Passear pela terra (Jó 1.7): “Então, o Senhor disse a Satanás: De onde vens? E
Satanás respondeu ao Senhor e disse: De rodear a terra e passear por ela”.

iii) Causar enfermidades físicas (Jó 2.7): “Então, saiu Satanás da presença do Senhor
e feriu a Jó de uma chaga maligna, desde a planta do pé até ao alto da cabeça”.

iv) Cegar pessoas (Lucas 13.16): “E não convinha soltar desta prisão, no dia de
sábado, esta filha de Abraão, a qual há dezoito anos Satanás mantinha presa?”

52
v) Cegar espiritualmente (2 Coríntios 4.4): “... nos quais o deus deste século cegou os
entendimentos dos incrédulos, para que não lhes resplandeça a luz do evangelho da
glória de Cristo, que é a imagem de Deus”.

vi) Lançar dardos inflamados (Efésios 6.16): “... tomando sobretudo o escudo da fé,
com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno”.

vii) Impedir (1 Tessalonicenses 2.18): “Pelo que bem quisemos, uma e outra vez, ir
ter convosco, pelo menos eu, Paulo, mas Satanás no-lo impediu”.

viii) Condenar e prender (1 Timóteo 3.6,7): “... não neófito, para que, ensoberbecendo-
se, não caia na condenação do diabo. Convém, também, que tenha bom testemunho
dos que estão de fora, para que não caia em afronta e no laço do diabo”.

ix) Procura devorar (1 Pedro 5.8): “Sede sóbrios, vigiai, porque o diabo, vosso
adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar”.

x) Exemplos específicos (Gênesis 3.15; Mateus 4.1; Lucas 22.31; João 13.2,27; Atos
5.3 e Apocalipse 2.10).

d) Limitações de Satanás

i) Deve receber permissão de Deus (Jó 1.12): “E disse o Senhor a Satanás: Eis que
tudo quanto tem está na tua mão; somente contra ele não estendas a tua mão. E
Satanás saiu da presença do Senhor”.

ii) Pode ser resistido (Tiago 4.7): “Sujeitai-vos, pois, a Deus; resisti ao diabo, e ele
fugirá de vós”.

iii) Pode ser vencido (1 João 2.13): “Pais, escrevo-vos, porque conhecestes aquele
que é desde o princípio. Jovens, escrevo-vos, porque vencestes o maligno. Eu vos
escrevi, filhos, porque conhecestes o Pai”.

iv) Vencido pelo sangue do cordeiro (Apocalipse 12.11): “E eles o venceram pelo
sangue do Cordeiro e pela palavra do seu testemunho; e não amaram a sua vida até
à morte”.

53
v) Não pode tocar os que são nascidos de Deus (1 João 5.18): “Sabemos que todo
aquele que é nascido de Deus não peca; mas o que de Deus é gerado conserva-se a
si mesmo, e o maligno não lhe toca”.

e) Destino de Satanás

i) Esmagado (Gênesis 3.15): “E porei inimizade entre ti e a mulher e entre a tua


semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar”.

ii) Esmagado pelo Deus de paz (Romanos 16.20): “E o Deus de paz esmagará em
breve Satanás debaixo dos vossos pés. A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja
convosco. Amém!”

iii) Seu poder da morte destruído por Jesus (Hebreus 2.14): “E, visto como os filhos
participam da carne e do sangue, também ele participou das mesmas coisas, para
que, pela morte, aniquilasse o que tinha o império da morte, isto é, o diabo”.

iv) Suas obras destruídas pelo filho de Deus (1 João 3.8): “Quem comete o pecado é
do diabo, porque o diabo peca desde o princípio. Para isto o Filho de Deus se
manifestou: para desfazer as obras do diabo”.

v) Preso por mil anos (Apocalipse 20.2): “Ele prendeu o dragão, a antiga serpente,
que é o diabo e Satanás, e amarrou-o por mil anos”.

vi) Lançado no abismo (Apocalipse 20.3): “E lançou-o no abismo, e ali o encerrou, e


pôs selo sobre ele, para que mais não engane as nações, até que os mil anos se
acabem. E depois importa que seja solto por um pouco de tempo”.

vii) Solto para seduzir as nações (Apocalipse 20.7,8): “E, acabando-se os mil anos,
Satanás será solto da sua prisão e sairá a enganar as nações que estão sobre os
quatro cantos da terra, Gogue e Magogue, cujo número é como a areia do mar, para
as ajuntar em batalha”.

viii) Lançado no lago de fogo (Apocalipse 20.10): “E o diabo, que os enganava, foi
lançado no lago de fogo e enxofre, onde está a besta e o falso profeta; e de dia e de
noite serão atormentados para todo o sempre”.

54
ix) Julgado por Deus (João 16.11): “... e do juízo, porque já o príncipe deste mundo
está julgado”.

EXPLORANDO O TEMA NA WEB

Você pode ler um bom texto sobre a origem e a queda de Satanás em


http://www.chamada.com.br/mensagens/queda_satanas.html

QUESTÕES PROPOSTAS

1. O que a Bíblia fala sobre o caráter de Satanás?

2. Qual a relação do termo “satanás” com Apocalipse 12.10?

3. Cite duas limitações de Satanás e justifique.

55
12. DEMONOLOGIA

Raimundo F. de Oliveira, no livro “Anjos, Homem e Pecado – O relacionamento


das criaturas com o Criador, da EETAD”, afirma que “assim como Deus tem os seus
anjos que se comprazem em realizar a sua obra, igualmente Satanás possui os seus,
dispostos a levar a efeito o seu plano malévolo a qualquer momento e em qualquer
lugar”. “Eles são empregados na execução dos propósitos de Satanás, que são
diametralmente opostos aos propósitos de Deus, e estão empenhados em pôr
obstáculos no caminho do cristão e provocar danos à vida espiritual e ao bem estar
do povo de Deus”.13
Demonologia é a união de dois vocábulos gregos, “daimon”, ou, “daimonion”,
que significa “demônio” e “logia”, que é estudo. Trata-se do estudo dos demônios.
Neste estudo verifica-se o caráter, a natureza e as atividades destes seres.
Analisando os textos bíblicos, há fundamentos para crença na existência dos
demônios. Foram os anjos que caíram com Satanás, e, estão divididos em dois
grupos: um que atua em oposição ao povo de Deus (Apocalipse 16.14), e outro, que
está confinado na prisão (2 Pedro 2.4; Judas 6).
Em Mateus 12.24 e 25.41, a Bíblia afirma que Satanás é um anjo e o chama
de “príncipe dos demônios”. Este texto nos dá base também para entender que
demônios são anjos e não uma raça anterior aos homens, ou seja, pré-adâmica. Em
Efésios 6.11,12, a Bíblia relata a existência de uma hierarquia de anjos liderados por
Satanás.

a) Descrição dos demônios

Os demônios têm personalidade, pois Jesus dialogou com eles, interrogou-


lhes e dos mesmos recebeu respostas. (Lucas 8.30): “E perguntou-lhe Jesus, dizendo:
Qual é o teu nome? E ele disse: Legião; porque tinham entrado nele muitos

13
OLIVEIRA, Raimundo F. Anjos, Homem e Pecado – O relacionamento das criaturas com o
criador. Campinas: EETAD.

56
demônios”. Eles são dotados de grande inteligência. Em Marcos 1.24, expressaram
conhecer bem quem era Jesus: “Ah! Que temos contigo, Jesus Nazareno? Vieste
destruir-nos? Bem sei quem és: o Santo de Deus”.
Os demônios possuem uma doutrina própria, de acordo com 1 Timóteo 4.1:
“Mas o Espírito expressamente diz que, nos últimos tempos, apostatarão alguns da
fé, dando ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas de demônios”.

b) Atividades e obras dos demônios

Raimundo F. de Oliveira afirma que “os anjos maus revelam constantemente


sua inimizade contra Deus (Apocalipse 12.7), e procuram a destruição do homem
(Gênesis 3.1; 1 Pedro 5.8). No seu intento de prejudicar o homem, causam-lhe males
na alma (João 13.27; Atos 5.3; Efésios 2.2,3), no corpo (Lucas 13.11-16), em suas
possessões terrenas (Jó 1.12; Mateus 8.31,32). A incredulidade, com seu terrível
castigo da condenação eterna, é o resultado da obra perniciosa de Satanás no
homem. Todos quantos se recusam a crer no Evangelho, agem por instigação de
Satanás, porque ele os retêm em seu poder (Atos 26.18; Colossenses 1.13)”.
Suas obras e atividades são verificadas na Bíblia Sagrada da seguinte
maneira:

i) Procuram frustrar o plano de Deus (Daniel 10.13): “Mas o príncipe do reino da Pérsia
se pôs defronte de mim vinte e um dias, e eis que Miguel, um dos primeiros príncipes,
veio para ajudar-me, e eu fiquei ali com os reis da Pérsia”.

ii) Causam enfermidades (Lucas 13.11): “E eis que estava ali uma mulher que tinha
um espírito de enfermidade havia já dezoito anos; e andava curvada e não podia de
modo algum endireitar-se”.

iii) Promovem falsas doutrinas (1 Timóteo 4.1): “Mas o Espírito expressamente diz
que, nos últimos tempos, apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos
enganadores e a doutrinas de demônios”.

iv) Influenciam nações (Apocalipse 16.14): “... porque são espíritos de demônios, que
fazem prodígios; os quais vão ao encontro dos reis de todo o mundo para os
congregar para a batalha, naquele grande Dia do Deus Todo-poderoso”.

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v) Possuem incrédulos (Lucas 8.27) “E, quando desceu para terra, saiu-lhe ao
encontro, vindo da cidade, um homem que, desde muito tempo, estava possesso de
demônios e não andava vestido nem habitava em qualquer casa, mas nos sepulcros”.

vi) Armam ciladas (Efésios 6.10,12): “No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no
Senhor e na força do seu poder. Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que
possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo; porque não temos que lutar
contra carne e sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra
os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos
lugares celestiais”.

vii) Afligem (2 Coríntios 12.7): “E, para que me não exaltasse pelas excelências das
revelações, foi-me dado um espinho na carne, a saber, um mensageiro de Satanás,
para me esbofetear, a fim de não me exaltar”.

c) O poder dos demônios sobre o corpo humano

i) Podem causar mudez (Mateus 9.33): “E, expulso o demônio, falou o mudo; e a
multidão se maravilhou, dizendo: Nunca tal se viu em Israel”.

ii) Cegueira (Mateus 12.22): “Trouxeram-lhe, então, um endemoninhado cego e mudo;


e, de tal modo o curou, que o cego e mudo falava e via”.

iii) Loucura (Lucas 8.27): “E, quando desceu para terra, saiu-lhe ao encontro, vindo
da cidade, um homem que, desde muito tempo, estava possesso de demônios e não
andava vestido nem habitava em qualquer casa, mas nos sepulcros”.

iv) Cólera e homicídio (1 Samuel 18.11): “E Saul atirou com a lança, dizendo:
Encravarei a Davi na parede. Porém Davi se desviou dele por duas vezes”.

v) Mania de suicídio (Marcos 9.22): “E muitas vezes o tem lançado no fogo e na água,
para o destruir; mas, se tu podes fazer alguma coisa, tem compaixão de nós e ajuda-
nos”.

vi) Uma vez de posse dum corpo, podem sair e entrar à vontade deles (Lucas 11.24):
“Quando o espírito imundo tem saído do homem, anda por lugares secos, buscando
repouso; e, não o achando, diz: Tornarei para minha casa, de onde saí”.

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d) Destino dos demônios

i) Alguns que eram livres na época de Cristo foram lançados no abismo (Lucas 8.31).

ii) Alguns, agora confinados, serão soltos durante a tribulação (Apocalipse 9.1-11;
16.13,14).

iii) Serão para sempre lançados com Satanás no lago de fogo (Mateus 25.41).

e) Diferença entre influência demoníaca, possessão demoníaca e opressão


demoníaca

Em Efésios 6.12, Paulo afirma que: “... não temos que lutar contra carne e
sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes
das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares
celestiais.”

Em relação as artimanhas malignas, e sua ação sutil, John Stott diz que
“quando o Diabo se transforma em anjo de luz, geralmente somos apanhados sem
nada suspeitar. Isto porque raramente ele ataca desta forma, preferindo sempre as
trevas à luz. Por vezes ruge como leão, mas muito freqüentemente é sutil como a
serpente”.
Influência, do latim “influentia”, é o poder ou ação que alguém exerce sobre
outrem ou sobre certos fatos. Influência demoníaca, é, portanto, o poder maligno que
atua na mente do homem, influenciando ele com maus pensamentos.
Alguns exemplos de influência maligna estão em Atos 5.3,4: “Disse, então,
Pedro: Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao
Espírito Santo e retivesses parte do preço da herdade? Guardando-a, não ficava para
ti? E, vendida, não estava em teu poder? Por que formaste este desígnio em teu
coração? Não mentiste aos homens, mas a Deus”, e também em Mateus 16.23: “Ele,
porém, voltando-se, disse a Pedro: Para trás de mim, Satanás, que me serves de
escândalo; porque não compreendes as coisas que são de Deus, mas só as que são
dos homens”.
Possessão, do latim “possessione”, significa um “país sem independência”, ou,
“que está dominado”. É também o indivíduo que é integralmente dirigido por outro,

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sem poder resistir. Possessão demoníaca é o controle exercido de forma integral no
homem, por um ou mais demônios, que habitam o corpo.
Opressão, do latim “oppressione”, é por definição “dificuldade de respirar”.
Significa também uma tirania exercida contra outrem. Opressão demoníaca é a
atuação maligna para afligir o homem, causar sofrimento.

f) A limitação dos demônios

Em 1 João 4.4, a Bíblia Sagrada descreve que o poder dos demônios é


limitado: “Filhinhos, sois de Deus e já os tendes vencido, porque maior é o que está
em vós do que o que está no mundo”. Raimundo F. de Oliveira, diz que “nem toda a
força de Satanás, somada às forças de suas hostes, pode igualar-se à força espiritual
que Deus põe à disposição de seus filhos”. 2 Reis 6.16, relata o cerco à Samaria
promovido pelo exército Sírio e o desespero de Geazi diante desta situação. O profeta
Eliseu disse então: “Não temas; porque mais são os que estão conosco do que os
que estão com eles”.
Deve existir consciência que nosso adversário está em constante guerra
contra os servos de Deus e usa seus agentes para se oporem aos propósitos de Deus.
Em Efésios 6.10-12, Paulo adverte aos efésios que nesta batalha as forças espirituais
da maldade são limitadas quando observadas algumas características na vida do
cristão: “No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder.
Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as
astutas ciladas do diabo; porque não temos que lutar contra carne e sangue, mas,
sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste
século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais”.

EXPLORANDO O TEMA NA WEB

Você pode ler um bom texto sobre demonologia e batalha espiritual em


http://pibfranco.com.br/images/stories/Downloads/Estudos_Biblicos/Demonologia%2
0e%20Batalha%20Espiritual.pdf

QUESTÕES PROPOSTAS

1. Quais os três temas principais são estudados pela demonologia?

2. Cite três obras e atividades dos demônios e explique cada uma delas.

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3. Explique a diferença entre influência demoníaca, possessão demoníaca e opressão
demoníaca.

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CONCLUSÃO

De acordo com Lewis Sperry Chafer, “uma consciência da realidade dos


inúmeros seres angelicais – um benefício derivado do bem em oposição do mal – só
se obtém pela meditação nas Escrituras que registram estas verdades, e através da
oração.” É na Bíblia Sagrada que encontramos a verdade sobre a existência e função
dos anjos.

62
REFERÊNCIAS

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Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal – Versão Revista e Corrigida. Rio de Janeiro:


Casa Publicadora das Assembléias de Deus – CPAD: 2008.

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Sociedade Bíblica do Brasil, 1997.

Bíblia de Estudo de Genebra – Versão Revista e Atualizada – Cultura Cristã –


Sociedade Bíblica do Brasil: 1999.

Bíblia de Estudo Pentecostal – Casa Publicadora das Assembléias de Deus – CPAD:


1995.

CHAFER, Lewis Sperry. Systematic Theology, vol. 1, Part 3, Abridged Edition, João
F. Walvoord, Editor, Donald K. Campbell, Roy B. Zuck, Consulting Editors, Victor
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__________. O Novo Testamento Interpretado – Versículo por Versículo, volume 5.


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__________. O Antigo Testamento Interpretado – Versículo por Versículo, 6 vols. São


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ENNS, Paul. The Moody Handbook of Theology (Manual de Teologia Moody) –


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GARDNER, Paul. Quem é quem na Bíblia Sagrada. São Paulo: Vida. 2005.

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Sistemática Pentecostal. Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembléias de Deus
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GRAHAM, Billy. Anjos – Os agentes secretos de Deus. São Paulo: Record, 1975.

GOMIERI, Odair Iracides. Anjos ... um exército ao seu dispor. Campinas/SP.

LIMA, Paulo César. Os temas mais difíceis da Bíblia. Rio de Janeiro: Casa Publicadora
das Assembléias de Deus – CPAD, 1982.

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