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Massacre no mar do Nordeste

Até julho de 1942, o Brasil já tinha perdido 13 navios na guerra que os submarinos alemães faziam ao
comércio dos aliados. No mês seguinte, porém, aconteceu algo que causou comoção em todo o país,
obra de apenas um submarino nazista, o U-507. Em poucos dias o U-507 afundou cinco navios e um
pequeno veleiro. O Baependy teve 270 mortos, incluindo soldados do Exército sendo levados ao
nordeste. O Araraquara teve 131 mortos. O Aníbal Benévolo teve 150 mortos. O Itagiba teve 36 mortos. O
Arará, que tinha parado para socorrer o Itagiba, teve 20 mortos. Só o pequeno veleiro Jacira, com seus
seis tripulantes, escapou de ter vítimas fatais.

Foi o que bastava para forçar o governo de Getúlio Vargas a declarar guerra. Manifestações de rua não
só de estudantes universitários mais politizados, mas de outros grupos da população, exigiram a guerra.

A opinião pública ainda cambaleava com a notícia da destruição dos três cargueiros quando o Itagiba foi
fazer companhia a eles no fundo do mar no dia 17. O U-507 decidira continuar sua missão mais ao sul. O
Itagiba estava indo de Vitória a Salvador e já estava próximo do destino final quando foi atingido. Eram
10:45 horas. Foi possível lançar baleeiras ao mar, embora o próprio comandante, José Ricardo Nunes,
tenha ficado por duas horas dentro d’água em meio aos restos daquilo que tinha sido seu navio. O navio
também tinha a bordo, como o Baependy , um grande número de soldados, da mesma unidade azarada
que já tinha sofrido antes - o 7º Grupo de Artilharia de Dorso.

Outro mercante percebeu o desastre e se aproximou para recolher os náufragos. O Arará, que estava
indo de Salvador a Santos, chegou mesmo a ficar estacionário enquanto seus botes procuravam o
pessoal do Itagiba. Deve por isso ter sido o mais fácil dos alvos de Schacht. Já havia alguns
sobreviventes do Itagiba a bordo quando o Arará foi atingido por um torpedo, cuja esteira no mar chegou
a ser vista por gente da tripulação. Quando ele foi visto, só faltavam 400 metros para acertar o alvo.
Mesmo se estivesse em movimento, o navio não escaparia. A essa distância o torpedo leva poucos
segundos para chegar. Nem daria muito tempo para pensar no que aquilo significava. É como estar
nadando e ver a poucos metros uma nadadeira de tubarão se aproximando. O saldo do duplo
afundamento foram 36 mortos no Itagiba , 26 dos quais passageiros, e mais 20 no Arará, todos tripulantes
(não havia passageiros a bordo).

A entrega do avião de guerra Itagiba à FAB ocorreu em meio a uma grande


cerimônia pública, realizada na Doca nº 1 do Cais do Porto de Porto Alegre, no dia 20
de setembro de 1943, feriado estadual de comemoração do 108º aniversário da
Revolução Farroupilha. Segundo o Diário de Notícias, cerca de 30 mil pessoas
prestigiaram a cerimônia, que, além das autoridades públicas locais, contou com as
ilustres presenças de Salgado Filho, ministro da Aeronáutica, Assis Chateaubriand,
proprietário das Emissoras e Diários Associados, e José Ricardo Nunes, comandante do
navio afundado Itagiba, que deu nome ao avião de guerra doado à FAB.427

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