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Se você se interessa em saber muito mais do que é dito pela imprensa comercial
(comprometida com o sistema econômico-financeiro) sobre as causas e efeitos da crise
financeira mundial de 2008, você deve assistir ao documentário “Inside Job”, que no Brasil
teve a tradução de “Trabalho Interno: A Verdade da Crise”, e que ganhou o Oscar (mais
que merecido) de melhor documentário em 2011.
A pergunta do filme é: como é que se causa uma crise de âmbito mundial, com
conseqüências sociais graves e uma quebradeira de meros 20 trilhões de dólares? A
resposta é: por meio de uma farra de negócios especulativos e manipulação de
informações.
O exemplo dos banqueiros, tal como mostrado no filme, causa espanto e revolta,
especialmente por serem eles os arautos da desregulamentação desenfreada da doutrina
neoliberal que os deixou fazer o que bem quisessem com a economia mundial,
destroçando as políticas e leis locais de países diferentes, sempre buscando a
desregulamentação do setor financeiro para benefício de uma elite de especuladores. O
exemplo dos lucros astronômicos de bancos como Itaú e Bradesco (na casa de dezenas
de bilhões de reais ao ano) deixa claro que este enriquecimento advém do
comprometimento do dinheiro que deveria servir á sociedade e que vão parar, em parte,
nos bancos também devido aos juros surreais cobrados no Brasil.
Dirigido por Charles Ferguson (mesmo diretor de No End in Sight, documentário
que desnuda o governo de mentiras de George W. Bush) e narrado por Matt
Damon, Inside Job, Trabalho Interno, apresenta ao espectador a história do racionalismo
mecanicista em busca gananciosa de lucro que é produto de Wall Street e seus agentes
pelo mundo, e que tanto faz para que a imprensa (quarto poder financiado) tente
minimizar, até mesmo para que 2008 seja esquecido, possivelmente para que o enredo do
vampirismo se repita.
Em No End in Sight, o documentário anterior, Charles Ferguson faz uma análise
fria sobre o governo de George W. Bush e sua conduta megalomaníaca em relação à
Guerra do Iraque e a ocupação do país, questionando as mentiras utilizadas pelas
autoridades norte-americanas para sustentar a ocupação. Agora, em Inside Job, mais uma
vez o diretor expõe uma teia de mentiras e condutas criminosas que prejudicaram
seriamente a vida de milhões de pessoas – dores, miséria, violência e prejuízos que
continuam a atingir inocentes mundo à fora.
Uma das chamadas do documentário diz: “Se você não ficar revoltado ao final do
filme, você não estava prestando atenção”, e, de fato, é difícil evitar de, ao assistir o filme,
sair com um gosto amargo de revolta diante da realidade de sermos todos (ou quase
todos, visto que uma ínfima parte está muito bem) vítimas da especulação traiçoeira e
alienadora de uma minoria. Revolta que se torna ainda maior ao saber que, ainda gora,
muitos dos causadores da crise, dos empresários à banqueiros, ao invés de estarem
presos, voltaram a dar “conselhos técnicos” c na mesma Bíblia neoliberal para governos e
sociedades. Algumas das mais novas vítimas são os gregos, irlandeses, espanhóis,
portugueses e outros povos europeus que estão sendo “convidados” a “aceitar a ajuda do
FMI”. De fato, mesmo depois da Crise de 2008, todas as iniciativas e pretensas “reformas”
do sistema dos bancos foram feitas com o único objetivo de enriquecer ainda mais os já
ricos às custas da pauperização das demais camadas da sociedade, o que vem
aumentando visivelmente nos últimos anos... Mas não era, depois da queda do Muro de
Berlim, o “Fim da História”, nas palavras do estúpido Francis Fukuyama, com o vencimento
do Capitalismo cujas “leis” de mercado trariam desenvolvimento e felicidade a todos? O
neoliberalismo e a globalização tem, isso sim, é comprometido cada vez mais a qualidade
de vida de bilhões de seres humanos e não humanos ao redor do mundo e transformado a
política em um jogo de sepulcros caiados para impressionar por fora, guardando todo o
tipo de podridão e interesses escusos, por dentro.