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FAMÍLIA PASSIFLORACEAE
ARARAS
2010
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AUGUSTO DE FREITAS ALVES
FAMÍLIA PASSIFLORACEAE
Monografia apresentada à disciplina de
Botânica Sistemática do Curso de
Engenharia Agronômica ministrado pela
Prof.ª. Drª Marineide Mendonça Aguillera da
Universidade Federal de São Carlos,
campus de Araras
ARARAS
2010
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RESUMO
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO....................................................................................................................05
2. DADOS DA FAMÍLIA.........................................................................................................07
3. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS..........................................................................10
4. PRINCIPAIS GÊNEROS E ESPÉCIES...............................................................................14
5. REFERÊNCIAS....................................................................................................................16
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1. INTRODUÇÃO
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Algumas características inserem as passifloras na lista de plantas ornamentais: flores
vistosas, coloridas ou exóticas, embora abram apenas uma vez e em um período do dia;
número abundante de flores; florescimento mais de uma vez ao ano e folhagem exuberante
(SOUZA E PEREIRA, 2003). As espécies desta família despertam interesse devido às
propriedades nutricionais e farmacológicas dos seus frutos, folhas e flores (ZUCARELLI, 2007).
O Brasil é o maior produtor e consumidor mundial de maracujá.
Portanto, o presente trabalho teve por objetivo analisar a família passifloraceae,
destacando as suas principais características morfológicas, seu habitat e importância econômica.
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2. DADOS DA FAMÍLIA
O gênero passiflora foi estabelecido por Lineu, em 1735. A primeira espécie descrita foi a
Passiflora incarnata L, em cujas flores os missionários espanhóis que vieram à América e
identificaram semelhanças com símbolo da crucificação de Cristo. (KILLIP 1938; CERVI 1997)
A família Passifloraceae é nativa dos trópicos e subtrópicos, estendendo-se até o norte da
Argentina, África do Sul, Austrália, Nova Zelândia, América do Norte e Ásia. Grande parte dos
gêneros tem distribuição restrita ao hemisfério ocidental (tribo Passifloreae) ou ao hemisfério
oriental (tribo Paropsieae). Na América do Sul ocorrem quatro gêneros: Mitostemma (três
espécies), Dilkea (seis espécies), Tetrastylis e Passiflora (Cervi 1986), sendo este último o maior
deles, com mais de 200 espécies (Semir & Brown 1975). A maioria dos gêneros ocidentais são
encontrados a leste dos Andes na América do Sul (Ancistrothyrsus e Dilkea - floresta amazônica;
Microstemma - sul das Guianas e SE do Brasil).
As espécies da família Passifloraceae são encontradas em diversos habitats que incluem
savanas, várzeas, florestas tropicais (terra firme) e beiras de estradas. A maioria das espécies é de
altitudes baixas e médias; algumas ocorrem nos Andes.
Por apresentarem características exóticas, as plantas do gênero Passiflora costumam ser
cultivadas em jardins botânicos, casas de vegetação e em jardins para comercialização
ornamental.
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nas farmacopeias ou aceitas oficialmente para uso medicinal, como Passiflora alata Curtis no
Brasil e Passiflora incarnata L. na América do Norte e na França.
Na literatura etnofarmacológica registra o uso das folhas, dos diversos maracujás, na
forma de chá, como calmante e suave indutor de sono.
A espécie Passiflora edulis foi selecionada para estudo por especialistas brasileiros para
ser cultivada em grande escala. Os resultados de ensaios farmacológicos pré-clínicos aplicados a
extratos das folhas , demostraram a existência de propriedades compatíveis com a indicação
popular, mas ainda não permitiram a sua validação como medicação sedativa. Estudos mais
antigos, sobre esta planta, citam o harmano-alcalóide também conhecido pelo nome de
passiflorina, como seu principio ativo. Outro constituinte cuja presença foi determinada por sua
análise fotoquímica é a cardiospermina, um glicosídeo cianogênico considerado inócuo quanto ao
efeito sedante, porém que se transforma em ácido cianídrico tóxico por hidrólise, o que torna
necessário a fervura demorada do chá para eliminá-lo e evitar super-dosagem e, o tratamento por
longos períodos.
Novos estudos feitos com outra espécie de Passiflora citam a crisina, um flavonóide ativo
com propriedades tranquilizantes e mio relaxante, semelhantes aos benzodiazepínicos, como seu
principio. Em outro estudo foram identificados novos flavonoides livres e glicosilados, inclusive a
isovitexina, cuja maior concentração ocorre antes do aparecimento das primeiras flores, mas sua
eficácia e segurança ainda requerem comprovação cientifica. Ainda que não comprovada
oficialmente suas propriedades medicinais, sua utilização na forma de chá contra nervosismo e
insônia, foi referendada pela comissão alemã de validação de plantas medicinais e continua sendo
feita com base na tradição popular em várias partes do mundo ocidental. (LORENZI e MATOS,
2008)
No Brasil são encontradas mais de 100 espécies nativas, das quais 60 espécies produzem
frutos que podem ser aproveitados direta ou indiretamente como alimento. Dentre as espécies
mais importantes da família Passifloraceae, destaca-se a espécie Passiflora edulis f. flavicarpa,
por possuir um grande valor agronômico. Cultivada para obtenção tanto de frutos para consumo
in natura quanto para a produção de suco.
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Os frutos de outras espécies são consumidos localmente, como produto de extrativismo:
P. alata (maracujá-doce), P. ligularis (maracujá-urucu), P. mollissima (maracujá-curuba), P.
quadrangularis (maracujá-melão).
No país é produzido anualmente quase 500.00 toneladas de maracujá, praticamente todo
consumido no mercado interno. Liderando assim a posição de maior produtor do mundo, sendo
que, juntamente com outros 10 países (Peru, Venezuela, Sri Lanka, África do Sul, Austrália, etc.),
produz 85% do maracujá colhido no globo.
No Brasil, a fruta é cultivada na maioria dos estados exceto pelo
Rio Grande do Sul, sendo a região Nordeste a maior produtora (44%), especialmente os estados
da Bahia (22%), Ceará e Sergipe.
As sementes, no maracujá, representam cerca de 6 A 12% do peso total do fruto e,
segundo Tocchini (1994), podem ser boas fontes de óleo, carboidratos, proteínas e minerais. A
Embrapa lidera um projeto para reverter o desperdício de matéria-prima em indústrias de
processamento de suco e polpa de maracujá. A iniciativa visa ainda reduzir o impacto ambiental,
já que 70% da massa do maracujá é constituída de casca e semente que são jogadas fora, e apenas
30% da fruta é utilizada para suco.
Algumas espécies da família Passifloraceae têm sido usadas como fonte de genes para
resistência a doenças e pragas. A obtenção de híbridos tem sido feita com o objetivo de aumentar
o valor ornamental, resistência a doenças, a baixas temperaturas e com características superiores.
2.3 ORNAMENTAL
Devido ao seu aspecto exótico e flores de cores vivas, o maracujazeiro assim como outras
passifloráceas são utilizadas como planta ornamental. Por ser uma trepadeira, é utilizada ainda
hoje para construção de cercas vivas e caramanchões.
A obtenção de híbridos é tornou-se uma prática frequente desde o século XIX, valorizada
como hobby em países de clima temperado, sobretudo na Europa. Há uma grande variabilidade
genética no gênero, de forma que a hibridização também é utilizada com o intuito de realizar o
melhoramento de plantas como cultivares, como por exemplo a Passiflora edulis.
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3. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS
3.2 CAULE
O caule na base é lenhosa, e menos lenhosa em direção do ápice da planta. No maracujá
amarelo é circular. Podendo ser quadrado (secção) em outras espécies como por exemplo o
passiflora alata, e passiflora quadrangulares.
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3.3 FOLHAS
Simples alternadas em espiral, lobadas ou digitadas pecioladas, com estípulas, sem
bainhas, com nectários peciolares ou nas bordas das lâminas; as gavinhas são flores modificadas.
Em algumas espécies, as folhas são arredondadas e em outras são profundamente partidas, com
bordos serrados. Na base as folhas apresentam brácteas foliáceas e as gavinhas, órgãos estes que
de fixam pelo contado.
3.4 FLORES
São hermafroditas, embora haja representantes dioicos, entomófilas, geralmente grandes,
em cimeiras, axilares e sésseis, normalmente com três brácteas, com hipanto, cálice e corola bem
distintos, pentâmeras, simetria radial, corola com uma "coroa" de estaminódios filamentosos,
escamosos ou anelares, opérculo membranoso, liso ou plicado, inteiro ou filamentoso, límen
geralmente presente, envolvendo a base do androginóforo, anel nectarífero em formato anular. A
coloração varia de espécie para espécie, bem como a fileira de filamento constituindo a corona,
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que varia de coloração de uma espécie para outra, e servem para atrair os insetos polinizadores.
Geralmente com cinco pétalas e cinco sépalas.
Os estames aparecem em número de cinco, presos a um androginóforo colunar, com 15 a
50 estaminódios (formando a coroa), anteras fixadas dorsalmente, versáteis e biloculares. As
anteras grandes mostram o grande número de grãos de pólen de cor amarelada e pesados. O que
dificulta a polinização pelo vento.
A parte feminina representada por três estigmas, que variam com relação a sua curvatura,
determinam a ocorrência de tipos de flores diferentes, com 3-5 carpelos sincárpicos, súpero,
partindo do androginóforo ou do ginóforo, ovários uniloculares com placentação parietal, com 7 a
100 óvulos.
Suas flores são auto - incompatíveis, ou seja, a polinização não pode ser feita pelo pólen
da mesma planta, Também são grandes, vistosas, de coloração que pode variar de branco-
esverdeada, alaranjada, vermelho ou arroxeada, de acordo com a espécie. Floresce de dezembro a
abril.
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3.5 FRUTOS
O fruto é uma baga globosa, ovoide ou oblongo, ou cápsulas loculicidas. Com casca
espessa de coloração verde, amarelada, alaranjada ou com manchas verde-claras, de acordo com
a espécie. Sementes pretas, envolvidas por um arilo de textura e endosperma oleoso e proteico de
coloração amarelada e translúcida, embrião reto, bem desenvolvido. Em média cada fruto contém
250 sementes ovais e achatadas com 5mm a 6 mm de comprimento e 3 a 4 mm de largura.
Frutifica durante o ano todo, menos intensamente de maio a agosto.
Fonte:http://www.iac.sp.gov.br/Centros/Fruticultura/FRUTIFERAS/Imagens/CaptaFrutasFrutifer
asMaracujaAmarelo.jpg
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4. PRINCIPAIS GÊNEROS E ESPÉCIES
A família Passifloraceae é composta por uma expressiva diversidade, com 18 gêneros
(Adenia, Ancistrothyrsus, Androsiphonia, Barteria, Basananthe, Crossostemma, Deidamia,
Dilkea, Efulensia, Hollrungia, Mitostemma, Paropsia, Paropsiopsis, Passiflora, Schlechterina,
Smeathmannia, Tetrapathaea, Tryphostemma, Viridivia) e 630 espécies, sendo o gênero
Passiflora o maior, constituído por 22 subgêneros e 485 espécies, das quais 150 a 200 espécies
são nativas do Brasil (Vanderplank, 2000).
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FIGURA 5: Flor de maracujá
Fonte: http://zoo.bio.ufpr.br/polinizadores/Textos/passiflora_genero.htm
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5. REFERÊNCIAS
IBGE, 2004. Produção agrícola municipal: culturas temporárias e permanentes 2003. Rio de
Janeiro.
JUDD WS, CAMPBELL CS, KELLOGG EA, STEVENS, PF. 1999. Plant systematics. A
phylogenetic approach. Sinauer Associates, Sunderland, Massachusetts, USA.
LORENZI, H. E.; MATOS, F.J. DE A. Plantas medicinais no Brasil/ Nativas e exóticas. Nova
Odessa: Instituto Plantarum. 2002. 409 p.
SOUZA, M.M.; PEREIRA, T.N.S. Passifloras como plantas ornamentais. In: Anais do
XIV Congresso Brasileiro de Floricultura e Plantas Ornamentais e I Congresso Brasileiro
de Cultura de Tecidos de Plantas. UFLA, p. 25, 2003.
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VANDERPLANK, J. Passion flowers. 3ª ed. Cambridge: The MIT Press, 2000. 224p.
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