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ORDEM DOS ADVOGADOS

CNEF / CNA
Comissão Nacional de Estágio e Formação / Comissão Nacional de Avaliação

PROVA ESCRITA NACIONAL DO


EXAME FINAL DE AVALIAÇÃO E
AGREGAÇÃO
(RNE)
ÁREAS OPCIONAIS
(3 valores)

19 de Janeiro de 2008
Das áreas seguintes deverá responder apenas a duas:

P.P. TRIBUTÁRIAS – 1,5 valores

António, citado nos autos de um processo de execução fiscal a correr termos no 20º
Serviço de Finanças do Porto, deduziu oposição (artº 203º e seguintes do Código de
Procedimento e Processo Tributário), por entender que a liquidação do imposto não
lhe foi notificada no prazo de caducidade.
O Representante da Fazenda Pública no Tribunal Administrativo e Fiscal do Porto
deduziu contestação, alegando, inter alia, que o oponente foi notificado da liquidação
do imposto dentro do prazo de caducidade, pois foi-lhe remetida dentro desse prazo
correspondência que não foi devolvida; que, caso tivesse sido devolvida a carta,
estaria a mesma arquivada no serviço de finanças da área da residência do oponente,
o que não sucede, conforme consta de informação escrita do Chefe desse Serviço de
Finanças, remetida a juízo juntamente com o processo (artº 208º, CPPT). Não foram
juntos documentos com a contestação da FP.
António, notificado da contestação, veio oferecer articulado de resposta, em que alega
que nunca recebeu qualquer carta nem qualquer aviso para levantar nos correios
qualquer carta registada; que só tomou conhecimento da liquidação do imposto com a
citação para a execução; termina requerendo que seja ordenada a junção aos autos
da prova da entrega ao oponente da notificação da liquidação do imposto.
O Juiz, considerando não ser admissível resposta à contestação, nos termos das
disposições conjugadas dos artigos 211º, 110º, 113º e 114º do CPPT, ordenou fosse
desentranhado o articulado e condenou António nas custas do incidente.
Comente esta decisão.

P.P. ADMINISTRATIVAS – 1,5 valores

Na manhã radiosa de 20-07-2007, uma árvore há muito seca do jardim público da Praça
da República - Porto caí. Desta queda resultam danos significativos no automóvel de
Manuel que determinam o seu envio para sucata (destruição quase total). O referido
automóvel estava estacionado em lugar pago, controlado por parquímetro de

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propriedade do Município do Porto. Do ocorrido não resultaram quaisquer danos, quer
em Manuel, que se ausentara, quer em terceiros.

Contactado por Manuel elabore a correspondente acção. (ficcione os elementos que


entender necessários dentro da descrição geral acima)

P.P. LABORAIS – 1,5 valores

Samuel, nascido em 20 de Dezembro de 1934, trabalhou, desde muito novo, para a


sociedade Martins & C.ª, L.da, e, em 30 de Setembro de 2007, quando já tinha mais
de 72 anos de idade, sem que tivesse passado à situação de reformado, a gerência da
sociedade, quando ele regressou de férias, prescindiu dos seus serviços, despedindo-
o, com efeitos imediatos, alegando que ele já não tinha idade para trabalhar e que o
seu contrato de trabalho se extinguira por caducidade.

Samuel procurou a(o) Colega para a(o) constituir Advogada(o), como


constituiu, a fim de exigir os seus direitos. Que acção instauraria e que direitos
invocaria?

P. INSOLVÊNCIA – 1,5 valores

A sociedade comercial por quotas, Banda Larga, Ldª, apresentou-se à


insolvência no Tribunal de Comércio de Vila Nova de Gaia, a qual foi declarada por
sentença do p.p. dia 1 de Agosto nos termos dos artºs 28º e 36º CIRE.
A requerente havia indicado na p.i. pessoa para ser nomeada administrador da
insolvência, constante da lista oficial e os seus cinco maiores credores, entre os quais
o Banco X, SA, que tem um crédito hipotecário sobre um imóvel propriedade da
requerente.
Responda:
1-O senhor juiz nomeou outra pessoa como administrador da insolvência
e o Banco X como vogal efectivo da Comissão de credores.

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Tal decisão afigura-se-lhe legal? Justifique. (0,5 valores)
2-Foi constituído mandatário com poderes especiais para representar o
Banco X, SA no processo. Em que órgãos da insolvência deve intervir e quais as
principais funções e competências desses órgãos. (1 valor)

CONTRATOS – 1,5 valores

No dia 23 de Junho de 2004, o Autor entregou ao Réu a quantia de 4.000,00€, através


de cheque n.º 6541623595, sacado sobre a Caixa Geral de Depósitos, agência de
Castelo de Paiva, cuja cópia consta de fls… dos autos.
Por escrito de 23.06.2004 - cuja cópia consta de fls. …- redigido numa “guia de
transporte” em papel timbrado da firma “Construções Pedro …, Lda.”, endereçado a
“Sr. Dr. Lopes …”, e assinado pelo Réu, consta a seguinte declaração: ”Declaro que
recebi como forma de empréstimo 4.000€ euros - quatro mil euros ”.
A quantia referida foi entregue sem estipulação de prazo de devolução.
O Autor enviou ao Réu uma carta com aviso de recepção, datada de 12.05.2005, onde
solicita a entrega da quantia de €4.000,00 supra referida no prazo de trinta dias.
O Réu recebeu essa carta em 13 de Maio de 2005.
O Réu, Pedro …, é sócio-gerente da sociedade denominada “ CONSTRUÇÕES
PEDRO …, LDA”.
O autor, Dr. Lopes…, pretende que o réu seja condenado a pagar-lhe a quantia de
€4.000,00 e juros de mora à taxa legal desde 13.06.2005.

Responda fundamentadamente às seguintes questões:


1- Qualifique o negócio jurídico enunciado. (0,75 valores)
2- Perante os factos provados acima expostos o pedido procede integralmente?
(0,75 valores).
As respostas deverão indicar as normas legais em que se fundam.

REGISTOS E NOTARIADO – 1,5 valores

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Felícia Galhardo, solteira, maior, sem descendentes, nem ascendentes, constituiu seu
único herdeiro, através de testamento, seu sobrinho António. A Felícia faleceu em 5 de
Outubro de 2001. Da sua herança, fazia parte o prédio composto por casa e quintal
sito na freguesia e concelho de Penedono. O prédio encontrava-se omisso na
Conservatória do Registo Predial. Munido de cópia certificada da habilitação de
herdeiros que incluía cópia do testamento, certidão do imposto sucessório, certidão
matricial do prédio e de requerimento no modelo próprio, com as declarações
complementares necessárias, pediu, o António, o registo do prédio na Conservatória
competente. Dias depois recebeu um despacho de recusa, por falta de escritura de
partilha, estribando tal decisão, o Sr. Conservador, no disposto na alínea b) do artigo
69º do Código de Registo Predial.
a) Tal despacho era legal?
b) Partindo do princípio de que não era, de que meios dispunha para reagir a
esse despacho?
c) E em que prazo?

DIREITO DAS SOCIEDADES – 1,5 valores

FERNANDO, sócio e único gerente da sociedade comercial por quotas


denominada AUTOMOTOR, LDA, procedeu à convocatória de assembleia geral
da sociedade para, em sessão ordinária, proceder à apreciação anual da
situação da sociedade, deliberando sobre o relatório de gestão, as contas do
exercício e demais documentos de prestação de contas, relativos ao exercício
de 2005.
As convocatórias aos demais sócios foram expedidas por meio de carta
registada no dia 16 de Março de 2006, sendo a data prevista para a assembleia o
dia 30 do mesmo mês.
No dia designado estiveram presentes todos os sócios, os quais manifestaram
unanimemente a vontade de que a assembleia se constituísse e deliberasse
sobre a ordem de trabalhos. Foram tomadas por maioria as deliberações de não
aprovação do relatório de gestão, das contas de exercício e documentos de
prestação de contas, com os votos contra de FERNANDO e de JÚLIO,
respectivamente titulares de quotas representativas de 10% e de 20% do capital

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social e de destituição, imediata, por justa causa, de FERNANDO como gerente,
também esta deliberação com o voto contra de ambos.
Terminada a assembleia geral, FERNANDO pretende instaurar uma acção para
anular a deliberação social que o destituiu de gerente, com fundamento em que
tal assunto não constava da convocatória e JÚLIO pretende também ele
impugnar ambas as deliberações tomadas, com fundamento em que a
convocatória não foi expedida com a antecedência mínima de 15 dias, a que se
refere o nº3 do artº 248º do CSC.

Terão fundamento as pretensões de FERNANDO e de JÚLIO?

Poderiam ambos ou qualquer deles exercer o direito de voto?

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