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Manual do Formando

UFCD 3536 – Velhice – Ciclo de vida e aspetos


sociais

Formadora
Guida Querido

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Objetivos gerais:

 Identificar os problemas que se colocam à pessoa idosa na atualidade.

 Descrever a velhice do ponto de vista físico, psicológico e social,


distinguindo-se das outras “2 idades de vida”.
 Identificar o quadro conceptual básico que permita caracterizar o
envelhecimento nos contextos sociais em que se irá desenvolver.
 Reconhecer e relacionar os diferentes aspetos sociais da velhice.

“ Não penso na velhice, tenho medo que a velhice pense em mim.”


Mia Couto

Índice
Parte 1 - Introdução

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Princípios Fundamentais ……………………………………………….
………………………………………………….…. pág. 4
Parte 2 - Desenvolvimento
1) Velhice – Ciclo Vital …………………………………………………………..
……………………………………………. pág. 9
 Velhice e tarefas do desenvolvimento psicológico
…………………………………………………… pág. 9
 Teorias sobre o envelhecimento psicossocial
………………………………………………..……….. pág. 10
- Teorias psicossociais de Eric Erickson, R. Peck e Buhler
………………………………………....… pág. 12
 Do jovem adulto à meia-idade
…………………………………………………………………….…..….… pág. 14
 A meia-idade e as tarefas evolutivas
…………………………………………………………………...… pág. 16
 Aspetos estruturais e funcionais da Velhice …..
…………………………………………………...… pág. 17
2) Velhice – Aspetos Sociais …………………………………………………………………….
…………………….. pág. 20
 A velhice e a sociedade ………………………………………………………………..…….
……………….….. pág. 20
- Velhice e envelhecimento: conceitos e análise
………………………………………………..……...…pág. 21
 Mitos da velhice / Atitudes, Mitos e Estereótipos …………………….………………….
…....... pág. 22
 Representações da morte ………………………………………..
………………………………….………….. pág. 27
 Problemas sociais da velhice
………………………………………………………………………………….. pág. 28
 A pessoa idosa no final do Séc XX
…………………………………………………………....………….. pág. 32
3) Velhice – Socialização e Papéis Sociais …………………………..
……………………………………….. pág. 34

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 Aspetos sociais da velhice ……………………………………….
…………………………………………….. pág. 34
- Socialização e papéis sociais
- Preparação para a velhice: os papéis para a transição
 O modo de vida das pessoas de idade ………………..……..….….
…………………………….….. pág. 37
- As condições de vida
- A satisfação de viver
Parte 3 - Conclusão
 Processo de envelhecimento / sensibilização à problemática da pessoa idosa /
Pessoa Idosa noutras
Civilizações………………………………………………………………………………………………
….…….... pág. 41
Bibliografia …………………………………………………………………..
……………………………………………….… pág. 45

PARTE 1
Introdução

Princípios Fundamentais

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A velhice é um conceito abstrato, uma categoria socialmente construída que,
como escreveu Simone de Beauvoir (1990) é o que serve para referir o período de
vida em que as pessoas ficam velhas‘. Essa forma de dizer denuncia um olhar
holístico que visa propiciar condições para uma mudança de perspetiva em torno
do fenómeno, sobretudo, porque as diferenças individuais coexistem com a velhice
o que contradita a tendência da sociedade moderna em homogeneizá-la num único
grupo etário normativamente iniciado aos 65 anos de idade.
No mundo contemporâneo, a velhice humana transformou-se numa questão
social e política, rompendo com o estatuto que manteve até ao final da primeira
metade do século XIX, em que era um assunto quase exclusivamente restrito à
esfera privada e familiar. O século XX, sobretudo a partir da década de 60,
institucionalizou o curso de vida (Featherstone e Hepworth, 1996), sustentando-se
na abordagem científica de gerontólogos e geriatras que apresentam as debilidades
físicas, psíquicas e sociais das ‗pessoas de idade‘ como problemas objetiváveis que
justificam a conceção de respostas sociais enquadradas em serviços especializados.
Desde o final do século XIX que o exponencial aumento demográfico, a maior
longevidade humana, as melhores condições de vida, a diversidade de estilos de
vida e a maior exigência no desempenho de cidadania, propõem e sedimentam
uma nova dinâmica social face à velhice, diferente da presenciada e vivida nos
períodos anteriores.
A recomposição demográfica que tem por base o aumento do índice de
envelhecimento, associada à maior qualidade de vida das ‗pessoas de idade‘
(nomeadamente com mais saúde), alterou as atitudes e os comportamentos face à
velhice e ao envelhecer. Foi neste segmento que se desenvolveu o Estado-
Providência e foi também, no final do século XX, que ele começou a fraquejar. À
velhice, como categoria populacional, é atribuída grande parte da responsabilidade
pela crise desse Estado de Bem-Estar. É nesse sentido que a velhice é um problema
social das sociedades modernas do início do século XX.

O envelhecimento demográfico em Portugal entre 1960 e 2001 caracterizou-


se por um decréscimo de 36% na população jovem (0-14 anos) e um aumento de
140% da população com 65 ou mais anos de idade. Dentro deste mesmo grupo
acentua-se o envelhecimento das pessoas com idade igual ou superior a 75 anos
que em 1960 era de 2,7% e passou em 2001 para 6,7% do total da população. A
população com idade igual ou superior a 85 anos aumentou de 0,4% para 1,5%

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entre 1960 e 2001. Os indivíduos com 100 anos eram cerca de um milhar com
maior longevidade nas mulheres. ―Assiste-se assim, ao fenómeno do
envelhecimento da própria população idosa‖ (INE, 2002: 11). A esperança média
de vida aumentou, no mesmo período, cerca de 11 anos para os homens e cerca de
13 para as mulheres. O declínio do índice de dependência de jovens, que desceu de
59 em 1960 para 48 em 2001, implicará o declínio da própria população em idade
activa nos próximos anos. As preocupações crescentes que o fenómeno de
envelhecimento revela levaram a que a Assembleia Geral das Nações Unidas
convoca-se a II Assembleia Mundial sobre o Envelhecimento, para 2002, no sentido
de se equacionar um plano internacional para o envelhecimento numa perspetiva
estratégica de longo prazo.
A tarefa sociológica de análise de um problema social é a de recensear os
espaços, os tempos e os contextos em que foram elaboradas as políticas que o
suportam, a que estão associadas as características profissionais dos especialistas
e as representações sociais construídas em torno da sua especialização.
Os primeiros discursos de carácter científico sobre a velhice vêm da medicina
e deram lugar à emergência das disciplinas de gerontologia e geriatria em
que predomina o modelo patológico. Também no domínio da política social as
pesquisas sobre a velhice têm incidido, essencialmente, na perspetiva do grupo
como problema social, encarado em função das suas possibilidades e direitos
providenciados. Assim, conjuntamente, a ciência médica e a política vieram a
categorizar as ‗pessoas de idade‘ como grupo dependente, separado e diferente do
resto da sociedade, ou seja, na perspetiva funcional do desvio. Neste contexto
social, os valores considerados na temática do envelhecimento, passam a derivar
de uma análise sobre a existência real que leva a pessoa a confrontar-se com a
ambiguidade entre a ideia de continuidade associada à vida e a ideia de rutura
associada à morte que surge como o culminar do processo de envelhecimento. Essa
dualidade tem influência na preponderância assumida pela dicotomia da relação
entre dependência e autonomia. A análise da velhice é, assim, orientada pela
premissa enviesada do princípio de que as ‗pessoas de idade‘ têm debilidades que
as tornam dependentes de terceiros. Anne-Marie Guillemard (1988) sublinha que o
Estado, quando dispõe de fraca margem de autonomia e manobra perante a ordem
das relações sociais, inflete o curso da sua acção a favor das forças sociais que têm
a dominância na sociedade.

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O sistema de proteção social foi definido como universal e a
redistribuição de benefícios concretizada na prestação de serviços burocráticos
despersonalizados. Esses benefícios são ‖benevolentemente repressivos‖ e
concebidos para dar resposta à crescente atomização da vida social (Santos,
1999b). A relação estabelecida passa a ser entre os detentores de direitos e os
agentes socialmente mandatados para classificar as pessoas nas categorias
jurídicas que lhes correspondem. Como diz Sara Arber e Jay Ginn (1991), as pessoas
de idade são vistas como um grupo de pessoas parasitas do Estado. Como
forma extrema desta imagem sucedeu a relação de desequilíbrio entre
trabalhadores e pensionistas em que os primeiros são vistos como os únicos que
produzem rendimento e pagam impostos para sustentar as reformas dos
pensionistas. Querer atribuir uma identidade às pessoas que a sociedade moderna
categoriza como velhas é violentar a sua inserção social, construída, reconstruída
e protagonizada em trajetórias individuais. As pessoas de idade devem ser
olhadas pela sua diversidade. Estamos perante o que Ruano-Borbalan (1998)
designa por ―o paradoxo da identidade -, simultaneamente, idêntico e distinto.
Analisar a velhice das pessoas enquanto objeto de estudo implica perceber a
sua conceção e como ela se constituiu em problema social. A definição de problema
social envolve quatro dimensões associadas a um trabalho de reconhecimento,
legitimação, pressão e expressão (Lenoir, 1998). Ao problema social estão
inerentes, também, formas de pressão protagonizadas e legitimadas por
grupos de interesses que se assumem como representantes das pessoas que
comungam um mesmo problema.

Envelhecimento / Distintas Áreas

Geriatria é a especialidade médica que trata de doença de idoso ou de


doentes idosos, mas também se preocupa em prolongar a vida com saúde. Ao longo
da vida a capacidade funcional vai reduzindo e na terceira idade é importante
manter a independência e prevenir incapacidades, assim garantindo uma boa
qualidade de vida. O processo natural do envelhecimento associado as doenças
crônicas e a hábitos de vida inadequados são os responsáveis pela
limitação do idoso. Nesta fase é importante focar sempre na prevenção, pois
até o idoso aparentemente saudável requer cuidados.

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Objetivos da Geriatria:

 Manter a saúde em idades avançadas.


 Manter a funcionalidade.
 Prevenir doenças.
 Detetar e tratar precocemente as doenças.
 Manter o máximo grau de independência do idoso.
Prevenção de doenças nos idosos:

 Corrigir os hábitos que agridem a saúde (alimentação não saudável, inatividade


física, obesidades, etc...)
 Adequar o ambiente doméstico, diminuindo assim o risco de acidentes como
quedas e suas consequências.
 Estimular a prática de atividades físicas aeróbias para aumento de resistência,
força e flexibilidade.
 Equilibrar o estado emocional, ampliando a rede de apoio e suporte ao idoso.

Gerontologia

Antes de mais nada, é preciso esclarecer que esta especialidade não está
ligada somente à área da saúde, pelo contrário, está aberta a todas as áreas.
O profissional desta área está apto a contribuir para que o envelhecimento seja
um processo saudável, bem-sucedido, assistido e cuidado. Inclusive
orientando a família e a sociedade sobre como lidar com o seu idoso, fazendo
intervenções e combatendo preconceitos.

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PARTE 2
Desenvolvimento

1) Velhice – Ciclo Vital

Velhice e tarefas do desenvolvimento psicológico

Havighurst (1953), um dos mais notáveis psicólogos do desenvolvimento


humano, insatisfeito com os modelos e teorias do desenvolvimento prevalentes nos
anos quarentas e cinquentas do século XX, realizou só ou em colaboração com
autores de países diversos uma série de pesquisas sobre o que denominou o
ciclo de vida. O ciclo de vida começa com a conceção e termina com a morte. Ele
considerava que as propostas de desenvolvimento então vigentes ou eram
predominantemente alicerçadas nas mudanças biológicas ou se centravam em
aspetos psicológicos específicos (cognitivos, emocionais, sexuais e morais), não
enfocando, com base em pesquisas sólidas, o desenvolvimento humano como um
todo. Além disso, para os modelos dominantes a tendência era considerar que o
desenvolvimento praticamente se completava na adolescência (às vezes antes dos
quinze anos) ou começo da juventude.
Entende-se por tarefas de desenvolvimento aquelas que a pessoa deve
cumprir para garantir seu desenvolvimento e seu ajustamento psicológico e social.

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São tarefas com as quais a pessoa satisfaz ―suas necessidades pessoais de
evolução e para garantir o próprio desenvolvimento e manutenção de padrões
sociais e culturais específicos‖ (Melo, 1981, p.21). Mais, além de garantir a
formação e a atuação do cidadão, devem dar base de sustentação para o progresso
(pessoal e social) e bem-estar humano.
Pfromm Netto (1976) considera que as tarefas de desenvolvimento são como
―lições‖ que a pessoa deve aprender ao longo de sua existência para se
desenvolver satisfatoriamente e ter êxito na vida. As tarefas não são estanques em
cada etapa embora algumas sejam preferencialmente típicas dessa ou daquela
fase. Em cada fase todas se relacionam entre si e o prejuízo ou défice em uma
tarefa pode comprometer outras no mesmo período ou em período futuro.

- Teorias do Envelhecimento Psicossocial

Algumas teorias psicossociais tentam explicar o processo do envelhecimento.


e o impacto social desse novo perfil populacional e a relação recíproca do impacto
desta sociedade no idoso pertencente a ela.
São elas:

 Eric Erickson – Teoria do Desenvolvimento

Erikson propõe uma conceção de desenvolvimento em oito estágios


psicossociais, perspetivados por sua vez em oito idades que decorrem desde o
nascimento até à morte, pertencendo as quatro primeiras ao período de bebê e de
infância, e as três últimas aos anos adultos e à velhice, cada estágio é atravessado
por uma crise psicossocial entre uma vertente positiva e uma negativa.
Erikson dá especial importância ao período da adolescência, devido ao fato
ser a transição entre a infância e a idade adulta, em que se verificam
acontecimentos relevantes para a personalidade adulta.
Na Teoria Psicossocial do Desenvolvimento, este desenvolvimento evolui em
oito estágios. Os primeiros quatro estágios decorrem no período de bebê e da
infância, e os últimos três durante a idade adulta e a velhice.
Cada estágio contribui para a formação da personalidade total (princípio
epigenético), sendo por isso todos importantes mesmo depois de se os atravessar.

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O núcleo de cada estágio é uma crise básica, que existe não só durante aquele
estágio específico, nesse será mais proeminente, mas também nos posteriores a
nível de consequências, tendo raízes prévias nos anteriores.
A formação da identidade inicia-se nos primeiros quatro estágios, e o senso
desta negociado na adolescência evolui e influencia os últimos três estágios.
Erikson perspetivava o desenvolvimento tendo em conta aspetos de cunho
biológico, individual e social.
A teoria psicossocial em análise enfatizava o conceito de identidade, a qual
se forma no 5º estágio, e o de crise que sem possuir um sentido dramático está
presente em todas as idades, sendo a forma como é resolvida determinante
para resolver na vida futura os conflitos.
Esquema de Desenvolvimento de Eric Erickson

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Teorias psicossociais de Eric Erickson, R. Peck e Buhler
 Peck – Teoria do Desenvolvimento

Este autor acrescentou dimensões interessantes ao trabalho de


Erickson. No período da meia-idade, as tarefas que ele indicou foram:
 Aprender a valorizar a sabedoria ao invés dos poderes físicos;
 Aprender uma sociabilidade menos sexualizada;
 Desenvolver a capacidade de transferir investimentos
emocionais de uma pessoa para a outra, ou de uma atividade
para a outra;
 Manter a flexibilidade psicológica ao invés de desenvolver uma
rigidez mental.

 Buhler – Teoria do Desenvolvimento


Buhler propôs que as pessoas desenvolvem através de sua vida útil, e
que o desenvolvimento idade (amadurecimento) é muito mais significativo
do que psicologicamente "idade mental" ou "quociente de inteligência",

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Segundo ela, essencialmente saudável que as pessoas enfrentam
desafios de forma contínua ao longo da vida. Eles tentam integrar quatro
tendências básicas, que incluem:

 Precisa de uma satisfação (por amor, sexo, ego e


reconhecimento),
 Fazendo auto-limitante adaptações (por encaixar, pertencer, e
permanecendo seguro),
 Movendo em direção a expansão criativa (através da auto-
expressão e realizações criativas),
 Defender e restaurar a ordem interna (por ser fiel à própria
consciência e valores).

Estabelece, então, a diferença entre as vidas baseadas apenas na


Vitalidade e na Mentalidade.

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 Do jovem adulto à meia-idade

O início da idade adulta varia de um indivíduo para o outro e uma


passagem adequada para essa fase depende da resolução satisfatória das
crises da infância e da adolescência. É um período de grandes mudanças, no
qual a pessoa adquire total maturidade e apresenta o máximo em seu
potencial para a satisfação pessoal. A pessoa deve ser capaz de mudar
sempre para atender às exigências das situações.

Jovem Adulto (de 20 a 40 anos) - PRINCIPAIS


DESENVOLVIMENTOS

 Saúde física atinge o máximo, depois cai ligeiramente.  Habilidades


cognitivas assumem maior complexidade.  Decisões sobre relacionamentos
íntimos são tomadas.  A maioria das pessoas se casa; a maioria tem filhos.
 Escolhas profissionais são feitas.

Meia- idade (de 40 a 65 anos) - PRINCIPAIS


DESENVOLVIMENTOS

 Ocorre certa deterioração da saúde física, e declínio da resistência e


perícia.
 Mulheres entram na menopausa.
 Sabedoria e capacidade de resolução de problemas práticos são
acentuadas; capacidade de resolver novos problemas declina.
 Senso de identidade continua a se desenvolver.
 Dupla responsabilidade de cuidar dos filhos e pais idosos pode causar
stress.
 Partida dos filhos tipicamente deixa o ninho vazio.

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 Para alguns, sucesso na carreira e ganhos atingem o máximo; para outros
ocorre um esgotamento profissional.
 Busca do sentido da vida assume importância fundamental.
 Para alguns, pode ocorrer a crise da meia-idade.

Terceira idade (de 65 anos em diante) - PRINCIPAIS


DESENVOLVIMENTOS

 A maioria das pessoas é saudável e ativa, embora a saúde e a capacidade


física declinem um pouco.
 Retardamento do tempo de reação afeta muitos aspetos do
funcionamento.
 A maioria das pessoas é mentalmente ativa. Embora a inteligência e a
memória possam se deteriorar em algumas áreas, a maioria das pessoas
encontra modos de compensação.
 Aposentadoria pode criar mais tempo para o lazer mas pode diminuir as
rendas.
 As pessoas precisam enfrentar perdas em muitas áreas (perdas de suas
próprias faculdades, perda de afetos) e a iminência de sua própria morte.

Casamento e seus ajustamentos: o relacionamento conjugal está


associado à saúde e à qualidade de vida, principalmente nos anos de
maturidade e velhice, embora o facto de um casamento durar não
significa necessariamente que o mesmo é satisfatório para
os conjugues.

Carreira profissional e seus ajustamentos: há um declínio após os 65


anos de idade, pois envolve as tarefas de desaceleração, planeamento
para a reforma e a criação de um novo modo de vida na condição de
reformado.

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Família e seus ajustamentos: na sociedade contemporânea,
desconsiderando, os casos verdadeiros de negligência, considera-
se que a família tem poucas condições de dar conta da situação
complexa da velhice, pelos seguintes motivos;
 O seu tamanho diminui consideravelmente e, assim, as
suas funções/capacidade também;
 O grande número de filhos e netos servia de garantia e
amparo aos mais velhos no futuro;
 Parte da responsabilidade pelo idoso foi transferida ao Estado;
 Os avanços tecnológicos a nível da medicina (saúde), levou a
que somente pudesse ser operada em locais próprios e por
especialistas e não em ambiente familiar.

 A meia-idade e as tarefas evolutivas

A meia-idade é uma fase do ciclo vital que se estende,


aproximadamente, dos 40 aos 60 anos. A princípio, a meia-idade é um
período caracterizado por um movimento interno da pessoa para resumir e
reavaliar a própria vida. Mesmo que esses movimentos não conduzam a
qualquer mudança efetiva. Essa auto-avaliação não se refere apenas à busca
por metas, mas também às satisfações interiores. Considerações em torno
do que a pessoa conseguiu, e se essas conquistas estão de acordo com os
sonhos e as ideias anteriormente alimentadas tornam-se, então, ponto
principal nessa etapa da vida.
As décadas que constituem a meia-idade podem vir a confirmar, ou
não, os progressos profissionais, a estabilização das relações afetivas de
modo geral e especialmente a conjugal. Similarmente, o indivíduo é levado
a fazer considerações a respeito das conquistas impetradas na esfera cívica
e socioeconômica da vida.
Por tudo isso é que pode-se dizer que é a:
 Aceitação do corpo que envelhece;
 Aceitação da limitação do tempo e da morte pessoal;

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 Manutenção da intimidade;
 Reavaliação dos relacionamentos;
 Relacionamentos com os filhos: deixar ir, atingir igualdade, integrar
novos membros;
 Relação com seus pais: inversão de papéis, morte e individuação;
 Exercício do poder e posição: trabalho e papel de instrutor;
 Preparação para a velhice.

 Aspetos estruturais e funcionais da Velhice

As teorias que abrangem o desenvolvimento adulto pressupõem que


há regularidades no ciclo da vida, onde se processam mudanças e que se
tratam de adaptações cumulativas a eventos biológicos, psicológicos e
sociais (ERBOLATO, 2001). Porém, sabemos que as pessoas não envelhecem
todas da mesma maneira. A par dos fatores genéticos que determinam
muito do processo, há que realçar que não é igual envelhecer no feminino ou
no masculino, sozinho ou no seio da família, casado, solteiro, viúvo ou
divorciado, com filhos ou sem filhos, no meio urbano ou no meio rural, na
faixa do mar ou na intelectualidade das profissões culturais, no seu país
de origem ou no estrangeiro, ativo ou inativo (Ministério da Saúde, 1998).
O envelhecimento diferencial envolve preferencialmente os órgãos
efectores e resulta de processos intrínsecos que se manifestam a nível dos
órgãos, tecidos e células:

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 Assim, a pele envelhece mais rapidamente que o fígado.
 As complicações vasculares afetaram o sistema cardíaco
principalmente.
 A arteriosclerose acumulada por má alimentação, pelo stress e
contaminação bacteriana, poderá ocorrer mais cedo ou mais tarde, de
acordo com hábitos prevalecentes e resistência orgânica.

Seja qual for o mecanismo e o tempo de envelhecimento celular, este


não atinge simultaneamente todas as células e, consequentemente, todos os
tecidos, órgãos e sistemas.
Cada sistema tem o seu tempo de envelhecimento, mas sem a
interferência dos fatores ambientais há alterações que se dão mais cedo e se
tornam mais evidentes quando o organismo é agredido pela doença. Diz
Ermida (1999), que a "diminuição de função renal em cerca de 50% aos 80
anos - condiciona a farmacoterapia dos idosos", "as alterações orgânicas
a nível das mucosas digestivas, são determinante frequente de problemas
nutricionais"; "as alterações a nível de arquitetura dos ossos, a dismetabolia
cálcica, propiciam fraturas frequentes"; a "diminuição da água intracelular
(perda de 10 a 15% aos 80 anos) torna o idoso extremamente sensível aos
desequilíbrios hidra eletrolíticos"; e o "aumento da massa gorda favorece a
obesidade com todo o seu cortejo de consequências".
A nível do sistema nervoso, existe fundamentalmente perda
de neurónios substituídos por tecido glial, a diminuição do débito sanguíneo,
com consequente diminuição da extração da glicose e do transporte do
oxigénio e a diminuição de neuromodeladores que condicionam processos
mentais, alterações da memória, da atenção, da concentração, da
inteligência e pensamento. Para além de tudo isto, temos ainda a considerar
as diminuições orgânicas e funcionais, que originam significativas alterações
na forma e na composição corporal com o decorrer dos anos.
Talvez as condições mais relevantes a ter em consideração para a
sobrevivência do idoso e para a sua qualidade de vida sejam, no entanto, a

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diminuição da sua reserva fisiológica e a consequente dificuldade na
reposição do seu equilíbrio homeostático quando alterado. As modificações
fisiológicas que se produzem no decurso do envelhecimento resultam de
interações complexas entre os vários fatores intrínsecos e extrínsecos e
manifestam-se através de mudanças estruturais e funcionais que se
encontram sintetizadas no quadro 1.

2) Velhice – Aspetos Sociais

 A velhice e a sociedade
Em muitas culturas e civilizações, a velhice é vista com respeito e
veneração: representa a experiência, o valioso saber acumulado ao longo

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dos anos, a prudência e a reflexão. A sociedade urbana moderna
transformou essa condição, pois a actividade e o ritmo acelerado da vida
marginalizam aqueles que não os acompanham. Velhice é o último
período da evolução natural da vida. Implica um conjunto de situações --
biológicas e fisiológicas, mas também psicológicas, sociais, económicas e
políticas -- que compõem o quotidiano das pessoas que vivem nessa fase.

Não há uma idade universalmente aceite como o limiar da velhice.

As opiniões divergem de acordo com a classe socioeconómica e o nível


cultural, e mesmo entre os estudiosos não há consenso. Para efeitos
estatísticos e administrativos, a idade em que se chega à velhice costuma
ser fixada em 65 anos em diversos países, após o que se encerra a fase
economicamente ativa da pessoa, com a reforma. Atualmente, nas nações
mais desenvolvidas, esse limite não parece absolutamente adequado do
ponto de vista biológico, pelo que a Organização Mundial da Saúde (OMS)
elevou-o para 75 anos.
Para compreender tal transformação, é preciso ter em conta o
aumento progressivo da longevidade -- e, portanto, da expectativa de vida --
que se produziu nas últimas décadas do século XX, facto sem precedentes
na história. O fenómeno se deve aos avanços na área de saúde pública e da
medicina em geral, e à melhoria das condições de vida em seus mais
variados aspetos. Por isso, é cada vez maior o número de pessoas que
ultrapassam a idade de 67 anos de idade e, mais que isso, que atingem
essas idades em boas condições físicas e mentais.

 Velhice e envelhecimento: conceitos e análise

Desde o nascimento a vida desenvolve-se de tal forma que a idade


cronológica passa a definir-se pelo tempo que avança. E o tempo fica
definido como uma sinonímia para uma eternidade quantificada, ou seja,
uma cota. Desta forma, o homem e o tempo influenciam-se mutuamente,

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produzindo profundas mudanças nas subjetividades e diferentes
representações que lhe permitem lidar com a questão temporal (Goldfarb,
1998).
As limitações corporais e a consciência da temporalidade passam a ser
problemáticas fundamentais no processo do envelhecimento humano, e
aparecem de forma reiterada no discurso dos idosos, embora possam
adquirir diferentes mudanças e intensidades dependendo da sua situação
social e da própria estrutura psíquica (Goldfarb, 1998). Corpo e tempo
entrecruzam-se no devir do envelhecimento, e como consequência disso,
nascerão as diversas velhices e suas consequentes múltiplas
representações. Entretanto, se cada pessoa tem a sua velhice singular, as
velhices passam a ser incontáveis e a definição do próprio termo torna-se
um impasse.

Afinal, uma pessoa é tão velha, tendo como referencial


algum tipo de declínio orgânico, ou são as maneiras pelas
quais as outras pessoas passam a encará- las que as confinam
num reduto denominado Terceira Idade? E quando uma pessoa
se torna velha?
Há uma idade ou um intervalo específico para a Terceira
Idade?

Não é preciso ir muito longe para constatar que o que se percebe,


então, é a impossibilidade de se estabelecer uma definição ampla e
aceitável em relação ao envelhecimento (Veras, 1994).
Percebe-se atualmente que os nossos referenciais sobre a terceira
idade e tudo o que se supunha saber é insuficiente para definir o que se
atualmente concebe como terceira idade/envelhecimento/velhice.
A característica principal da velhice é o declínio, geralmente físico, que
leva as alterações sociais e psicológicas. Os teóricos classificam tal declínio
de duas maneiras: a senescência e a senilidade.

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 A senescência é um fenómeno fisiológico e universal,
arbitrariamente identificada pela idade cronológica, pode ser
considerada um envelhecimento sadio, onde o declínio físico e
mental é lento, e compensado, de certa forma, pelo organismo
(Pikunas, 1979).
 A senilidade caracteriza-se pelo declínio físico associado
à desorganização mental (Pikunas, 1979). Curiosamente, a
senilidade não é exclusiva da idade avançada, mas pode ocorrer
prematuramente, pois, identifica-se com uma perda considerável
do funcionamento físico e cognitivo, observável pelas alterações
na coordenação motora, a alta irritabilidade, além de uma
considerável perda de memória.

 Atitudes, Mitos e Estereótipos ligados à Velhice

Tópicos, ditos, frases feitas,


etiquetas verbais ou adjetivações a
respeito de pessoas e grupos, são
alusões que frequentemente
encontramos, quer nas conversas
diárias da rua, quer nos meios de
comunicação social. O mundo social e humano, dificilmente se nos
apresenta, em sua crua realidade objetiva e objectual, sem possuir
adjetivações (frequentemente estereotipadas), porque o estereótipo é
precisamente uma perceção extremamente simplificada e geralmente com
ausência de matrizes. Na medida em que o conhecimento humano não é
capaz de ser sempre complexo, flexível e crítico podemos dizer que
tendemos a cair no estereótipo (Castro, et al, 1999).
Os estereótipos mais estudados atualmente são os que se referem a
grupos étnicos, no entanto existem estereótipos em todos os domínios da
vida social: relativos a ambos os sexos, às ocupações, ao ciclo vital, à

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família, à classe social, ao estado civil, aos desvios sociais e a qualquer
campo da vida que desejamos diferenciar.
Estudos recentes sobre o sócio-cognitivismo, reafirmam o papel crucial
dos estereótipos na perceção de outros seres humanos, havendo mesmo
quem defenda (Bondehausen y Wyer, 1973) que as pessoas utilizam
prioritariamente os estereótipos para interpretar a informação complexa
sobre indivíduos e grupos, buscando outras interpretações apenas, quando
os estereótipos não oferecem explicações suficientes.
O estereótipo é uma representação social sobre os traços típicos de um
grupo, categoria ou classe social (Ayesteran e Pãez, 1987) e caracteriza-se
por ser um modelo lógico para resolver uma contradição da vida quotidiana,
e serve sobretudo para dominar o real. No entanto, também contribui para o
não reconhecimento da unicidade do indivíduo, a não reciprocidade, a não
duplicidade, o despotismo em determinadas situações.
A literatura científica sobre os estereótipos é prolixa, pelo facto de se
tratar de um conceito multi-unívoco – construtor categorial, generalizador,
estável e definidor de um grupo social. Contudo, existem múltiplos
defensores dos quais destacamos Walter.
Lippmann (cit. por Castro et al, 1999) que entende os estereótipos
como pré-concepções rígidas, mais ou menos falsas e irracionais.
Socialmente, e no caso dos idosos, a valorização dos estereótipos
projeta sobre a velhice uma representação social gerontofóbica e contribui
para a imagem que estes têm se si próprios, bem como das condições e
circunstâncias que envolvem a velhice, pela perturbação que causam uma
vez que negam o processo de desenvolvimento.
O ―Ancianismo como conceito gerontológico, define-se como o
―processo de estereotipia e de discriminação sistemática, contra as pessoas
porque são velhas (Staab e Hodges, 1998).
Este problema surge, quando o fenómeno de envelhecer é considerado
prejudicial, de menor utilidade ou associado à incapacidade funcional.
A rejeição e rotulagem de um grupo, em particular de indivíduos,
desenvolvesse porque as características individuais com traços negativos,

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são atribuídos a todos os indivíduos desse grupo. Assim a palavra – velhote –
descreve os sentimentos ou preconceitos resultantes de micro-concepções e
dos ―mitos acerca dos idosos. Os preconceitos envolvem geralmente
crenças, de que o envelhecimento torna as pessoas senis, inativas, fracas e
inúteis (Nogueira, 1996).
No mundo civilizado de hoje, a velhice é tida como uma doença
incurável, como um declínio inevitável, que está votado ao fracasso. Esta
postura social atingiu tal dimensão, que Louise Berger (1995) chega mesmo
a afirmar, que abundam hoje ―ideias feitas e preconceitos relativamente à
velhice. Os ―velhos de hoje, os gastos, os enrugados cometeram a asneira
de envelhecer numa cultura que deifica a juventude.
De facto, as atitudes negativas face aos idosos existem em todos os
níveis sociais: intervenientes, beneficiários, governantes etc. Assim, perante
esta diversidade de conceitos, somos levados a questionar o que se entende
por mitos, estereótipos, crenças e atitudes?
No sentido de clarificar e uniformizar estas questões e baseados nos
pressupostos teóricos defendidos por Berger, 1995; Santos, 1995; Nogueira,
1996 e Dinis, 1997; Castro et al, 1999, passaremos a apresentar as
seguintes conceptualizações.
Atitude, é um conjunto de juízos que se desenvolvem a partir das
nossas experiências e da informação que possuímos das pessoas ou grupos.
Pode ser favorável ou desfavorável, e embora não seja uma intenção pode
influenciar comportamentos.
Crença, é um conjunto de informações sobre um assunto ou pessoas,
determinante das nossas intenções e comportamentos, formando-se a partir
das informações que recebemos. Por exemplo: a ideia de que todos os idosos
são sensatos e dóceis e nunca se zangam.
Estereótipo, é uma imagem mental muito simplificada de
alguma categoria de pessoas, instituições ou acontecimentos que é
partilhada, nas suas características essenciais por um grande número de
pessoas (Castro, 1999); dito de outra forma é um chavão, uma opinião feita,
uma fórmula banal desprovida de qualquer originalidade, ou seja é uma

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―generalização e simplificação de crenças acerca de um grupo de pessoas
ou de objetos, podendo ser de natureza positiva ou negativa.
O estereótipo positivo, é aquele em que se atribuem características
positivas a todos os objetos ou pessoas de uma categoria particular, por
exemplo, todos os idosos são prudentes.
Contrariamente, um estereótipo negativo, atribui características
negativas a todos os objetos ou pessoas de uma determinada categoria, de
que é exemplo ―todos os idosos são senis.
Um estudo realizado na Université de Montreal por Champagne e
Frennet (cit. por DINIS, 1997), permitiu identificar catorze estereótipos como
os mais frequentes relativos aos idosos e que passamos a descrever:
* Os idosos não são sociáveis e não gostam de se reunir;
* Divertem-se e gostam de rir;
* Temem o futuro;
* Gostam de jogar às cartas e outros jogos;
* Gostam de conversar e contar as suas recordações;
* Gostam do apoio dos filhos;
* São pessoas doentes que tomam muita medicação;
* Fazem raciocínios senis;
* Não se preocupam com a sua aparência;
* São muito religiosos e praticantes;
* São muito sensíveis e inseguros;
* Não se interessam pela sexualidade;
* São frágeis para fazer exercício físico;
* São na grande maioria pobres.

A análise destes resultados permite-nos observar que a maioria destes


estereótipos está ligada não a características específicas do envelhecimento,
mas sim a traços da personalidade e a fatores socioeconómicos. E, se por
um lado, a formação de estereótipos simplifica a realidade, por outro, hiper-
simplificam-na, levando muitas vezes a uma ignorância acerca das
características, minimizando as diferenças individuais entre os membros de

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um determinado grupo. É disso, exemplo, o estereótipo de que ―todos os
idosos são solitários. Este, não tem em consideração os idosos que têm uma
vida social ativa. Ainda com base neste estereótipo, os idosos ativos
socialmente, são considerados, muitas vezes, como tendo um
comportamento social atípico, pelo que se enquadram numa exceção.
De facto, o mito é ―uma construção do espírito que não se baseia na
realidade‖ e por isso constitui uma representação simbólica. Pode ser
também um conjunto de expressões feitas ou eufemismos, que mantemos
relativamente aos idosos, por exemplo: ―ela tem um ar jovem para a
idade‖, ―idade de ouro‖, etc…
Numa análise mais profunda percebemos que os mitos escondem
muitas vezes uma certa hostilidade e quando utilizados em excesso,
impedem o estabelecimento de contactos verdadeiros com os idosos.
O que importa realçar neste estudo acerca dos ―mitos e
dos estereótipos é o facto de estes estarem muitas vezes ligados ao
desconhecimento do processo de envelhecimento, e poderem influenciar a
forma como os indivíduos interagem com a pessoa idosa.
Por outro lado são causa de enorme perturbação nos idosos, uma vez
que negam o seu processo de crescimento e os impedem de reconhecer as
suas potencialidades, de procurar soluções precisas para os seus problemas
e de encontrar medidas adequadas.
O termo ―terceira idade‖ por exemplo, é um rótulo socioeconómico
que permite muitas vezes que o Homem entre nela pela porta da
psicopatologia, que é a ciência que se ocupa da relação perturbada
(Gyll, 1998). Estas imagens mentais simplificadas e estereotipadas sobre os
idosos são usadas e compartilhadas atualmente em todos os níveis e grupos
sociais.
Esta visão global e generalizada, que caracteriza os estereótipos
gerontológicos pouco críticos e frequentemente carentes de objetividade,
distorce a realidade. Investigações diversas sobre esta temática têm
demonstrado que a distorção causada pelos estereótipos ―cegam
os indivíduos, impedindo-os de se precaverem das diferenças que existem

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entre os vários membros, não lhe reconhecendo deste modo qualquer
virtude, objeto ou qualidade.
Nesta perspetiva os estereótipos tornam-se inevitavelmente elementos
impeditivos na procura de soluções precisas e de medidas adequadas,
tornando-os urgente o combate a estas representações sociais
gerontofóbicas e de carácter discriminatório, levando os cidadãos a adotar
medidas e comportamentos adequado face aos idosos.

 Representações da Morte

A velhice é uma etapa da evolução humana. Nascer, crescer,


desenvolver e morrer são processos naturais que fazem parte do ser
humano. Entretanto, há outros fatores que contribuem para a compreensão
do homem e de sua existência.
A complexidade da existência humana pode ser vista por diversas
vertentes, por diversos olhares e saberes. É comum que algumas ciências,
mantenham uma visão de homem dicotomizada, uma visão que se afunila
apenas naquela característica específica sem perceber o indivíduo como um
todo, como um ser integral, um ser que é sim biológico, mas também é um
ser psicológico, é um ser social.
A velhice, na história, sempre ocupou dois papéis antagónicos, ou
representações sociais: ou referia-se à imagem do fim, da morte, do mal e
da perda, ou da sabedoria, do conhecimento e do respeito. No entanto, trata-
se de um facto natural da vida, tão certo quanto o fim, ao qual todos
estamos ―destinados. Se, como dizem os matemáticos, a soma dos fatores
não altera o resultado do produto, assim também a meia-idade e a velhice,
vividas por cada indivíduo, com sua singularidade, são a premissa do fim que
se aproxima e que é inevitável a todos – a morte.

“Esse estado primordial de desamparo desempenha um papel decisivo


na estruturação do psiquismo, que se constitui fundamentalmente na
relação com o Outro, ou seja, o ser humano só sobrevive porque o Outro o

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deseja. Essa é a origem da necessidade de ser amado e cuidado, perpetuada
no ser humano até sua morte”.

Envelhecer por si só já é um processo que implica em perdas que


tornam o ser idoso estigmatizado em total dependência e velada
incompetência de decidir suas próprias coisas. O amparo e olhar para esses
idosos se tornam essenciais. A velhice traz consigo, então, a perspetiva de
morte.

 Problemas Socais da Velhice

O envelhecimento demográfico das populações é um fenómeno


irreversível das nossas sociedades modernas. Os impactes que se têm vindo
a fazer sentir, entre os quais sobressai a sustentabilidade financeira dos
sistemas de reformas, interferem nos equilíbrios individuais e coletivos,
relativos às idades da vida e ao ciclo de vida ternário. Velhos e reformados
são agora duas categorias sociais, dois conceitos que tendem a demarcar-se.
A velhice surge então associada às dificuldades decorrentes da aquisição
gradual de incapacidades. A família, as solidariedades intergeracionais e as
políticas sociais debatem-se com este desafio, procurando encontrar as
melhores soluções e as respostas mais adequadas à diversidade dos
problemas.
Nos dias que correm é impreterível refletir, de modo mais insistente,
sobre os impactes do envelhecimento demográfico das populações e sobre
as profundas mudanças que, simultaneamente, têm vindo a ocorrer nas
sociedades industriais modernas, como é a nossa. Estas têm sido de tal
forma rápidas e, em muitos casos, inesperadas, que necessitamos de
permanente pesquisa e discussão. O debate — profícua fonte de
inspiração — é, neste caso, essencial, na medida em que estudiosos e
políticos se confrontam, muitas vezes, com diferentes modos de explicação
do mundo. Os primeiros procuram interpretar os factos a partir de causas
gerais sem nunca se misturarem com os assuntos em questão. Os segundos,

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que vivem por entre o descosido dos factos jornalísticos e a parcialidade dos
acontecimentos em que estão envolvidos, tendem, geralmente, a reduzir a
explicação global à singularidade da parcela do conhecimento que detêm. A
definição de políticas de velhice, a partir de uma formulação mais rigorosa e
objetiva dos problemas do envelhecimento e da análise exaustiva da
diversidade de realidades sociais, poderá proporcionar as correções
necessárias para que as futuras gerações de idosos possam vir a viver
melhor do que as que as antecederam.
O problema social que representa a velhice nas sociedades modernas é
um exemplo paradigmático da forma como certas perspectivas, científicas e
não científicas, podem contribuir para o deformar através da difusão de
ideias e representações já construídas do que é a velhice. As "pessoas
idosas" — enquanto estereótipo socialmente produzido e facilmente
reconhecível — enquadram uma categoria de indivíduos, cujas propriedades,
relativamente homogéneas, são normalmente identificadas com isolamento,
solidão, doença, pobreza e mesmo exclusão social. Nesta perspectiva
comum, as pessoas idosas são consideradas como indivíduos isolados,
permanecendo oculta a dimensão familiar da identidade, da existência. A
lógica repousa na percepção da pessoa idosa enquanto agente de ação
social apartado dos laços sociais inerentes à instituição familiar a que
pertence e no quadro das relações tradicionais de amizade e de
vizinhança. Esta avaliação, que decorre da posição que os agentes sociais
ocupam relativamente às situações problemáticas — porque existem
situações problemáticas de isolamento, solidão, doença e carências
afectivas e materiais —, impõe-se com maior visibilidade social e, desse
modo, adquire as condições para se apresentar como propriedade comum e
dominante da categoria dos indivíduos denominados idosos.

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Um tal processo representou uma verdadeira revolução demográfica com
efeitos no equilíbrio proporcional dos grupos etários. A tendência, que se tem
manifestado de forma crescente, é para um desequilíbrio considerável entre
as gerações, ou seja, o aumento dos mais velhos é relativamente empolado
pela redução dos mais novos, contribuindo, desse modo, para o
agravamento do desequilíbrio intergeracional.
Ao longo deste século fomos passando de um sistema demográfico
tradicional para um sistema demográfico moderno, período ao longo do qual
a mortalidade desceu a níveis nunca antes registados e o declínio
da fecundidade ultrapassa já os cenários mais pessimistas das projeções
demográficas. O excessivo declínio da fecundidade, que ocorre em alguns
países europeus — os países de sul da Europa, Alemanha e Áustria —, é
preocupante em relação ao equilíbrio futuro das gerações. Há casos, como o
da população italiana e espanhola, onde a fecundidade desceu para,
aproximadamente, uma criança por mulher, ou seja, metade do necessário à
renovação das gerações. A redução crescente dos nascimentos equivale à
redução das proporções de jovens, enquanto o aumento relativo dos
restantes grupos etários irá, a médio prazo, afetar de novo o equilíbrio
intergeracional pela correspondente redução dos jovens adultos e dos
adultos ativos. Este segundo impacte do declínio da fecundidade, ao
contrário do primeiro, que proporcionou a redução dos encargos públicos
com a educação, interfere diretamente nos fluxos das quotizações da
população que contribui para o sistema. São mais inativos a receber e
menos ativos a quotizar-se, estes tendo que contribuir com uma parcela
maior dos seus rendimentos para garantir o funcionamento do sistema.
Estamos perante transformações estruturais que, quando associadas
às mudanças de comportamento face à nupcialidade e à família, conduzem a
configurações familiares bem distintas das que encontramos no passado. As
trajetórias de vida mais longas e as perturbações das idades da vida afetam
não só as consciências individuais como o modo como os indivíduos se
relacionam na teia das relações estritas do seio familiar. As idades e os ciclos

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de vida sofrem perturbações que põem em causa o nosso conhecimento
construído e a forma como ele interfere nas estratégias individuais e
coletivas face à velhice e ao envelhecimento. No cenário de envelhecimento
futuro, é importante que as instâncias produtoras de políticas sociais se
preparem para as transformações que começaram a ter lugar. Os apoios de
tipo social que têm marcado as políticas na maior parte dos países em que
foram implementadas, como os centros de dia e os apoios domiciliários,
poderão deixar de ser a orientação essencial das políticas nas futuras
gerações de idosos. A velhice dependente vai ser o grande desafio já no
início do milénio. Em contrapartida, as próximas gerações virão mais bem
munidas para responder às dificuldades materiais e culturais, com maior
sentido de autonomia e uma mais poderosa consciência de cidadania,
promotora de maior capacidade de resolução dos problemas individuais e
mesmo coletivos.
As políticas sociais vão ainda deparar-se com as dificuldades de gestão
social do não trabalho, transferindo para outras áreas alguns dos problemas
que eram atribuídos apenas aos idosos.

 A pessoa idosa no final do Século XX

Foi sobretudo a partir da segunda metade do século XX que emergiu


um novo fenómeno nas sociedades desenvolvidas − o
envelhecimento demográfico, ou seja, o aumento significativo do número de
pessoas idosas. Com isto, surgiu a necessidade, a nível internacional, de
caracterizar o fenómeno, de repensar o papel e o valor da pessoa idosa, os
seus direitos e as responsabilidades do Estado e da sociedade para com este
grupo específico da população.
Como disse Kofi Anam (2002): ―A expansão do envelhecer não é um
problema. É sim uma das maiores conquistas da humanidade. O que é
necessário é traçarem-se políticas ajustadas para envelhecer são, autónomo,
activo e plenamente integrado. A não se fazerem reformas radicais, teremos
em mãos uma bomba relógio a explodir em qualquer altura.

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No final do século XX e início do século XXI a sociedade mundial
depara- se com uma configuração sócio-etária: o envelhecimento
populacional. A ONU estipulou de 1975 – 2025 como a Era do
Envelhecimento (50 anos). A velhice tem sempre acompanhado a
humanidade como uma etapa inevitável de decadência e declinação. A
palavra velhice é carregada de significados como inquietude, fragilidade,
angústia. O envelhecimento é um processo que está rodeado de muitas
conceções falsas, temores, crenças e mitos. A imagem que se tem da velhice
mediante diversas fontes históricas, varia de cultura em cultura, de tempo
em tempo e de lugar em lugar. Esta imagem reafirma que não existe uma
conceção única ou definitiva da velhice mas sim conceções incertas, opostas
e variadas através da história.
O pensamento científico que caracterizou os séculos XVI e XVII
introduziu novas formas de pensar que enfatizavam a observação,
experimentação e verificação, podendo-se então, descobrir as causas da
velhice mediante um estudo sintomático. Ainda assim prevalecia a
ambivalência em relação à velhice.
Durante os séculos XVII e XVIII foram feitos muitos avanços no campo
da fisiologia, anatomia, patologia. As transformações que ocorreram na
Europa nos séculos XVIII e XIX reflectiram em uma mudança na população
anciã. O número de pessoas em idade avançada aumentou e os avanços da
ciência permitiram descartar vários mitos acerca da velhice. Contudo, a
situação dos velhos não melhorou. O surgimento da Revolução Industrial e
do urbanismo foram derradeiros para os anciões que, sem poder trabalhar,
foram reduzidos à miséria.
No final do século XIX os avanços da medicina propiciaram a divisão de
velhice e enfermidade e nos finais do Século XX surgem a Gerontologia e a
Geriatria como disciplinas formais. O que se percebe são ciclos que ocorrem
ao longo da história. Períodos em que os idosos são valorizados são seguidos
por crises entre jovens e velhos e posterior desvalorização do ancião. Hoje,
para uma parcela economicamente activa da população idosa, existe um

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movimento de valorização, pois esta população está impulsionando
mercados como o de turismo e serviços para a terceira idade.
Os meios de comunicação, da forma como estão hoje inseridos em
nossa vida, também têm um papel importante na construção desta terceira
idade. A televisão e o cinema, particularmente, possuem um grande
potencial para influenciar nos conceitos acerca da velhice. As parcelas da
população mais influenciáveis são as crianças e jovens. Estes meios
funcionam como um espelho da sociedade e contribuem para estabelecer ou
validar modelos de comportamento. Porém o número de pessoas idosas que
aparecem nos programas ou filmes não corresponde a realidade encontrada
na sociedade. Neste caso a mensagem que pode estar sendo passada é de
que o velho não é importante. Os estereótipos negativos também são muito
explorados.
No início da década de 90 ocorreu uma leve mudança na visão
negativa da velhice em programas e filmes como e o surgimento de idosos
como mercado consumidor pode ainda alterar mais este quadro. A imagem
passada pelos meios de comunicação afeta também a auto-estima dos
idosos. A validação social é crucial para o desenvolvimento de todas as
pessoas e os anciões não são diferentes. É, então, necessária uma
consciencialização da importância desses meios na constituição da velhice.
Assim podemos começar a mudar a visão que nossa sociedade possui do
que é ser velho hoje em dia.

3) Velhice – Socialização e Papéis Sociais

 Aspetos sociais da velhice

O novo perfil do idoso, acrescido a um número cada vez maior


de cidadãos da terceira idade, forçosamente implica numa atenção mais
dedicada a esta categoria; seja por parte do governo, ou da sociedade, como
um todo. Esse novo perfil, do idoso com vida ativa, social, financeira, política

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e até amorosa, necessariamente altera as relações familiares e profissionais.
Essa nova atitude diante da vida e da sociedade implica também em
alterações das políticas económicas, sociais e de saúde, para oferecer uma
vida digna, a esta categoria emergente, que já deu sua contribuição ao longo
de toda a vida.
Apesar do evidente crescimento da população idosa, e das
transformações sociais dele decorrentes, a discussão sobre o
envelhecimento se dá num contexto em que a diversidade de conceitos para
explicar quem é o idoso e como se caracteriza o processo de envelhecer,
ainda está longe de diminuir.
É possível afirmar que o envelhecimento não é igual para todos, e,
para além da idade, depende das condições objetivas de vida em fases
anteriores do ciclo vital, do acesso aos bens e serviços, bem como da
cobertura da rede de proteção e atendimento social. Os estudos sobre a
velhice e o processo de envelhecimento abarcam as diversas possibilidades
de pensar o lugar social ocupado pelo idoso na realidade mundial. A velhice
tem sido tratada como um mal necessário, da qual a humanidade não tem
como escapar. Por esse princípio, o idoso também é tratado como um mal
necessário, como alguém que já cumpriu sua. função social: já trabalhou,
já cuidou da família, já contribuiu para educação dos filhos, restando a
eles, somente, esperar pela finitude da vida. O que se observa é que, com o
avanço das pesquisas na área da saúde, e o acesso da população idosa aos
diversos serviços, a população, de um modo geral, chega aos 60 anos com
possibilidade de viver mais (e com qualidade de vida) do que vivia há 20
anos atrás. Veras (2003, p.8) adverte que ―muito antes do que se imagina,
teremos indivíduos se aposentando perto dos 60 anos de idade e iniciando
um novo ciclo de vida que perdurará por mais de 30 ou 40 anos‖.
A velhice apresenta múltiplas faces, e não pode ser analisada
desvinculada dos aspetos socioeconómicos e culturais, pois as suas
características extrapolam as evidentes alterações físicas e fisiológicas
individuais.

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A população idosa constitui-se como um grupo bastante diferenciado,
entre si e em relação aos demais grupos etários, tanto do ponto de vista das
condições sociais, quanto dos aspetos demográficos e epidemiológicos.
Qualquer que seja o enfoque escolhido para estudar este grupo
populacional, são bastante expressivos os diferenciais por género, idade,
renda, situação conjugal, educação, atividade económica, etc.‖ (VERAS,
2003, p. 8-9).
O envelhecimento populacional pressiona a sociedade a repensar a
fase final da vida, a entender o lugar social ocupado pelo idoso, como um
sujeito que tem direitos e deveres enquanto cidadão. A inclusão social é
temática, bastante ampla e complexa. Relaciona-se à questão da proteção
social e do lugar social ocupado pela população em nosso país. Destaca-se
que vivemos numa sociedade onde os direitos sociais são identificados como
favor, como tutela, como um benefício e não prerrogativa para o
estabelecimento de uma vida social digna e de qualidade.
Mesmo estabelecidos em lei, a direção dada pelos responsáveis pela
garantia dos direitos nem sempre é direcionada para sua efetivação. O
caminho da inclusão social corre em paralelo à discussão do direito e da
proteção social.
Por proteção social entende-se por um conjunto de ações que visam
prevenir riscos, reduzir impactos que podem causar malefícios à vida
das pessoas e, consequentemente, à vida em sociedade. A exclusão social
ocorre quando num determinado grupo da sociedade é de alguma forma
excluído dos seus direitos, ou ainda, tem seu acesso negado por ausência de
informação, por estar fora do mercado de trabalho, entre outras coisas. A
inclusão, portanto, significa fazer parte, se sentir pertencente, ser
compreendido em sua condição da vida e humanidade. É sentir-se
pertencente como pessoa humana, singular e ao mesmo tempo coletiva.
Inclusão e proteção social estão intrinsecamente relacionadas aos
direitos sociais. Os direitos estabelecidos no Estatuto do Idoso que indicam e
fortalecem a inclusão social do idoso são:

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 1º Direito à vida: viver com dignidade, com acesso aos bens e
serviços socialmente produzidos;
 2º Direito à informação: ter conhecimento, trocar ideias,
perguntar, questionar, compreender. A informação caminha por dois níveis
que se complementam: o primeiro refere-se à vida quotidiana e o segundo
refere-se à garantia dos direitos – como funcionam os serviços prestados por
meio da política social, como funciona a rede de atendimento social, a
gestão pública, como o poder público emprega o dinheiro na área do
envelhecimento.
 3º Direito à vida familiar, à convivência social e comunitária:
receber apoio e apoiar a família, preservar laços e vínculos familiares, trocar
experiência de vida; receber suporte social, psicológico e emocional.
 4º Direito ao respeito: às diferenças, às limitações, ao modo
de entender o mundo, ao modo de viver neste mundo.
 5º Direito à preservação da autonomia: ter preservada
a capacidade de realizar algumas tarefas sozinho ou com auxílio; ter
preservada a privacidade; ter preservada a capacidade de realizar as
atividades de vida diária e de vida prática.
 6º Direito de cessar serviços que garantam condições
de vida: acesso aos serviços de saúde, educação, moradia, lazer, entre
outros.
 7º Direito de participar, opinar e decidir sobre sua
própria vida: conhecer e participar de atividades recreativas e de
convivência.

A gestão da velhice – que segundo Debert (1999, p. 13-14) por muito


tempo foi considerada como específica da esfera privada e familiar, da
previdência individual, ou de associações filantrópicas –, vem transformando-
se numa questão pública, expressa na legislação específica para os idosos,
que expressa (e ao mesmo tempo influencia) o surgimento de uma nova
categoria cultural: ―os idosos, como um conjunto autónomo e coerente que

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impõe outro recorte à geografia social, autorizando a colocação em prática
de modos específicos de gestão.

 O modo de vida das pessoas de idade

Envelhecer com saúde, autonomia e independência, o mais tempo


possível, constitui assim, hoje, um desafio à responsabilidade individual e
coletiva, com tradução significativa no desenvolvimento económico dos
países.
Coloca-se, pois, a questão de pensar o envelhecimento ao longo da
vida, numa atitude mais preventiva e promotora da saúde e da autonomia,
de que a prática de atividade física moderada e regular, uma alimentação
saudável, o não fumar, o consumo moderado de álcool, a promoção dos
fatores de segurança e a manutenção da participação social são aspetos
indissociáveis.
Do mesmo modo, importa reduzir as incapacidades, numa atitude
de recuperação global precoce e adequada às necessidades individuais e
familiares, envolvendo a comunidade, numa responsabilidade partilhada,
potenciadora dos recursos existentes e dinamizadora de ações cada vez
mais próximas dos cidadãos.
Existe um mito de que a velhice seja uma etapa de restrições,
privações e sofrimentos, o que é uma inverdade, pois os idosos podem gozar
de bem-estar e saúde até o final da vida, tudo vai depender da forma como
viveram e como cuidaram de si mesmos ao longo dela. As doenças podem
surgir em qualquer fase da vida, o que ocorre nesta fase são algumas
limitações que, se bem administradas, não impedem que o idoso tenha uma
vida plena, saudável e feliz.

A chegada na terceira idade traz consigo muitas perdas e


mudanças!

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Com a Reforma ocorre a perda do trabalho, algo ao qual o idoso se
dedicou boa parte da sua vida; além disso, em muitos casos, também existe
a diminuição do poder aquisitivo o que gera mudanças no padrão de vida,
nem sempre muito bem aceites; é comum nesta fase a perda de amigos e
parentes, o que leva o idoso a refletir sobre a chegada da sua própria morte;
surgem também as limitações físicas próprias da idade tais como
dificuldades percetivas, sensoriais e de memória, além da lentidão dos
movimentos, da diminuição da força muscular e da coordenação motora;
nesta fase da vida a própria sociedade, assim como a família, tendem a
segregar o idoso, vendo-o como uma pessoa improdutiva e sem valor. Estes
fatores podem levar o idoso a um quadro de apatia, de inatividade, de
desinteresse e desânimo em geral.
É comum, nesta fase da vida, o aparecimento da depressão, o
problema mais comum na terceira idade. Surge em função do idoso não
saber lidar ou encarar de forma positiva estas mudanças que fazem parte da
sua vida. A depressão significa, em última instância, sentir-se sem saída
diante de um determinado conflito, problema ou situação, o que pode gerar
muito sofrimento e dor. Pessoas com baixa auto-estima, que sempre vêem a
si mesmas e o mundo com pessimismo, que são facilmente sobrecarregadas
pelo stress, que não aceitam envelhecer e que não encaram a diminuição da
vitalidade como algo inerente à idade são propensas a apresentar
depressão.
Perdas e mudanças fazem parte da vida, a morte vem para todos e
chegar à terceira idade é um fator que pode ser encarado tanto de forma
positiva como negativa! Ao invés de encarar a realidade como ruim,
assustadora ou com sofrimento, pode-se pensar no que fazer para mudá-la
ou, na impossibilidade da mudança, de que forma encarar e aceitar esta
realidade sem sofrimento, aceitando-as como um desafio, um fator de
aprendizagem de convivência, de respeito e de aceitação das próprias
limitações.
Aceitar o envelhecimento com naturalidade é o caminho certo,
procurando conviver bem com as limitações e valorizando aquilo que faz

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parte exclusiva dos idosos: a larga experiência de toda uma vida que
jamais poderia ser deixada de lado e que deveria ser muito bem
aproveitada pelos jovens e pela sociedade de um modo geral.
Chegar à terceira idade não significa apenas o final da jornada de anos
de trabalho e de missão cumprida em relação à criação dos filhos, mas a
entrada em um novo estilo de vida, algo que pode ser muito bom porque
permite a realização de desejos não satisfeitos ao longo da vida seja por
causa do tempo despendido no trabalho, seja porque haviam outros
interesses à frente.
É a fase da vida em que os idosos podem realmente se dar ao "luxo"
de exercerem atividades que lhes tragam apenas prazer, alegria e
satisfação, sem a cobrança de um desempenho (como no trabalho) ou sem a
responsabilidade de educar ou de exercer um bom papel (é hora de serem
simplesmente eles mesmos, serem avós e não mais pais zelosos com a
educação, sem precisar mais ―dar o exemplo).
Em geral, o idoso mora ou isolado ou com o seu cuidados informal.
Estes, por si só, por causa das suas próprias obrigações/atividades, não
costumam dar a atenção necessária, muitas vezes não dispondo do seu
tempo para ouvir o idoso, o que o leva a sentir-se num plano secundário:
essa falta de atenção da família pode levar o idoso à diminuição de sua auto
estima e até à depressão, quando ele não tem atividades sociais que
compensem esta falta de atenção familiar: por isso é importante que o idoso
tenha outras atividades extra-familiares que lhe tragam prazer, mantendo ou
criando novas amizades e contactos.
É importante que a atividade cerebral do idoso continue a ser
estimulada com leituras ou com quaisquer atividades que possam prender a
sua atenção e, principalmente, manter o contacto com pessoas queridas a
maior parte do tempo. O ser humano é um ser social e o idoso precisa
conversar e, principalmente, ser ouvido! Pedir-lhe, simplesmente, que relate
as suas experiências passadas, que conte histórias da família, que fale sobre
aquilo que gosta de falar são maneiras de estimulá-lo e, mais do que isso,
são atividades que lhe trazem muito prazer.

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Os idosos adoram se sentir úteis e ficam felizes em poder ajudar ou
satisfazer um desejo/necessidade de um parente ou conhecido! Eles jamais
devem ser tratados como pessoas inválidas, são pessoas que possuem mais
limitações inerentes à idade! Portanto, deve-se delegar a eles apenas tarefas
que possam ser executadas sem sacrifícios (como cozinhar, se eles
gostarem, bordar, fazer um determinado conserto, etc...). A família e os
amigos jamais devem dar a perceber que se sentem incomodados com a
presença do idoso ou que não tem vontade de ajudá-lo, de ouvi-lo, pelo
contrário, devem agir no sentido de permitir, na medida do possível, a
manutenção da autonomia, da independência e da dignidade do idoso. Como
já foi dito, o ser humano é um ser social: o lazer, a distração, a conversa, o
bem-estar e as atividades em grupo são fundamentais para todos,
independentemente da idade.

PARTE 3
Conclusão

 Processo de envelhecimento / sensibilização à


problemática da pessoa idosa / Pessoa Idosa noutras
Civilizações

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A longevidade é, sem dúvida, um triunfo. Há, no entanto, importantes
diferenças entre os países desenvolvidos e os países em desenvolvimento.
Enquanto, nos primeiros, o envelhecimento ocorreu associado às melhorias
nas condições gerais de vida, nos outros, esse processo acontece de forma
rápida, sem tempo para uma reorganização social e da área de saúde
adequada para atender às novas demandas emergentes. Para o ano de
2050, a expectativa em Portugal, bem como em todo o mundo, é de que
existirão mais idosos que crianças abaixo de 15 anos, fenómeno esse nunca
antes observado.
Muitas pessoas idosas são acometidas por doenças crónicas não
transmissíveis (DANT) - estados permanentes ou de longa permanência - que
requerem acompanhamento constante, pois, em razão da sua natureza, não
têm cura. Essas condições crónicas tendem a manifestar-se de forma
expressiva na idade mais avançada. Podem gerar um processo
incapacitante, afetando a funcionalidade das pessoas idosas, ou seja,
dificultando ou impedindo o desempenho das suas atividades quotidianas de
forma independente. Ainda que não sejam fatais, essas condições
geralmente tendem a comprometer de forma significativa a qualidade de
vida dos idosos.
O idoso tem sido encarado de formas diferentes ao longo dos tempos e
nas diversas culturas. Por exemplo nas sociedades Orientais é-lhe atribuído
um papel de dirigente pela experiência e sabedoria. Nas sociedades
Ocidentais, apesar de ter sido considerado, até há algum tempo atrás, como
um elemento fundamental na sociedade, pelos seus conhecimentos e
valores para as populações mais jovens, actualmente tem uma imagem e
um papel social quase insignificante, sendo a diminuição das suas
capacidades, num contexto de produtividade, um dos factores mais
referenciados. Por outro lado, o idoso, por usufruir de reformas e pensões
muito baixas, viver muitas vezes em habitações degradadas e ter grandes
despesas com a saúde, fica numa posição social muito vulnerável à
precariedade económica. O idoso é ainda vulnerável à exclusão social, pela
condição de reformado, sem relação com o trabalho e com os colegas, pela

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dificuldade de comunicação com as gerações mais jovens, pelo isolamento
em relação à família, pela perda de autonomia física e funcional e ainda
pelas dificuldades da adaptação às novas tecnologias (Sílvia, 2001).
De facto, para além da privação de meios a que naturalmente os
idosos estão votados, existem tecnologias recentes que ampliam as
dificuldades de acesso aos direitos sociais básicos.
Este quadro agrava-se para alguns idosos ainda mais, pelo facto de
terem que partilhar o seu já reduzido rendimento com familiares a seu cargo
(netos, filhos toxicodependentes, etc…).
Devido à insuficiência de medidas de política social, capazes de
garantir condições económicas mínimas a quem fez a sua vida profissional
numa época em que não se realizavam contratos, nem descontos para a
segurança social, configura-se-lhes um quadro de vida em que a pobreza é o
culminar ―inevitável‖ de uma trajetória social cuja precariedade impediu a
acumulação de todo e qualquer tipo de recurso.
Face à panóplia de questões caracterizadoras do idoso na sociedade
atual, surge o debate em torno do envelhecimento e das respostas sociais de
apoio às pessoas idosas.
Assim, em 1999 consagrou-se o Ano Internacional do Idoso, iniciativa
concretizada pelas Nações Unidas, na sequência da Assembleia Mundial
sobre o envelhecimento de 1982. Esta iniciativa passou então a constituir
um marco fundamental para avaliação das políticas implementadas no
âmbito do envelhecimento da população, bem como das relações de
desenvolvimento/envelhecimento.
Segundo Pimentel (2001), a pressão que o envelhecimento
populacional causa nos sistemas de Segurança Social pode ter custos sociais
elevados, decorrentes da forma como o sistema é financiado. A técnica que
é utilizada para este fim, segundo Rosa (1993), baseia-se numa conversão
automática das contribuições dos indivíduos ativos em pensões, implicando
que haja um equilíbrio entre as quotizações e as prestações. No entanto,
este sistema segundo a mesma autora, tende a originar um mal-estar social
e conduz a um conflito entre gerações com consequências graves para a

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sociedade, uma vez que são as gerações mais novas que contribuem para o
financiamento das pensões de velhice, aumentando deste modo as despesas
sociais. Comunga da mesma opinião Roussel (1990), ao referir que, apesar
de os idosos constituírem um grupo social com algum poder e capaz de
exercer pressão política e económica, as outras gerações, sobretudo em
épocas de crise, podem não entender os benefícios dos idosos e
considerá-los excessivos. Posição diferente apresenta Cabrillo & Cachafeiro
(1992), ao referirem que a questão fundamental não se centra na
distribuição das despesas públicas, mas sim na integração social dos
idosos, que podem e devem desempenhar uma função ativa na vida social,
não constituindo, assim, uma carga para as gerações mais jovens.

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Parte 2 – Des

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