Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Desconfio
NOCTIVAGO
Vaga lume
Quando tem insônia
Vai tecer
Colóquios com o abajur.
IRRELATIVO
Saudade:
Imensa distância entre
Dois pontos
SORRISO
Quando ela ri
Sua boca
Mais parece um pelotão
De paramédicos
NA PRAÇA SARAIVA
A moça fitou-me,
Olhar abandonado.
Qual a praça.
INAFETIVIDADE
E o mundo girando, rodando girando
Sem que as roldanas se dessem por conta
De que as engrenagens estavam com parafusos soltos.
BURACO NEGRO
Meu saldo em conta corrente
Resume-se em algumas estrelas cadentes,
Um punhado de andorinhas no céu
E um satélite pálido mancar de uma perna
LAVRAR
Meu amor!
No começo tudo são flores
Só depois é que veem
Os girassóis
SERENANDO
Parabéns pelas mães que das flores não herdam o seu murchar.
Aquelas que, em obediência, honra e louvor, semeiam e espalham vida
Na terra do Senhor.
Benditos sejam-lhes vossos dias...
SOL E ABRAÇOS
ATELIER
Tomei do arco-íris
Um pouco do amarelo
Para cerzir
O buraco negro no meu sol.
Na estrada
À s vezes colhemos
Alguma paisagem desfocada do pincel.
Se sonhamos, logo vem o real.
Quando é noite
Muito raramente ouve-se
Um tímido grilo remendando um acorde.
Guache
Em criança
Fiz corações de papéis
Sem saber
Que os corações também
Também perdem a cor
NO SHOPPING
Coração de vidro
Sem coração
Cuidado!
É frágil
O perdão é um rio que corre dentro da cidade, fertilizando a casa, o mundo.
É árvore que deita sombra e espalha frutos.
O perdão rejuvenesce a alma, aquece o corpo.
É a força de Cristo no barco, a certeza do porto.
É bálsamo para feridas, música para a vida, cor para a alegria.
Perdoar é esquecer águas passadas
E não represar no peito um rio
Perdoar é lavrar com Água Viva o cais, é lavar a casa.
Maio,
Mês da família.
- Somos da mesma árvore, conversando a gente se entende.
SENTIMENTAL
Sabe meu amor, aquela rosa que te entreguei, AGORINHA MESMO SOUBE QUE morta
estava desde que foi ceifada do jardim em que morava. Enganei-me eu, enganou-me o
florista, iludido estava o florista, ingênuo era o jardineiro. Perdoa-me meu amor, pois a
ti entreguei algo morto para expressar um muito tão vivo, um latente tão largo em
meu peito. Vai, me perdoa, e se puder póe a desamparada em um abrigo com água,
um pouco de sombra, não muito sol, quem sabe, por misericórdia divina, não lhes
volte à face os janeiros.
Orlando Cantuário.