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PAZ

Desconfio

Que na roda gigante


O mundo espera irrequieto
O algodão doce que nunca vem.

NOCTIVAGO

Vaga lume
Quando tem insônia
Vai tecer
Colóquios com o abajur.

IRRELATIVO

Saudade:
Imensa distância entre
Dois pontos

SORRISO

Quando ela ri
Sua boca
Mais parece um pelotão
De paramédicos

NA PRAÇA SARAIVA

A moça fitou-me,
Olhar abandonado.
Qual a praça.

SERESTA ANTES DO SONHO.


Eram os vaga lumes que no sonho brilhavam.
Quando em vez, era que
Víamos
Aqui
Ou acolá.
Alumiar-se de algum abajur
Perdido no pesadelo da lamparina.

INAFETIVIDADE
E o mundo girando, rodando girando
Sem que as roldanas se dessem por conta
De que as engrenagens estavam com parafusos soltos.

UTÓPICO, DEMASIADAMENTE UTÓPICO DE MAIS.


Á s vezes penso que para mover o mundo
É Só pedalar as ruas que moram os vizinhos.

BURACO NEGRO
Meu saldo em conta corrente
Resume-se em algumas estrelas cadentes,
Um punhado de andorinhas no céu
E um satélite pálido mancar de uma perna

LAVRAR
Meu amor!
No começo tudo são flores
Só depois é que veem
Os girassóis

SERENANDO

Num final de tarde qualquer


Corre calmamente,
Gota por gota
Sobre as ruas de um guarda-chuva
O pranto daquele anjo
Que me julgo ser.

Parabéns pelas mães que das flores não herdam o seu murchar.
Aquelas que, em obediência, honra e louvor, semeiam e espalham vida
Na terra do Senhor.
Benditos sejam-lhes vossos dias...

ESTAÇÕES (PROCURAR IMAGEM DE NAMORADOS)

O nosso amor é do tamanho do tempo


Do tempo presente
Do tempo que foi
Do tempo que sonhamos
No tempo que Deus quer.

O nosso amor é da lagura do abraço


Que envolve o mundo.
Bendito seja o mundo.
TTERNURA

Construindo nossas horas


O coração alinhava sonhos,
Os abraços colorindo o tempo.
Meus anseios,
Teus desejos.
Nossos projetos
- Plano largo de Deus.
E sabemos:
Que debaixo do sol,
Sob a saia da lua,
Nosso amor
vaidade não é.

SOL E ABRAÇOS

Meu amor o sol abre suas folhas


Na a varanda de cada abraço nosso
Nossas vidas
Como um jardim de árvores e rosas
Na coreografia para cada dia
Nossas mãos na vida
Como o sol
Colorindo os dias
Amém.

ATELIER
Tomei do arco-íris
Um pouco do amarelo
Para cerzir
O buraco negro no meu sol.

Quando no barco o teto dos dias ruía.


As horas das cores que perdia a âncora.
Tão distante porto, muito longe a cidade que me esperava,
Um sol cambaleante na minha visão confusa,
Apagava-me as esperanças.
T

Na estrada
À s vezes colhemos
Alguma paisagem desfocada do pincel.
Se sonhamos, logo vem o real.
Quando é noite
Muito raramente ouve-se
Um tímido grilo remendando um acorde.
Guache

Em criança
Fiz corações de papéis
Sem saber
Que os corações também
Também perdem a cor

NO SHOPPING

Coração de vidro
Sem coração
Cuidado!
É frágil
O perdão é um rio que corre dentro da cidade, fertilizando a casa, o mundo.
É árvore que deita sombra e espalha frutos.
O perdão rejuvenesce a alma, aquece o corpo.
É a força de Cristo no barco, a certeza do porto.
É bálsamo para feridas, música para a vida, cor para a alegria.
Perdoar é esquecer águas passadas
E não represar no peito um rio
Perdoar é lavrar com Água Viva o cais, é lavar a casa.

Maio,
Mês da família.
- Somos da mesma árvore, conversando a gente se entende.

SENTIMENTAL

Sabe meu amor, aquela rosa que te entreguei, AGORINHA MESMO SOUBE QUE morta
estava desde que foi ceifada do jardim em que morava. Enganei-me eu, enganou-me o
florista, iludido estava o florista, ingênuo era o jardineiro. Perdoa-me meu amor, pois a
ti entreguei algo morto para expressar um muito tão vivo, um latente tão largo em
meu peito. Vai, me perdoa, e se puder póe a desamparada em um abrigo com água,
um pouco de sombra, não muito sol, quem sabe, por misericórdia divina, não lhes
volte à face os janeiros.

Orlando Cantuário.

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