UFMT Conceito de escrita As propostas de ensino-aprendizagem de produção textual variam de acordo com o conceito de escrita e, consequentemente, de texto. Isto gerou duas perspectivas de destaque:
O texto como produto
O texto como processo O texto como produto
Década de 80:
Marcuschi (1983) – “Linguística de Texto: o que é
e como se faz”,
Koch (1989) – “Coesão textual”
Koch & Travaglia (1990) – “Coerência textual”
Orientação pelos pressupostos da Linguística de Texto:
a) Uma descrição-explicação do funcionamento da língua
que se detenha no nível da frase é insuficiente para servir de base teórica ao ensino-aprendizagem do funcionamento do texto; b) A competência textual não se identifica com a expansão de uma competência frásica; c) A leitura e a escritura são movimentos complementares no desenvolvimento da competência textual do redator aprendiz: a sensibilização, através da leitura, para os traços específicos de cada tipo de texto contribui para que o aprendiz venha a construir seus textos de forma adequada, com eficiência e espírito crítico. Contribuições desta perspectiva: Ao tomar o texto como unidade de linguagem em uso, contribuiu-se para a consideração dos fatores que definem a textualidade, sob três dimensões: a) Formal: representada pela coesão, fator responsável pela integração dos constituintes linguísticos, através dos mecanismos de retomadas, antecipações e sequenciações de informações do texto;
b) Semântico-conceitual: representada pela coerência, fator responsável pelo
sentido, obtido pelos mecanismos de encadeamento lógico das informações no texto e da relação destas com o conhecimento de mundo;
c) Pragmática: relacionada com o funcionamento do texto no contexto de uso,
envolvendo aspectos como a intencionalidade, aceitabilidade (centrados no interlocutor), a situacionalidade (centrado no contexto de ocorrência, na adequação sociocomunicativa) a intertextualidade (centrado na relação com outros textos), a informatividade (centrado na suficiência de dados) Década de 90: o tópico da tipologia textual Duas noções teóricas relevantes: A noção de gênero como um conjunto de enunciados relativamente estáveis de uso concreto na sociedade – a carta, o requerimento, o anúncio, o conto, a crônica, o artigo, etc.. A noção de tipo ou sequência textual, definida como uma estrutura relativamente autônoma, dotada de organização interna que lhe é própria – a narração, a descrição, a argumentação, a explicação, e o diálogo (tipologia clássica: descrição, narração, dissertação) O texto como processo Contribuições das teorias textuais, cognitivas e sociocognitivas De acordo como essa perspectiva, duas ordens de fatores agem paralelamente ao ato de escrever textos: os fatores sociais (representados pelas práticas da realidade social que cerca o indivíduo) e os fatores cognitivos (conhecimento de mundo, da língua, do tipo de texto) Dois estágios: Estágio inicial: antecede o próprio ato de escrever, envolve processos mentais profundamente influenciados pela vivência do escritor, sua ligação com as diversas instituições sociais, seus conhecimento sobre os tipos de textos e suas formas de circulação social, aspectos que representam os componentes fatos/realidades, concepções de mundo, parâmetros da textualização e monitoração da escrita Estágio da escrita: produção propriamente dita, processo de avanços e recuos, modificação dos focos de atenção. Contribuições Reflexão sobre a necessidade de se providenciar situações que favoreçam o desenvolvimento das potencialidades cognitivas do aprendiz, isto é, ampliação de seu conhecimento de mundo e dos diversos modelos de texto; Compreensão do ato de escrever como um processo de monitoração que envolve várias revisões do texto Paradigma sociointeracionista - redefinição da noção de linguagem – centrada na interlocução O ensino-aprendizagem da escrita passa a ser orientado pela ideia de que a apropriação da linguagem e das práticas sociais se dá a partir de um percurso do social para o individual, sempre mediado pelo signo e pelo outro. O procedimento didático deve criar eventos interativos (com a participação do par mais competente – professor ou colega leitor), com reflexões em torno da primeira versão do texto, que conduzem a um processo de aprofundamento da ação conscientemente controlada sobre as partes do texto que apresentam problemas de compreensão ao leitor, exigindo transformações.