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MECANISMOS DE AÇÃO DOS HERBICIDAS

Eng. Agr. Dr. Alvadi Antonio Balbinot Junior

Os herbicidas possuem várias características físico-químicas que


determinam como as plantas daninhas serão atingidas em sua fisiologia,
bem como determinam o destino desses compostos no ambiente.

Seletividade: as plantas, sejam cultivadas ou daninhas podem não morrer


pela ação herbicidas em decorrência de alguma forma de seletividade. As
principais formas de sobrevivência de plantas atingidas pelo herbicida são:
reduzida absorção do herbicida, ausência ou baixa translocação,
complexação do herbicida no vacúolo das células (sequestro),
metabolização (quebra do herbicida em compostos não tóxicos) e enzimas
insensíveis ao herbicida.

Os herbicidas, quando ativos nas plantas, impedem alguma reação


bioquímica.

CASCATA DE REAÇÕES: A B C D

Se um determinado herbicida inativa uma enzima responsável pela


transformação de B em C, o produto final D não será formado. Os plantas
podem morrer pela falta de D, como por excesso de B.

OS 10 MECANISMOS DE AÇÃO DOS HERBICIDAS

1) Inibidores da ACCase: graminicidas que inibem a


ação da enzima Acetil-coa carboxilase
Ex. Clethodim (select), setoxydim (poast)...

Acetil coa + CO2 = Malonil Coa = lipídios. Se a enzima ACCase não


funcionar não há formação de lipídios. Sem lipídios não há formação das
membranas celulares (fosfolipídios).
Plantas de folha larga tem ACCase insensível aos herbicidas inibidores da
ACCase.

Sintomas: desestruturação da base das folhas. Cerca de 2 a 5 dias clorose


nas folhas jovens.

Os herbicidas desse mecanismo de ação, via de regra, necessitam de aoléo


mineral para funcionar.

2) Inibidores da ALS: inibem a enzima Acetolactato


sintase
Ex. Chlorimuron (staron), Imazethapyr (pivot), metsulfuron (ally),
nicosulfuron (nortox 40 sc)....

A ALS é responsável pela síntese de valina, isoleucina e leucina –


aminoácidos que compõem várias proteínas.

Plantas tolerantes possuem capacidade de metabolizar esses herbicidas.

Atualmente, em nível mundial, há vários biótipos de plantas daninhas com


resistência a esse mecanismo de ação herbicida, em função da mudança de
estrutura da enzima acetolactato sintase, fazendo com que o herbicida não
se una à enzima.

3) Inibidores da EPSPS: inibem a enzima enol-piruvil


shiquimato fosfato sintase (EPSPS).

Ex.: glyphosate (zapp QI), e sulfosate

EPSPS atua na síntese de triptofano, fenilalanina e tirosina - aminoácidos


que compõem várias proteínas.
Plantas tolerantes e resistentes: metabolizam o glyphosate ou aumentam
bastante a síntese de EPSPS.(por isso na bula de zap avisa para evitar de
passar na floração).

O glyphosate no ambiente: o glyphosate tem rápida adsorção aos colóides


do solo e possui rápida degradação microbiana. Ou seja, sob o ponto de
vista ambiental é um herbicida seguro. O problema é o uso maçiso.

4) Auxinas sintéticas: herbicidas mais antigos 1945

Ex.: 2,4 – D. (2,4D nortox)

Auxina em excesso aumenta e desorganiza a divisão celular. A planta morre


estrangulada, pois os feixes vasculares (xilema e floema) são obstruídos.

Folhas estreitas metabolizam as auxinas sintéticas.

O 2,4-D é um herbicida bastante tóxico e que apresenta alto grau de


problemas com deriva.

5) Inibidores do fotossistema 1: bloqueia a passagem


de energia entre o FS 1 e o FS 2, além de
impossibilitar a produção de NADPH.

Ex.: paraquat (gramoxone 200) e diquat (reglone)

Todas as espécies são afetadas por esse tipo de herbicida

Forma peróxido de hidrogênio (H2O2). As plantas mostram sintomas em


minutos.
6)Inibidores da PROTOX: inibem a enzima
protoporfirinogênio oxidade

Ex.: fomesafen, (flex) lactfofen (coral)....

PROTOX está envolvida na síntese de clorofila.

A planta morre por dois motivos: falta de clorofila e acúmulo de


protoporfirinogênio.

Atuam rapidamente nas plantas.

Seletividade: metabolização do herbicida pelas plantas.

7)Inibidores do FS II:

Ex.: Atrazine (atrazina atanor 50 SC), ioxynil (totril)

Impedem o transporte de elétrons do FS1 para o FS 2, assim a clorofila fica


sobrecarregada de energia, porém não há formação de peróxido de
hidrogênio.

Precisa de luz para funcionar.

Herbicidas com esse mecanismo de ação possuem alta adsorção ao solo.


Mas, mesmo assim a atrazine é problema em águas nos EUA, em
decorrência da elevada área de milho e às altas doses do herbicada (mais
ou menos 5L/ha do produto comercial).
8) Inibidores da síntese de carotenóides:

Ex.: isoxaflutole ( fordor 750 WG), clomazone (glamit), mesotrione (callisto)


e tembotrione (soberan)

Inibem a síntese de plastoquinona que é cofator da fitoeno desaturase que,


por sua vez, está presente na rota de síntese de carotenos.

Sem carotenos há fotoxidação da clorofila – BRANQUEAMENTO DAS FOLHAS


MAIS JOVENS. O que ocorre com a pintura dos carros expostos por vários
anos à luz- branqueamento – é a mesma reação.

PLANTAS TOLERANTES TRANSFORMAM OS HERBICIDAS RAPIDAMENTE EM


ÁCIDO BENZÓICO

HERBICIDAS MODERNOS!

9)Inibidores de crescimento da parte aérea

Ex.: acetochor (surpass), alachor ( laço EC) e metolachlor (metolachlor 960


EC)

São herbicidas muito usados em pré-emergência das plantas daninhas

Inibem a síntese de giberelinas. Lembrar do efeito da giberelina na fisiologia


da germinação das sementes.

Precisam de umidade no solo para funcionar.


10) Inibidores da polimeração da tubulina

Ex.: pendimethalin (herbadox) e trifluralin (trifluralina gold)

HERBICIDAS USADOS EM PRÉ-EMERGÊNCIA DAS PLANTAS DANINHAS

Tubulinas são proteínas que fazem parte dos microtúbulos – responsáveis


pela movimentação dos cromossomos na mitose.

Ou seja, as plantas sensíveis têm problemas na divisão celular.

A TRIFLURALINA TEM MUITOS PROBLEMAS COM VOLATILIZAÇÃO E


FOTÓLISE.

A VOLATILIZAÇÃO É MAIOR COM ALTA UMIDADE NO SOLO OU COM BAIXA


UMIDADE? Com alta umidade, pois o vapor carreia a trifluralina para a
atmosfera.

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