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Cadernos de Educação de Infância 76

Out./Dez. 2005
Artigo 1

Artigo 1

Desenvolvimento Pessoal e Social: do conceito à projecção concreta

Texto coordenado por Teresa Santos com a colaboração de Ana Filipa Silva,
Ana Guerreiro, Lília Marques, Tânia Violante.

1. Uma abordagem conceptual


O conceito de desenvolvimento foi transportado do domínio socioeconómico
para o educacional a fim de traduzir o processo imanente de transformação do
ser humano em interacção com a realidade. É um processo descontínuo e
crítico com fases de ruptura, mutação, adaptação e retracção, resultante da
dinâmica relacional de variados factores intrínsecos e exógenos. Portanto, não
é um processo linear nem uniforme ou igual para todos. Um dos desafios da
educação está em respeitar os diversos ritmos de desenvolvimento e em criar
condições para garantir essa diferenciação positiva em contexto de igualdade
de oportunidades. Neste sentido, o desenvolvimento configura-se como um
direito inalienável correlativo da saúde, da segurança e tantos outros que os
programas políticos se habituaram a referir nas suas linhas de acção,
comprometendo-se com estratégias de promoção e de remoção dos
obstáculos que o contrariam ou distorcem. Por conseguinte, trata-se de um
direito que no plano educacional equaciona três vertentes fundamentais: uma
procura autonomizar e responsabilizar a pessoa; outra visa o equilíbrio entre
racionalidade, afectividade e corporeidade; outra ainda apela à relação da
pessoa com os outros e com a realidade nas suas várias dimensões e múltiplas
expressões. São vertentes que encaram o desenvolvimento como sequência
de um permanente exercício de auto-observação das relações e da interacção
da pessoa com os outros e com o meio sócio-ambiental. Tal concepção de
desenvolvimento parte de um pressuposto interessante: não é a sociedade
que modifica o indivíduo, mas o indivíduo que, enquanto pessoa atenta e
empenhada no relacionamento interactivo com os outros e toda a realidade,
pode transformar a sociedade. Inverte-se, sem desprezar a capacidade da
pressão social em modelar o ser humano, a ideia de este se configurar
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essencialmente como um conjunto de comportamentos impostos, explícita ou


implicitamente, pela sociedade. Esta concepção foi responsável pela falta de
confiança na pessoa, o que favoreceu quer a oferta de utopias sociais
animadas pelo optimismo, nas quais o ser humano aparece idilicamente feliz
ou imaginativamente investido de poderes fantásticos, quer a imposição de
ordens sociais opressoras e aniquiladoras. Ao contrário destas tendências, a
ideia de desenvolvimento pessoal e social, enquanto mobilidade de
crescimento interactivo, é absolutamente oposta às ideias de
desresponsabilização, impotência e estagnação. Antes assenta em duas
premissas inamovíveis: uma, traduz grande confiança, quer nas actuais
capacidades do ser humano quer nas potencialidades que ainda oculta; outra,
traduz optimismo no evoluir histórico, considerado irreversível. Mas, por outro
lado, adverte-se para a necessidade de salvaguardar a dignidade humana nas
suas dimensões física, emocional e racional. De facto, as vertentes económica,
científica e política do desenvolvimento economicista tendem comummente a
desconsiderar a humanidade a favor de projectos de grandeza nacional ou
internacional, que, quando se concretizam, quase sempre ignoram a
integridade física, psicológica e intelectual do ser humano, aliás, como a
História testemunha ou como o livro de Aldous Huxley, O Admirável Mundo
Novo, bem ficciona. Portanto, o desenvolvimento pessoal e social deve ser
considerado um direito fundamental. A verdade é que, por exemplo, a
persistência da pobreza, as situações generalizadas de desequilíbrio ético e a
ocorrência constante de guerras leva a duvidar da esperança de um mundo
melhor, ou seja, de um desenvolvimento compatível com o clima da paz
essencial à fruição da vida. Convém advertir que paz não significa total
ausência de problemas, uma espécie de assepsia paradisíaca. Os problemas
são pontos de encontro de forças variadas impeditivas do fluir da vida em todas
as suas configurações e instâncias, gerando tensões energéticas de diversa
intensidade. Exigem atenção e resolução imediata, mas não são contrário à
paz. O adiar de resposta resolutiva, a fuga ou a ignorância propositada dos
problemas, isso, sim, é que perturba a paz. Portanto, a paz favorece a
dinâmica relacional e a criatividade, esta resultante da descoberta do real. O
mesmo será dizer que a paz se equaciona como a condição natural do viver
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acompanhado e actuante da pessoa na dupla possibilidade de interpelante e


intérprete da realidade.
Nos limites desta abordagem resta referir que o desenvolvimento pessoal e
social não segue modelos nem tem limites. É aberto, atento e solidário. É
experiencial, no sentido em que as experiências ocasionam momentos de
vivência pessoal. Vivência única, intransferível e inadiável. Vivência de estar no
mundo e participar na sua construção. Vivência de crescimento, em que a
pessoa se expõe como é capaz, se dá na sua medida e se supera na relação.
Ora neste contexto conceptual e em torno desta problematização justifica-se a
presença da disciplina de Desenvolvimento Pessoal e Social no final do
currículo académico do curso de Licenciatura em Educação de Infância, da
Universidade de Évora. É um espaço onde se entretece a reflexão e a prática.
Melhor, é um espaço de vivência reflexiva de experiências que visam promover
o desenvolvimento pessoal e social. Esta dupla vertente – a pessoal e a social
– obrigou a que na disciplina se projectassem actividades que dessem
expressão ao exercício da cidadania. Assim, não só foi solicitada a
participação de instituições e de agentes educativos como também se saiu do
espaço universitário para melhor chegar a todos os que se preocupam com a
educação das crianças.

2. A concretização de um projecto
A disciplina de Desenvolvimento Pessoal e Social tem como referência a Lei de
Bases do Sistema Educativo, a qual estabelece a existência de uma área de
formação que inclua “a educação ecológica, a educação do consumidor, a
educação familiar, a educação sexual, a prevenção de acidentes, a educação
para a saúde, a educação para a participação nas instituições democráticas”
(cf. cap. VII, art.º 47, n.º 2). Por conseguinte, a elaboração do programa
disciplinar para o último ano da Licenciatura em Educadores de Infância
procurou seguir esta orientação. Porém alargou o quadro das componentes
formativas em função de dois diferentes critérios: um, o facto de a capacidade
expressiva ser essencial ao desenvolvimento equilibrado e integral da criança,
logo incluir-se a educação pela arte; outro, o facto de se comemorar o Ano
Internacional do Deficiente, logo abordar a deficiência no contexto da
educação para a cidadania.
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O programa desta disciplina, a fim de garantir a sua própria coerência,


procurou, em termos de objectivos, não só proporcionar uma fundamentação
teórica sobre cada componente como também contribuir para o
desenvolvimento pessoal e social do aluno, proporcionando-lhe momentos de
vivência reflectida e apelando à planificação de acções susceptíveis de
dinamizar os espaços educativos. Assim, em adequação a tais objectivos, a
metodologia que melhor se afigurou foi a articulação do nível teórico –
esclarecimento do sentido educativo das várias componentes – com o prático –
realização de projectos geradores da interacção entre alunos e comunidade.
Além disso, procurou-se obter um conhecimento mais objectivo e actualizado
das temáticas e estabelecer colaboração regular entre as alunas e os locais de
estágio. Tornar os espaços educativos em espaços de aprendizagem sobre os
limites e as possibilidades de educar para a responsabilidade e autonomia
acabou por ser o lema de todos os projectos.
As dificuldades que se levantaram foram da ordem da concretização.
Exactamente, como fazer? Num primeiro momento houve que equacionar e
sistematizar as questões práticas decorrentes da vivência das alunas como
educadoras estagiárias. Que questões se perfilavam na sua prática educativa?
Quais as questões que parecem mais pertinentes nesta fase de trabalho com
as crianças? Depois de identificadas as preocupações e os interesses, houve
que encontrar recursos na comunidade, solicitar o apoio de instituições
educativas, preparar um texto que estimasse o ponto de situação do
conhecimento sobre o assunto de cada um das conferências, convidar os
agentes educativos (educadores e pais), divulgar o evento e organizá-lo.
Portanto, para dar cumprimento à orientação assumida na Lei de Bases do
Sistema Educativo delineou-se um projecto de investigação e acção centrado
nas alunas e apoiado e coordenado pela docente, o qual deu origem a este
texto. Convém advertir que a organização das conferências não foi tanto para
discutir teses polémicas, mas para partilhar a informação de que se dispunha e
colocar questões emergentes da prática educativa, procurando-se quer
equacionar problemas e cruzar perspectivas quer desenvolver um programa
de sensibilização e formação. Foram vários os especialistas nas diversas áreas
que, de imediato e a título de gratuidade, se prontificaram a colaborar.
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O dinamismo das sessões foi assegurado por quatro alunas finalistas: Ana
Filipa Silva, Ana Guerreiro, Lília Marques e Tânia Violante. Coube-lhes a
justificação da iniciativa, a problematização do tema, a apresentação dos
convidados e os agradecimentos pelas diversas colaborações, nomeadamente
das instituições envolvidas.
Dado se comemorar o Ano Internacional da Deficiência, a conferência de
arranque foi simbolicamente dedicada às necessidades educativas especiais.
Intitulada “Estereótipos/Preconceitos: a Deficiência”, visou a desconstrução de
estereótipos e preconceitos que recaem sobre as crianças portadoras de
dificuldades específicas e que requerem uma atenção educativa focalizada na
área identificada como vulnerável. Neste contexto, no dia 16 de Dezembro de
2003, a Dra. Inês Filipe da Direcção Regional de Educação do Alentejo, chefe
da Equipa Distrital de Intervenção Precoce de Évora, e a Dra. Rosário
Carvalhal, educadora de Apoio Educativo em Évora, organizaram as
intervenções em três momentos: começaram por abordar a mudança do
conceito de Deficiência, fizeram de seguida todo o historial de evolução que
acompanhou essa mesma mudança e, finalmente, descreveram situações
problemáticas com base na própria experiência educativa.
No dia 17 de Dezembro de 2003 decorreu a sessão “Educação para a
Sexualidade e Afectos”, da responsabilidade de Patrícia Pasadas e da Drª.
Ana, ambas da Associação do Planeamento Familiar de Évora. Após a
introdução e problematização da temática, fizeram-se exercícios para a
criação de um clima de confiança mútua de modo a facilitar quer a exposição
de temas de natureza sexual, quer a discussão de soluções éticas encontradas
para o assunto. Sempre com o objectivo de permitir uma maior
consciencialização dos futuros educadores acerca da sexualidade como parte
integrante do desenvolvimento da personalidade e do processo educativo, as
linhas gerais tratadas foram: as fases do desenvolvimento sexual infantil e o
papel dos agentes educativos no desenvolvimento de atitudes e competências
nas crianças.
A terceira conferência realizou-se no dia 6 de Janeiro de 2004 sob o título
“Educação para a Arte”, tendo-se convidado três professores ligados a
diferentes áreas da estética. O objectivo desta secção foi sensibilizar pais e
educadores para o contributo das várias expressões estéticas no
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desenvolvimento integral da criança. Por conseguinte, contou-se com a


participação da Dr.a Leonor Serpa Branco, formada na Escola de Belas Artes
de Lisboa, pintora, com participação em exposições individuais e colectivas, e
professora de Expressão Plástica na Escola Secundária Gabriel Pereira, em
Évora. Referiu a importância de deixar a criança expressar os seus
sentimentos, desenhando, moldando, trabalhando diversos materiais. Mas
salientou que para que tal expressão livre aconteça é necessário dar
oportunidades às crianças, quer dizer, não dirigir nem avaliar. Cada criança
deve fazer os seus desenhos e as suas moldagens sem a preocupação de ser
bonito, de estar bem feito ou de agradar ao adulto. Só nestas condições se
poderá expressar genuinamente. Por seu turno, o professor António Luís
Valente, formado no Conservatório Nacional e professor de música com
experiência na formação de educadores e crianças em idade pré-escolar,
exemplificou o trabalho lúdico realizado com crianças, colocando todos os
presentes no lugar delas e mostrando como era importante que adultos, pais e
educadores se envolvessem com as crianças na aprendizagem da música com
vista ao desenvolvimento da sensibilidade. Finalmente, o Dr. Vicente de Sá,
ligado à Animação Cultural e durante muito tempo professor de Expressão
Dramática para Crianças, criticou as iniciativas ‘teatrais’ promovidas por adultos
para as crianças representarem convencionalmente para os adultos, referiu a
importância da expressão corporal autenticamente criativa e terminou com um
apelo à conjugação destes três tipos de expressão, os quais estão sempre
presentes nas actividades teatrais. Assim, se a expressão plástica surge na
organização e elaboração de cenários e adereços, a expressão musical
acompanha e ocasiona a própria expressão dramática, a qual é importante
como forma de estar, de expressão e de compreensão da relação que cada
pessoa estabelece com os outros dentro da sociedade.
Finalmente, no dia 13 de Janeiro de 2004, concretizou-se a conferência
“Educação para o Consumo”, orientada pela Dra. Isabela Appleton, licenciada
em Psicologia, e pelo Eng. Manuel Cordeiro, licenciado em Engenharia
Química e vereador camarário. Estes dois convidados abordaram o tema do
consumo em duas vertentes: o consumo excessivo de brinquedos e a relação
entre o consumo e o ambiente. Foi um momento para sensibilizar pais,
educadores e estudantes da Licenciatura em Educação de Infância, para a
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problemática consumista, a qual afecta as crianças no seu quotidiano,


principalmente através da publicidade. O objectivo da educação para o
consumo consiste no desenvolvimento do sentido crítico, aptidões e
conhecimentos que permitam efectuar uma escolha fundamentada,
assegurando tanto a liberdade de escolha como a responsabilidade social e a
sensibilidade ambiental. Neste sentido, sublinhou-se o papel dos educadores:
conseguir que as crianças observem o impacto do agir pessoal e colectivo no
ambiente e que compreendam que o mundo é um espaço habitado por muitos
e diferentes seres, sendo necessário estabelecer relações responsáveis.
No seu conjunto, as conferências, que nunca foram pensadas em termos de
análises cerradas e normativas, tiveram um aproveitamento pragmático,
constituindo-se como verdadeiros momentos de desenvolvimento pessoal e
social: partilharam-se questões, esclareceram-se dúvidas, reviram-se posições
pessoais, estabeleceram-se contactos com a comunidade local e repensaram-
se as relações com as crianças e o ambiente. Em brevíssimo balanço, foram
momentos activos de pensar o sentido do desenvolvimento pessoal e social.

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