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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA PRIMEIRA VARA

DE FAMÍLIA, ÓRFÃOS E SUCESSÕES DA CIRCUNSCRIÇÃO


JUDICIÁRIA DE TAGUATINGA/DF

Processo nº 1111-1/11

JACINTIA LEITÃO AQUINO REGO, já devidamente


qualificada nos autos em epígrafe, vem, respeitosamente, a presença de Vossa
Excelência, por intermédio do seu advogado infra-assinado, propor a presente

CONTESTAÇÃO
aos termos da ação de exoneração de alimentos ajuizada por
JACINTO AQUINO REGO, já qualificado nos autos supracitado, pelos fatos e
fundamentos a seguir expostos.
I – DA PRELIMINAR

Preliminarmente, indispensável argüir a questão da


INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA, deste Douto Juízo para julgar e processar a
presente ação, uma vez que em ações de alimentos o foro competente é o do
domicílio ou da residência do alimentando, conforme dispõe o inciso II, do art. 100
do Código Civil, in verbis:

“Art. 100. É competente o foro:

(...)

II - do domicílio ou da residência do alimentando, para a ação em que se


pedem alimentos;”

Trata-se de competência relativa, podendo a parte ingressar


com a ação tanto no foro do alimentado, via de regra, quanto no foro do alimentante.
No entanto, a presente ação foi ajuizada em terceiro foro, estranho ao domicílio do
Requerente e ao domicílio da Requerida, caracterizando, portanto, incompetência
absoluta deste Juízo para o julgamento da causa.
II – DO HISTÓRICO

1. O Requerente ingressou com a ação de exoneração de alimentos em


desfavor da Requerida em março de 2011.

2. O Demandante fundamenta seu pedido no fato da demanda já contar com 21


(vinte e um) anos de idade, não ter qualquer deficiência física ou mental, possuir
plena capacidade laborativa e ser casada.

3. O Requerente alega ainda que está desempregado desde agosto de 2010 e


ainda sustenta outros dois filhos.
Faltou falar dos pedidos.
III – DOS FATOS
Do histórico e dos fatos é a mesma coisa.
4. O Demandante indica na qualificação das partes que é demanda é
funcionária pública. Já no item 3 (I – DOS FATOS), esta é indicada como
empregada terceirizada.

5. A verdade dos fatos condiz com o alegado do item 3, uma vez que a
demanda exerce serviços terceirizados para um Órgão Público, na caso Secretária
de Estado de Obras, no entanto, é empregada terceirizada (Doc.1) e recebe
mensalmente por seus serviços o montante de R$ 540,00 (quinhentos e quarenta
reais).

6. A Demandada é casada, entretanto, seu marido não tem condições de


contribuir com o sustento familiar. Tal fato se justifica, visto se tratar de um jovem de
18 (dezoito) anos de idade (Doc. 2), que não tem a assistência de seus pais (Doc.
3), nunca teve emprego fixo (Doc. 4) e que no dia 8 de março de 2011 se envolveu
em um acidente automobilístico em decorrência do qual sofreu um traumatismo
crânio-encefálico grave, em decorrência de tal fato o rapaz ficou inválido (Doc. 5).

7. A Requerida e seu marido moram de aluguel desde que se casaram o que


corresponde ao gasto mensal no valor de R$ 400,00 (quatrocentos reais) que pode
ser comprovado pelos recibos em anexo (Doc. 6). Tal custo se faz necessário tento
em vista à impossibilidade de morar na casa do pai da Requerida, uma vez que este
tem outra família e não aceita o casamento.

8. O fato da Requerida ainda não se encontrar matriculada em instituição de


ensino superior, deve-se a circunstância de que esta concluiu o ensino médio no
final de 2010 (Doc. 7), ou seja, iniciaria seu curso superior no primeiro semestre de
2011. Entretanto, neste curto espaço de tempo, houve o acidente em decorrência do
qual seu cônjuge se tornou inválido e passou a necessitar de cuidados especiais que
lhe exigiram atenção integral, além do motivo de impossibilidade financeira.
Tudo isso deveria ser alegado no mérito.
IV – DO MÉRITO

9. A obrigação alimentar decorrente do parentesco é o encargo legal entre os


pais e os filhos maiores e que, dependendo do caso concreto, os genitores se vêem
obrigados a dar assistência aos filhos mesmo quando considerados estes maiores
civilmente.

10. Nesse sentido, segue a jurisprudência do Egrégio Tribunal de Justiça do Rio


Grande do Sul:

“O implemento da maioridade civil não tem o condão de, por si só, afastar o
direito ao pensionamento. Pretensão que apenas passa a seguir a regra
genérica dos alimentos vinculados ao parentesco, não mais sendo
escudada no poder familiar.”¹

_____________
RIO GRANDE DO SUL. Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Agravo de Instrumento. Família. Ação de
Alimentos. Filhos maiores e capazes. Cabimento da verba alimentar no caso concreto. Agravo de Instrumento
nº 70012325890. Relator: Luiz Ari Azambuja Ramos. 10 de novembro de 2005. Jurisprudência Gaúcha. In: Diário
de Justiça do Rio Grande do Sul, 2005. Disponível em: http://www.tj.rs.gov.br.

11. O fato de o descendente ter conseguido um emprego, no qual percebe um


salário mensal, não é suficiente para caracterizar a desnecessidade ao
percebimento dos alimentos, uma vez que este pretende complementar o quantum
recebido a título de verba alimentar, objetivando melhorar sua situação financeira.

12. Cessando o dever de sustento, pela maioridade, surge à obrigação alimentar,


pelo vínculo de parentesco existente entre pais e filhos.
TIPO DE PROCESSO: APELAÇÃO CÍVEL
NÚMERO: 70004134284
RELATOR: LUIZ FELIPE BRASIL SANTOS
EMENTA: ALIMENTOS. REVISIONAL. MAIORIDADE. TERMO
FINAL. COM O IMPLEMENTO DA MAIORIDADE, OS
ALIMENTOS DEIXAM DE ENCONTRAR SEU FUNDAMENTO
NO DEVER DE SUSTENTO DOS PAIS PARA COM OS
FILHOS MENORES (ART-231, IV, CCB) - E QUE FAZ
PRESUMIDA A NECESSIDADE DESSES - E PASSAM A
AMPARAR-SE NA OBRIGACAO EXISTENTE ENTRE
PARENTES (ART-396 E SEGS., CCB), DESAPARECENDO, A
PARTIR DAI, A PRESUNCAO DE NECESSIDADE, QUE,
DORAVANTE, DEVERA SER PROVADA. JOVEM
UNIVERSITÁRIA.

13. As relações de parentesco entre a Contestante e o Contestado preenchem o


primeiro pressuposto de a obrigação alimentar.

14. O segundo pressuposto da obrigação alimentar, que diz respeito à


necessidade do alimentado – art. 1694 CC, é preenchido uma vez que a Requerida,
mesmo tendo rendimentos próprios, não produz o suficiente para satisfazer suas
necessidades vitais no desempenho do seu trabalho.

15. O terceiro pressuposto da obrigação alimentar diz respeito à possibilidade do


alimentante fornecer alimentos. No caso, apesar do Requerente estar
desempregado, este percebe rendimentos mensais de derivados alugueis de
imóveis de sua propriedade equivalentes a R$ 1.700,00 (hum mil e setecentos
reais).

16. Tendo em visto o estado de penúria em que vive a Contestante e tendo o pai
condições financeiras suficientes para ajudá-la, os alimentos são devidos.
V – DO PEDIDO

Em face do exposto, REQUER:

a) os benefícios da Justiça Gratuita, nos termos da Lei nº 1.060/50;

b) o acolhimento da preliminar, determinando o juízo competente


para o julgamento da presente ação.

c) que seja denegado o pedido de antecipação de tutela.

d) a manutenção dos alimentos pelo seu valor atual correspondente


a 1 (um) salário mínimo, qual seja, R$ 545,00 (quinhentos e quarenta e cinco reais).

e) a improcedência integral da presente ação e, via de


conseqüência, mantendo a decisão de permanecer o Requerido obrigado ao seu
dever do pagamento mensal de pensão alimentícia à Requerida no importe de 1
(um) salário mínimo mensal a ser depositado em conta bancária da Requerida.

f) a condenação do Requerido ao pagamento das custas


processuais, honorários de sucumbência e demais consectários legais.

Nestes Termos,

Pede Deferimento.

Taguatinga/DF, 21 de março de 2011.

____________________________
ADVOGADO
OAB

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