JULHO/AGOSTO 99
EYMBA ACUAY
O serviço das abelhas sem ferrão
Editorial
Rogério Marcos
É com grande preocupação que acompanhamos
o crescimento da meliponicultura no país,
atividade antes restrita aos laboratórios das
universidades e meios rurais. Tem se tornado
economicamente viável, estimulando a
curiosidade de muitas pessoas que a vêem como
uma oportunidade de investimento.
O mel, antes o produto mais procurado, assume
o segundo lugar, e a comercialização de
enxames atinge o status de produto principal. A
procura supera a demanda e a falta de critérios e
legislação sobre a criação poderá causar danos
ambientais irreversíveis, tais como a extinção
de espécies de abelhas e de plantas por falta de
polinizadores, pois as abelhas sem ferrão exigem
determinadas condições para sobrevivência, e a
introdução de uma espécie exótica numa região
de clima e flora diferentes causará efeito adverso
ao que aconteceu com a Apis mellifera.
A regulamentação dos criadores e a elaboração
de legislação específica é fundamental para a
preservação e uso econômico das abelhas
nativas sem ferrão.
Defesa dos Meliponíneos
Na primeira edição nos referimos à dúvida
comum sobre as abelhas sem ferrão: “como
vocês conseguiram retirar o ferrão dessas
abelhas?”. Na verdade, estas abelhas são sem
ferrão devido ao fato de esta estrutura ser
atrofiada (não desenvolvida) nas mais de 400
espécies de abelhas da subfamília Meliponinae
que estão distribuídas na Zona Tropical e
Subtropical dos continentes (América do Sul e
Central, Malásia, África, Oceania, Indonésia e
Índia).
Estas abelhas sem ferrão estão divididas em duas
tribos: Meliponini e Trigonini, as quais podem
Nº 02
ser diferenciadas, entre outras características,
quanto ao seu sistema de produção de rainhas.
As do grupo Meliponini ( uruçu, mandaçaia,
Jandaíra, tiúba etc.) produzem continuamente
cerca de 25% de rainhas como conseqüência de
sua genética e de uma quantidade mínima de
alimentação recebida. Já os Trigonini (jataí, iraí,
mandaguari, tubi etc.) constróem células maiores
que as demais (“realeiras”) de onde nascem as
rainhas porque receberam maior quantidade de
alimento. Isso geralmente ocorre na época de
enxameagem ou quando a rainha velha
morre.Apesar de não possuírem ferrão estas
abelhas apresentam variados mecanismos de
defesa para suas colônias. Veja alguns
exemplos:
a)diâmetro da abertura de entrada da colônia
pequeno de maneira a passar apenas uma abelha
de cada vez; b) presença de uma ou muitas
abelhas guarda (sentinelas) na entrada da
colônia, que comunicam às outras abelhas (por
meio de odores ou sons) a presença de inimigo;
c) utilização de bolinhas de resina (própolis) que
são colocadas sobre o inimigo na tentativa de
imobilizá-lo; d) grande revoada de abelhas ao
redor do inimigo (com tentativas de entrar no
nariz, ouvidos ou boca); e) colocação de
geoprópolis ao redor do local de entrada para
disfarçar o ninho; f) construção de um “ninho
falso” logo na entrada da colônia, o qual tem um
tubo de conexão ao ninho principal, para
enganar o inimigo; g) fechamento do tubo de
entrada, durante a noite, com cera ou bolinha de
resina e cera; etc.Essas são apenas algumas
estratégias que já foram descritas, mas vale
lembrar que existem mais de 400 espécies de
abelhas sem ferrão e estas, muitas vezes, vencem
as temidas ferroadas das abelhas africanizadas.
Já observamos abelhas jataí atacando e
ganhando lutas contra as abelhas Apis.
Gislene Carvalho
Msc.BioUFU
1
Planta Meliponícola
INGÁUÇU, INGÁ BRAVO, INGÁ FERRO,
VELUDO _ Sclerobium ruggosum Mart. ex
Benth, leguminosa _ Caesalpinoideae.
Árvore de 10 a 15 m. de altura, copa
umbeliforme, encontrada na mata semidecídua.
É de ocorrência comum na mata estacional,
podendo ser empregada na arborização,
principalmente de pastagens. Sua madeira é leve
e excelente para confecção de colmeias, sendo a
árvore mais utilizada pelas uruçus ( M.
scutelaris ) para nidificar e por criadores para
fazer os cortiços. De crescimento rápido,
floresce nos meses de julho-agosto em anos
alternados. Fornece néctar e pólen abundantes.
Seu mel é de cor dourada, tem baixa umidade
(17%), alto teor de frutose, densidade (1,51).
Importante para produção no período de início
da florada.
Cursos
Curso da capacitação em Meliponicultura
Data prevista 02, 03, 04 de dezembro 2011
Grupo de Pesquisa Insecta
Núcleo de Estudos dos Insetos
Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e
Biológicas
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
Programa
Módulo I: espécies de meliponíneos da região
semi-árida da Bahia de interesse para a produção
do mel; caixas racionais e materiais
Meliponícola; produtos meliponícolas;
meliponários; aspectos biológicos de interesse
para o manejo; pastagem apícola.
Módulo II: qualidade do mel de meliponíneos;
boas práticas de fabricação; análise físico-
química e microbiológica do mel.
Módulo III: translado de colônias para caixas
Racionais; divisão de colônias em caixas
racionais;
Alimentação artificial; inimigos naturais.
Módulo IV: produção de geoprópolis;
beneficiamento do samburá; processo de
desumidificação do mel; melissopalinologia.
Vocabulário
 Airatama - apiário
 Araity - cera
 Cabonha ou eichu - enxame
 Borá ou hevorá - própolis
 Buira - ninho que certas abelhas fazem
no chão
 Eborá – pólen
Produção de Mel
Do estado de Pernambuco vem o primeiro
exemplo do que poderá representar a
meliponicultura como atividade econômica
viável. A meliponicultora Verônica já
comercializa mel da Uruçu (Melipona
rufiventris) em grande quantidade (1000 litros)
em garrafas de 200 ml. O grande entrave é
encontrado na legislação, no que o Ministério da
Agricultura do estado está de parabéns quando
interpreta a portaria SIPA nº 006 de uma
maneira a estimular a atividade. A rede de
Supermercados Bompreço adquiriu toda a
produção que será comercializada na suas lojas,
o que demonstra acreditar na atividade.
Abelhas Sem Ferrão da Bahia
Os estudos são escassos e não se tem com
exatidão o número de espécies que ocorrem no
estado da Bahia. Visando um levantamento
atualizado das espécies, está sendo elaborado um
projeto sobre a ocorrência destes meliponineos
por regiões do estado. Alguns dados podem ser
observados nos trabalhos de M. S. Castro, C. F.
Martins, B. F. Viana, C. A. Carvalho,
R.M.O.Alves, R. Von. Ihering , P. N. Neto e C.
F. Martins
2
 29. Melipona subnitida - Jandaira
01. Melipona mandaçaia Smith 1863 _ 30. Nannotrigona punctata Smith - Irai
Mandaçaia 31. Paratrigona lineata (Lepeletier, 1836)
02. Melipona asilvae Moure 1971 papaterra, 32. Trigona ref. Guianae
munduri, uruçu mirim. _
03. Frieseomellita doederleini (Friese) 1900 -
Mané de abreu Pesquisas com as ASF
04. Partamona cupira (Smith, 1863) - Cupira
CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS
05. Melipona scutelaris Latreille 1811 - Uruçu
DE AMOSTRAS DE MÉIS DA ABELHA
verdadeira
URUÇU (Melipona scutellaris):
06. Trigona spinipes (Fabricius,1804) - Arapuá,
L.C. Marchini1,
Irapuá.
C.A.L. de Carvalho2,
07. Scaptotrigona bipunctata (Lepeletier,1836) -
R.M. de O. Alves3,
Mandaguari, Tubi
G.M. Teixeira1,
08. Lestrimellita limao (Smith 1863) - Limão
P.C.F. de Oliveira1,
09. Plebeia albopicta Moure in litteris -
V.R. Rubia1:
Mosquitinho 1
Departamento de Entomologia-ESALQ/USP,
10. Plebeia marinae Moure in litters - 2
Departamento de Fitotecnia_EAGRO/UFBA,
Mosquitinho 3
Escola Agrotécnica Federal de Catu.
11. Scaptotrigona tubiba (Smith, 1863) - tubiba
12. Trigonisca cfr. pediculana - (Fabricius,
O mel das abelhas sem ferrão é muito apreciado
1804)
pelo seu sabor peculiar e, devido às suas
13. Trigona aff fuscipennis Friese 1900
propriedades tidas como medicinais, é bastante
14. Partamona helleri (Friese, 1900) - Cupira
procurado no mercado. Entre essas abelhas, a
15. Frieseomelitta francoi Moure - Moça Branca
uruçu (Melipona scutellaris Latreille, 1811)
16. F. silvestri languida Moure - Moça
possui um dos méis mais conhecidos e
Branca
consumidos no Nordeste brasileiro, alcançando
17. Tetragonisca angustula ( Latreille, 1811) -
preço relativamente elevado. Com o incremento
Jatai
da meliponicultura nessa região a produção e
18. Melipona quadrifasciata anthidioides
também o consumo aumentaram nos últimos
Lepeletier 1836 - Mandaçaia
anos, embora pouco se conhece sobre as
19. Geotrigona mombuca Smith - Mombuca
qualidades físico-químicas desse mel. Este
20. Nannotrigona testaceicornis Lepeletier
trabalho teve por objetivo a determinação de
1836
parâmetros físico-químicos de amostras de méis
- Irai, Jatai preto
de uruçu, contribuindo para o conhecimento das
21. Leurotrigona muelleri Cockerell - Lambe
características desse produto. Coletas
Olhos
sistemáticas bimestrais março de 1997 e
22. Cephalotrigona capitata capitata (Smith,
fevereiro de 1998. Os parâmetros avaliados
1854) - Mombuca
foram: Cinzas (%), Condutividade Elétrica (mS),
23. Scaptotrigona xantothoricha (Moure, 1950)
Cor (mm), HMF (mg/kg), pH, Proteínas (%),
Tiuba preta
Água (%), Brix (%), Acidez (meq./kg), Índice de
24. Frieseomelitta varia (Smith,1854) - Moça
Formol (ml/kg) e Minerais (ppm). Calculou-se o
branca
Intervalo de Confiança ao nível de 5% de
25. Scaptotrigona bipunctata (Smith, 1863) -
significância para cada
Tiuba amarela
parâmetro, sendo que os resultados obtidos
26. Oxytrigona tataira tataira (Smith, 1863) -
foram: a) Cinzas = 0,012 ± 0,004; b)
Tataira cagafogo
Condutividade Elétrica = 338.92 ± 61,50; c) Cor
27. Frieseomelitta flavicornis - Abelha branca
= 30,78 ± 0,59 ( 100% das amostras foram
28. Melipona rufiventris mondury Smith, 1863 -
classificadas em branco ); d) HMF = 0,38 ±
Uruçu amarelo

3
0,15; e) pH = 3,15 ± 0,05; f) Proteínas = 0,51 ±
0,32; g) Água = 28,40 ± 5,10; h) Brix = 71,60 ±
5,0; i) Acidez = 8,88 meq/kg ± 3,51; j) Índice de
Formol = 7,36 ± 1, 29; k) Minerais: Fósforo =
14,13 ± 5,25; Potássio = 1273,25 ± 884,59;
Cálcio = 61,30 ± 25,34; Magnésio = 12,60 ±
8,30; Enxofre = 25,00 ± 5,00; Cobre = 0,50 ±
0,21; Ferro = 0,12 ± 0,05; Manganês = 1,60 ±
1,45; e Zinco = 1,38 ± 1,26.
Calendário de Floração
INGAUÇU - Sclerobium rugosum
agosto/setembro
VASSOURINHA- Borreria verticilata
julho/setembro
ALUMÃ - Vernonia bahiensis – Junho/agosto
ASSA PEIXE - Eupatorium
spp.agosto/setembro
MIMO DO CÉU Antogonus leptopus ano todo
Produção de Mel
Do estado de Pernambuco vem o primeiro
exemplo do que poderá representar a
meliponicultura como atividade econômica
viável. A meliponicultora Verônica já
comercializa mel da Uruçu (Melipona
rufiventris) em grande quantidade (1000 litros)
em garrafas de 200 ml. O grande entrave é
encontrado na legislação, no que o Ministério da
Agricultura do estado está de parabéns quando
interpreta a portaria SIPA nº 006 de uma
maneira a estimular a atividade. A rede de
Supermercados Bompreço adquiriu toda a
produção que será comercializada na suas lojas,
o que demonstra acreditar na atividade.
Literatura/Eventos
 42º Congresso Internacional de Apicultura -
Apimondia - 2011 Argentina
Data do Evento: 1 Setembro 2011
Entidade Promotora: APIMONDIA
Local:Buenos Aires / Argentina
ARGENTINA SADA - Sociedad Argentina de
Apicultores
Rivadavia, 717 - 8° piso,1392 Buenos Aires
Tel.: +54-11-43438171
Fax: +54-11-43438171
Email: secretario@sada.org.ar
Meliponário Rei da Mandaçaia
Nosso Meliponário é um empreendimento
familiar especializado na criação, manejo e
comercialização de produtos e subprodutos de
Abelhas Indignas sem Ferrão com alta
qualidade, cadastrado no IBAMA CTF:
1681253. O nosso Meliponário principal está
situado no Distrito de Hidrolândia, Uibaí estado
da Bahia, e em outros dois municípios, Canarana
e Feira de Santana também na região Semiárida
do estado. Contato: Km 4 da estrada para o
Arrecifinho S/N, CEP: 44955-000, Hidrolândia,
Uibaí, Bahia.
Telefones: (74)3695-5045/9995-2610/8803-
1683, (75)9110-2356.
Email:
meliponarioreidamandacaia@hotmail.com
Bolsa de Produtos
COTAÇÃO DO MEL:
Uruçus ............... R$ 30,00 - 60,00 / litro
Mandaçaias ....... R$ 30,00 /50/ litro
Moça branca ......R$ 20,00 - 30,00 / litro
Jataí ................... R$ 50,00 /80,00 litro
COTAÇÃO DE ENXAMES
(Caixa racional )
Uruçú Verdadeira...R$ 180,00/250,00
Mandaçaias............R$ 100,00/150,00
Jandaíra................. R$ 80,00/150,00
Moça branca.......... R$ 50,00 /80,00
Jataí / Iraí.................R$ 50,00 /100,00
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Redação Original
Editor Responsável: Engº Agrônomo - Rogério
Marcos de O. Alves

Colaboradores:

Gislene Almeida Carvalho_ MSc. Bióloga/UFU

Maria Amélia S. Martins_ Med. Veterinária
Sheila Coringa L.Garcia_Acad. Biologia/UNEB

Reedição

Eng. Agrônomo: Márcio Pires deOliveira

Email:
meliponerioreidamandacaia@hotmail.com
Home Page:
www.meliponarioreidamandacaia.com
Contatos: (74) 3695-5045/9995-2610/8803-
1683(75)9110-2356.

Próxima Edição
- Normas higiênicas e sanitárias sobre mel de
meliponineos.
- A meliponicultura em Alagoas.
- A caixa Maria.

Obs: Como a publicação e antiga tive que retirar

algumas notas, porém estarei atualizando na
medida do possível; cotações, eventos,
endereços etc.

Bibliografia
Arvores Brasileiras Vol. I e II. Editora
Plantarum. Tel. 19xxx 466 5587, outras
Informações na Home
Page : www.plantarum.com.br.

CD ROM
A Vida das Abelhas. Produzido em parceria
Universidade Federal do Ceará e empresa
privada. Comercializado pela Craveiro e
Craveiro ao custo de R$ 43,00, mais despesas
postais. Pedidos no telefone 85 991 5337, outras
informações no site :
http://swnpd.ufc.br/apicultura.