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O ALAMBIQUE = األنبيـــــــق
Discente Marco Randal Costa Marçal Aluno nº 21000250 do 1º ano do Curso de História
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INTRODUÇÃO
Depois do desafio que o Professor Paulo Mendes Pinto nos fez na aula de HFR-V, considerei
várias hipóteses de estudo. A proposta seria fazer uma ficha de património, sobre qualquer
objecto Islâmico com presença em Portugal. O que entendi por ficha de património? Em
primeiro lugar, uma espécie de ficha técnica, que nos possa dar a conhecer, em pormenor, o
objecto tratado. Depois, relacionando o objecto, com a sua presença, no que é hoje o
território português, e por fim, o que influenciou e ainda influencia os nossos hábitos e
costumes.
Assim, propus-me perante o Professor, abordar um objecto que sai um pouco do âmbito de
“coisa” antiga e objecto de estudo histórico. Como tudo tem a sua história, porque não usar
para este trabalho algo que ainda nos é contemporâneo? E afinal tão antigo!
Poderemos perguntar a qualquer português, quem inventou o Alambique, não deverá saber
responder, mas dir-nos-á que, “deve ser qualquer coisa árabe”, percebe-se porquê, a própria
nomenclatura da palavra leva-nos à ideia de árabe, ou seja, começa por AL. Realmente quase
todas as nossas palavras começadas por AL são de inspiração árabe, mas provavelmente nem
todas o serão. Assunto este que não me traz aqui. O que se confirma é que, o ALAMBIQUE é
mesmo árabe!
Partindo do que atrás referi, começo por dizer que realmente perguntei a várias pessoas se
sabiam o que era um Alambique e quem o inventou. Nem todas souberam dizer o que era e
muito menos quem o inventou, mas quase todas disseram que deveria ser algo árabe. Muito
bem, já temos qualquer coisa. Agora, fazendo este trabalho, espero contribuir para um melhor
esclarecimento deste objecto/utensílio e de que forma, sendo realmente árabe, ainda hoje
está presente no nosso quotidiano.
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O que é o Alambique?
Estamos então, perante um objecto que serve para destilar, o que é a destilação?
“Talvez a grande conquista de Geber, foi a descoberta dos ácidos minerais e outros, que ele
preparou para a primeira vez no seu alambique (al-Ambique). Além de diversas contribuições
de natureza básica da alquimia, envolvendo grande parte da preparação e desenvolvimento de
métodos químicos, ele também desenvolveu uma série de processos químicos aplicados,
tornando-se um pioneiro no campo da ciência aplicada.
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Suas realizações neste domínio incluem a preparação de vários metais, o desenvolvimento do
aço, tingimento de tecidos e curtumes de couro, de pano à prova de água, utilização de
dióxido de manganês, na fabricação de vidro, prevenção de oxidação, em letras de ouro, a
identificação de tintas, graxas, etc. Durante o curso desses esforços práticos, ele também
desenvolveu água-régia para dissolver o ouro. O alambique é a sua grande invenção, que
torna mais fácil e sistemático o processo de destilação. Geber deu grande ênfase à
experimentação e precisão no seu trabalho.” 1
Os egípcios já usavam a destilação para “refinar” essências de plantas e flores para o fabrico
de perfumes. Nos dias de hoje utiliza-se para as mais variadas aplicações químicas, mas muito
próximo de nós estão as “aguardentes”, principalmente as caseiras, destiladas a partir dos
mais variados frutos e que utilizam o Alambique para esse processo.
Como atrás percebemos, já havia quem usasse a destilação antes dos árabes, mas não com o
Alambique, seria, provavelmente, um instrumento mais rústico e que até necessitaria de mais
mão-de-obra disponível, para o manietar. (ver figura [1]) Provavelmente, Jabir ibn Hayyan,
conhecendo estes utensílios mais arcaicos e utilizando os princípios que os geriam, inventou o
Alambique! Podemos dizer que o inventou, pois antes não havia alambique, nem com esse
nome nem com o mesmo formato.
Esta personagem da história, bem referenciado a nível mundial, era, entre outras coisas, o
que hoje poderemos chamar, um químico, farmacêutico e até médico, ele era alquimista.
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“Abu Musa Jabir ibn Hayyan, conhecido na Europa como Geber (uma versão do latinizada
Jabir) foi um dos maiores génios da Alta Idade Média: químico, médico, farmacêutico,
astrónomo, engenheiro, filósofo… também realizou trabalhos noutras áreas, como alquimia e
astrologia, (…)
Não se sabe muito bem se era árabe ou de origem persa, mas era xiita e nasceu na cidade de
Tus, no moderno Irão, c.721-722 d.C. A sua família vivia antes em Kufa, mas acredita-se que
o seu pai se mudou, para procurar apoio para a dinastia Abássida e se apoiar em sua revolta
contra o Umayyad. O pai de Geber provavelmente foi executado por esta última no seu
próprio país, e a família fugiu para o Iémen, onde Abu Musa cresceu, estudou, além do
Alcorão, naturalmente, a ciência e a matemática com o seu professor, al-Harbi Himyari.
Quando os Abássidas finalmente alcançaram o poder, Geber retornou para Kufa, onde
desenvolveu quase todos os seus trabalhos. Sua vida foi dedicada quase exclusivamente à
investigação, embora as suas conexões políticas tenham custado a vida do seu próprio pai. No
entanto, Geber foi protegido pelo Vizir Barmecides, servidor do célebre Califa Harun Yahiya Al
Rashid. Quando a família do Vizir caiu em desgraça c.803 d.C., Geber também sofreu mas não
foi executado - sofreu uma espécie de prisão domiciliar ao longo de doze anos, até sua morte
em torno de 815. Esta meta poderia ter sido terrível para os outros, mas Geber tinha vivido
quase da mesma forma toda a sua vida, e os seus estudos e investigações encheram todo o
seu tempo. À semelhança de outros génios, era versado em quase qualquer coisa que se
possa imaginar, e teve avanços científicos realizados em muitas áreas.”
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Já entre os séculos, X e XI d.C. o médico e filósofo árabe Ibn Sina (Avicenna) desenvolveu,
uma grande obra, abrangendo a descrição e todas as aplicações do alambique. Como refere
no seu livro, Kitab al-Shifa, indo beber aos conhecimentos de Geber e aumentando o potencial
científico desta tecnologia.
Ibn Sina
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Alambique de fabrico português – ainda sem uso
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
“Medronho”
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“Aguardente de medronho” com o fruto no interior do copo
Estamos perante um aparato, que tendo a sua génese em local e data desconhecida, se
desenvolveu através de um cientista islâmico. Sendo este, contemporâneo das conquistas
árabes no sul da Europa, não será difícil de imaginar a forma como o alambique entrou na
Península Ibérica. Foi com a intenção de fazer ciência que ele foi criado, e nos dias de hoje,
para os grandes apreciadores das chamadas bebidas espirituosas destiladas, a aplicação e uso
do Alambique não será de somenos importância.
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Curiosidades “Legais”:
Logo sendo o alambique inventado por um Islâmico, podemos partir do princípio de que, o
álcool, destilado pelos seus alambiques, não seria para consumo “espirituoso”, mas sim
científico e medicinal.
A lei portuguesa, apesar de recente, tem em conta a quantidade de cobre (material com é que
é feito o Alambique) presente na destilação de aguardente de medronho.
“A 26 de Setembro de 2000 surge o Decreto-Lei nº 238/2000 que define o que é uma aguardente de medronho
no seu Artº 2 (“entende-se por aguardente de medronho a aguardente de frutos obtida exclusivamente por
fermentação alcoólica e destilação do fruto carnudo do Arbutus unedo L. ou do seu respectivo mosto”) e quais
as suas características no Artº 3 (nº 2 - Na aguardente de medronho o teor máximo admissível de cobre é de 15
mg/L).
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Referência bibliográfica com a legenda [1] www.lusiancoppers.com – tradução minha do
inglês.
Foto [1]
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