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ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO III, DECivil/PUCRS

Prof. EDUARDO GUIGLANI

1. BLOCOS DE CONCRETO SIMPLES

A. INTRODUÇÃO

De acordo com a norma NBR-6122, BLOCO é o “elemento de fundação superficial


de concreto, dimensionado de modo que as tensões de tração nele produzidas
possam ser resistidas pelo concreto, sem a necessidade de armadura. Pode ter
suas faces verticais, inclinadas ou escalonadas e apresentar normalmente em
planta seção quadrada ou retangular”.

As formas mais usuais estão a seguir ilustradas:

Uma grande aplicação dos blocos é na base alargada dos TUBULÕES.

No dimensionamento de um Bloco de Concreto Simples, não haverá necessidade


de armadura sempre que:

σ t max ≤ σ t
Onde, e
σ t max σt
Tensão máxima de tração
que se que desenvolve no Tensão admissível à tração do concreto,
Bloco, função( pS, β ) determinada pela Norma NBR 6118/2003.

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Observação 1:
Determinação da Resistência de Tração do Concreto - fct , de acordo com a Norma
NBR 6118/2003, Item 8.2.5:

Resistência Média
fct,m = 0,3 fck2/3
Resistência Inferior
fctk,inf = 0,7 fct,m
Resistência Inferior 5% 95%
fctk,sup = 1,3 fct,m

fctk,inf fct,m fctk,sup

onde fct e fck são expressos em MPa.

Sendo que, a tensão máxima admissível em um elemento de fundação do tipo


Bloco de Concreto Simples, é dada por, considerando as Normas NBR 6118 e
NBR 6122:
σ t = 0.4 ⋅ f ct ≤ 0.8MPa
onde:
( (
σ t = 0.4 ⋅ ( f ctk ,inf ) = 0.4 ⋅ (0.7 ⋅ f ct , m ) = 0.4 0.7 0.3 ⋅ f ck
2/3
))
= 0.084 ⋅ f ck
2/3

Por uma questão de ilustração, na Norma anterior de concreto, NBR 6118/1978 a


determinação da resistência de tração era dada por:
f tk = f ck / 10 à para f ck ≤ 18MPa
f tk = 0.06 ⋅ f ck + 0.7 MPa à para f ck > 18MPa

Comparando as normas, anterior/78 e atual/2003, temos:

fck (MPa) NBR /1978 NBR / 2003 %


15 1.5 1.28 -15
18 1.8 1.44 -20
21 1.96 1.60 -18
25 2.20 1.80 -18
30 2.50 2.03 -18
f tk f ctk ,inf
(0.21⋅ f ck
2/3
)
Indicando que a Norma atual, resgatando indicações mais precisas para a
avaliação do desempenho à tração da resistência do concreto, sugere a adoção
de valores mais conservadores que a anterior.

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B. BLOCOS COM FACES INCLINADAS

No caso de blocos alongados (contínuos ou corridos), o cálculo das tensões de


tração ( σt ) pode ser feito pela Teoria da Elasticidade, considerando um ESTADO
DUPLO DE TENSÕES atuando na seção transversal.

A Teoria da Elasticidade mostra que as tensões principais que se manifestam em


uma peça plana, limitada por duas retas convergentes, e carregada em um dos
lados por uma carga uniformemente distribuída (pS), a ele perpendicular, são
dadas por:

1 pS  cos(2 ⋅ θ − β ) 
σ 1, 2 = ⋅ ⋅ 2 ⋅ β − tgβ − 2 ⋅ θ ± 2 − 2 ⋅ + tg 2 β  (1)
2 tgβ ⋅ β  cos β 

cujos valores extremos são dados por:

Máximo → θ = 0° → σ 1 = σ t , max

Mínimo → θ = β → σ 2 = −σ c ,max onde 0° ≤ θ ≤ β

conforme indicado nas figuras a seguir:

Onde
ps
σ t ,max = (2)
tgβ
−1
β
e,

ps
− σ c ,max = (3)
β
−1
tgβ

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e ainda, considerando que:

P
pS = , pressão do solo sobre o Bloco
B⋅L

P = carga aplicada (incluindo pp: ± 5% P )

B = largura do Bloco

L = comprimento do Bloco, adotando-se 1 metro para Blocos contínuos

b = largura do pilar (ou parede)

h = altura do Bloco

β = ângulo de inclinação

Tem-se que duas avaliações podem ser realizadas, considerando os casos de


Verificação e de Projeto:

Caso 1 Verificação de Projeto


σ t ,max < σ t à não será preciso armar o bloco.

Caso 2 Projeto do Bloco de Concreto Simples


Tendo-se por objetivo obter o valor de β = ?
Partindo da Equação (2), temos:

tgβ pS
= +1;
β σ t , max
substituindo σ t ,max → σ t ⇒ β → β min
temos,
tgβ min p
= S +1 (4)
β min σt

Desta equação (4) podemos obter, analiticamente e a partir de


iterações, o valor de βmin, sempre considerando que o valor deste
ângulo é expresso e radianos.

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Este valor também poderá ser obtido, mesmo que de forma aproximada, com o
auxílio do gráfico abaixo, indicado em inúmeros estudos em relação a este
assunto:

Conhecido βmin, obtemos a altura h do bloco:

B−b
h= ⋅ tgβ min (5) onde h = hmin
2

No caso de blocos não alongados, temos um problema tridimensional ainda não


resolvido pela Teoria da Elasticidade. Porém, na prática. Adotamos a solução
anterior sem problemas de segurança.

Observação 2:
De acordo com a norma DIN 4045, para fundações não armadas, devemos
observar que
tgβ ≥ 1 ⇒ β ≥ 45°

Observação 3:
Para Blocos de alvenaria de pedras, o valor mínimo a ser adotado de vê ser:
β ≥ 60º

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Observação 4:
Deve-se, ainda, verificar que h ≥ Lb + cobrimento,
onde
Lb = comprimento de ancoragem à compressão da AS,pilar
(ancoragem reta – sem gancho – para barras comprimidas à uso de tabela de Lb) e
cobrimento = camada de proteção desta armadura, de 3,0 a 5,0 cm.

Observação 5:
Caso o cálculo das tensões fosse realizado dela forma corrente, considerando
somente a flexão, obteríamos:

σ = M /W

x2
pS ⋅ ⋅L
M 2 3⋅ p
σ C ,max = σ t ,max = = = 2S ⇒ σ C = σ t = 3 ⋅ p S ⋅ cot g 2 β (6)
W L ⋅ ( x ⋅ tgβ ) 2
tg β
6

Expressão esta que resulta em valores muito inferiores que os obtidos pelas
fórmulas anteriores (2) e (3).

C. DISPOSIÇÕES CONSTRUTIVAS PARA BLOCOS

As Disposições a, b, c, d e e, indicadas a seguir, são também válidas


para o caso de Sapatas de Concreto Armado

a) Para pilares de seção transversal em forma de L, Z ou U, deve-se substituir a


seção por outra, fictícia, de forma retangular, circunscrita à seção real, com
centro de gravidade coincidente;

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b) Com vistas à racionalização e economia do projeto e dimensionamento de


fundações superficiais, as dimensões da base (A e B), determinadas a partir
do conhecimento da área em planta da base da fundação (S) e das dimensões
do pilar (a e b), sugere-se a adoção das seguintes orientações:
• Quando b < 2.a à A/a = B/b
• Quando b ≥ 2.a à A – a = B – b
c) Normalmente adota-se, na prática, valores para A e B com dimensões
múltiplas de 5 cm;
d) Para fundações isoladas, recomenda-se executar vigas de ‘amarração’ entre
as mesmas, com o objetivo de minimizar efeitos de recalques diferenciais;
e) Recomenda-se, para todas as fundações superficiais, a execução prévia de
uma camada de concreto magro no fundo da vala escavada, com espessura
que normalmente é definida entre 5,0 a 10,0 cm.
Com isto, objetiva-se:
• Conferir maior proteção ao concreto;
• Evitar ocorrências de vazios devido à escavação;
• Evitar perda de água de ‘amassamento’ do concreto pelo contato direto
com o solo.
f) Formas mais usuais de blocos de concreto simples:

1
muito utilizada > facilidade executiva
altura do degrau: 15 a 30cm

2 muito utilizada nos casos correntes e base


alargada de tubulões.
rodapé: min de 20cm (facilitar enchimento)
se β ' ≤ 33° :dispensa forma inclinada
caso h ≥ B e β ' ≥ 45° ⇒ caso de bloco de
seção reduzida (ver Obs. 6)

3 muito usual em blocos de pequenas


dimensões caso h ≥ B ⇒ caso de bloco
de seção reduzida (ver Obs. 6)

Observação 6:
Nos Casos 2 e 3, deve-se tomar maior cuidado com a exigência de armadura de
fretagem, mesmo em blocos não armados. Situação muito corrente na parte superior de
tubulões.

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