REFORMA AGRÁRIA: CONSTRUÇÃO MULTIDISCIPLINAR DO MAPA

DOS ACAMPAMENTOS/ASSENTAMENTOS DE SERGIPE

Bruno Gomes Cunha1
Júnia Marise Matos de Sousa2
Edson Silva Bastos3

Sergipe é o menor estado da federação, mas, em contrapartida, tem uma grande

contribuição nos conflitos e no processo de reforma agrária brasileira. No processo de
luta pela reforma agrária, é comum a constituição de acampamentos, onde os
acampados se reúnem, protestam e aguardam as deliberações do INCRA. Em Sergipe,
os acampados são cadastrados pela Ouvidoria Agrária, e suas demandas são
apresentadas à Divisão de Obtenção de Terras, por militantes (coordenadores) que
intermediam e reivindicam os direitos dos acampados. Essas demandas são informações
acerca do imóvel rural a ser fiscalizado, utilizadas pelo INCRA na abertura de processos
administrativos para determinação do cumprimento da função social pelo imóvel. Mas,
normalmente, essas informações levadas são insuficientes, atrasando o processo de
reforma agrária. Do mesmo modo, o INCRA necessita, no seu processo de
planejamento, conhecer a distribuição territorial dos acampamentos e assentamentos.
Além disso, não há nenhum controle, na criação e manutenção destes acampamentos.
Assim, este estudo objetivou mapear os acampamentos e assentamentos, buscando-se
coletar dados sobre os imóveis demandados; analisar as condições e modos de vida dos
acampados; contrastar os dados oficiais com os observados; construir mapas
georreferenciados da reforma agrária. Para tanto, foi celebrado termo de Cooperação
entre a UFS e o INCRA, e uma equipe multidisciplinar (INCRA/UFS) percorreu todos
os acampamentos no território sergipano, já para os assentamentos, foi feita uma
compilação dos dados já pertencentes ao INCRA. Como resultados, citam-se:
atualização do cadastro oficial; geração de mapas; aperfeiçoamento no planejamento
operacional das vistorias; diminuição das demandas; entendimento da dinâmica interna
dos acampamentos.

1
Engenheiro Agrônomo/Perito Federal Agrário (INCRA SR 23/SE). Mestrando em Solos e Nutrição de
Plantas, Universidade Federal de Viçosa (UFV). bruno.cunha@aju.incra.gov.br.
2
Economista Doméstico. Pós-doutoranda no Programa de Pós-graduação em Economia Doméstica,
Universidade Federal de Viçosa (PPED/UFV). junia@redeambiente.org.br.
3
Geógrafo/Analista de Desenvolvimento Agrário (INCRA SR 23/SE). Instituto Nacional de Colonização
e Reforma Agrária. edson.bastos@aju.incra.gov.br